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Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 9 1 Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) Introdução A percepção ambiental da paisagem por meio de leituras biofísicas e socio- culturais se processa a partir do espaço ocupado pelas pessoas, pois remete à sua memória, à sua história, bem como à sua identificação, como espaço vivido e suas problemáticas, evidenciando a “força do lugar”. Para uma leitura e percepção da paisagem, cumpre-nos assinalar que também é sistêmica e é o resultado da com- binação dos elementos naturais e materiais somados às obras humanas e grupos culturais que viveram no espaço. Dessa forma, em ações de gestão ambiental é imprescindível desenvolver proces- sos cognitivos de percepção ambiental visando à integração do ser humano e natureza. Portanto, nesta aula serão abordadas as principais questões e conceitos sobre percepção ambiental e sociedade, seguido desta percepção com paisagens e, por último, as paisa- gens como espaços educadores para as sociedades. Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) 10 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 1.1 Algumas questões sobre a percepção do ambiente e sociedade As questões ambientais e seus problemas têm acompanhado, em diferentes períodos históricos, diversas sociedades que possuem por sua cultura percepções próprias da nature- za. Esse fato traz à ciência um rico campo de estudos e pesquisas, para avaliar as percepções e os efeitos da ação humana sobre o ambiente natural, social e cultural. Rodaway (1995) citado por Hoeffel (2007) caracteriza percepção como um processo, uma atividade que envolve organismo e ambiente, e que é influenciada pelos órgãos dos sentidos – percepção como sensação –, e por concepções mentais – percepção como cogni- ção. Dessa forma, ideias sobre o ambiente envolvem tanto respostas e reações a impressões, estímulos e sentimentos, mediados pelos sentidos, quanto processos mentais relacionados com experiências individuais, associações conceituais e condicionamentos culturais. As pessoas constroem sistemas para manejar o mundo, ou seja, formulam hipóteses segundo a sua experiência e predizem assim o futuro de acordo com estas hipóteses. Tais construções mentais variam segundo as pessoas, que somente reagem aos estímulos que são capazes de imaginar como atuantes, que, por sua vez, formam parte do espaço construído e do espaço percebido. Além disso, a atividade perceptiva enriquece continuamente a experiência individual e por meio dela nos apegamos, cada vez mais, ao lugar e à sua paisagem, pois quando o espaço nos é familiar torna-se lugar. De acordo com Leite (1994), a percepção do tempo, do espaço e da natureza muda com a evolução cultural, o que exige a procura de novas formas de organização do território que melhor expressem o universo contemporâneo, formas que capturem o conhecimento, as crenças, os propósitos e os valores da sociedade. É a partir da percepção do ambiente pelo ser humano que se pretende identificar como homens e mulheres veem e classificam seus ambientes, como se colocam nos ambientes que criam, e que referências usam para escolher tais ambientes. Nossa mente organiza e repre- senta essa realidade percebida por meio de esquemas perceptivos e imagens mentais, com atributos específicos (DEL RIO e OLIVEIRA, 1999) e que servem para avaliar a qualidade dos ambientes (PILOTTO, 2003). Uma imagem é uma representação internalizada do ambiente, por meio da experiência, e incorpora ideais, isto é, a avaliação da qualidade ambiental traz a organização do meio ambiente como o resultado da aplicação de conjuntos de regras que refletem de diferentes concepções de qualidade ambiental (OJEDA, 1995). Além disso, é pela percepção que o ser humano estrutura sua representação cognitiva do ambiente. De acordo com Del Rio e Oliveira (1999) a percepção consiste em trocas funcionais do indivíduo com o meio exterior, as quais têm dois aspectos: cognitivo e o afetivo. O primeiro ocorre paralelamente, quando o indivíduo conhece o mundo exterior e começa a ter senti- mentos em relação a ele e o segundo é a energia do sistema. Para Ojeda (1995) é cada vez mais necessário considerar os costumes cognitivos com a finalidade de entender a manei- ra pela qual o meio ambiente é conhecido e estruturado pelos indivíduos e pela socieda- de. As pessoas, como organismos ativos, adaptativos e procuradores de objetivos ou fins, Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 11 estruturam o mundo a partir de três fatores: o organismo, o meio ambiente e o meio cultural, os quais se relacionam para formar representações cognitivas. Segundo este mesmo autor, existem dois significados diferentes do termo cognição am- biental; um é psicológico, o outro antropológico, sendo que o primeiro ressalta o conheci- mento do meio ambiente, enquanto que o antropológico afirma que os processos cognitivos convertem o mundo em algo significativo. Decifrar e valorizar os costumes cognitivos das paisagens deveria ser uma ferramenta indispensável na gestão dos espaços, sejam eles pú- blicos ou privados, a partir do momento que identifica não somente os diferentes ideários na busca da qualidade ambiental como também os saberes e significados socioambientais específicos das inter-relações evolutivas entre natureza e populações locais. Dentro dessa dinâmica insere-se a questão paisagística, incluindo-se a necessidade de investigar o significado das diversas expressões do verde dentro das diferentes culturas. O verde existe como objeto dado no mundo e como idealização. Por exemplo, ao se projetar áreas verdes, como nas áreas protegidas, navega-se, portanto, na semiótica de significantes e significados, não como elementos isolados, mas como partes de um todo em que, aquele que habita, é indissociável do espaço onde exerce sua autopoiesis1 (MATURANA e VARELLA, 1980). A paisagem está presente em cada situação da história dos seres humanos, traçando uma relação vital para ambos, em que as pessoas necessitam da paisagem que ordena os serviços ambientais que a natureza oferece e esta depende das ações e percepções, ideias e ações das pessoas (DEL RIO e OLIVEIRA, 1999). Além disso, o ser humano, assim como os organismos, impõe uma ordem espacial, social e temporal diferentes, porém relacionadas entre si, já que têm de coexistir na trama espa- ço-temporal de um mesmo mundo, e porque todas as ordenações se apoiam nos mesmos processos de aprendizagem, memória, identidade, localização e orientação (PILOTTO, 1997). Este tipo de estudo de percepção ambiental tem se tornado uma ferramenta importante para o desenvolvimento de processos educadores e participativos, pois, segundo Pilotto (1997, p. 30), a percepção ambiental é, pois, a experiência sensitiva mais direta e imediata do meio ambiente, e, ainda que afetada pela memória e cognição, é muito indepen- dente. A percepção sempre se relaciona com a ação, pelo que tem de envolvente, participativa e relacionada com a motivação e o significado. Para Del Rio (1999), nosso cotidiano se conforma e se realiza por meio da percepção de paisagens, num amálgama entre realidade e imaginário. O ser humano age e reage de acor- do com a maneira que percebe seu entorno, e que a percepção ambiental tem se mostrado cada vez mais útil como instrumento de análise da atuação antrópica sobre a paisagem. A partir do paradigma de que só percebemos o que conseguimos interpretar, a legibilidade 1 Autopoiese ou autopoiesis (do grego auto “próprio”, poiesis “criação”) é um termo criado na década de 1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a ca- pacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios. Segundo esta teoria, um ser vivo é um sistema autopoiético, caracterizado como uma rede fechada de produções moleculares (processos) em que as moléculas produzidas geram com suas interaçõesa mesma rede de moléculas que as produziu. Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) 12 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 da paisagem evidencia-se quando fragmentos da realidade são retidos para a observação atenta, permitindo a qualificação do ambiente e sua interpretação (PELLEGRINO, 1996). Portanto, é do ponto de vista da percepção, da forma como o ser humano percebe e interage com o meio ambiente, em função de influências históricas e culturais, que se pode avaliar as necessidades e anseios da população e fornecer aos órgãos dirigentes orientações mais adequadas para as decisões em nível político, socioeconômico e de desenvolvimento, seja rural, urbano ou regional. 1.2 A paisagem no contexto da percepção ambiental e sociedade A paisagem é uma unidade heterogênea, composta por um complexo de unidades in- terativas (ecossistemas, unidades de vegetação ou de uso e ocupação das terras), cuja estru- tura pode ser definida pela área, forma e disposição espacial (por exemplo, uma paisagem urbana de uma pequena cidade e de uma grande cidade) desta unidade. A estrutura da paisagem interfere na dinâmica de populações, em suas culturas e representações sociais e também as formas de como se deslocam e relacionam. O renomado geógrafo Milton Santos (1985, p. 61), define que a paisagem é “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movi- mentos, odores, sons etc.”. Ainda o mesmo autor discorre que a dimensão da paisagem vai até onde as pessoas conseguem perceber com seus ouvidos, seu cheiro, sua visão, e sensações, sendo, portanto, até onde as sensações conseguem chegar e desenhar os limites da paisagem. Assim, a com- preensão cognitiva possui relevância na formatação e definição dos limites da paisagem e o que é a paisagem para o indivíduo conforme sua percepção. Desta forma, a história de vida das pessoas, que são em grande parte formatadas pelos processos educativos, formais e informais podem e devem gerar heterogeneidade entre si sob a visão para o mesmo fato. Uma pessoa que mora no campo desde pequena e sua paisagem é diversificada com la- vouras agrícolas, florestas, rios e outras pessoas também morando no campo e se relacionan- do tanto em atividades de produção agrícola como de lazer, tem uma percepção diferente de outra pessoa que mora na cidade desde pequena e tem a paisagem urbana como referen- cial. Se pedirmos para a pessoa do campo andar pelo ambiente urbano e descrever as suas percepções, ela vai apontar situações diferentes da pessoa que vive na cidade. Da mesma forma, o contrário é verdadeiro. Talvez essa pessoa da cidade que observa o campo não verá detalhes que o morador do campo verá como, por exemplo, uma revoada de andorinhas, uma árvore frutífera em flores e que logo dará frutos, um pequeno riacho ou nascente etc. A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. A realidade é uma só, mas as pessoas de acordo com sua formação, ou seja, seu aprendizado na sua história de vida, enxergam uma paisagem de diferentes formas. Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 13 Inúmeros estudos e pesquisas sobre percepção ambiental revelam que as sociedades estão compreendendo menos o meio ambiente, enquanto interação complexa de configura- ções sociais, biofísicas, políticas, filosóficas e culturais. Neste sentido, conforme destacado por Milton Santos (1985) existem múltiplas maneiras de representar o meio ambiente na paisagem, e suas percepções, quando muito pequenas ou superficiais sobre algum fator que ali ocorre ou mesmo o conjunto de fatores, podem gerar conflitos entre grupos sociais com interesses e visões de mundo distintos. A percepção ambiental da paisagem pelas sociedades tem tido grande importância como estratégia de conservação e recuperação ambiental. Hoeffel (2008), mencionando Hannigan (2006), aponta que o meio ambiente é um lugar de interfaces e competição entre diferentes atores sociais e culturais. Segundo este autor, o que está em disputa são os espaços naturais gerando graves ameaças ambientais, podendo comprometer as suas dinâmicas. Ocorre uma prioridade de uma questão sobre a outra e as formas adequadas para melhor gerir a paisagem estão vinculadas aos tomadores de deci- sões, que de maneira geral são os legisladores e representantes do poder executivo, em se conscientizarem sobre a diversidade de uma paisagem, além de realmente se responsabili- zarem pela implementação de soluções de interesses coletivos. Em uma sociedade que enfrenta dificuldades nos processos de formação e educação, a construção cognitiva crítica de uma percepção ambiental será de grande importância para bus- car o equilíbrio nas nações. Ressalta-se que a construção cognitiva crítica deve respeitar todas as diversidades culturais, sabendo que o que unifica as sociedades mesmo com percepções diferen- tes das paisagens é o interesse difuso da melhoria da qualidade de vida do coletivo. 1.3 Percepção ambiental e paisagens educadoras Percepção é o ato de conhecer, pela inteligência ou entendimento, independentemente dos sentidos. No caso da percepção ambiental, é conhecer e ter preocupação com os proble- mas ambientais (DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2016). Processos perceptivos devem estar sempre inseridos dentro de processos participativos e educadores para não se tornarem meros diagnósticos que têm apenas o objetivo de facilitar a gestão centralizada dos dirigentes a partir do fornecimento passivo de dados sobre os ato- res socioambientais envolvidos. Educar e participar para uma maior percepção ambiental da paisagem tem sido um desafio mundial. Por um lado, está ocorrendo uma verdadeira alienação de sensibilidades e percepções ambientais e culturais por conta das facilidades tecnológicas, e, por outro, com a crescente crise ambiental, há a necessidade do envolvimento de diferentes atores viventes na paisa- gem a participarem e colaborarem com a resolução dos problemas socioambientais. O que se percebe é que não tem sido uma tarefa fácil para as diferentes partes da so- ciedade e que as pesquisas e projetos nessa área têm sido fundamentais para tornar essas experiências cada vez mais adequadas às características ambientais e sociais específicas de cada paisagem. Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) 14 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 Para que a preocupação ambiental chegue a um processo de sensibilização e percepção ambiental, faz-se necessário que processos educativos estejam presentes dentro do ensino formal e informal. A sensibilização e estímulo do cognitivo para a diversidade das paisa- gens, não só dos educadores, mas de toda a comunidade de diferentes níveis econômicos, são imprescindíveis para o processo, pois permitem a consolidação das responsabilidades socioambientais, promovendo, quando necessário, mudanças de hábitos, ações e comporta- mentos diários que impactam tanto o meio ambiente (GAZZONI et al., 2015). A crise civilizatória enfrentada atualmente tem origem no paradigma da globalização predatória, que coloca os interesses particulares e os ganhos financeiros acima da vida. Por isso, não faria mais sentido restringir a noção de cidadania a um país. A construção de no- vos paradigmas que visam o respeito à diversidade cultural, étnica, ambiental, entre outras, faz-se necessário para a mudança dos padrões atuais de desenvolvimento e relações huma- nas (CARVALHO, 2015). Desta forma, o grande educador Paulo Freire (1996) argumenta sobre a necessidade de uma educação libertadora que traz a conscientização da cidadania e da necessidade das pes- soas participarem de processos de promoção de qualidade de vida em suas comunidades. Neste sentido, o estímulo da percepção da paisagem pode ser um importante instrumentode transformação social e construção de sociedades sustentáveis. Uma vez que o indivíduo percebe mais o seu ambiente, que vão desde detalhes como um beija-flor fazendo a polini- zação de uma planta até o planejamento territorial por meio de um plano diretor, podem estar sendo construídos de forma cognitiva valores e sentimentos de pertencimento àquela realidade/paisagem, fazendo com que ela seja melhor cuidada e respeitada. É neste contexto que a Educação Ambiental se faz necessária como tema central para a discussão de uma educação não subordinada à lógica e às práticas feitas a manutenção da sociedade global, proporcionando criticidade e empoderamento das pessoas. Assim, deve ser pensada uma construção coletiva das realidades das comunidades com pessoas engaja- das e conscientes da necessidade de uma sociedade de caráter planetário, em que todos são corresponsáveis pela qualidade de vida do presente e do futuro (CARVALHO, 2015). A Educação Ambiental promovida de forma democrática é um valor estratégico perma- nente para a conquista e consolidação de uma sociedade equilibrada. A pluralidade dos su- jeitos políticos, a autonomia dos movimentos de massa, a liberdade de organização e tantas outras conquistas das sociedades democráticas devem ter pleno valor na sociedade. A mobilização e a articulação em torno de ações práticas de educação ambiental têm possibilitado a população o acesso às informações sobre as questões socioambientais, e con- sequentemente o aumento da sensibilização. Inúmeras ações de educação ambiental têm contribuído para que os governantes te- nham uma melhor percepção ambiental se posicionem com políticas públicas, e de maneira efetiva, no sentido de fiscalizar e combater os crimes socioambientais. O desenvolvimento de ações de educação ambiental que despertem a percepção do ser humano em relação à dependência que o mesmo tem dos recursos naturais se faz urgente, tanto para a sua sobrevivência, quanto para de seus descendentes, uma vez que os recursos Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 15 naturais estão escassos como, por exemplo, a água, evidenciada por inúmeras crises hídricas de abastecimento pública e em todas as regiões do Brasil. A educação ambiental parte de princípios que se amarram a fins. Um deles é a for- mação para a cidadania, ou seja, para a participação ativa na sociedade (FREIRE, 1979). A educação para a participação é condição permanentemente conquistada por meio da consciência crítica, que implica ação-reflexão sobre a realidade, baseada em referências éticas e sociais que promovam mais vida em suas diversas dimensões. Neste sentido, a educação ambiental compreende o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, todos que estão no mesmo espaço e na paisagem, vivenciando suas realidades sociais, econômicas, culturais, políticas e ecológicas. Uma questão importante é que, ao lidar com pessoas, os processos formativos devem contar com uma equipe interdisciplinar buscando contemplar profissionais tanto das áreas ambientais quanto humanas, visando assim à integração dos saberes biofísicos com os sabe- res socioculturais, o que é de extrema relevância para a construção de processos cognitivos de percepção ambiental de forma complexa e profunda. O enfoque da percepção ambiental da paisagem é uma ótima oportunidade dos edu- cadores se aprofundarem no tipo de bioma que ali ocorre, por exemplo, se é uma região de Cerrado ou Mata Atlântica, quais são as espécies que vivem por ali, quais os rios que estão presentes, qual a história do lugar e das pessoas que por ali moram ou passam etc. Desta forma, é possível correlacionar todo um conhecimento presente em uma paisagem e trazer para o dia a dia das pessoas de maneira educativa no sentido de sensibilizar e conscien- tizar sobre a importância da diversidade biológica e cultural para a qualidade de vida das pes- soas, seja na oferta de água, alimento, equilíbrio climático, lazer, espiritualidade etc. Segundo Milton Santos (1985), o primeiro passo a ser quebrado é a concepção de “espa- ço físico banalizado como mera concreção pragmática, algo sem alma e sem história, restrito à unidade de medida física geometricamente definível, quando se sabe que os espaços con- tam a história da civilização humana, são objetos informativos e formativos extrapolando a mera materialidade”. A paisagem é percebida pela apreensão da sua relação com a so- ciedade por meio das categorias analíticas: forma, função, processo e estrutura, sendo elas socioambientais, históricas e culturais. Esta percepção ambiental da paisagem teve ter o planejamento e a gestão ambiental de maneira participativa, nos quais os diferentes grupos da sociedade se envolvem para o planejamento das ações na paisagem. Neste sentido, a educação ambiental emerge como instrumento de efetivação do resgate de saberes e construção de novas perspectivas de me- lhoria da qualidade de vida do presente e futuro. A educação ambiental que se deseja no fomento do planejamento e gestão participativa, seja em diversas escalas como em seu bairro, sua escola, seu município, estado ou nação, deve promover o entendimento, por meio da sensibilização socioambiental, de que nas pai- sagens e espaços existe a diversidade e é deveras importante o respeito às diferentes formas de pensamento, sabendo das complexidades das comunidades que são entrelaçadas em suas culturas, por meio de um pensamento amplo e interdisciplinar. Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) 16 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 As teorias de análise da paisagem e percepção do meio ambiente e seus recursos de aplicação (PIPPI, 2008) Baseados em teorias de análise visual e percepção do meio ambiente, vamos buscar os recursos mais adequados para a representação da paisa- gem, como forma de registro para posterior análise e compreensão. Dessa forma estaremos garantindo que cada ambiente tenha suas características levantadas e analisadas, servindo como base para propostas de projeto e planejamento estratégico. No que concerne ao urbanismo, em documentos do plano diretor, pla- nejamento urbano ou projetos de revitalização urbanística, o diagnóstico da paisagem deve ser um instrumento de ajuda para a intervenção e pla- nejamento do território, fornecendo bases concretas para justificar suas funções e negociar as intervenções das diversas partes envolvidas. Esse diagnóstico da paisagem e do espaço urbano como um conjunto consiste em evidenciar suas principais características, seus pontos fortes e seus desequilíbrios. Trata-se de conhecer o potencial paisagístico do território e compreender seu funcionamento. Felippe (2003) demonstrou um método de análise da paisagem para ela- boração de plano diretor dividido nas etapas de conhecer, compreender, avaliar e propor. Conhecer a paisagem significa restituir a cidade em sua paisagem natural, identificar suas características fundamentais, caracteri- zar o conjunto do território da cidade e identificar as unidades paisagís- ticas. A interação entre os enfoques subjetivos e objetivos, complemen- tados pelo estudo da evolução da paisagem, permite a identificação de unidades paisagísticas distintas no território de uma determinada região. Compreender o funcionamento de cada unidade paisagística de maneira objetiva e subjetiva, em que a caracterização das paisagens (ou unidades paisagísticas) pode ser feita por texto escrito, fotos e croquis, permitindo estudar a necessidade de conscientização da sociedade em relação à apa- rição de componentes a serem preservados, revitalizados ou mesmo eli- minados. Avaliar é colocar em evidência os fatores de evolução da paisa- gem e identificar os pontos fortes e fracos. Propor é identificar os bairros, ruas, monumentos, sítios e setores a serem protegidos ou valorizados Ampliando seus conhecimentos Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente)Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 17 por motivos de ordem estética, histórica ou ecológica e definir, eventual- mente, as prescrições naturais para assegurar sua proteção. “Quando se estuda a Paisagem e seus valores ambientais, precisa-se ade- quar a abordagem conceitual e metodológica de análise das mesmas para a realidade do local a ser analisado.” (MACEDO, 1993, p. 14; PIPPI, 2004). O Brasil, pela grande dimensão territorial, apresenta as mais variadas pai- sagens e ecossistemas constituintes, e é por isso que, para cada um deles, existem diferentes formas de abordagem. A paisagem litorânea é geral- mente composta por diversas unidades de paisagem, como, por exemplo: os morros, as praias, as dunas, as lagoas, os rios, os manguezais e as ocu- pações urbanas. “Um Sistema de Paisagem pode, então, ser ordenado tanto por predomi- nâncias físicas sob forma cristalizada ou por fluxos, presentes na natu- reza e criados pela ação antrópica, tais como: conjuntos de serras, morros, colinas; correntes climáticas; correntes hídricas de superfície, doces ou salgadas (bacias e mares), ou subterrâneas (lençóis); metrópoles, cidades e vilas, articuladas por vias, redes de infraestrutura e comunicações, auto- estradas e obras de engenharia como pontes, barragens, etc. A Unidade de Paisagem é, portanto, uma subdivisão do sistema de paisagem e está muito mais ligada à escala de percepção humana comum. (...) o conceito de Unidade de Paisagem já facilita em muito a criação de cenários no pro- cesso de Planejamento e Desenho Ambiental.” (FRANCO, 1997, p. 137) São atribuídos valores às unidades de paisagem pela comunidade e seus visitantes. Esses locais justificam sua classificação como unidades de pai- sagens devido ao seu marco paisagístico e ambiental, expresso nos valo- res: naturais, sociais, simbólicos, históricos e culturais. Essas são delimitadas conforme o tipo de organização do uso do solo urbano, sendo importante relacionar-se o valor ecológico como estratégia de ação para organizar, de maneira integrada, o uso do solo, levando-se em consideração os aspectos ambientais e paisagísticos no planejamento urbano. No topo dos morros ou pelos voos aéreos podemos obter uma visão abrangente das diferentes paisagens e sua dinâmica, em que pode- mos perceber os elementos físicos, as intervenções antrópicas sobre os ele- mentos naturais e, assim, identificar um sistema de paisagem composto por diversas unidades de paisagens (PIPPI, 2004). As Unidades de Paisagem – UPs, divisões morfológicas definidas de acordo com as características físicas de uma determinada região, são analisadas conforme o uso do solo e pelos valores paisagísticos e ambientais. A partir Percepção ambiental e sociedade (paisagem, sociedade e ambiente) 18 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 1 dessas análises é possível identificar as áreas mais significativas da paisa- gem, bem como as áreas mais sensíveis, visando estabelecer todas as dire- trizes ambientais e paisagísticas para o planejamento urbano (PIPPI, 2004). A partir do diagnóstico paisagístico e da proposta de planejamento ou intervenção, uma série de objetivos são traçados, identificados e repre- sentados por plantas ou mapas de zoneamentos com espaços definidos: a manter, a urbanizar ou a requalificar, por exemplo, determinando as orientações principais por tipos de espaço e localização. A proposta também deve ser explicitada com relatório de apresentação (texto) contendo a descrição e a análise da estrutura paisagística da cidade (do espaço, do ambiente), englobando os espaços naturais e os construídos. Atividades 1. Esta atividade de percepção ambiental se chama mapa mental e envolverá as três partes desta aula. Para começar é necessário escolher o tema principal no centro de uma folha grande. O tema pode ser, por exemplo, arborização urbana, saneamento básico, paisagem rural etc. – Elaboração de ramos e representações da paisagem Depois de definir o elemento principal você puxa elementos que se ligam direta- mente com ele através de perguntas norteadoras (A cidade coleta esgoto? Onde? Como é feito o tratamento?) sobre o tema, e cria os ramos principais do seu mapa mental. Depois de criar um ramo principal, você liga outro ramo a ele, que se torna o subtópico do ramo principal e com isso você vai aprofundando cada vez mais sua percepção. Nos ramos é sugerido que se faça desenho também e utilize diferentes cores para fazer representações. Como apoio, é interessante que se tenha materiais diversos de desenhos como, por exemplo, papeis de diferentes tamanhos e cores e lápis de cor ou giz de cera, além de ou- tros objetos que possam ser representativos da percepção ambiental dos participantes. Referências CARVALHO, J. S. Educação cidadã a distância: Uma perspectiva emancipatória a partir de Paulo Freire. 2015. 211 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: <teses.usp.br/teses/disponiveis/48/...11052015.../JACIARA_ CARVALHO_rev.pdf>. Acesso em: 15 out. 2016. Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 21 2 Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Introdução Durante todo o processo de industrialização em todo o mundo, os recursos natu- rais foram explorados de forma desordenada, ocasionando efeitos negativos ao meio ambiente e ao ser humano. Historicamente as pessoas são exploradas em seu ofício de trabalho, o que tem gerado reflexão sobre a relação da empresa com a força de traba- lho, da política econômica praticada atualmente, e suas consequências negativas para a saúde e segurança do trabalhador e para o meio ambiente. Desta forma, novos mode- los de gestão estão mudando de maneira significativa a relação produção e consumo por meio de sistemas integrados. Assim, este capítulo irá apresentar uma abordagem da teoria de sistemas, sistemas de gestão integrada e os benefícios para os modos pro- dutivos e para o consumidor. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 22 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 2.1 Uma abordagem de sistemas A noção de sistema sempre foi usada intuitivamente. Mesmo o homem selvagem depen- de da noção de sistema quando cria referenciais de ordenamento para compor seus mitos ou para estabelecer a ocupação de seus espaços. O pensamento moderno e contemporâneo fez uso continuado desse conceito, como mostrou na medicina Claude Bernard (1813-1878), ao distinguir o “ambiente externo e interno” do corpo humano. O avanço tecnológico, especialmente no pós Segunda Guerra Mundial, é notório e evi- dente em todas as áreas do conhecimento. Um dos resultados deste avanço é o aumento da complexidade dos processos produtivos e também as relações de produção e consumo, formando uma cadeia sistêmica de autocontrole. Desde este momento, o termo sistemas vem sendo mais conhecido e popularizado na sociedade moderna. As novas demandas e a necessidade de se buscar novos caminhos para realizar tarefas nas empresas fazem sur- gir novas profissões voltadas ao “enfoque sistêmico”, com o objetivo de realizar a função estabelecida com o máximo de eficiência e menores custos possíveis, melhorando assim os fluxos financeiros das empresas (NEGRI, 2016). Um sistema pode ser representado por um complexo de elementos em interação, e pode ser definido de várias maneiras, como por exemplo, um sistema de equações diferenciais simultâneas. Para Negri (2016), podem-se diferenciar complexos de acordo com o seu nú- mero, espécie, ou de acordo com suas relações nas organizações. Ocorrem as características somativas e as características constitutivas, sendo as somativas, por exemplo, a representa- ção da massa molecular e o calor, enquanto as constitutivas não são explicáveis a partir de características de alguma parte isolada, seguindo o pensamento de que “o todo é mais do que a soma das partes”. Sistema é, portanto, uma forma lógica de apreensão da realidadevivenciada em seu tempo e espaço. Quando se constrói sistemas, não se faz com o objetivo da busca de um “reflexo” do mundo real, mas sim a descrição ou destaque daqueles “traços” da realidade, cujo conjunto permite a percepção de uma condição de ordem e a proposição de uma forma operativa voltada para um dado objetivo. Churchman (1971) é um importante autor que abordou de forma clara e objetiva a apli- cabilidade e praticidade da teoria sistêmica na área da gestão e administração, organizando e descrevendo considerações básicas como o objetivo central do sistema, o seu ambiente, os recursos e os componentes dos sistemas e suas respectivas medidas de rendimento. Dentre as definições sugeridas pelo autor, destacam-se algumas que têm grande utili- dade no auxílio da aplicação prática dessa teoria. a) Sistemas: Conjunto estruturado visando a um fim, no qual existem relações complexas e não triviais entre os elementos constitutivos, de modo que o todo seja mais do que a soma das partes. Exemplo: sistema econômico. b) Sistema operacional: Conjunto de atividades estruturadas, visando a um obje- tivo estabelecido, especialmente à produção de bens e serviços econômicos ou socialmente valiosos. Exemplos: empresa, hospital, escola. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 23 c) Sistema administrativo: Conjunto de recursos estruturados, constituídos de pessoas, equipamentos, materiais e procedimentos, destinados a processar uma tarefa administrativa específica. Exemplos: rotina de seleção e controle de pro- dução e materiais, controle de desempenho. d) Sistema de informação: Subsistema do sistema administrativo, destinado a processar o fluxo de informação. Exemplos: sistema contábil, sistema de controle de qualidade. Churchman (1971), também destacou alguns elementos dos sistemas. 1 – Diretrizes, objetivos, planos, projetos, metas; 2 – Entrada (input), saída (output), processamento, meio externo, variáveis endó- genas, interface, ambiente externo, variáveis exógenas; 3 – Laços positivos (amplificadores) e laços negativos (estabilizadores); 4 – Sensor, medidor, controle, correção, retroação, homeostase, regulador, servo- mecanismo, cibernética de segunda ordem; 5 – Ruído, entropia, antissistema, redundância. Todo sistema compõe-se de sistemas de ordem inferior, ou subsistemas, que, por sua vez, fazem parte de um sistema de ordem superior. Desse modo, há uma hierarquia entre os componentes do sistema. A noção de hierarquia não está apenas relacionada aos níveis de subsistemas, fundamentando-se na necessidade de um abarcamento mais amplo ou de um conjunto de subsistemas que componha um sistema mais amplo, visando à coordenação das atividades e processos. Além disso, os sistemas classificam-se também conforme gêneros. Podem-se pressupor duas condições extremas, os sistemas naturais (relativos à natureza) e os sistemas sintéticos (relativos ao homem). Os sistemas, em relação à sua interação com o meio ambiente, têm sido classificados como fechados ou abertos, embora na realidade nenhum deles se apresen- te sob essas formas extremas, cabendo uma interface de fronteira e condições. Uma distinção importante para a teoria da organização sistêmica é a classificação das organizações em sistemas fechados ou abertos. 2.1.1 Sistema fechado Um sistema fechado é aquele que não realiza intercâmbio com o seu meio externo, ten- dendo necessariamente para um progressivo caos interno, desintegração e morte. Nos sistemas produtivos arcaicos e antigos, a organização era considerada suficien- temente independente para que seus problemas fossem analisados em torno de estrutu- ra, tarefas e relações internas formais, sem referência alguma ao ambiente externo, pois as atenções estavam concentradas apenas nas operações internas da organização, adotando-se, para isso, enfoques racionalistas. Os sistemas fechados, de acordo com o segundo princípio da termodinâmica, devem alcançar um estado de equilíbrio em que o sistema permanece constante no tempo e os Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 24 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 processos param. O estado de equilíbrio eventualmente alcançado nos sistemas fechados é determinado pelas condições iniciais, significando que a característica principal do sistema fechado é a tendência inerente à movimentação para um equilíbrio estático e à entropia, isto é, o grau de desordem do sistema Churchman (1971). Percebe-se que uma empresa cujo objetivo é permanecer funcional, dificilmente se en- caixará neste tipo de sistema, especialmente pelas múltiplas e heterogêneas relações que ela deve ter para suportar as oscilações do mercado. 2.1.2 Sistema aberto Todo sistema que troca matéria e energia com o seu meio externo é denominado aberto. Nos modelos de produção da atualidade, a empresa é um sistema aberto, pois possui um sistema mantido em importação e exportação de produtos e relações, em construção e destruição de componentes materiais, com total troca de matéria com o meio (MALHADAS JUNIOR, 2010). O mesmo autor discorre que, em um sistema aberto, são característicos quatro elemen- tos básicos: a) Objetivos: são partes ou elementos do conjunto. Dependendo da natureza do sistema, os objetivos podem ser físicos ou abstratos. b) Atributos: são qualidades ou propriedades do sistema e de seus objetos. c) Relações de interdependência: um sistema deve possuir relações internas com seus objetos. Essa é uma qualidade definidora crucial dos sistemas. Uma relação entre objetos implica um efeito mútuo ou interdependência. d) Meio ambiente: os sistemas não existem no vácuo; são afetados pelo seu meio circundante (MALHADAS JUNIOR, 2010, p. 9, 10, 13). Os sistemas abertos podem, uma vez pressupostas algumas condições, alcançar um estado constante de equilíbrio, de modo que os processos e o sistema como um todo não chegue a um repouso estático. Ou seja: se em um sistema aberto é alcançado em um estado constante independentemente do tempo, esse estado é independente das condições iniciais e depende apenas das condições atuais do sistema. 2.1.3 Integração conceitual e gestão A teoria geral dos sistemas tem como função integrar as ciências. Essa integração não tem como objetivo de reduzir tudo ao nível da física, mas sim na elaboração de leis que sir- vam para todas as áreas. A concepção humana de desenvolvimento está muito ligada ao desenvolvimento de novas tecnologias e inventos, que inclusive levaram a grandes catástrofes da atualidade como, por exemplo, desastres ambientais inimagináveis, como o caso do rompimento das barragens de Mariana em Minas Gerais, no ano de 2015, ou mesmo as mudanças climáti- cas que têm alterado de maneira significativa os ambientes em diversas regiões do mundo. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 25 É possível que, se tratarmos o mundo como uma grande organização, daremos mais impor- tância aos seres vivos, pois eles são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas, que por sua vez são fundamentais para fornecerem recursos naturais para a manutenção dos padrões de desenvolvimento e de consumo da atualidade. Neste cenário, um instrumento que pode ser útil para o direcionamento e solução de diversos tipos de problemas de insustentabilidades socioambientais, econômicas, históricas ou culturais é a implementação dos denominados sistemas de gestão. Segundo Viterbo Júnior (1998, p. 15): Os objetivos básicos do sistema de gestão são o de aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado (através da melhoria contínua dos resultados operacionais), a satisfação dos funcionários com a organização e da própria so- ciedade com a contribuição social da empresa e o respeito ao meio ambiente. O sistema de gestão,quando bem organizado e implantado, pode gerar, por exem- plo, o controle sobre a utilização de matérias-primas e insumos advindos da natureza, bem como a definição de objetivos e metas, o que implica muitas vezes na otimização de processos produtivos e podem trazer redução do desperdício e da geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, além de gerar um ambiente de traba- lho favorável ao trabalhador, seja em sua segurança, seja em sua satisfação, além é claro do maior respeito com os consumidores e/ou moradores situados nas áreas de influência direta dos processos produtivos. 2.2 Sistemas de gestão integrada As mudanças sociais, políticas, econômicas e ambientais são evidentes na atualidade. A propagação da internacionalização de mercados, a chamada globalização, tem sido um dos impulsionadores desse processo. Os países têm criado mecanismos de defesa de seus inte- resses econômicos, e em conjunto com o setor empresarial, seja com confederações, sindica- tos, associações etc., o fortalecimento de sua economia, levando em consideração, portanto, essas mudanças na sociedade (MORAES, 2013). A partir do início da década de 1980 começou a ficar evidente que as crescentes exigên- cias do mercado, os aspectos custo e qualidade, aliados a uma maior consciência ecológica, geraram um novo conceito de qualidade, holística e orientada, também, para a qualidade de vida. O “meio ambiente” adquire neste contexto uma nova dimensão: passa de uma conota- ção essencialmente local para uma concepção global, é reconhecido como bem econômico e sujeito a mecanismos de mercado, é incorporado nas estratégias individuais e coletivas dos diferentes agentes sociais. Somado a isto, os direitos trabalhistas e sociais também fizeram parte das exigências dos modos de produção pressionados por mercados consumidores, especialmente o europeu Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 26 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 que, por meio das transações de mercado e comércio, começam a impor medidas de respeito às formas de produção, sejam elas ao meio ambiente e ao trabalhador. Desta forma, o sistema de gestão integrado (SGI) que busca correlacionar inúmeras prá- ticas de qualidade, segurança e saúde ocupacional, meio ambiente, responsabilidade social, segurança de alimentos, entre outros, conforme especificidades de cada empresa, quando adotado e implantado nos sistemas de gestão das empresas, tem como características a bus- ca da melhoria contínua de seus processos, produtos e serviços, melhorando assim a qua- lidade dos seus produtos, seus mercados de negócios e imagem perante os consumidores. De acordo com Bio 3 Meio Ambiente e Sustentabilidade (2016), uma empresa de con- sultoria em sustentabilidade empresarial, entre as ações de um sistema de gestão ambiental estão a busca contínua pela excelência em qualidade em todos os seus serviços e a satisfação dos clientes, a capacitação profissional, o incentivo ao comportamento ético e responsável, o atendimento às legislações aplicáveis e a preservação do meio ambiente e da integridade física de seus colaboradores. Uma das empresas mais complexas em sistemas de gestão atualmente no Brasil, pela sua característica de produção, é a Petrobras, que mantém relações comerciais internacio- nais de grande fluxo econômico com inúmeros países de todos os continentes. Em seu portal on-line (2016), aborda que o Sistema de Gestão Integral é um conjunto de práticas inter-rela- cionadas que atendem aos requisitos das seguintes normas vigentes no Brasil: • NBR ISO 9001:2008 – Sistema de gestão da qualidade Objetivo: Sistema de gestão com abordagem por processos para atendimento a requisi- tos dos clientes. • NBR ISO 14001:2004 – Sistema de gestão ambiental Objetivo: Sistema de gestão ambiental que leva em conta requisitos legais, requisitos próprios, aspectos e impactos ambientais significativos, permitindo controlar os riscos de acidentes ambientais. • OHSAS 18001:2007 – Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional Objetivo: Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional que leva em conta requi- sitos legais, requisitos próprios, perigos e danos, permitindo controlar os riscos de acidentes e doenças ocupacionais. O cumprimento de tais normas dá o direito da aquisição da certificação do SGI e de- monstra o comprometimento da empresa, seja ela na industrialização, comercialização, dis- tribuição de produtos e prestação de serviços com qualidade, respeitando o meio ambiente e zelando pela saúde e segurança da sua força de trabalho e parceiros. O início do processo da implantação de um SGI, seja para empresas do setor público ou privado, ocorre nas tomadas de decisões de seus dirigentes por meio do comprometimento e entendimento de que este processo trará benefícios a curto, médio e longo prazo. Para isso, será necessário ocorrer um aporte financeiro, que não deve ser entendido como custos, mas sim como investimento, e que será compensado ao longo do tempo com o aprimoramento dos processos produtivos, por meio de uma metodologia de melhoria contínua. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 27 Ao optar pela adoção deste conjunto de normas citadas, a empresa irá estabelecer uma política de gestão diferenciada que, dependendo do mercado com quem faz negócio, poderá fazer toda a diferença para fechar novos contratos ou mesmo manter os já existentes. Esta política de SGI deverá englobar a busca pela melhoria contínua e o respeito pelo meio am- biente e por seus colaboradores, bem como outros aspectos relacionados ao negócio. Uma característica marcante dos SGI é almejar a melhoria contínua dos processos pro- dutivos e estabelecer indicadores de avaliação para a qualidade, para o meio ambiente e para a saúde e segurança do trabalhador. Estes indicadores medirão o desempenho de cada atividade e são personalizados para cada negócio e tipo de atividade produtiva. Os indicadores devem abranger a totalidade de possíveis situações que possam gerar impactos negativos pelos processos produtivos. No quadro 1, estão apresentados alguns exemplos de indicadores de monitoramento da qualidade. Quadro 1 – Exemplos de indicadores de monitoramento da qualidade. Fator analítico Indicadores Qualidade - número de produtos com defeitos; - insatisfação do consumidor; - horas de produção paralisadas; - controles de estoques. Meio ambiente - consumo de água nos processos de produção; - quantidade de resíduos gera- dos por quantidade produzida; - emissão de poluentes por falta de ma- nutenção de mecanismos de controle. Saúde e segurança operacional - número de acidentes de trabalho; - número de dias sem ocorrência de acidentes; - número de horas de treinamento; - uso adequados de equipamen- tos de proteção individual. Fonte: Elaborado pelo autor. Um dos benefícios da implantação de um sistema de gestão integrada para uma empre- sa que adota esta metodologia é a melhoraria de seus processos internos de forma competi- tiva, garantindo o atendimento de padrões internacionais. Uma vez com a adoção do SGI, a organização pode atender a todas as exigências das regras certificadoras de uma só vez e obter um único sistema de gestão documentado por organismos certificadores. Os organismos certificadores fazem auditorias periódicas após a certificação inicial, afim da fiscalização do cumprimento das regras visando à manutenção dos certificados, por meio de renovações que são feitas por períodos que variam para cada setor produtivo. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 28 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 As auditorias podem ser internas ou externas e abrangem as três esferas do SGI (quali- dade, meio ambiente e saúde e segurança no trabalho) e reduzem os custos das auditorias individuais que seriam feitas de forma individualizada, caso a empresaoptasse por um sistema de certificação que não seja integrado, significando, assim, menos interrupções nos negócios com maior racionalidade. Logo, os benefícios do sistema de gestão integrada podem ser listados no quadro 2 e que abrangem as múltiplas dimensões dos sistemas produtivos. Quadro 2 – Exemplos de benefícios do sistema de gestão integrada. Dimensão Benefícios Produtividade Melhoria de qualidade e aumento da pro- dutividade em produtos e serviços. Economia de tempo e custos por meio da oti- mização dos processos de trabalho. Comunicação Transparência dos processos internos e redução da burocracia por meio da gestão documental. Fortalecimento da imagem da empresa e au- mento na participação no mercado. Melhoria do relacionamento com todas as par- tes interessadas (clientes, colaboradores, fornece- dores, sociedade, meio ambiente e acionistas). Econômicos Satisfação dos critérios dos investidores estra- tégicos e melhoria do acesso ao capital. Possibilita a redução dos custos de seguros. Gestão ambiental Oportunidades para conservação de re- cursos ambientais e energia. Permite a consideração de custos ambientais e de se- gurança em paralelo com os custos da qualidade. Prevenção de reclamações, redução dos riscos e impactos ambientais, além dos riscos de aci- dentes com os colaboradores por meio da ado- ção e priorização de práticas de prevenção. Demonstrar, para reguladores e governo, um compro- metimento em obter conformidade legal e regulatória. Fonte: Elaborado pelo autor. 2.3 Benefícios e avanços para produtores e consumidores Para Antunes, (2013) e Bio 3 Meio Ambiente e Sustentabilidade (2016), o sistema de gestão integrada, quando adotado, traz benefícios significativos nos processos produtivos em relação aos próprios produtores e os seus consumidores. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 29 No quadro 3 estão relacionados alguns benefícios na relação produção e consumo. Quadro 3 – Alguns benefícios na relação produção e consumo. Cadeia produtiva Benefícios Produção Melhoria da imagem da organização no âm- bito nacional e internacional. Redução dos recursos internos e infraestru- tura necessária para a manutenção e melho- ria contínua dos sistemas de gestão. Melhoria do treinamento, conscientiza- ção e competência da força de trabalho. Redução da complexidade do sistema de gestão. Cadeia produtiva Benefícios Produção Aumento da confiabilidade e disponibilidade dos processos, atividades, produtos e serviços. Melhoria do desempenho organizacional competitivo. Redução de custos e investimentos de implantação, certi- ficação, manutenção e auditoria dos sistemas de gestão. Formação de uma equipe integrada na empresa, va- lorizando desde os cargos de alta cúpula da dire- toria até servidores e prestadores de serviços. Melhoria da satisfação dos trabalhadores da empresa. Redução nos custos com treinamento. Eliminação da manutenção dos múltiplos sistemas. Redução do retrabalho e inconsistências. Maior controle sobre a operação da empresa. Eliminação de interfaces entre sistemas isolados. Melhoria da qualidade da informação. Otimização global dos processos da empresa. Padronização de informações e conceitos. Eliminação de discrepâncias entre informa- ções de diferentes departamentos. Consumidor Melhoria da satisfação e da confiança das partes in- teressadas (acionistas, clientes, força de trabalho; for- necedores, comunidade, das ONGs e governo). Melhoria das comunidades viventes nas áreas de in- fluência direta da atividade produtiva. Transparência das práticas produtivas. Melhoria do produto em si. Garantia de qualidade ambiental nas fontes de matérias-primas. Justiça socioambiental. Fonte: Elaborado pelo autor. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 30 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 Os benefícios gerados pelo sistema de gestão integrada vão além de práticas e lógi- cas mercadológicas. Uma vez implantados, eles podem despertar a cidadania libertária de crianças, jovens e adultos. A noção de direitos e deveres proporcionados pelas práticas do SGI transcendem meros interesses individuais ou empresariais e traduzem uma nova visão de mundo, que reflete a responsabilidade de cada pessoa na construção de valores coletivos plenos, plurais e democráticos que assegurem o bem-estar humano e o respeito a todas as formas de vida em suas mais variadas manifestações. Neste contexto, aflora o tema consumo sustentável que incorpora nas cadeias produti- vas a consciência crítica do impasse em que nos encontramos, no que tange à crise ambiental mundial, seja pela escassez de água, redução da biodiversidade, mudanças climáticas ou mesmo escassez de alimentos. Promove-se a reflexão da necessidade de alteramos os pa- drões de consumo afim da manutenção do mesmo, conservando os recursos, para garantir o direito das pessoas a uma vida saudável. Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil (2005), o consumo sustentável não está limitado a mudanças comportamentais de consumidores individuais ou a mudanças nos processos produtivos e de serviços para atender estes consumidores, que possuem como característica ser mais críticos. No entanto, não se deixa de enfatizar o papel dos consumi- dores, porém priorizando suas ações, individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas de cidadania e somado a isto o conceito de que “consumir é um ato político”, capaz de gerar mudanças de interesse da coletividade. Os sistemas de gestão integrada devem atender às legislações aplicadas para cada setor produtivo e estas podem ser aprimoradas por sugestões dos consumidores, gerando um ciclo sistêmico aberto, em que as práticas produtivas são constantemente aprimoradas pelos padrões de consumo. Exemplos desta prática estão acontecendo por todo o mundo e no Brasil podemos des- tacar as regras legais da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aplicáveis em inúmeros processos produtivos, que são frequentemente revisadas. Citamos também a melhoria dos processos de produção agrícola que, pela agroecologia, tem aprimorado de maneira significativa a qualidade dos alimentos associados com inclusão social, geração de trabalho e renda e conservação da natureza. Isto tem sido fomentado por um tipo de consu- midor crítico e preocupado com a coletividade que cresce ano a ano. Portanto, um sistema de gestão em determinado processo, corretamente certificado, pode induzir: • à adoção de tecnologias cada vez mais limpas e à melhoria do produto final; • à responsabilidade civil da organização por danos causados ao meio ambiente e defeitos nos produtos, que também passa a ser mais conhecida; • à detecção, no caso de algum problema, que se torna mais fácil, e à rastreabilidade no processo, que permite que este seja corrigido com mais rapidez e agilidade. Um certificado de gestão sempre será elemento muito importante na defesa da organização em caso de disputa judicial, funcionando como atenuador, já que a organização pode demons- trar preocupação de práticas com a prevenção e consequentemente com o meio ambiente. Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 31 Desta forma, após o diagnóstico para as principais necessidades da empresa, o siste- ma de gestão integrada irá organizar a implantação de métodos específicos para cada área da empresa, para promover mudanças como, por exemplo, cortes que precisam ser feitos, métricas e indicadores que precisam mudar, como o trabalho precisa ser reorganizado etc. Assim, o sistema começará a dar resultados para o crescimento desejado da empresa. Mesmo que o sistema de gestão integrada seja implantado com efetividade, é necessá- rio que todos da empresa participem dos processos de gestão. Isto eleva a autoestima dos funcionários, que terão clareza sobre sua importância na empresa, melhorando seus rendi- mentos e,como consequência, a produtividade. Neste sentido, quando um sistema de gestão integrada entra em operação, há mais in- formação com protocolos padronizados e, desta forma, um setor trabalha em prol do outro; há, portanto, um melhor processo de participação nas decisões dentro da empresa. Como resultado, ocorre um maior controle da qualidade do trabalho, os funcionários possuem mais tempo para desenvolverem outras atividades e mais agilidade para que a empresa possa crescer e se tornar resiliente nos mercados competitivos. Ampliando seus conhecimentos Metodologia para gestão integrada da qualidade, meio ambiente, saúde e segurança no trabalho (SOUZA, 2000) Existe um processo de mudança nos valores e crenças, que servem de paradigma à vida em sociedade, ocorrendo atualmente. Os novos valores em construção, bases do paradigma em formação, estão sendo delineados a partir de certos limites que o mundo presente está impondo sobre o futuro. Entre estes limites estão a preservação do meio ambiente, a “fini- tude” da energia sob forma de baixa entropia, o declínio do crescimento econômico e a questão da unidimensionalidade do ser humano. Nos últimos anos, alguns valores e crenças que darão forma ao novo para- digma estão se construindo. O primeiro valor a ser incorporado é a inte- gração entre homem e natureza. Também aparece o confinamento das organizações ao seu espaço, que associado ao uso da tecnologia possibilita a libertação do homem das atividades mais operativas. Com isto novas formas de lazer e ocupação podem ser desenvolvidas. Ressurgem também os valores comunitários, Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 32 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 a convivência e a solidariedade que são básicos para o novo paradigma. Todos estes valores privilegiam o ser humano, sua participação na cons- trução do bem comum e a possibilidade objetiva de se estruturar uma nova sociedade, com valores novos onde o homem possa voltar a viver sua multidimensionalidade (SALM, 1996). No ambiente empresarial o principal reflexo da rapidez das mudanças é a acentuada competitividade. Adicionada à esta, os diferentes ambientes apresentam também diferentes limitações, a escassez de recursos como mão-de-obra qualificada, matéria prima, infraestrutura, entre outros, é sentida em todos os setores. Como consequência, empresas de todo o mundo percebem a necessidade de utilizarem seus recursos de maneira eficiente, para que possam manter ou ganhar novos mercados, assegu- rando sua sobrevivência. Dentro deste prisma, algumas organizações preocupadas em acompanhar a evolução natural de seus ambientes externos, estão empenhando-se em alcançar o máximo com o mínimo. Para tanto utilizam todos os seus recur- sos, humanos e tecnológicos, ao máximo de cada um. Para que isto possa ser obtido, muitas mudanças na realidade organizacional ocorreram, podendo estas ter ocorrido em nível de cultura organizacional, estrutura organizacional, tecnologia, recursos humanos, entre outros. Muitas destas mudanças, porém, não tem alcançado o resultado espe- rado, apesar de apresentarem altos custos envolvidos tanto para as pes- soas quanto para as organizações. Devido a isto, surge a necessidade de abordar a interface homem-organi- zação de maneira inovadora, o que desencadeou o surgimento de novas teorias e conceitos. Muitas das teorias sobre gerenciamento, comporta- mento humano, sistemas, e organizações que emergiram neste século, tentam explicar comportamentos e características peculiares aos seus objetos de estudo. O conceito da Teoria Geral dos Sistemas desenvolvido por Von Bertalanffy em 1968 (apud MORO, 1997) serviu como base teórica para o surgimento de muitas das novas teorias, e ainda hoje influencia novas correntes de pensamento tendo grande importância para a melhor compreensão das organizações e sua inserção na sociedade. O enfoque da Teoria Geral dos Sistemas ou enfoque sistêmico, tem possibilitado a investigação de diversos mecanismos e ferramentas Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 33 desenvolvidos para otimizar o desempenho organizacional. Intrínseca a maioria destas ferramentas, encontra-se a preocupação com os colabora- dores. Qualquer sistema gerencial que tenha como objetivo primordial a melhoria da qualidade e da produtividade de suas ações deve ter o meio ambiente, a saúde e segurança, e a qualificação do pessoal como fatores constantes. No entanto, estas condicionantes têm sido negligenciadas e tomam-se, em muitos casos, as principais responsáveis pelo fracasso nas tentativas de implementação de novas filosofias gerenciais e operacionais nas organizações. Empregar recursos na melhoria das condições de trabalho dos colabora- dores somente era considerado como um investimento pelos empresários de alguns setores industriais mais desenvolvidos. Considerando porém, que estes recursos resultam no crescimento qualitativo e quantitativo da produção e na consequente elevação dos benefícios para a empresa, cabe- ria a organização como um todo, desde a alta direção até os escalões mais baixos buscar a formação e implementação de políticas de gerenciamento da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança que tornem as mesmas competitiva no mercado. Adicionado a este fator, as novas metodologias de abordagem sistêmica têm possibilitado uma mais ampla compreensão das repercussões que a qualidade, o meio ambiente e a saúde e segurança dos colaboradores da organização podem gerar para o alcance de um desempenho organizacio- nal satisfatório. No campo social também existe um processo de conscientização e evolu- ção dos conceitos de qualidade. A busca pela melhoria da qualidade de vida dos seres humanos inclui as melhorias das condições de trabalho, no enfoque mais básico destas necessidades encontra-se o meio ambiente e a saúde e segurança no trabalho. Este processo de conscientização gera novas exigências da sociedade, as quais são refletidas atualmente através das crescentes exigências de legislação e pressão dos sindicatos. Milhares de empresas em todo o mundo estão descobrindo que os seus sistemas da qualidade também podem ser utilizados como base para o tratamento eficaz das questões relativas ao meio ambiente e a saúde e segurança no trabalho. Afinal, com a publicação das normas internacio- nais da série ISO 9000, sobre sistemas de garantia da qualidade, da série ISO 14000, sobre sistemas de gestão ambiental, e do guia britânico BS 8800, sobre sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho, essa uti- lização do sistema de gestão integrada está bastante facilitada. Múltiplos Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; qualidade; saúde e segurança 34 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 2 sistemas de gestão, onde somente um bastaria, são ineficientes, difíceis de administrar e difíceis de obter o efetivo envolvimento das pessoas. É muito mais simples obter a cooperação dos funcionários para um único sistema do que para três sistemas separados. Além do mais, a sinergia gerada pelo sistema de gestão integrada tem levado as organizações a atingir melhores níveis de desempenho, a um custo global muito menor. Atividades 1. Escolha um tipo de sistema (sistemas, sistema operacional, sistema administrati- vo e sistema de informação) e faça um organograma de algum meio a sua esco- lha (gestão domiciliar (de sua casa), de sua escola, trabalho, etc.) na aplicação prá- tica da teoria de sistemas. Correlacione as entradas e saídas de fluxos presentes no sistema escolhido. 2. Identifique em sua cidade ou região uma ou duas empresas que possuem o Siste- ma de gestão integrada (SGI) e faça uma análise contrastando com outra(s) que não possuem o SGI. Por meio de uma matriz, correlacione os principais aspectos de um SGI como, por exemplo, licenças ambientais, relação com a comunidade, projetos desenvolvidos pelaempresa etc. Faça uma coluna de avaliação em que fique de livre escolha a forma de pontuar (bom-ruim, escala numérica de 0-10 etc.) 3. Com as mesmas empresas pesquisadas no exercício 2, faça uma correlação quanto aos benefícios tanto para a parte produtiva como para os consumidores em se ter um sistema de gestão integrada. Esta correlação pode ser feita por meio de tabelas, gráficos ou de forma descritiva. Referências ANTUNES, Mariana do Amaral. Quais as vantagens de um sistema de gestão integrada? Artigo publicado em 2013. Disponível em: <www.geminisistemas.com.br/quais-as-vantagens-de-um- sistema-de-gestao-integrada/>. Acesso em: 15 out. 2016. BIO 3 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Sistema de gestão integrado. Disponível em: <http://www.bio3consultoria.com.br/sistema-de-gestao-integrado/>. Acesso em: 12 out. 2016. CHURCHMAN, CN. Introdução à teoria de sistemas. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1971. DARTMOUTH COLLEGE. The PDCA Cycle. Dartmouth Medical School, Hanover (USA), 2000. MALHADAS JUNIOR, M.J.O. Conflitos organizacionais à luz da teoria geral dos sistemas. In: V!RUS. n. 3. São Carlos: Nomads.usp, 2010. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/ virus03/submitted/layout.php?item=6&lang=pt>. Acesso em: 16 out. 2016. Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 37 3 Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria Introdução As políticas econômicas do pós Segunda Guerra Mundial trouxeram uma men- talidade para as empresas de uma visão estritamente econômica. Como consequên- cia desta maneira de visualizar os mercados e de produzir, tem-se gerado grandes impactos ambientais, tornando os recursos naturais escassos, inclusive muitas fontes de matérias primas para a própria indústria. Estes modos de produção têm gerado discussões e geraram reflexões e mudanças na sociedade com o surgimento de novos conceitos em relação à segurança no trabalho, proteção e defesa do consumidor, qua- lidade dos produtos e agravamento da degradação ambiental. Para abordar esta temá- tica, este capítulo irá discorrer sobre o sistema de gestão ambiental nas empresas, a série ISO 14 000 e as características dos processos de certificação e auditoria. Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria 38 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 3 3.1 Sistema de gestão ambiental O meio ambiente é um bem de interesse difuso e da coletividade, pois os recursos na- turais como água, solo, biodiversidade são vitais para a sobrevivência de todas as formas de vida. Sendo assim, a discussão sobre como devem ser geridos os aspectos ambientais é fundamental na atualidade com uma demanda prioritária da integração entre o ambiente, economia e sociedade. A gestão ambiental tem uma ligação direta com o termo Ökologie (Ecologia) que provém do antigo vocábulo grego oikos que significa casa, lugar onde se habita. Os termos oikopoióse e oikonomos expressavam a ação de fazer habitável a casa ou a gestão da casa. O oikos na época da cultura clássica era a unidade básica de produção e satisfação das necessidades vitais do cotidiano, e o oikonomos (economia) estava vinculado com as regras de gestão dos bens ou rendimentos domésticos. Nas sociedades modernas, fazer gestão de- fine-se como a ação de dirigir, regular, governar, administrar. Neste contexto, gestão ambiental pode ser entendida como a ação de gerir o ambiente, sendo este compreendido pelos recursos naturais e pelas relações sociais. Estas relações po- dem se originar no trabalho ou em casa, ou ainda, serem ampliadas no âmbito dos bairros, cidades e regiões. Podem, ainda, envolver diferentes países, continentes, oceanos ou o pla- neta como um todo. Como exemplo de uma gestão global, é possível citar a Organização das Nações Unidas – ONU, que realiza diversas conferências de gestão ambiental, abordando as mudanças climáticas, biodiversidade, recursos genéticos etc. Um passo importante que a sociedade global deu no sentido da integração das questões econômicas, ambientais e sociais foi o documento produzido pela ONU em 1987 chamado “Nosso Futuro Comum” ou “Relatório de Brundtland”. Esse documento foi o alerta sobre os recursos naturais serem limitados e, portanto, termos que buscar meios de proporcionar o bem-estar das gerações futuras, mas sem ignorar as necessidades da geração atual que já sofre por causa das disparidades sociais. Este documento trouxe pela primeira vez o con- ceito de desenvolvimento sustentável que tem como objetivo integrar e compatibilizar o desenvolvimento econômico e social e a qualidade ambiental (CAVALCANTI, 2012). Depois da divulgação do Relatório de Brundtland, amplamente debatido na Conferência Internacional para o Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a chamada RIO 92, os sistemas de gestão ambiental como, por exemplo, as normas da série ISO 14 000, Certificação FSC, Global Reporting Initiative – GRI; ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial; Análise dos Indicadores Ethos e o CDP – Carbon Disclosure Project começaram a se desenvolver e têm crescido consideravelmente como uma opção de gestão das organizações produtivas para equilibrarem suas necessidades de recursos natu- rais, padronizando seus processos produtivos, visando reduzir custos de produção e melhor imagem perante os seus consumidores. O processo de implantação de um sistema de gestão ambiental em indústrias gera mu- danças significativas na cultura e estrutura destas empresas, transformando os modos ope- rantes e a mentalidade dos seus trabalhadores, gestores e consultores. Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 3 39 Diante de um cenário competitivo e com consumidores mais críticos e exigentes com re- lação à qualidade dos produtos desde sua fase inicial de sua cadeia produtiva até o consumo final, as empresas têm a necessidade de reduzir os custos e adequar os produtos e processos de produção às necessidades do mercado, respeitando as questões ambientais. Como exem- plo, as empresas devem priorizar o manejo sustentável de recursos naturais, que são fontes de matérias primas, e também ter cuidados com a emissão de resíduos, sejam eles líquidos, sólidos ou gasosos. Desta forma, o consumo responsável se tornou um ato político que tem pressionado as empresas a modernizarem seus sistemas de gestão para que proporcionem maior qualidade de produtos, viabilizem e suportem inovações tecnológicas, contribuam com o desenvolvi- mento sustentável, garantam o aumento da competitividade e, consequentemente, da sua própria lucratividade. Na busca de atender o consumo mais criterioso e para o cumprimento de legislações específicas sobre meio ambiente, os sistemas de gestão ambiental têm sido uma das alterna- tivas amplamente implantadas nas empresas para alcançarem estes objetivos. Em função desta pressão para administrar melhor a questão ambiental, as empresas que implantam um sistema de gestão ambiental têm que mudar sua cultura com a formali- zação e padronização de novos procedimentos operacionais, além do incentivo ao monito- ramento e à melhoria contínua, possibilitando a redução da emissão de resíduos e o menor consumo de recursos naturais. Vale ressaltar que a melhoria contínua é uma estratégia de gestão aplicada com a utili- zação de métodos sistemáticos a serem incorporados por equipes multifuncionais e interdis- ciplinares de todos os setores da empresa. Permite uma avaliação rigorosa e criteriosa sobre os problemas crônicos que afetam os resultados, observando suas causas de origem e per- mitindo o desenvolvimento de planos de ação para a solução e adequação dos problemas. Gonzales (2011), citando Jager et al. (2004), sugerem um modelo para a prática da me- lhoria contínua que busca integrar entendimento, competências, habilidades e comprome- timento das pessoas no sistema de produção da empresa. Uma vez que o mercado está ficando maiscompetitivo, fazer inovações para o atendimento de novas tecnologias se faz importante para a sobrevivência de uma empresa, principalmente para atender os limites dos recursos naturais e necessidades humanas. Quadro 1 – Modelo para a prática da melhoria contínua nas empresas. Melhoria da organização Entendimento Competências Habilidades Comprometimento Buscar Qual método Potencialidades Pró atividade O que melhorar? Como melhorar? Requisitos para melhorar? Prontidão para melhorar? Fonte: Elaborado pelo autor. Os sistemas de gestão ambiental podem ser sintetizados como uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar as atividades organizacionais Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria 40 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 3 relacionadas ao meio ambiente, visando ao cumprimento de instrumentos legais como leis, decretos, portarias e normas emitidas pelos órgãos federais, estaduais e municipais (SANCHES, 2013). A incorporação desta cultura de gestão de empresas busca, além de contribuir com a responsabilidade social e com o cumprimento da legislação, identificar oportunidades de re- dução do uso de materiais e energia, melhor destino de resíduos e melhorar a eficiência dos processos, reduzindo as pressões na demanda dos recursos naturais. Em alguns casos como, por exemplo, indústrias que usam água para arrefecer seus processos produtivos, situadas em polos industriais que possuem como características os recursos hídricos bem degrada- dos como Cubatão/SP e Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, o tratamento de efluentes na própria indústria tem um resultado satisfatório na melhora da qualidade do resíduo líqui- do, que em muitas vezes possui condições bioquímicas melhores do que o captado no curso d’água antes da entrada no processo. Um sistema de gestão ambiental tem como objetivo fornecer às empresas instrumentos administrativos que permitem reduzir os danos ao meio ambiente, mas de modo que seus benefícios econômicos excedam aos custos de sua implantação. O sistema de gestão ambiental deverá ser baseado em uma política ambiental docu- mentada e conter os seguintes planos executivos. Quadro 2 – Planos executivos de um sistema de gestão ambiental (SGA). Indicador Ação Atendimento à le- gislação e processos administrativos Objetivos, métodos e um cronograma para aten- der aos requisitos ambientais e compromis- sos assumidos de forma voluntária. Procedimentos para manter a documentação adequada. Responsabilidades para cada tarefa e dis- ponibilidade de recursos. Ações corretivas, preventivas e procedimentos de emergência. Capacitação e Comunicação Plano de treinamento de funcionários com atualizações perió- dicas para definir metas do SGA, responsabilidades e riscos. Monitoramento do SGA Plano de auditoria periódica do desempenho da organi-zação e como o SGA ajudou a atingir esses objetivos Fonte: Elaborado pelo autor. Em um sistema de gestão ambiental é importante priorizar alguns fatores ambientais que normalmente são comuns a todos os empreendimentos e também possuem normas legais especificas de proteção. São eles. • Dejetos banais e perigosos; • Poluições do ar, da água, sonora e visual; • Consumo e economia de energia; • Conhecimento das fontes de matérias-primas; • Fauna e flora associadas à empresa. Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 3 41 Dentro disto é possível estabelecer os principais objetivos de um sistema de gestão am- biental a ser buscado pela empresa, que estão apresentados no quadro 3. Quadro 3 – Principais objetivos de um sistema de gestão ambiental. Objetivos de um sistema de gestão ambiental Respeitar o direito ambiental; Controlar os riscos para a área; Controlar os custos dos dejetos; Melhorar o desempenho do sistema de gestão com a introdução de um novo ângulo crítico; Se diferenciar em relação à concorrência; Valorizar a imagem da empresa. Fonte: TEMPLUM. Adaptado. 3.2 Série ISO 14 000 A sigla ISO significa Organização Internacional para Normalização (International Organization for Standardization). Tem sua sede localizada em Genebra, Suíça, e foi fundada em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, com uma estratégia de reorganização e recons- trução econômica e produtiva dos países afetados pelas consequências desta guerra. O principal objetivo da ISO é desenvolver e promover, por meio de sistemas de ges- tão, normas e padrões que possam ser inseridos nas redes mundiais do setor econômico e produtivo e que busquem alinhar o consenso dos diferentes países do mundo de forma a fomentar e potencializar as relações comerciais internacionais. Na atualidade, 119 países são membros da ISO, e a representante do Brasil é a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que trabalha com 180 comitês técnicos (CT) e cente- nas de subcomitês e grupos de trabalho nos aprimoramentos e validações das normas. Passados quase 50 anos das primeiras iniciativas sobre a implantação de normas de ges- tão ambiental – que teve sua primeira discussão na conferência das Nações Unidas realizada em Estocolmo (Suécia) no ano de 1972, em que se discutiu os limites do desenvolvimento com críticas severas aos modos desenvolvimentistas adotados e que vem sendo aplicados até a atualidade, percebeu-se que a implantação de um sistema de gestão ambiental não é algo simples e envolve critérios multifacetados dentro do campo econômico, social, ambien- tal, político, cultura e educacional. Foi a partir da Conferência das Nações Unidas, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a cha- mada “Rio 92” ou “Eco 92”, que a ONU priorizou o fomento a esta prática de gestão por todos os países, lançando a norma ISO 14 000 como uma meta a ser alcançada pelas empresas. A série ISO possui uma estrutura sistêmica e é regida por procedimentos e critérios, podendo destacar os seguintes: • Política ambiental sustentada pela diretoria executiva e por acionistas da empresa; Gestão Ambiental pelas normas da série ISO 14 000, certificação e auditoria 42 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 3 • Diagnóstico e mapeamento dos aspectos socioambientais e dos impactos significa- tivos relativos à atividade da empresa; • Levantamento de legislação aplicável e cumprimento das mesmas; • Planejamento de objetivos e metas que sustentarão a cultura da certificação ambiental; • Estabelecimento de um programa de gestão ambiental na empresa; • Constante capacitação dos atores sociais envolvidos nos processos produtivos da empresa, visando ao conhecimento dos procedimentos e protocolos de gestão; • Execução de um plano de comunicação do sistema de gestão ambiental para todos os atores sociais envolvidos nos processos produtivos da empresa; • Elaboração de protocolos padronizados de monitoramento e controle operacional; • Elaboração de um plano de contingenciamento de emergências; • Diagnóstico e monitoramento dos significativos impactos ambientais gerados pela empresa; • Elaboração de protocolos padronizados para corrigir não conformidade; • Elaboração de protocolos padronizados para gerenciamento dos registros e ocorrências; • Estabelecimento de cronograma de auditorias e eventuais correções de procedimentos; • Monitoramento e replanejamento do sistema de gestão ambiental da empresa. Por fim, a ISO 14 000 traz para dentro da empresa um processo de gerenciamento ba- seado na melhoria contínua, garantindo redução ou mitigação dos impactos negativos re- lativos ao meio ambiente com ações executivas de comando e controle no âmbito da gestão ambiental da empresa. As normas ISO 14 000 tiveram sua elaboração por um comitê técnico da organização (ISO), que era constituído por inúmeros representantes dos países membros, e foram orga- nizados e elaborados na década de 90, entre 1993 e 1996. Todas as normas de certificação, sejam elas para qualquer área, passam por um processo de aquisição de experiências,
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