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REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO VALENCIANO SENTANIN, Luis Henrique. Discente da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais/ACEG. E-mail: rickvalenciano@yahoo.com.br BARBOZA, Reginaldo José. Docente da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais/ACEG. E-mail: reginaldoj3@hotmail.com RESUMO CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO Ser empreendedor no mundo moderno é ser o diferencial na qual a empresa moderna necessita para poder sobreviver. Conhecida há alguns anos em algumas partes do mundo, vem sendo difundida por todo o Brasil na necessidade de suprir à falência mútua de empresas em curto espaço de tempo. As inovações e idéias vêm transformando a sociedade e trazendo este novo estilo de vida, no qual não existem barreiras, através de informações que percorrem o mundo em frações de segundo, mantendo uma empresa atualizada de todas as ações que ocorrem no mercado. O empreendedor em si é aquele que primeiramente ama o que faz, tem energia para dirigir seus negócios, crê na realização de seus projetos, trabalha em equipe, é comunicativo e conhece o ramo de negócio ao qual trabalha. Estatísticas comprovam que noventa por cento das pessoas não fazem o que gostam. Eis um motivo pelo qual o Brasil é o país que mais se fecham empresas no mundo. As pesquisas de mercado são benéficas para que o empreendedor tome consciência da situação real em que vive uma empresa, e por conta disso, possa inovar ou criar métodos para implantação de novos artifícios que a façam progredir. Palavras-Chave: Idéias, Solução, Inovação, Riscos, Mercado. ABSTRACT CONCEPT OF ENTREPRENEUR Be entrepreneurial into the world modern is be the differential on which the business moderate necessity about to be able survive. Acquaintance a few years ago em some parts of the world , comes being diffuse all over the Brazil on necessity of furnish on the failure mutual of companies em brief space of time. The innovations and ideas they come turning the partnership and bringing este new lifestyle , on which no exists barriers , from one side to the other information what percorrem the world em fractions of second , keeping a company up-to-date of all the actions what occur in the marketplace. The entrepreneurial em oneself is who first of all she loves the one to ago tem energy to direct yours business dealings think on realization of yours projects , she works em staff , is approachable and she knows the twig of business to which she works. Statistics aver what ninety for hundred from the people no they do the one to REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral are fond of. Eis a motive for which the Brazil is the nation what else if they shut companies into the world. The searches of market are beneficial wherefore the entrepreneurial tome conscience from she situates real what she lives a company , and this innovate or bring up methods about to introduce of new artifice what the they may do progress. Key-Words: Ideas, Solution, Innovation, Risks, Market. 1. INTRODUÇÃO Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de idéias em oportunidades, e a perfeita implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso. O conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil, nos últimos anos, intensificando-se no final da década de 1990. Nos Estados Unidos, o empreendedorismo não é nada desconhecido, devido ao capitalismo ter uma forte predominância. A palavra é conhecida como “entrepreneurship” e referenciado há muitos anos. No caso brasileiro, a preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos são, sem dúvida, motivos para a popularidade do termo empreendedorismo, que tem recebido especial atenção por parte do governo e de entidades de classe. Isso porque nos últimos anos, após várias tentativas de estabilização da economia e da imposição advinda do fenômeno da globalização, grandes empresas brasileiras tiveram de procurar alternativas para aumentar a competitividade, reduzir os custos e manter-se no mercado. A ênfase ao empreendedorismo surge muito mais como conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não é apenas um modismo. O mercado competitivo também faz com que os novos empresários adotem novas medidas. Por isso o momento atual pode ser chamado de era do REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. O empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados. Em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor: Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz. Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive. Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar. O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro. Um dos principais atributos do empreendedor é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. São considerados como exemplo de empreendedores: - Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela; REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 –Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral - Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; - Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais. A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Isso pode ser testado fazendo-se uma pergunta básica a qualquer empreendedor que você conhece: o que levou a criar sua empresa? Não se surpreenda se a maioria das respostas for: não sei, foi por acaso... Na verdade, essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa. O processo empreendedor inicia-se quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio. Um bom analista é auto-crítico, procura ser isento, elimina seus gostos e preferências, observa com calma, enxerga detalhes, registra fatos, escreve, revê o que escreveu, busca auxílio na crítica de outras pessoas e, principalmente, não engana a si mesmo. Não se alimenta de fantasias, mas tenta enxergar a dura e crua realidade dos fatos. (PALMIERI, 1997) O que conta não é ser o primeiro a pensar e ter uma idéia revolucionária, mas sim o primeiro a identificar uma necessidade de mercado e saber como atendê-la, antes que outros o façam. Uma idéia isolada não tem valor se não for transformada em algo viável de implementar, visando a atender a um público-alvo que faz parte de um nicho de mercado mal explorado. Isso é detectar uma oportunidade. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral Não significa que uma idéia revolucionária não seja capaz de dar início a empresas de sucesso. Mas isso só ocorre quando o empreendedor por trás da idéia conhece o mercado onde está atuando, tem visão de negócio e sabe ser pragmático no momento adequado, identificando suas deficiências, protegendo sua idéia e conhecendo sua concorrência. 2. PESQUISA DE MERCADO O empreendedor de sucesso utiliza como arma para a inovação, as pesquisas de mercado, que lhe trarão visão ampliada das necessidades do consumidor. Com isso, poderão realizar seu trabalho inovador, onde as idéias lhe trarão oportunidades precisas. A pesquisa de mercado é a indagação, investigação ou busca minuciosa para a averiguação da realidade. Investigação e estudo, minucioso e sistemático, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento. Pode também ser definidos como a coleta, registro e análise de todos os fatos referentes aos problemas relacionados à transferência e venda de mercadorias e serviços do produtor ao consumidor. A pesquisa de mercado onde se pretende encontrar consumidores, segue pela observação direta no ponto de venda, na visita ao cliente, observando e registrando o comportamento do consumidor. Por que disse que voltaria depois? Por que pediu tempo para pensar? Por que entrou na loja e não comprou? Por que não levou esta mercadoria e acabou escolhendo a outra? REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral Olhar em volta, atentar para as expressões e formular perguntas que conduzam a respostas rápidas. Ocorre com freqüência o fato dos empresários se comportarem como se soubessem tudo o que é importante saberem. Mesmo os mais hábeis empresários cometem dispendiosos erros de julgamento, pois baseiam as suas ações estritamente na confiança que depositam em seus conhecimentos e em suas experiências. É fundamental que o empresário entenda a segurança que a pesquisa pode proporcionar, mesmo quando a decisão tomada tenha sido correta. Vale lembrar que existem diversos tipos de pesquisa. Estão apresentados aqui os mais utilizados: Quantitativas, qualitativas, mistas e quantitativas. Qualitativas: Empregadas quando as questões exigem profundidade, quando prospectamos razões pessoais, quando procuramos descobrir motivações, entender o que está oculto, o que está por trás de um hábito, de um costume, de um procedimento. São feitas com muitas perguntas abertas e poucas perguntas fechadas. Requerem disponibilidade e tempo do pesquisado e do pesquisador. A consciência está na análise acurada e muito bem refletida das respostas obtidas. O empresário desempenhará o papel de analista cuidadoso e perspicaz. Quantitativas: A quantidade das respostas oferecerá consistência para nossas decisões. São feitas quando as questões são simples, imediatas, sem profundidade. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral Quando as questões não estão ligadas a sentimento, quando não precisamos conhecer motivações pessoais, as razões, os porquês. Utilizam-se perguntas fechadas, alternativas bem definidas. Mistas: Em muitos casos poderá ser conveniente ter quantidade e explorar com profundidade. Então, combinam-se os dois tipos anteriores. Para uma empresa se estabelecer no mercado atual e competitivo, é importante que a empresa conheça muito bem o mercado onde atua ou pretende atuar, pois só assim conseguirá estabelecer uma estratégia de marketing vencedora. Esta seção do plano de negócios deve ser a primeira seção a ser elaborada, pois dela dependerão todas as outras. A análise da concorrência é de suma importância em qualquer plano de negócios. A concorrência (competidores) de uma empresa não se limita aos concorrentes diretos, aqueles que produzem produtos similares ao da empresa. Devem ser considerados também os competidores indiretos, aqueles que de alguma forma desviam a atenção de seus clientes, convencendo-os a adquirir os produtos. Um bom roteiro para a análise de oportunidades riscos do mercado pode ser o apresentado a seguir. Identificar as tendências ambientais ao redor do negócio (oportunidades e ameaças), de ordem demográfica, econômica, tecnológico, política, legal, social e cultural. Descrever o setor onde seu negócio está inserido: qual é o tipo de negócio, tamanho do mercado atual e futuro (projetado), quais são os segmentos de mercado existentes,qual o seu segmento específico e quais as tendências desse segmento, qual o perfil dos consumidores. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral Analisar os principais competidores: descrição de seus produtos/serviços, posicionamento no mercado, suas forças e fraquezas, práticas de marketing utilizadas (política de preços, canais de distribuição, promoção), fatia de mercado que domina e participação de mercado (market share). Efetuar comparação com os competidores: mostrar quais os seus diferenciais em relação aos principais competidores (aqueles com os quais sua empresa compete diretamente, de forma mais acirrada). A análise de ambiente de negócios (oportunidades e ameaças) mostra como o mercado se apresenta para a empresa. No entanto, é preciso que a empresa conheça seus pontos fortes e fracos, para que consiga definir as oportunidades de negócio mais atrativas e a quais riscos (ameaças) está mais suscetível, para então definir objetivos e metas, bem como sua estratégia de negócio. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A empresa que tem como prática as técnicas de empreendedorismo, torna seu trabalho mais rentável, trazendo aos objetivos e metas, definições exatas de uma boa aplicação. O empreendedor tem como papel coordenar os projetos a serem inseridos, mas para que isso aconteça deve ter primeiramente uma auto- motivação e seus objetivos próprios. As empresas buscarão o seu diferencial dentro de seus conhecimentos externos, atendendo as reais necessidades do consumidor. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO – ISSN: 1676-6822 Revista Científica Eletrônica de Administração é uma publicação semestral da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais de Garça FAEG/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano V – Número 9 – Dezembro de 2005 – Periódicos Semestral DORNELAS, José Carlos Assis, Empreendedorismo. São Paulo: Editora Campus, 1971. DOLABELA, Fernando, Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. PALMIERI, Antônio, Marketing. São Paulo: Ediora Sebrae, 1997. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ EMPREENDEDORES E INOVAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA A ESTRATÉGIA DO EMPREENDIMENTO Mauricio Henrique Benedetti1 Karina Maria Rodrigues Rebello2 Daniela Ester Copolo Reyes3 Resumo O interesse pelo tema empreendedorismo e inovação tem aumentado nos últimos anos, podendo mencionar-se o crescente número de publicações e a abertura de espaço para discussão em importantes congressos de administração. Tal constatação motivou a pesquisa exploratória apresentada neste artigo realizada junto aos empreendedores do setor de panificação do município de São Paulo que implementaram inovações em seus negócios, convertendo suas padarias de um modelo tradicional para o modelo chamado de conveniência. Os resultados obtidos a partir de entrevistas com esses empreendedores mostraram que o processo de geração e implantação de inovações contínuas é motivado pela busca por vantagens competitivas. Como principal fonte de recursos do processo de inovação nesses pequenos negócios, encontrou-se a própria capacidade e personalidade do empreendedor, a partir de seu conhecimento, ambição, visão, otimismo e propensão em lidar com os riscos inerentes às inovações. Palavras-chave: Inovação; empreendedorismo; estratégia. Abstract The interest for the entrepreneurship and the innovation has been increasing in the last years, could be mentioned the crescent number of publications and the space opening for discussion in important administration congress. Such verification motivated the exploratory research presented in this article with the entrepreneurs of the bread-making sector in São Paulo city that implemented innovations in their businesses accomplished close to, converting their bakeries of a traditional model for the convenience model. The results obtained from interviews with those entrepreneurs showed that the generation process and implantation of continuous innovations is motivated by the search by competitive advantages. As main source of resources of the innovation process in those small businesses, was the own capacity and the entrepreneur's personality, starting from his knowledge, ambition, vision, optimism and propensity in working with the inherent risks to the innovations. Key Words: Innovation; entrepreneurship; strategy. 1. Introdução A partir da década de 1990, o interesse pelo tema empreendedorismo no Brasil aumentou substancialmente (Dornelas, 2001), incentivando um grande número de estudos e publicações. A criação de pequenas empresas duradouras e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos eram os principais fatores que explicavam o interesse pelo assunto. O empreendedorismo surge então, como uma área de discussão que aborda diferentes disciplinas que se aproximam para compreender o fenômeno da criação e manutenção de novas organizações. De acordo com os dados levantados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as micro e pequenas empresas são cerca de 99% das empresas estabelecidas no país, sendo que representam em torno de 56% das ocupações e movimentam cerca de 20% do PIB. No ano de 2004, o Sebrae 1 Universidade Presbiteriana Mackenzie 2 Universidade Presbiteriana Mackenzie 3 Universidade Presbiteriana Mackenzie Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ realizou uma pesquisa em nível nacional e constatou que das micro e pequenas empresas constituídas no ano de 2000, menos da metade ainda sobrevivia, revelando que no Brasil cerca de 60% dos empreendimentos não ultrapassam o quarto ano de vida. Após várias tentativas de estabilização da economia e da imposição advinda do fenômeno da globalização, muitas grandes empresas brasileiras tiveram que procurar alternativas para aumentar a competitividade, reduzir custos e manter-se no mercado. A conseqüência foi o enxugamento do quadro de funcionários das grandes organizações e o aumento do contingente de pessoas disponíveis no mercado de trabalho. Desempregados em um país com oferta restrita de empregos, os ex-funcionários dessas empresas começaram a buscar a alternativa de criar seus próprios negócios como meio de sobrevivência (Dornelas, 2001). Alguns empreendimentos permaneceram no mercado por mais tempo e outros não, e isso deve-se ao modo como empreendedores criaram e sustentaram suas vantagens competitivas. Neste contexto, tem-se observado dentro do setor de panificação, um crescente número de empreendimentos passando por verdadeiras transformações, destacando-se aqueles que se converteram de um modelo tradicional para o modelo denominado de conveniência. Por outrolado, levantou-se a seguinte questão: as características particulares dos empreendedores contribuem para a adoção de estratégias de inovação? A pesquisa exploratória aqui apresentada teve como objetivo geral responder a esta questão, assim como os seguintes objetivos específicos: (a) identificar as características e ações dos empreendedores de padarias; (b) verificar como os empreendedores desenvolvem e implementam as estratégias para seus negócios; e (c) compreender o processo de inovação como estratégia para a competitividade das padarias. 2. Referencial Teórico 2.1 Quem é e o que faz o empreendedor Nas últimas décadas houve a proliferação sobre o tema empreendedorismo e existiu um problema ao definir o fenômeno, pois foi preciso capturar todos os aspectos e intervir com a complexidade que se sobrepõe as mudanças nas gerências, inovações, tecnologias e as turbulências do ambiente, desenvolvimento de novos produtos, gerência de pequenos negócios. Além disso, o fenômeno pode ser um fruto das disciplinas de economia, sociologia, finanças, história, psicologia e antropologia em sua concepção (Filion, 1999; Low, 2001). A característica multidisciplinar do empreendedorismo, tem gerado visões distintas, contudo, há uma grande convergência em apontar que o empreendedorismo consiste no fenômeno da geração de negócio em si, relacionando tanto com a criação de uma empresa, quanto com a expansão de alguma já existente (Degen, 1989). O empreendedor é alguém com capacidade de estabelecer objetivos e encontrar oportunidades de negócios, sendo que para isso faz uso de sua criatividade e conhecimento do ambiente no qual está inserido (Filion, 1999). A orientação de suas decisões é o contínuo aproveitamento de oportunidades por meio de inovações, o que implica em assumir riscos moderados. O autor enfatiza que nem sempre um proprietário de um negócio é um empreendedor, uma vez que mantém sua empresa sem fazer mudanças significativas, nem tem visão do que quer fazer e não desenvolve novos produtos ou mercados. Por outro lado, há Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ empreendedores que nunca se tornam proprietários de pequenos negócios e permanecem trabalhando em grandes corporações, os chamados intraempreendedores ou empreendedores corporativos. A literatura tem procurado apresentar um perfil que possa identificar o empreendedor e sua relação com a dinâmica do novo empreendimento. Filion (1999) comenta que a tentativa de se definir um perfil para o empreendedor tem sido o foco de muitas pesquisas, mas que este é um objetivo difícil e complexo, pois há muitas diferenças de amostras e estas impactam diretamente nos resultados. O autor resgata estudos de diversas disciplinas que abordam o empreendedor e apresenta suas proximidades e diferenças, as quais são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1: Diferentes visões sobre o empreendedor Pesquisadores Visão sobre o Empreendedor Economistas São inovadores e podem ser vistos como forças direcionadoras de desenvolvimento. Comportamentalistas Criativos, persistentes e líderes. Engenheiros e Especialistas em Gerenciamento de Operações Bons distribuidores e coordenadores de recursos. Especialistas em Finanças Capazes de calcular e medir riscos. Especialistas em Gerenciamento São organizadores competentes de suas atividades e recursos, desembaraçados e visionários. Especialistas da Área de Marketing Pessoas que identificam oportunidades, se diferenciam dos outros e possuem o pensamento voltado para o consumidor. Fonte: Filion (1999). Filion (1999) afirma não ser possível afirmar que uma pessoa será ou não bem-sucedida. Segundo o autor, “até agora não foi possível estabelecer um perfil psicológico absolutamente científico do empreendedor”. Ele ainda acrescenta que determinadas características se desenvolvem na prática, o que implica em diferentes características para diferentes tipos de negócios e setores de atuação. O empreendedor distingui-se de outras pessoas por serem motivadas e impulsionadas por uma satisfação ímpar em suas atividades (Dornelas, 2001; McClelland, 1972). Para Dornelas (2001), este indivíduo é ambicioso, deseja reconhecimento e admiração para tornar-se uma referência para aqueles que o cercam. Timmons (1999) aponta a capacidade do empreendedor em identificar e aproveitar uma oportunidade, para, a partir do gerenciamento dos recursos necessários, transformá-la em um negócio de sucesso. Similarmente, Dolabela (2003) afirma que o empreendedor consegue explorar as oportunidades independentemente dos recursos que tem à mão, uma vez que sabe como buscar, gerenciar e capacitar recursos. A capacidade de empreender está relacionada às características do indivíduo, aos seus valores e modo de pensar e agir (Degen, 1989). Shumpeter (1950) coloca o empreendedor como agente das mudanças necessárias para o desenvolvimento econômico. Ser empreendedor é inovar oportunamente gerando novos tipos de negócios na economia (Degen, 1989; Schumpeter, 1950). Trata-se de um empresário inovador que é capaz de empreender um novo negócio, mesmo sem ser dono do capital. Segundo as considerações de Schumpeter (1950) e Kirzner (1986), o empreendedor aproveita oportunidades que são geradas com o uso de novas tecnologias em substituição de outras, o que é parte do processo denominado por Schumpeter de destruição criativa. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ O empreendedor tem necessidade de realizar coisas novas e colocar em prática suas idéias (McClelland, 1972; Degen, 1989). Quando desafiado por uma oportunidade, está disposto a trabalhar continuamente para alcançar seu objetivo. Para isso, identifica a oportunidade, determina e organiza os recursos necessários e conduz o desempenho da organização (Dornelas, 2001). McClelland (1972) coloca como principal característica do empreendedor a busca por seus objetivos, que em certa medida inclui comprometimento, definição de métricas de desempenho e controle de resultados. Suas ações neste sentido são analisar os riscos, buscar feedback a respeito de sua performance, ser persistente e inovador. Kirzner (1986) considera as ações do empreendedor antecessoras aos acontecimentos, ou seja, é pró-ativo, mesmo em ambientes turbulentos e complexos, orientado por sua visão. 2.2 Estratégia como fonte de vantagem competitiva Na atual economia globalizada, a busca pela vantagem competitiva é considerada um desafio dinâmico e fundamental para o sucesso das empresas. A vantagem competitiva é a raiz que dá sustento a um empreendimento. Porter (1989) define vantagem competitiva como a busca de uma posição competitiva favorável que visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra forças que determinam a concorrência. Organizações que estão à frente de seus concorrentes, ao conquistarem uma vantagem competitiva, não elegem a fonte de vantagem utilizada como única e permanente. Estas empresas estão sempre em movimento e em busca de novas vantagens que se originem de fontes diversas (Stalk, 1998). Independente do setor em que a empresa atua, a fonte para a obtenção de uma vantagem competitiva não é imutável, o que, em outras palavras, indica a necessidade de inovar para sustentá-la (Porter, 1990). Para Kaplan & Norton (2001), as fontes para se conquistar uma vantagem competitiva sustentável são os recursos tangíveis e intangíveis da empresa, onde a estratégia esteja no âmago dos sistemas gerenciais. A vantagem competitiva sustentada resulta da combinação dos recursos humanos, dos recursos organizacionaise dos recursos físicos que uma empresa possui (Wright et al., 2000). Ao realizar o planejamento estratégico a empresa deve avaliar e gerenciar todos os seus recursos necessários para obter uma vantagem competitiva sustentável. Na visão de Porter (1989), a obtenção da vantagem competitiva sustentável ocorre a partir da escolha de uma estratégia genérica, buscando a liderança em custo, diferenciação ou enfoque. Segundo o mesmo autor, a definição da estratégia genérica é a base para a continuidade e sustentabilidade dos negócios, onde deve-se optar por uma única direção, sendo o meio termo um caminho perigoso e de difícil sucesso. O que a estratégia empresarial procura é, sob a visão competitiva, obter uma vantagem que distinga a organização de seus concorrentes (Ohmae, 1985). Segundo Ansoff e McDonnell (1993), estratégia é, basicamente, um conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do comportamento de uma organização. A estratégia é um conceito fugaz e um tanto abstrato. Refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização (WRIGHT et al., 2000). Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ A estratégia é colocada por Wright et al. (2000) como algo orientado para o futuro, ao mesmo tempo em que Ansoff e McDonnell (1993) afirmam que nem sempre uma estratégia oferecerá resultados imediatos. Dentro deste contexto Wright et al. (2000) fazem menção a um processo que compreende três fases: (1) a formulação da estratégia, onde se pensa nos objetivos da organização e como alcançá-los; (2) implementação da estratégia, que consiste em colocar em prática o que foi planejado; e (3) controle estratégico, para que os resultados sejam monitorados e possíveis modificações na estratégia, ou na maneira como foi implementada, sejam realizadas. De acordo com Levy e Weitz (2000), a estratégia de varejo indica como a empresa planeja direcionar seus recursos para atingir as metas estabelecidas. De acordo com os mesmos autores as decisões estratégicas para um varejista são: a definição de uma estratégia de mercado, o estabelecimento de uma estratégia financeira, estratégia de localização, a estratégia de estrutura organizacional e de recursos humanos e por fim uma estratégia de sistema de informações. As decisões estratégicas requerem comprometimento, por sua própria natureza, são caracterizadas por risco e incerteza consideráveis. Mudanças rápidas e imprevisíveis podem transformar rapidamente mesmo os planos mais bem concebidos em estratégias ineficazes (Wright et al., 2000). Estas mudanças referem-se a novos modos de agir no nível estratégico de uma organização. Os ambientes interno e externo de uma organização, independente do ramo em que ela está inserida, podem ser demasiadamente complexos, o que inviabiliza a formulação de estratégias de uma só vez a partir de planos e visões exatas. Faz-se necessário então, capacidade para mudar com velocidade, tendo-se, como conseqüência, constantes inovações tanto no curto como no longo prazo (Mintzberg et al., 2000). 2.3 Estratégia de Inovação e o Empreendedorismo Ao inovar, uma empresa cria condições de sustentar o seu crescimento e a sua lucratividade (Gambin, 1998). Uma inovação pode ser definida como uma idéia, prática ou um bem material que é percebido como novo e de relevante aplicação (Rogers, 1995). A inovação é conceituada por Luecke (2003) como sendo a incorporação e combinação de conhecimentos em algo original, relevante, como um novo produto, processo ou serviço. Hussey (1997) descreve uma inovação como uma idéia criativa aplicada ao ambiente de trabalho, ou seja, convertida em uma ação. Nota-se então que uma inovação pode ser um produto, um processo, um método ou um sistema de gestão. Segundo Van de Ven (1986), a inovação pode ocorrer tanto na área técnica como administrativa, contudo o autor ressalta a importância de se estudar as duas áreas em conjunto, pois caso contrário o processo de inovação fica fragmentado. Dois tipos de inovações são amplamente difundidos na literatura: a inovação radical e a inovação incremental. Luecke (2003) explica que uma inovação radical é algo absolutamente novo e normalmente envolve novas técnicas de produção e novas tecnologias. Segundo o mesmo autor, a inovação incremental explora processos, tecnologias e produtos já conhecidos, focando as melhorias que podem ser feitas. Drucker (1987) sustenta a possibilidade de se redesenhar um antigo processo, por meio de novos conhecimentos adquiridos que serão adicionados a um conhecimento já existente. Luecke (2003) pontua que inovações radicais e incrementais são comumente vistas lado a lado, uma vez que após uma inovação radical segue-se Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ um período de inovações incrementais que aprimoram a primeira inovação. Mesmo se concentrando no aperfeiçoamento do processo, Drucker (1987) destaca que um antigo processo apresentará novas necessidades que serão satisfeitas a partir de uma inovação. Perry (1993) vê na identificação de uma necessidade a existência de uma oportunidade de sucesso para o lançamento de uma inovação. As oportunidades advindas de necessidades se renovam e obrigam a empresa a um movimento contínuo que merece ser mantido sistematicamente (Drucker, 1987; Perry, 1993). Um caminho apontado por Von Hippel et al. (2000) para localizar necessidades é a permanente consulta aos usuários finais dos processos ou produtos. A utilização de antigas idéias em novos lugares, porém de novas maneiras e combinadas de formas diferentes, tem grande potencial de gerar inovações, contudo, Hargadon & Sutton (2000) ressaltam que uma idéia só será aplicável à medida que possa ser testada, caso contrário não passará de uma idéia apenas. Thomke (1998) acrescenta que é por meio dos testes de idéias que se chega a uma inovação, resultado de um verdadeiro sistema de experimentação, reforçando, modificando ou complementando o conhecimento existente. O comportamento inovador dentro das organizações não ocorre ao acaso, mas é conseqüência de fatores do ambiente externo e/ou interno, os quais levam a mudanças que precisam ser planejadas. A organização desenvolve estratégias para lidar com as mudanças nestes ambientes e assim espera aprender e adaptar-se às novas realidades mantendo-se competitiva (Mintzberg et al., 2000). Para McCarthy (2003) a inovação em pequenos negócios está intimamente relacionada à personalidade carismática do empreendedor, pois leva o indivíduo a ser mais propenso a riscos e seguir suas convicções. Mintzberg et al. (2000, p.105) associa estratégia e inovação ao afirmar que “no critério empreendedor, a geração de estratégias é dominada pela busca ativa de novas oportunidades”. Em outras palavras, a elaboração de estratégias responde à necessidade da organização em buscar inovações, a fim de estar em sincronismo com o novo ambiente. Estratégias do setor de panificação foram investigadas em um estudo realizado por Castro et al. (2004), pelo qual os autores buscaram identificar alternativas de posicionamento para estes estabelecimentos considerando especificamente o ambiente de concorrência e as mudanças ocorridas no negócio de padarias. Em síntese, os resultados mostraram que as estratégias deste tipo de negócio de varejo são baseadas principalmente em decisões de localização, no mix de produtos e serviços com qualidade, atendimento e relacionamento com os clientes e ampliação das atividades com relação à panificação com a finalidade de diversificara clientela e ocupar a capacidade ociosa. Em negócios de pequeno porte, a elaboração da estratégia é comumente concentrada nas mãos do empreendedor. Em um processo de inovação faz-se necessário um estudo dos pontos fracos e fortes da organização como caminho para empreender mudanças estratégicas (Mintzberg et al., 2000). Juntamente com as inovações o empreendedor necessita comprometer-se com o negócio e planejar sua estratégia. O comportamento do empreendedor associado à estratégia do negócio será então, fonte potencial de vantagens competitivas (Aaker, 2003). A formação da estratégia em pequenas empresas é vista por McCarthy (2003) como resultado das experiências do empreendedor e sua personalidade. Segundo Mintzberg et al. (2000), as estratégias Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ empreendedoras se originam na visão central e as intenções existem como visão pessoal de um único líder, e assim, são adaptáveis a novas oportunidades. Degen (1989) aponta que, após negócio estar consolidado, uma nova fase empreendedora começará quando a empresa quiser continuar a crescer. Para isso, é necessário uma redefinição do negócio. O enfoque é mudar a orientação que se tinha em sua estratégia básica, procurando aumentar a eficácia da empresa. Esta fase é considerada de alto risco, uma vez que nela são feitos ajustes fundamentais na relação da empresa com seu ambiente, à procura de maior eficácia. A fase empreendedora termina com a definição de uma nova orientação estratégica básica para a empresa e, conseqüentemente, com a entrada num novo estágio e uma nova estratégia de crescimento (Degen, 1989). 3. Breve descritivo do setor de panificação Conforme dados da Revista Tecnopan, no ano de 2004 o setor de panificação no Brasil era composto por cerca de 65 mil empresas, as quais eram responsáveis por 650 mil empregos diretos e um faturamento anual em torno de 23 bilhões de reais. É considerado um setor com uma demanda reprimida ao se comparar o consumo per capita de pães no Brasil, que é em torno de 26 kg/ano, com países da Europa e outros países desenvolvidos, onde a média desse consumo é de 85 kg/ano. O consumo de pão no Brasil é inferior, inclusive, aos valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 52 kg/ano per capita. As padarias são responsáveis por 85% do mercado de pão no Brasil e têm a preferência dos consumidores deste produto (SINDIPAN, 2004). Os principais concorrentes são os supermercados, que detêm aproximadamente 7% da preferência dos consumidores, enquanto outros 6% optam por outros tipos de estabelecimentos. Além das padarias tradicionais e as recém criadas mini-padarias, identifica-se uma tendência de crescimento de três categorias de padarias: tipo boutique, de serviço e de conveniência. As padarias tipo boutique são focadas em produtos próprios e importados e localizam-se preferencialmente em regiões com alto poder aquisitivo, contudo sua quantidade ainda não é significativa. As padarias de serviço, além dos produtos tradicionais, oferecem serviços de bar, lanchonete, rotisseria e fast food, entre outros, e concentram-se em regiões centrais e ruas com grande circulação em bairros comerciais. Já as padarias de conveniência, além dos produtos oferecidos nas padarias tradicionais e de serviço, oferecem uma grande variedade de produtos de conveniência, podendo ser vistas como verdadeiros mini-mercados. 4. Procedimentos Metodológicos Neste artigo pesquisou-se padarias que foram criadas no modelo tradicional e que foram transformadas em padarias de conveniência. Evidencia-se um estudo em profundidade e não e extensão, cuja amostra foi composta por seis padarias localizadas no município de São Paulo. São portanto, empresas que passaram por um processo de transformação em que seus empreendedores optaram por uma inovação complexa que combinou mudança estrutural, diferenciação e diversificação do mix de produtos e serviços, requalificação de funcionários e novo foco no atendimento às necessidades dos clientes. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ O presente estudo tem um caráter nitidamente exploratório que, segundo Malhotra (2001), objetiva a familiarização do pesquisador com o fenômeno, ampliação do conhecimento ou obter nova percepção do mesmo. É um tipo de pesquisa flexível e versátil e não estruturado que não visa a confirmação de hipóteses, mas a descoberta de novas idéias. O método de pesquisa utilizado foi o qualitativo, indicado quando se está lidando com problemas pouco conhecidos e a pesquisa é de cunho exploratório (Godoy, 1995). Um método comumente utilizado em pesquisa não conclusiva e quando não é possível, ou conveniente, a obtenção de dados por meio de métodos estruturados. A pesquisa qualitativa possibilita ainda, conhecer valores, emoções e motivações que estão no subconsciente dos respondentes. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas. A entrevista não é uma simples conversa, mas sim um método de investigação orientado para um objetivo definido, a fim de obter do informante, dados relevantes para a pesquisa (Flick, 2004). Seguiu-se um roteiro semi-estruturado, o que permite ao pesquisador aprofundar a investigação durante a realização das entrevistas. Todo o roteiro foi construído com base na revisão da literatura e focado em responder aos objetivos desta pesquisa. Questões previamente elaboradas funcionam como um guia a fim de manter o entrevistado focado no conteúdo específico e de obter respostas significativas para desvendar problemas ocultos. As entrevistas foram realizadas com os proprietários das padarias selecionadas, por terem sido eles os responsáveis pela conversão do modelo de padaria – tradicional para conveniência. Portanto, foram realizadas seis entrevistas, as quais foram gravadas e posteriormente transcritas literalmente. A partir das transcrições das entrevistas, realizou-se uma análise de conteúdo através da categorização das falas dos respondentes. Segundo Malhotra (2001), na análise de conteúdo são elaboradas categorias analíticas utilizadas para a classificação dos dados e a comunicação é decomposta conforme regras preestabelecidas. A análise de conteúdo obedeceu às seguintes etapas: organização do material, leitura preliminar, codificação, determinação das unidades de registro, determinação das unidades de contexto, categorização e redação do texto (Bardin, 1977). As unidades de registro foram as frases dos entrevistados, enquanto as unidades de contexto foram as categorias previamente definidas. Na categorização, utilizou-se como critério as ênfases dadas pelos entrevistados em suas respostas, a repetição de frases e/ou idéias similares e prontidão ou demora em responder às questões. As categorias, assim como a análise de conteúdo, são apresentadas na seção seguinte. 5. Análise e interpretação dos resultados A revisão da literatura permitiu a elaboração do roteiro para as entrevistas, com questões formuladas para que os objetivos desta pesquisa fossem atingidos. Foram determinadas três categorias para que fosse possível agrupar as idéias principais dos proprietários das padarias, que constituíram os elementos chaves de cada uma das categorias, para, desta forma, atingir os objetivos específicos da pesquisa. O Quadro 1 apresenta as categorias de análise e sues respectivos elementos chaves e objetivos a serem alcançados. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5,n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ Quadro 2: Categorias de análise Categoria Elementos chaves Objetivos específicos O empreendedor Visão e otimismo / buscar soluções alheias / dedicação / ambição / propensão a lidar com riscos Identificar as características e ações dos empreendedores. Estratégia Pensamento estratégico / planejamento por escrito / necessidade de planejar / objetivos e prioridades Verificar como os empreendedores desenvolvem e implementam as estratégias para seus negócios. Inovação e vantagem competitiva Diversificação de produtos / mudanças / vigilância às inovações / desejo de inovar / fontes de vantagem competitiva Compreender o processo de inovação como estratégia para a competitividade das padarias. Fonte: Elaborado pelos autores Categoria – O empreendedor: A visão de futuro foi uma característica comum entre os entrevistados, assim como o otimismo. Estas duas características associados, visão e otimismo, permite que enxerguem uma situação desejada para o futuro juntamente com a crença de que esta situação realmente ocorrerá, levando-os a ser persistentes (Dornelas, 2001; Filion, 1999; McClelland, 1972). As entrevistas revelaram que esta combinação ocorre desde a criação do negócio, tendo em vista que todos os entrevistados revelaram acreditar no sucesso de seus empreendimentos. Percebeu-se ainda, que o exercício de olhar para o futuro é prática contínua dos entrevistados, uma vez que todos ofereceram panoramas de médio e longo prazo que esperam para os seus negócios. A visão do empreendedor é destacada por Kirzner (1986) e Mintzberg et al. (2000), assim como colocado por Dornelas (2001), o qual afirma que os empreendedores têm uma visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais importante, eles têm habilidade de agir para esta visão se concretize. Não é prática comum entre os entrevistados o aproveitamento de soluções encontradas em conjunto com outras pessoas. Algumas sugestões podem ser bem-vindas, mas foi possível observar um certo receio em aceitá-las plenamente, sem uma análise cuidadosa ou modificações. Todavia, notou-se que a decisão final é tomada pelo próprio empreendedor, ou seja, o processo decisório é totalmente centralizado. A centralização das decisões é justificada pelos entrevistados que consideram as demais pessoas sem capacidade de decidir corretamente por falta de conhecimento do negócio necessário para tal. Os entrevistados convergem em suas opiniões a respeito do sucesso de seus empreendimentos, que creditam a sua própria capacidade em decidir corretamente. Esta é uma posição que reforça o que foi colocado por Salim et al. (2004) ao afirmarem que o sucesso de um empreendimento, muitas vezes, está relacionado com a capacidade de decidir corretamente. Outra característica comum entre os entrevistados é o comprometimento com o negócio, que na literatura é destacado por Mintzberg et al. (2000), Wrhigt et al. (2000) e McClelland (1972). O comprometimento integral, dia a dia, é visto por todos como essencial para que os resultados desejados sejam atingidos. Consideram-se trabalhadores exemplares, incansáveis, devotados e persistentes em suas idéias, mesmo que dificuldades possam surgir, graças a energia que dizem possuir. Como colocado por Dornelas (2001), os empreendedores comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e até mesmo com a própria saúde. O tempo livre para lazer e o convívio social é escasso, contudo alguns deles fazem do trabalho uma razão de viver, o que passa a ser algo prazeroso em lugar do lazer (McClelland, 1972). Os empreendedores entrevistados mostraram-se ambiciosos e revelaram que desde o início dos seus negócios queriam ser bem-sucedidos e obterem os ganhos financeiros que desejavam. A ambição dos Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ entrevistados confirma o que Dornelas (2001) apresenta como sendo empreendedor: um indivíduo ambicioso, que deseja reconhecimento e admiração para tornar-se uma referência para aqueles que o cercam. Ao serem abordados sobre os riscos encontrados na criação e manutenção de seus empreendimentos, os entrevistados mostraram grande confiança e habilidade em lidar com os riscos. Verifica-se que, como colocado por McCarthy (2003) o empreendedor possui uma personalidade que lhe torna propenso ao risco (Filion, 1999; McClelland, 1972). Alguns relataram uma certa preocupação no início dos negócios, mas mesmo estes estavam confiantes de que superariam as dificuldades. À medida que adquiriram mais experiência e conhecimento, os riscos passaram a ser vistos sob uma perspectiva mais otimista e tornaram-se desafios (McClelland, 1972). Foi comum entre os empreendedores o estudo detalhado do ramo de atuação a fim de estar preparado para lidar com os riscos. Dornelas (2001) explica que a propensão em lidar com os riscos é uma das qualidades do empreendedor, o qual utiliza conhecimentos específicos para criar e manter o empreendimento. Assim o empreendedor está apto a arriscar, calcular, ter coragem de enfrentar desafios, de tentar um novo empreendimento, de buscar os melhores caminhos avaliando as reais chances de êxito. Categoria – Estratégia: A estratégia é vista pela maior parte dos entrevistados como suas ações cotidianas e soluções de problemas que ocorrem na gestão do empreendimento. Revelaram ainda que a dinâmica do setor não permite que a estratégia adotada seja única ou perene, o que permite resgatar Mintzberg et al. (2000), o qual coloca a necessidade de mudar com velocidade, tanto no curto quanto no longo prazo. Ficou bastante claro a importância que os empreendedores dão ao que se pode chamar de pensamento estratégico. A definição de metas é algo comumente definido por eles mesmos e procuram orientar suas ações em busca dessas metas (Mintzberg et al, 2000; McCarthy, 2003). Neste contexto, estes empreendedores seriam não apenas os formuladores das estratégias organizacionais como também os executores ou os facilitadores, comprometendo- se para que as metas sejam atingidas (Aaker, 2003). Apenas um dos empreendedores entrevistados revelou que não dedica um tempo exclusivo para a elaboração de estratégias, preferindo uma posição mais reativa aos problemas e situações do dia a dia que venham a ocorrer. Em relação à necessidade de se planejar, os entrevistados mantiveram-se favoráveis ao planejamento, contudo com algumas sensíveis diferenças quanto ao horizonte a ser coberto. Para alguns o planejamento é imediato, o tempo para a ação é limitado e isso exige tomadas de decisões rápidas diante das ocorrências do dia a dia. Mesmo em se tratando de ações de curtíssimo prazo, estes empreendedores são bastante conscientes da necessidade de pensar estrategicamente, elaborar um plano “instantâneo” e colocar em prática imediatamente o que foi pensado (Mintzberg et al., 2000). É possível então fazer uma associação à colocação de Dornelas (2001) ao afirmar que os empreendedores mais bem-sucedidos são aqueles que planejam cada passo a ser dado, sempre tendo como base a forte visão do negócio que possuem. Um ponto relevante, observado nas entrevistas, foi que, mesmo propondo metas e estratégias para alcançá-las (Levy e Weitz, 2000), não é prática comum entre estes empreendedores de padarias fazer planejamentos por escrito. Para eles, o planejamento é importante, como colocado por Mintzberg et al. (2000), Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ Aaker (2003), Dornelas (2001), Wright et al. (2000), contudo preferem fazê-lo mentalmentee aplicá-los diretamente no negócio. Uma das alegações para este comportamento é o tempo escasso, o que os impede de colocar suas idéias no papel. Eles dizem utilizar suas visões de negócios repentinamente, ou seja, preferem acreditar em seus insights estratégicos. Planejam suas ações de um dia para o outro, e, portanto, sem tempo hábil para fazer um planejamento por escrito. Apenas um empreendedor defendeu a prática do planejamento por escrito em todas as situações. Os objetivos iniciais priorizados pelos entrevistados ao criarem seus negócios eram o sucesso do empreendimento e um retorno financeiro que considerassem compatível com a dedicação que estavam dispostos a colocar em suas atividades. Ao mesmo tempo, foi comum entre eles o desejo de ter um trabalho agradável e que os satisfizesse (McClelland, 1972). Percebe-se que com o passar do tempo e à medida que os negócios prosperavam, a satisfação pessoal era alcançada. Há então um conjunto energizador, composto por dinheiro em caixa, crescimento do empreendimento, gosto pelo trabalho e dedicação, que os entrevistados utilizam para o estabelecimento de novas metas e planejar suas ações. Atualmente, as prioridades dos entrevistados estão bastante relacionadas ao atendimento do cliente. Foram mencionadas ações como o atendimento particularizado do cliente, oferta de produtos de qualidade e em grande variedade, cobrar preços compatíveis com os serviços oferecidos e cuidadosa atenção à satisfação dos clientes. Nota-se aqui a presença de elementos básicos na formulação de estratégias de varejo apontados por Levy e Weitz (2000). Também é possível verificar que a oferta de variedade de produtos de qualidade e atendimento são prioridades similares ao que encontraram Castro et al. (2004) em sua pesquisa com padarias. Alguns apontaram que este é o caminho para se ter uma boa lucratividade, ou seja, juntamente com o atendimento dos clientes, é prioridade para estes empreendedores o retorno financeiro que resultará de suas ações. Categoria – Inovação e vantagem competitiva: Manter-se atualizado, lançar novos produtos e serviços de acordo com as exigências dos clientes, são práticas apontadas pelos entrevistados como essenciais para o êxito no setor de panificação. A importância da inovação em padarias foi verificada como fator de posicionamento estratégico também por Castro et al. (2004) ao constatar como prioridades estratégicas o mix de produtos e a ampliação de atividades relacionadas ao negócio de panificação. Como visto na revisão da literatura, autores como Luecke (2003), Hussey (1997) e Drucker (1997), relatam que além de produtos, novos processos também são inovações. Esta é também a maneira de pensar dos empreendedores de padarias, que procuram garantir o aprimoramento da qualidade de seus produtos por meio de modificações em seus processos de fabricação. Destacaram-se o uso de novas matérias-primas, como ingredientes dietéticos e o menor uso de gordura para as refeições servidas, assim como modificações operacionais que visam uma maior higiene na produção dos alimentos e no atendimento dos clientes. Para os entrevistados, inovar para que haja maior diversificação produtos é fundamental para manter a competitividade de suas padarias (Gambin, 1998). A diversificação pode ter origem a partir da idéia do próprio empreendedor (McCarthy, 2003), gerando uma inovação, ou a partir de idéias que concorrentes já tenham tido e implantado e que julguem aproveitáveis para o seu negócio. O ponto de partida para estes empreendedores ao avaliar a viabilidade de uma inovação para oferecer novos produtos ou serviços é a Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ necessidade do cliente, corroborando as colocações de Cordeiro e Paiva Jr. (2003), Perry (1993), Drucker (1987)e Von Hippel et al. (2000). Foi consenso entre os entrevistados que, mesmo com o negócio gerando lucro, não é possível a acomodação com os bons resultados diante da concorrência acirrada. As mudanças contínuas foram apontadas como necessárias para a sobrevivência do negócio. Outro elemento determinante das mudanças apontado pelos entrevistados foi o próprio desenvolvimento do setor de panificação (Castro et al., 2004; Mintzberg et al., 2000). Aqueles que já atuam neste setor há pelo menos três décadas vivenciaram inúmeras mudanças, especialmente nos últimos anos e afirmaram não ser mais possível trabalhar da mesma maneira que trabalhavam, quando estavam acostumados a obter lucratividade com maior facilidade, sem terem que recorrer às inovações. Atualmente, com a maior concorrência e novos hábitos de consumo da sociedade as mudanças são mais bruscas e constantes. O acompanhamento das ações dos concorrentes é algo comum entre os entrevistados. Eles procuram ver o que seus concorrentes estão fazendo de novo e procuram apreender ou adaptar aquilo que vêem com potencial para contribuir para atender às necessidades de seus clientes. Por vezes, é por meio dessas diligências ao mercado que desenvolvem idéias que se transformam em inovações em seus negócios. São comuns então inovações incrementais, que ocorrem após a inovações radicais, como destacado por Luecke (2003). Neste sentido, vale também lembrar que Dornelas (2001) coloca o empreendedor como um indivíduo curioso em relação às informações e procura ampliar seus conhecimentos a fim de tornar-se mais competitivo. Contudo, um dos entrevistados enfatizou que não há muito o que procurar com seus concorrentes em termos de inovações, pois considera ser muito difícil alguma outra padaria oferecer algo que ainda não tenha em seu estabelecimento. Para este entrevistado, suas inovações são referências para os concorrentes. Mesmo que se baseando no que os concorrentes estejam fazendo de novo, o desejo de inovar é marcante entre todos os entrevistados. Autores como Drucker (1987), Filion (1999) e McCarthy (2003), apontam que uma característica específica dos empreendedores é a inovação, ou ainda o desejo de realizar coisas novas (Degen, 1989; McClelland, 1972). Houve ainda uma pequena divergência entre os entrevistados quanto ao tipo de inovação. Foi consenso que pequenas inovações, dentro das necessidades dos clientes, são oportunas e efetivas, contudo aquelas que exigem grande investimento de capital e/ou grandes modificações estruturais são vistas com cautela por alguns e, desta maneira, não tão freqüentes. Confirma-se então, entre esses empreendedores, que inovações radicais trazem uma grande mudança e são seguidas por um período de inovações incrementais (Luecke, 2003). As duas principais fontes de vantagem competitiva apontadas pelos entrevistados foram a obtenção de redução de custos de compras por meio de negociações com os fornecedores e a inovação. Obter e sustentar uma vantagem competitiva é o que estes empreendedores consideram fundamental para a fidelização dos clientes. A implantação e comercialização de novos produtos e serviços a partir da identificação de novas oportunidades tem sido o meio para diferenciarem-se dos demais concorrentes (Filion, 1999). Contudo, há entre eles uma conscientização que neste segmento da economia a imitação é fácil e ocorre com rapidez, o que fragiliza a vantagem competitiva obtida com uma inovação (Castro et al., 2004). Isso obriga então as inovações Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ serem constantes, o que exige contínua atualização e ampliação do conhecimento dos empreendedores e transforma-se em um comportamento incorporado à própria cultura do negócio (Porter, 1990). 6. ConsideraçõesFinais Os números referentes às micro e pequenas empresas revelam uma situação que merece reflexão no que se refere à sobrevivência destas organizações. Tal preocupação torna-se ainda mais relevante à medida que, ao encerrar as atividades, o micro e pequeno negócio deixa de exercer dois papéis importantes na economia do país: gerar empregos e contribuir para o desenvolvimento econômico nacional. Diante do panorama apresentado, este artigo buscou estudar aqueles empreendimentos que têm prosperado mesmo diante de turbulências do ambiente externo. A pesquisa realizada com padarias que passaram por um processo de transformação – de um modelo tradicional para o chamado de conveniência – possibilitou compreender ações estratégicas adotadas nestas empresas e suas relações com as características de seus empreendedores. Observou-se que as características que mais se destacaram entre estes empreendedores são a visão, o otimismo, o comprometimento com o negócio, a ambição e a propensão em lidar com riscos. O empreendedor define claramente onde quer chegar e tem habilidade para tornar sua visão uma realidade. Para isso estão dispostos a enfrentar possíveis riscos, que são minimizados pelo conhecimento que possuem e aprimoram continuamente, pela dedicação que têm com seu negócio e sua ambição em atingirem seus objetivos. O pensamento estratégico dos empreendedores revela sua dedicação nas ações cotidianas na gestão de suas padarias. Planejam suas ações com extrema rapidez e as colocam em prática de imediato, visando atingir metas que estabeleceram para seus negócios. Trata-se de um exercício dinâmico que os possibilita ir do nível estratégico ao operacional em curto intervalo de tempo. Seus objetivos são claramente definidos e retratam o desejo em prosperar e ao mesmo tempo realizarem um trabalho com o qual se satisfaçam. São ávidos em identificar necessidades dos clientes e ações dos concorrentes que funcionam como fonte de informação para o desenvolvimento de inovações. Já passaram por uma grande mudança, inovando a maneira de atender os clientes, diversificando os produtos e serviços oferecidos e remodelando seus negócios. Foram inovações que implicaram em grandes mudanças, mas que agora cedem espaço à inovações incrementais que não exijam alto investimento financeiro ou grandes alterações estruturais. Contudo, a continuidade das inovações é mantida diante do risco de perderem vantagens competitivas que tenham conquistado com uma inovação. Foi possível associar as principais características dos empreendedores encontradas nas entrevistas às suas estratégias direcionadas à inovação. O processo de geração e implantação de inovações contínuas parte do próprio empreendedor e é motivado pela busca por vantagens competitivas, as quais são consideradas essenciais para conquistar e manter seus clientes. Este processo tem como principal fonte de recursos a própria capacidade do empreendedor, a partir de seu conhecimento, ambição, visão, otimismo e propensão em lidar com os riscos inerentes às inovações. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM) - ISSN 1677-7387 Faculdade Cenecista de Campo Largo - Coordenação do Curso de Administração v. 5, n. 1, maio/2006 - http://revistas.facecla.com.br/index.php/recadm/ O pensamento estratégico revelou-se dinâmico e impulsionado pelo conhecimento, dedicação e desejo de inovar dos empreendedores. Há uma retroalimentação de sua ambição ao atingir suas metas e usufruir da lucratividade e, assim, motivam-se a enfrentar novos desafios. As contribuições deste artigo, ora apresentadas, podem ser aprofundadas em estudos futuros em uma amostra maior, incluindo os sócios proprietários das padarias. Outra abordagem que se sugere é a investigação dos novos entrantes neste setor, as mini-padarias, que trabalham com custos operacionais relativamente mais baixos e têm obrigado o movimento contínuo das padarias de conveniência a fim de manter a diferenciação. Referências Bibliográficas AAKER, David A. Administração estratégica de mercado. 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Assim, o objetivo do artigo é descrever a contribuição da psicologia do trabalho no desenvolvimento das competências do empreendedor. O artigo configura-se em um estudo descritivo com abordagem conceitual. As exigências e condições estabelecidas pelo ambiente interferem no desenvolvimento das competências do empreendedor e são abordadas pela psicologia do trabalho, daí vem a sua contribuição. Através do diagnóstico do ambiente de trabalho e dos fenômenos psicológicos incidentes neste ambiente pode-se elaborar e desenvolver atividades que propiciem transformar conhecimento em ações. Estas ações por sua vez desenvolvem nos indivíduos habilidades que somadas ao conhecimento levam a atitude, por exemplo, de criação de um novo negócio ou organização. Palavras-chaves: psicologia do trabalho; competência; empreendedor XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 2 1. Introdução O empreendedorismo tem sido abordado por vários pesquisadores. Entretanto, algumas abordagens são fragmentadas com diversas unidades de análises e com pressupostos epistemológicos distintos. Alguns dos estudos concentram-se no empreendedor em si, outros nas organizações, outros no contexto, e outros no processo. Devido a sua complexidade, alguns pesquisadores vêm se preocupando em analisar o empreendedorismo em sua totalidade. Seguindo esta abordagem pretende-se no artigo progredir no entendimento da psicologia do trabalho como disciplina influenciando nas decisões e competências do empreendedor, legitimando seu envolvimento com o empreendimento. A psicologia do trabalho nasceu da necessidade de atender as demandas dos administradores de empresas que buscavam estabelecer um controle sobre o comportamento humano no trabalho. Desde os primeiros estudos voltados à fadiga dos trabalhadores até o seu auge com a aplicação dos testes psicológicos em seleção de pessoal essa preocupação permeava os trabalhos dos psicólogos. O objetivo do artigo é apresentar os elementos de contribuição da psicologia do trabalho para o desenvolvimento das competências do empreendedor. Para tanto, inicialmente apresenta-se a revisão sobre o campo do empreendedorismo e na seqüência abordam-se as competências do empreendedor e conceitos da psicologia do trabalho relacionados ao empreendedorismo. Por fim apresentam-se algumas considerações relacionadas à importância da psicologia do trabalho no contexto das competências do empreendedor. 2. Competências do empreendedor A existência de indivíduos dispostos aos riscos de empreender é um dos pilares do desenvolvimento econômico (GEM, 2006). Diversos conceitos são encontrados na revisão da literatura para os termos empreendedor e empreendedorismo. Empreendedor, conforme Hisrich e Peters (2004, p. 26) é o indivíduo que se arrisca e dá início a algo novo. A palavra entrepeneur é francesa e literalmente traduzida significa “aquele que esta entre” ou “intermediário”. No Quadro 1 apresenta-se o desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 3 Origina-se do francês: significa aquele que está entre ou estar entre. Idade média:participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala. Século XVII:pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor fixo com o governo. 1725Richard Cantillon – pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital. 1803Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separados dos lucros de capital. 1876Fancis Walker – distinguiu entre os que forneciam fundos e recebiam juros e aqueles que obtenham lucro com habilidades administrativas. 1934Joseph Schumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada. 1961David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados. 1964Peter Druckeer – o empreendedor maximiza oportunidades. 1975Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econômicos, e aceita riscos de fracasso. 1980Kari Vésper – o empreendedor é visto de modo diferente por economistas, psicólogos, negociantes e políticos. 1983Girfford Pinchot – o intra-empreendedorismo é um empreendedor que atua dentro de uma organização já estabelecida. 1985Robert Hisrich – o empreendedor é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo recompensas da satisfação econômica e pessoal. Quadro 1: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor Fonte: HISRICH, Robert “Entrepreneuship and Intrapreneurship: Methods for Creating New Companies That Have an Impact on the Economic Renaissance of an Area”. In Entrepreneurship, and Venture Capital. Ed. Robert D. Hisrich (Lexington, MA: Lexington Books, 1986), p.96 Outros conceitos de empreendedor e empreendedorismo surgiram após a definição de Hisrich em 1985. Empreender, segundo Dolabela (1999) não significa apenas criar novas propostas, inventar novos produtos ou processos, produzir novas teorias, engendrar melhores concepções de representação da realidade
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