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Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB PUERPÉRIO PATOLÓGICO HEMORRAGIA PUERPERAL (definição) 1- Perda sanguínea cumulativa imediatamente após o parto: ≥500 mL → parto vaginal. ≥1000 mL → parto cesariana. Ou 2- Qualquer perda de sangue capaz de causar instabilidade hemodinâmica Ou Perda de sangue cumulativa em 24h após o parto (vaginal ou cesárea) ≥ 1000 mL HEMORRAGIA PUERPERAL (causas? 4 T’s) TÔNUS (atonia uterina ~70%) TRAUMA (lacerações de trajeto ~ 19%) TECIDO (restos de tecidos placentários ~ 10%) TROMBINA (distúrbios da coagulação ~ 1%) HEMORRAGIA PUERPERAL (tríade letal?) 1- Acidose 2- Hipotermia 3- Coagulopatia Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB HEMORRAGIA PUERPERAL (estimativa de perda volêmica - tabela) HEMORRAGIA PUERPERAL (cálculo índice de choque?) Frequência cadíaca / PA sistólica → alterado se ≥ 0.9 (bom marcador da resposta hemodinâmica, sendo um marcador precoce) Se ≥ 0.9 → risco de transfusão Se ≥ 1.4 → transfusão maciça com urgência Se ≥ 1.7 → transfusão maciça com urgência imediatamente + comunicar CTI HEMORRAGIA PUERPERAL - PREVENÇÃO COM OCITOCINA (quando e como fazer?) NA EXPULSÃO FETAL (APÓS SAÍDA DO OMBRO ANTERIOR) 10 UI - IM (A OMS recomenda conduta ativa durante a dequitação, por reduzir hemorragias causadas por atonia uterina) ATONIA UTERINA (definição?) Deficiência na manutenção da contração miometrial no pós-parto. Principal causa de hemorragia puerperal. Dentre as principais indicações de histerectomia pós-parto. Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB ATONIA UTERINA (fatores de risco?) -Miométrio mal perfundido (hipotensão); -Menor contração miometrial (leiomiomas uterinos e multiparidade); -Anestesia geral (halogenados), que leva a relaxamento uterino; -Sobredistensão uterina (gemelaridade, polidramnia, macrossomia); -Trabalho de parto prolongado; -Trabalho de parto de evolução muito rápida; -Atonia uterina em gestação prévia; -Corioamnionite. ATONIA UTERINA (quadro clínico?) -Sangramento vaginal excessivo -Útero subinvoluído (acima da cicatriz umbilical), flácido e depressível -Sinais de hipovolemia (síncope, hipotensão, taquicardia, oligúria) ATONIA UTERINA (complicações?) -Anemia -Choque hipovolêmico -Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) -Insuficiência renal aguda -Síndrome de Sheehan Síndrome de Sheehan – o que é? Necrose hipofisária secundária à isquemia causada pelo choque hipovolêmico. O quadro clínico é de insuficiência hipofisária de graus variados (agalactia, amenorreia, atrofia genital, hipotireoidismo, insuficiência adrenal...) Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB ATONIA UTERINA (conduta?) 1- Reposição volêmica (2-3 L de cristaloides) + SVD para controle de diurese + reserva de hemoderivados 2- Massagem do fundo de útero 3- Compressão uterina bimanual (Manobra de Hamilton) 4- Medicamentos (ocitocina, ergotrat, misoprostol, transamin) 5- Balão de Bakri 6- Suturas compressivas (B-Lynch – com histerotomia, Hayman – sem histerotomia, Cho – hemorragias segmentares) 7- Ligadura das artérias uterinas 8- Ligadura das artérias hipogástricas 9- Embolização seletiva das artérias uterinas 10- Histerectomia (preferível subtotal) → última opção. ATONIA UTERINA – (medicamentos, como usar?) 1- Ocitocina: 5UI EV em bolus + 20-40 UI dil em 500mL SF 0.9% - EV 250 mL/h – após, manutenção a 125 mL/h. 2- Ergotrat (ergometrina): 0,5 mg - IM 3- Misoprostol: 800-1000 mcg via retal. 4- Transamin: 1g (04 amp. dil em 250 mL SF 0.9% - EV) LACERAÇÕES DE TRAJETO DE PARTO (definição?) Lesões traumáticas do canal de parto. Se localizam principalmente no períneo, na vagina, ou no colo uterino. LACERAÇÕES DE TRAJETO DE PARTO (causas?) -Episiotomia extensa -Feto macrossômico -Manobra de Kristeller intempestiva/inadequada -Parto operatório com fórcipe LACERAÇÕES DE TRAJETO DE PARTO (quadro clínico?) Sangramento persistente em paciente com útero contraído e dequitação completa. Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB LACERAÇÕES DE TRAJETO DE PARTO (conduta?) Revisão sistemática do canal de parto Hemostasia imediata (compressão direta) Sutura de lacerações e drenagem local de hematomas Se necessário → reposição volêmica, cateterismo vesical, uterotônicos Se sangramento intenso → pensar em deiscência de cicatriz uterina prévia / rotura uterina RESTOS DE TECIDOS PLACENTÁRIOS (por que causam hemorragia?) Porque dificultam a contração uterina, impedindo a involução normal. RESTOS DE TECIDOS PLACENTÁRIOS (quadro clínico?) -Sangramento no pós-parto -Útero contraído, porém discretamente aumentado -Canal cervical dilatado -Ausência de lesões de trajeto RESTOS DE TECIDOS PLACENTÁRIOS (conduta?) -Revisão sistemática da placenta, imediatamente após a dequitação. -Infusão de ocitócitos -Manobra de Credé -Curagem -Curetagem Manobra de Credé (o que é?) Compressão do fundo do útero → para provocar o descolamento da placenta. Curagem (o que é?) Extração manual da placenta e de restos placentários. Introduzir a mão na vagina até o útero, utilizando o cordão umbilical como guia. Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB INFECÇÃO PUERPERAL (causas?) -Endometrite / endomiometrite / endoparametrite -Tromboflebite pélvica -Infecção de parede abdominal -Infecção de episiotomia INFECÇÃO PUERPERAL (Tríade de Bumm?) Útero encontra-se: 1- Amolecido 2- Doloroso 3- Hipoinvoluído (tríade clínica da endometrite puerperal) INFECÇÃO PUERPERAL (Endometrite puerperal?) -Infecção puerperal mais prevalente -Ascenção da ferida placentária → etiologia polimicrobiana -Parto cesariano é o principal fator de risco -Clínica de febre, bacteremia, dor abdominal, lóquios fétidos + tríade de Bumm -Tratamento: Clindamicina 900mg, IV, 8/8 horas + Gentamicina 1,5mg/kg, IV, a cada 8 horas. Essa antibioticoterapia deve ser mantida até a paciente se manter afebril por 72 horas e assintomática. INFECÇÃO PUERPERAL (Tromboflebite pélvica?) -Rara (1:1000) -Formação de coágulos nos vasos pélvicos relacionada a infecções -Principal sítio → veia ovariana -Endometrite é o principal fator de risco (desconfiar sempre em paciente com endometrite puerperal em uso de antibioticoterapia que possui remissão parcial dos sintomas, mas permanece com febre após 48-72 horas, e sem abscesso aos exames complementares) -Conduta → antibioticoterapia (clinda + genta) + heparinização plena Obstetrícia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB INFECÇÃO PUERPERAL (Infecção de parede abdominal?) -Cesárea é o principal fator de risco -Vários espectros: de uma celulite até uma fasceíte necrotizante -Começa no 5-7º dia pós-cesárea -Agentes (estafilococos, E. coli, S. pyogenes) -Tratamento (antibiótico VO se leve, antibiótico EV se sinais de disfunção orgânica, cirúrgico para desbridamento em casos graves) MASTITE PUERPERAL (causa?) Pega inadequada = estase láctea (ingurgitamento) + lesões mamilares (solução de continuidade na pele) = infecção. S. aureus é o principal agente (aureus de “auréola”) Pode evoluir com abscesso mamário e até sepse Clínica: mama túrgida, sinais flogísticos. Pensar em abscesso quandopalpar massa endurecida, com ponto de flutuação Exames: cultura, USG Tratamento: manter amamentação (nem mastite nem abscesso são contraindicações à amamentação), hidratação, repouso, analgesia + antibiótico (cefalosporina de 1º geração). Se tiver abscesso tem que drenar.
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