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40A114 - Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental AULAS

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Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 9
1
Percepção ambiental e 
sociedade (paisagem, 
sociedade e ambiente)
Introdução 
A percepção ambiental da paisagem por meio de leituras biofísicas e socio-
culturais se processa a partir do espaço ocupado pelas pessoas, pois remete à sua 
memória, à sua história, bem como à sua identificação, como espaço vivido e suas 
problemáticas, evidenciando a “força do lugar”. Para uma leitura e percepção da 
paisagem, cumpre-nos assinalar que também é sistêmica e é o resultado da com-
binação dos elementos naturais e materiais somados às obras humanas e grupos 
culturais que viveram no espaço. 
Dessa forma, em ações de gestão ambiental é imprescindível desenvolver proces-
sos cognitivos de percepção ambiental visando à integração do ser humano e natureza. 
Portanto, nesta aula serão abordadas as principais questões e conceitos sobre percepção 
ambiental e sociedade, seguido desta percepção com paisagens e, por último, as paisa-
gens como espaços educadores para as sociedades. 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
10 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
1
1.1 Algumas questões sobre a percepção 
do ambiente e sociedade
As questões ambientais e seus problemas têm acompanhado, em diferentes períodos 
históricos, diversas sociedades que possuem por sua cultura percepções próprias da nature-
za. Esse fato traz à ciência um rico campo de estudos e pesquisas, para avaliar as percepções 
e os efeitos da ação humana sobre o ambiente natural, social e cultural.
Rodaway (1995) citado por Hoeffel (2007) caracteriza percepção como um processo, 
uma atividade que envolve organismo e ambiente, e que é influenciada pelos órgãos dos 
sentidos – percepção como sensação –, e por concepções mentais – percepção como cogni-
ção. Dessa forma, ideias sobre o ambiente envolvem tanto respostas e reações a impressões, 
estímulos e sentimentos, mediados pelos sentidos, quanto processos mentais relacionados 
com experiências individuais, associações conceituais e condicionamentos culturais.
As pessoas constroem sistemas para manejar o mundo, ou seja, formulam hipóteses 
segundo a sua experiência e predizem assim o futuro de acordo com estas hipóteses. Tais 
construções mentais variam segundo as pessoas, que somente reagem aos estímulos que são 
capazes de imaginar como atuantes, que, por sua vez, formam parte do espaço construído 
e do espaço percebido.
Além disso, a atividade perceptiva enriquece continuamente a experiência individual 
e por meio dela nos apegamos, cada vez mais, ao lugar e à sua paisagem, pois quando o 
espaço nos é familiar torna-se lugar. De acordo com Leite (1994), a percepção do tempo, do 
espaço e da natureza muda com a evolução cultural, o que exige a procura de novas formas 
de organização do território que melhor expressem o universo contemporâneo, formas que 
capturem o conhecimento, as crenças, os propósitos e os valores da sociedade.
É a partir da percepção do ambiente pelo ser humano que se pretende identificar como 
homens e mulheres veem e classificam seus ambientes, como se colocam nos ambientes que 
criam, e que referências usam para escolher tais ambientes. Nossa mente organiza e repre-
senta essa realidade percebida por meio de esquemas perceptivos e imagens mentais, com 
atributos específicos (DEL RIO e OLIVEIRA, 1999) e que servem para avaliar a qualidade dos 
ambientes (PILOTTO, 2003). Uma imagem é uma representação internalizada do ambiente, 
por meio da experiência, e incorpora ideais, isto é, a avaliação da qualidade ambiental traz 
a organização do meio ambiente como o resultado da aplicação de conjuntos de regras que 
refletem de diferentes concepções de qualidade ambiental (OJEDA, 1995). Além disso, é pela 
percepção que o ser humano estrutura sua representação cognitiva do ambiente. 
De acordo com Del Rio e Oliveira (1999) a percepção consiste em trocas funcionais do 
indivíduo com o meio exterior, as quais têm dois aspectos: cognitivo e o afetivo. O primeiro 
ocorre paralelamente, quando o indivíduo conhece o mundo exterior e começa a ter senti-
mentos em relação a ele e o segundo é a energia do sistema. Para Ojeda (1995) é cada vez 
mais necessário considerar os costumes cognitivos com a finalidade de entender a manei-
ra pela qual o meio ambiente é conhecido e estruturado pelos indivíduos e pela socieda-
de. As pessoas, como organismos ativos, adaptativos e procuradores de objetivos ou fins, 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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estruturam o mundo a partir de três fatores: o organismo, o meio ambiente e o meio cultural, 
os quais se relacionam para formar representações cognitivas. 
Segundo este mesmo autor, existem dois significados diferentes do termo cognição am-
biental; um é psicológico, o outro antropológico, sendo que o primeiro ressalta o conheci-
mento do meio ambiente, enquanto que o antropológico afirma que os processos cognitivos 
convertem o mundo em algo significativo. Decifrar e valorizar os costumes cognitivos das 
paisagens deveria ser uma ferramenta indispensável na gestão dos espaços, sejam eles pú-
blicos ou privados, a partir do momento que identifica não somente os diferentes ideários 
na busca da qualidade ambiental como também os saberes e significados socioambientais 
específicos das inter-relações evolutivas entre natureza e populações locais.
Dentro dessa dinâmica insere-se a questão paisagística, incluindo-se a necessidade de 
investigar o significado das diversas expressões do verde dentro das diferentes culturas. O 
verde existe como objeto dado no mundo e como idealização. Por exemplo, ao se projetar 
áreas verdes, como nas áreas protegidas, navega-se, portanto, na semiótica de significantes e 
significados, não como elementos isolados, mas como partes de um todo em que, aquele que 
habita, é indissociável do espaço onde exerce sua autopoiesis1 (MATURANA e VARELLA, 
1980). A paisagem está presente em cada situação da história dos seres humanos, traçando 
uma relação vital para ambos, em que as pessoas necessitam da paisagem que ordena os 
serviços ambientais que a natureza oferece e esta depende das ações e percepções, ideias e 
ações das pessoas (DEL RIO e OLIVEIRA, 1999). 
Além disso, o ser humano, assim como os organismos, impõe uma ordem espacial, social 
e temporal diferentes, porém relacionadas entre si, já que têm de coexistir na trama espa-
ço-temporal de um mesmo mundo, e porque todas as ordenações se apoiam nos mesmos 
processos de aprendizagem, memória, identidade, localização e orientação (PILOTTO, 1997).
Este tipo de estudo de percepção ambiental tem se tornado uma ferramenta importante 
para o desenvolvimento de processos educadores e participativos, pois, segundo Pilotto 
(1997, p. 30),
a percepção ambiental é, pois, a experiência sensitiva mais direta e imediata do 
meio ambiente, e, ainda que afetada pela memória e cognição, é muito indepen-
dente. A percepção sempre se relaciona com a ação, pelo que tem de envolvente, 
participativa e relacionada com a motivação e o significado.
Para Del Rio (1999), nosso cotidiano se conforma e se realiza por meio da percepção de 
paisagens, num amálgama entre realidade e imaginário. O ser humano age e reage de acor-
do com a maneira que percebe seu entorno, e que a percepção ambiental tem se mostrado 
cada vez mais útil como instrumento de análise da atuação antrópica sobre a paisagem. A 
partir do paradigma de que só percebemos o que conseguimos interpretar, a legibilidade 
1 Autopoiese ou autopoiesis (do grego auto “próprio”, poiesis “criação”) é um termo criado na década 
de 1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a ca-
pacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios. Segundo esta teoria, um ser vivo é um sistema 
autopoiético, caracterizado como uma rede fechada de produções moleculares (processos) em que as 
moléculas produzidas geram com suas interaçõesa mesma rede de moléculas que as produziu.
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
12 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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da paisagem evidencia-se quando fragmentos da realidade são retidos para a observação 
atenta, permitindo a qualificação do ambiente e sua interpretação (PELLEGRINO, 1996). 
Portanto, é do ponto de vista da percepção, da forma como o ser humano percebe e 
interage com o meio ambiente, em função de influências históricas e culturais, que se pode 
avaliar as necessidades e anseios da população e fornecer aos órgãos dirigentes orientações 
mais adequadas para as decisões em nível político, socioeconômico e de desenvolvimento, 
seja rural, urbano ou regional.
1.2 A paisagem no contexto da 
percepção ambiental e sociedade
A paisagem é uma unidade heterogênea, composta por um complexo de unidades in-
terativas (ecossistemas, unidades de vegetação ou de uso e ocupação das terras), cuja estru-
tura pode ser definida pela área, forma e disposição espacial (por exemplo, uma paisagem 
urbana de uma pequena cidade e de uma grande cidade) desta unidade. A estrutura da 
paisagem interfere na dinâmica de populações, em suas culturas e representações sociais e 
também as formas de como se deslocam e relacionam.
O renomado geógrafo Milton Santos (1985, p. 61), define que a paisagem é “tudo aquilo 
que nós vemos, o que nossa visão alcança. Esta pode ser definida como o domínio do visível, 
aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movi-
mentos, odores, sons etc.”.
Ainda o mesmo autor discorre que a dimensão da paisagem vai até onde as pessoas 
conseguem perceber com seus ouvidos, seu cheiro, sua visão, e sensações, sendo, portanto, 
até onde as sensações conseguem chegar e desenhar os limites da paisagem. Assim, a com-
preensão cognitiva possui relevância na formatação e definição dos limites da paisagem e 
o que é a paisagem para o indivíduo conforme sua percepção. Desta forma, a história de 
vida das pessoas, que são em grande parte formatadas pelos processos educativos, formais 
e informais podem e devem gerar heterogeneidade entre si sob a visão para o mesmo fato.
Uma pessoa que mora no campo desde pequena e sua paisagem é diversificada com la-
vouras agrícolas, florestas, rios e outras pessoas também morando no campo e se relacionan-
do tanto em atividades de produção agrícola como de lazer, tem uma percepção diferente 
de outra pessoa que mora na cidade desde pequena e tem a paisagem urbana como referen-
cial. Se pedirmos para a pessoa do campo andar pelo ambiente urbano e descrever as suas 
percepções, ela vai apontar situações diferentes da pessoa que vive na cidade. Da mesma 
forma, o contrário é verdadeiro. Talvez essa pessoa da cidade que observa o campo não verá 
detalhes que o morador do campo verá como, por exemplo, uma revoada de andorinhas, 
uma árvore frutífera em flores e que logo dará frutos, um pequeno riacho ou nascente etc.
A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. A realidade é uma só, mas 
as pessoas de acordo com sua formação, ou seja, seu aprendizado na sua história de vida, 
enxergam uma paisagem de diferentes formas. 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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Inúmeros estudos e pesquisas sobre percepção ambiental revelam que as sociedades 
estão compreendendo menos o meio ambiente, enquanto interação complexa de configura-
ções sociais, biofísicas, políticas, filosóficas e culturais. Neste sentido, conforme destacado 
por Milton Santos (1985) existem múltiplas maneiras de representar o meio ambiente na 
paisagem, e suas percepções, quando muito pequenas ou superficiais sobre algum fator que 
ali ocorre ou mesmo o conjunto de fatores, podem gerar conflitos entre grupos sociais com 
interesses e visões de mundo distintos.
A percepção ambiental da paisagem pelas sociedades tem tido grande importância 
como estratégia de conservação e recuperação ambiental. 
Hoeffel (2008), mencionando Hannigan (2006), aponta que o meio ambiente é um lugar 
de interfaces e competição entre diferentes atores sociais e culturais. Segundo este autor, o 
que está em disputa são os espaços naturais gerando graves ameaças ambientais, podendo 
comprometer as suas dinâmicas. Ocorre uma prioridade de uma questão sobre a outra e as 
formas adequadas para melhor gerir a paisagem estão vinculadas aos tomadores de deci-
sões, que de maneira geral são os legisladores e representantes do poder executivo, em se 
conscientizarem sobre a diversidade de uma paisagem, além de realmente se responsabili-
zarem pela implementação de soluções de interesses coletivos. 
Em uma sociedade que enfrenta dificuldades nos processos de formação e educação, a 
construção cognitiva crítica de uma percepção ambiental será de grande importância para bus-
car o equilíbrio nas nações. Ressalta-se que a construção cognitiva crítica deve respeitar todas as 
diversidades culturais, sabendo que o que unifica as sociedades mesmo com percepções diferen-
tes das paisagens é o interesse difuso da melhoria da qualidade de vida do coletivo.
1.3 Percepção ambiental e paisagens educadoras
Percepção é o ato de conhecer, pela inteligência ou entendimento, independentemente 
dos sentidos. No caso da percepção ambiental, é conhecer e ter preocupação com os proble-
mas ambientais (DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2016). 
Processos perceptivos devem estar sempre inseridos dentro de processos participativos 
e educadores para não se tornarem meros diagnósticos que têm apenas o objetivo de facilitar 
a gestão centralizada dos dirigentes a partir do fornecimento passivo de dados sobre os ato-
res socioambientais envolvidos. Educar e participar para uma maior percepção ambiental 
da paisagem tem sido um desafio mundial. 
Por um lado, está ocorrendo uma verdadeira alienação de sensibilidades e percepções 
ambientais e culturais por conta das facilidades tecnológicas, e, por outro, com a crescente 
crise ambiental, há a necessidade do envolvimento de diferentes atores viventes na paisa-
gem a participarem e colaborarem com a resolução dos problemas socioambientais.
O que se percebe é que não tem sido uma tarefa fácil para as diferentes partes da so-
ciedade e que as pesquisas e projetos nessa área têm sido fundamentais para tornar essas 
experiências cada vez mais adequadas às características ambientais e sociais específicas de 
cada paisagem. 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
14 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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Para que a preocupação ambiental chegue a um processo de sensibilização e percepção 
ambiental, faz-se necessário que processos educativos estejam presentes dentro do ensino 
formal e informal. A sensibilização e estímulo do cognitivo para a diversidade das paisa-
gens, não só dos educadores, mas de toda a comunidade de diferentes níveis econômicos, 
são imprescindíveis para o processo, pois permitem a consolidação das responsabilidades 
socioambientais, promovendo, quando necessário, mudanças de hábitos, ações e comporta-
mentos diários que impactam tanto o meio ambiente (GAZZONI et al., 2015). 
A crise civilizatória enfrentada atualmente tem origem no paradigma da globalização 
predatória, que coloca os interesses particulares e os ganhos financeiros acima da vida. Por 
isso, não faria mais sentido restringir a noção de cidadania a um país. A construção de no-
vos paradigmas que visam o respeito à diversidade cultural, étnica, ambiental, entre outras, 
 faz-se necessário para a mudança dos padrões atuais de desenvolvimento e relações huma-
nas (CARVALHO, 2015). 
Desta forma, o grande educador Paulo Freire (1996) argumenta sobre a necessidade de 
uma educação libertadora que traz a conscientização da cidadania e da necessidade das pes-
soas participarem de processos de promoção de qualidade de vida em suas comunidades. 
Neste sentido, o estímulo da percepção da paisagem pode ser um importante instrumentode transformação social e construção de sociedades sustentáveis. Uma vez que o indivíduo 
percebe mais o seu ambiente, que vão desde detalhes como um beija-flor fazendo a polini-
zação de uma planta até o planejamento territorial por meio de um plano diretor, podem 
estar sendo construídos de forma cognitiva valores e sentimentos de pertencimento àquela 
realidade/paisagem, fazendo com que ela seja melhor cuidada e respeitada.
É neste contexto que a Educação Ambiental se faz necessária como tema central para a 
discussão de uma educação não subordinada à lógica e às práticas feitas a manutenção da 
sociedade global, proporcionando criticidade e empoderamento das pessoas. Assim, deve 
ser pensada uma construção coletiva das realidades das comunidades com pessoas engaja-
das e conscientes da necessidade de uma sociedade de caráter planetário, em que todos são 
corresponsáveis pela qualidade de vida do presente e do futuro (CARVALHO, 2015).
A Educação Ambiental promovida de forma democrática é um valor estratégico perma-
nente para a conquista e consolidação de uma sociedade equilibrada. A pluralidade dos su-
jeitos políticos, a autonomia dos movimentos de massa, a liberdade de organização e tantas 
outras conquistas das sociedades democráticas devem ter pleno valor na sociedade. 
A mobilização e a articulação em torno de ações práticas de educação ambiental têm 
possibilitado a população o acesso às informações sobre as questões socioambientais, e con-
sequentemente o aumento da sensibilização. 
Inúmeras ações de educação ambiental têm contribuído para que os governantes te-
nham uma melhor percepção ambiental se posicionem com políticas públicas, e de maneira 
efetiva, no sentido de fiscalizar e combater os crimes socioambientais.
O desenvolvimento de ações de educação ambiental que despertem a percepção do ser 
humano em relação à dependência que o mesmo tem dos recursos naturais se faz urgente, 
tanto para a sua sobrevivência, quanto para de seus descendentes, uma vez que os recursos 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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naturais estão escassos como, por exemplo, a água, evidenciada por inúmeras crises hídricas 
de abastecimento pública e em todas as regiões do Brasil.
A educação ambiental parte de princípios que se amarram a fins. Um deles é a for-
mação para a cidadania, ou seja, para a participação ativa na sociedade (FREIRE, 1979). 
A educação para a participação é condição permanentemente conquistada por meio da 
consciência crítica, que implica ação-reflexão sobre a realidade, baseada em referências 
éticas e sociais que promovam mais vida em suas diversas dimensões. Neste sentido, a 
educação ambiental compreende o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, todos que 
estão no mesmo espaço e na paisagem, vivenciando suas realidades sociais, econômicas, 
culturais, políticas e ecológicas. 
Uma questão importante é que, ao lidar com pessoas, os processos formativos devem 
contar com uma equipe interdisciplinar buscando contemplar profissionais tanto das áreas 
ambientais quanto humanas, visando assim à integração dos saberes biofísicos com os sabe-
res socioculturais, o que é de extrema relevância para a construção de processos cognitivos 
de percepção ambiental de forma complexa e profunda.
O enfoque da percepção ambiental da paisagem é uma ótima oportunidade dos edu-
cadores se aprofundarem no tipo de bioma que ali ocorre, por exemplo, se é uma região de 
Cerrado ou Mata Atlântica, quais são as espécies que vivem por ali, quais os rios que estão 
presentes, qual a história do lugar e das pessoas que por ali moram ou passam etc.
Desta forma, é possível correlacionar todo um conhecimento presente em uma paisagem e 
trazer para o dia a dia das pessoas de maneira educativa no sentido de sensibilizar e conscien-
tizar sobre a importância da diversidade biológica e cultural para a qualidade de vida das pes-
soas, seja na oferta de água, alimento, equilíbrio climático, lazer, espiritualidade etc.
Segundo Milton Santos (1985), o primeiro passo a ser quebrado é a concepção de “espa-
ço físico banalizado como mera concreção pragmática, algo sem alma e sem história, restrito 
à unidade de medida física geometricamente definível, quando se sabe que os espaços con-
tam a história da civilização humana, são objetos informativos e formativos extrapolando 
a mera materialidade”. A paisagem é percebida pela apreensão da sua relação com a so-
ciedade por meio das categorias analíticas: forma, função, processo e estrutura, sendo elas 
socioambientais, históricas e culturais.
Esta percepção ambiental da paisagem teve ter o planejamento e a gestão ambiental 
de maneira participativa, nos quais os diferentes grupos da sociedade se envolvem para o 
planejamento das ações na paisagem. Neste sentido, a educação ambiental emerge como 
instrumento de efetivação do resgate de saberes e construção de novas perspectivas de me-
lhoria da qualidade de vida do presente e futuro.
A educação ambiental que se deseja no fomento do planejamento e gestão participativa, 
seja em diversas escalas como em seu bairro, sua escola, seu município, estado ou nação, 
deve promover o entendimento, por meio da sensibilização socioambiental, de que nas pai-
sagens e espaços existe a diversidade e é deveras importante o respeito às diferentes formas 
de pensamento, sabendo das complexidades das comunidades que são entrelaçadas em 
suas culturas, por meio de um pensamento amplo e interdisciplinar.
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
16 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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As teorias de análise da paisagem e 
percepção do meio ambiente e seus recursos 
de aplicação 
(PIPPI, 2008)
Baseados em teorias de análise visual e percepção do meio ambiente, 
vamos buscar os recursos mais adequados para a representação da paisa-
gem, como forma de registro para posterior análise e compreensão. Dessa 
forma estaremos garantindo que cada ambiente tenha suas características 
levantadas e analisadas, servindo como base para propostas de projeto e 
planejamento estratégico.
No que concerne ao urbanismo, em documentos do plano diretor, pla-
nejamento urbano ou projetos de revitalização urbanística, o diagnóstico 
da paisagem deve ser um instrumento de ajuda para a intervenção e pla-
nejamento do território, fornecendo bases concretas para justificar suas 
funções e negociar as intervenções das diversas partes envolvidas. Esse 
diagnóstico da paisagem e do espaço urbano como um conjunto consiste 
em evidenciar suas principais características, seus pontos fortes e seus 
desequilíbrios. Trata-se de conhecer o potencial paisagístico do território 
e compreender seu funcionamento.
Felippe (2003) demonstrou um método de análise da paisagem para ela-
boração de plano diretor dividido nas etapas de conhecer, compreender, 
avaliar e propor. Conhecer a paisagem significa restituir a cidade em sua 
paisagem natural, identificar suas características fundamentais, caracteri-
zar o conjunto do território da cidade e identificar as unidades paisagís-
ticas. A interação entre os enfoques subjetivos e objetivos, complemen-
tados pelo estudo da evolução da paisagem, permite a identificação de 
unidades paisagísticas distintas no território de uma determinada região. 
Compreender o funcionamento de cada unidade paisagística de maneira 
objetiva e subjetiva, em que a caracterização das paisagens (ou unidades 
paisagísticas) pode ser feita por texto escrito, fotos e croquis, permitindo 
estudar a necessidade de conscientização da sociedade em relação à apa-
rição de componentes a serem preservados, revitalizados ou mesmo eli-
minados. Avaliar é colocar em evidência os fatores de evolução da paisa-
gem e identificar os pontos fortes e fracos. Propor é identificar os bairros, 
ruas, monumentos, sítios e setores a serem protegidos ou valorizados 
 Ampliando seus conhecimentos
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
1
17
por motivos de ordem estética, histórica ou ecológica e definir, eventual-
mente, as prescrições naturais para assegurar sua proteção.
“Quando se estuda a Paisagem e seus valores ambientais, precisa-se ade-
quar a abordagem conceitual e metodológica de análise das mesmas para 
a realidade do local a ser analisado.” (MACEDO, 1993, p. 14; PIPPI, 2004). 
O Brasil, pela grande dimensão territorial, apresenta as mais variadas pai-
sagens e ecossistemas constituintes, e é por isso que, para cada um deles, 
existem diferentes formas de abordagem. A paisagem litorânea é geral-
mente composta por diversas unidades de paisagem, como, por exemplo: 
os morros, as praias, as dunas, as lagoas, os rios, os manguezais e as ocu-
pações urbanas.
“Um Sistema de Paisagem pode, então, ser ordenado tanto por predomi-
nâncias físicas sob forma cristalizada ou por fluxos, presentes na natu-
reza e criados pela ação antrópica, tais como: conjuntos de serras, morros, 
colinas; correntes climáticas; correntes hídricas de superfície, doces ou 
salgadas (bacias e mares), ou subterrâneas (lençóis); metrópoles, cidades 
e vilas, articuladas por vias, redes de infraestrutura e comunicações, auto-
estradas e obras de engenharia como pontes, barragens, etc. A Unidade 
de Paisagem é, portanto, uma subdivisão do sistema de paisagem e está 
muito mais ligada à escala de percepção humana comum. (...) o conceito 
de Unidade de Paisagem já facilita em muito a criação de cenários no pro-
cesso de Planejamento e Desenho Ambiental.” (FRANCO, 1997, p. 137) 
São atribuídos valores às unidades de paisagem pela comunidade e seus 
visitantes. Esses locais justificam sua classificação como unidades de pai-
sagens devido ao seu marco paisagístico e ambiental, expresso nos valo-
res: naturais, sociais, simbólicos, históricos e culturais.
Essas são delimitadas conforme o tipo de organização do uso do solo 
urbano, sendo importante relacionar-se o valor ecológico como estratégia 
de ação para organizar, de maneira integrada, o uso do solo, levando-se 
em consideração os aspectos ambientais e paisagísticos no planejamento 
urbano. No topo dos morros ou pelos voos aéreos podemos obter uma 
visão abrangente das diferentes paisagens e sua dinâmica, em que pode-
mos perceber os elementos físicos, as intervenções antrópicas sobre os ele-
mentos naturais e, assim, identificar um sistema de paisagem composto 
por diversas unidades de paisagens (PIPPI, 2004).
As Unidades de Paisagem – UPs, divisões morfológicas definidas de acordo 
com as características físicas de uma determinada região, são analisadas 
conforme o uso do solo e pelos valores paisagísticos e ambientais. A partir 
Percepção ambiental e sociedade 
(paisagem, sociedade e ambiente)
18 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
1
dessas análises é possível identificar as áreas mais significativas da paisa-
gem, bem como as áreas mais sensíveis, visando estabelecer todas as dire-
trizes ambientais e paisagísticas para o planejamento urbano (PIPPI, 2004).
A partir do diagnóstico paisagístico e da proposta de planejamento ou 
intervenção, uma série de objetivos são traçados, identificados e repre-
sentados por plantas ou mapas de zoneamentos com espaços definidos: 
a manter, a urbanizar ou a requalificar, por exemplo, determinando as 
orientações principais por tipos de espaço e localização.
A proposta também deve ser explicitada com relatório de apresentação 
(texto) contendo a descrição e a análise da estrutura paisagística da cidade 
(do espaço, do ambiente), englobando os espaços naturais e os construídos.
 Atividades
1. Esta atividade de percepção ambiental se chama mapa mental e envolverá as três 
partes desta aula. Para começar é necessário escolher o tema principal no centro de 
uma folha grande. O tema pode ser, por exemplo, arborização urbana, saneamento 
básico, paisagem rural etc.
 – Elaboração de ramos e representações da paisagem
 Depois de definir o elemento principal você puxa elementos que se ligam direta-
mente com ele através de perguntas norteadoras (A cidade coleta esgoto? Onde? 
Como é feito o tratamento?) sobre o tema, e cria os ramos principais do seu mapa 
mental. Depois de criar um ramo principal, você liga outro ramo a ele, que se torna 
o subtópico do ramo principal e com isso você vai aprofundando cada vez mais sua 
percepção. Nos ramos é sugerido que se faça desenho também e utilize diferentes 
cores para fazer representações.
 Como apoio, é interessante que se tenha materiais diversos de desenhos como, por 
exemplo, papeis de diferentes tamanhos e cores e lápis de cor ou giz de cera, além de ou-
tros objetos que possam ser representativos da percepção ambiental dos participantes.
 Referências
CARVALHO, J. S. Educação cidadã a distância: Uma perspectiva emancipatória a partir de Paulo 
Freire. 2015. 211 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de 
São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: <teses.usp.br/teses/disponiveis/48/...11052015.../JACIARA_
CARVALHO_rev.pdf>. Acesso em: 15 out. 2016.
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 21
2
Sistemas de Gestão 
Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Introdução 
Durante todo o processo de industrialização em todo o mundo, os recursos natu-
rais foram explorados de forma desordenada, ocasionando efeitos negativos ao meio 
ambiente e ao ser humano. Historicamente as pessoas são exploradas em seu ofício de 
trabalho, o que tem gerado reflexão sobre a relação da empresa com a força de traba-
lho, da política econômica praticada atualmente, e suas consequências negativas para 
a saúde e segurança do trabalhador e para o meio ambiente. Desta forma, novos mode-
los de gestão estão mudando de maneira significativa a relação produção e consumo 
por meio de sistemas integrados. Assim, este capítulo irá apresentar uma abordagem 
da teoria de sistemas, sistemas de gestão integrada e os benefícios para os modos pro-
dutivos e para o consumidor.
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
22 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
2.1 Uma abordagem de sistemas
A noção de sistema sempre foi usada intuitivamente. Mesmo o homem selvagem depen-
de da noção de sistema quando cria referenciais de ordenamento para compor seus mitos ou 
para estabelecer a ocupação de seus espaços. O pensamento moderno e contemporâneo fez 
uso continuado desse conceito, como mostrou na medicina Claude Bernard (1813-1878), ao 
distinguir o “ambiente externo e interno” do corpo humano.
O avanço tecnológico, especialmente no pós Segunda Guerra Mundial, é notório e evi-
dente em todas as áreas do conhecimento. Um dos resultados deste avanço é o aumento 
da complexidade dos processos produtivos e também as relações de produção e consumo, 
formando uma cadeia sistêmica de autocontrole. Desde este momento, o termo sistemas 
vem sendo mais conhecido e popularizado na sociedade moderna. As novas demandas e 
a necessidade de se buscar novos caminhos para realizar tarefas nas empresas fazem sur-
gir novas profissões voltadas ao “enfoque sistêmico”, com o objetivo de realizar a função 
estabelecida com o máximo de eficiência e menores custos possíveis, melhorando assim os 
fluxos financeiros das empresas (NEGRI, 2016).
Um sistema pode ser representado por um complexo de elementos em interação, e pode 
ser definido de várias maneiras, como por exemplo, um sistema de equações diferenciais 
simultâneas. Para Negri (2016), podem-se diferenciar complexos de acordo com o seu nú-
mero, espécie, ou de acordo com suas relações nas organizações. Ocorrem as características 
somativas e as características constitutivas, sendo as somativas, por exemplo, a representa-
ção da massa molecular e o calor, enquanto as constitutivas não são explicáveis a partir de 
características de alguma parte isolada, seguindo o pensamento de que “o todo é mais do 
que a soma das partes”.
Sistema é, portanto, uma forma lógica de apreensão da realidadevivenciada em seu 
tempo e espaço. Quando se constrói sistemas, não se faz com o objetivo da busca de um 
“reflexo” do mundo real, mas sim a descrição ou destaque daqueles “traços” da realidade, 
cujo conjunto permite a percepção de uma condição de ordem e a proposição de uma forma 
operativa voltada para um dado objetivo.
Churchman (1971) é um importante autor que abordou de forma clara e objetiva a apli-
cabilidade e praticidade da teoria sistêmica na área da gestão e administração, organizando 
e descrevendo considerações básicas como o objetivo central do sistema, o seu ambiente, os 
recursos e os componentes dos sistemas e suas respectivas medidas de rendimento.
Dentre as definições sugeridas pelo autor, destacam-se algumas que têm grande utili-
dade no auxílio da aplicação prática dessa teoria.
a) Sistemas: Conjunto estruturado visando a um fim, no qual existem relações 
complexas e não triviais entre os elementos constitutivos, de modo que o todo 
seja mais do que a soma das partes. Exemplo: sistema econômico.
b) Sistema operacional: Conjunto de atividades estruturadas, visando a um obje-
tivo estabelecido, especialmente à produção de bens e serviços econômicos ou 
socialmente valiosos. Exemplos: empresa, hospital, escola.
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
23
c) Sistema administrativo: Conjunto de recursos estruturados, constituídos de 
pessoas, equipamentos, materiais e procedimentos, destinados a processar uma 
tarefa administrativa específica. Exemplos: rotina de seleção e controle de pro-
dução e materiais, controle de desempenho.
d) Sistema de informação: Subsistema do sistema administrativo, destinado a 
processar o fluxo de informação. Exemplos: sistema contábil, sistema de controle 
de qualidade.
Churchman (1971), também destacou alguns elementos dos sistemas.
1 – Diretrizes, objetivos, planos, projetos, metas;
2 – Entrada (input), saída (output), processamento, meio externo, variáveis endó-
genas, interface, ambiente externo, variáveis exógenas;
3 – Laços positivos (amplificadores) e laços negativos (estabilizadores);
4 – Sensor, medidor, controle, correção, retroação, homeostase, regulador, servo-
mecanismo, cibernética de segunda ordem;
5 – Ruído, entropia, antissistema, redundância.
Todo sistema compõe-se de sistemas de ordem inferior, ou subsistemas, que, por sua 
vez, fazem parte de um sistema de ordem superior. Desse modo, há uma hierarquia entre os 
componentes do sistema. A noção de hierarquia não está apenas relacionada aos níveis de 
subsistemas, fundamentando-se na necessidade de um abarcamento mais amplo ou de um 
conjunto de subsistemas que componha um sistema mais amplo, visando à coordenação das 
atividades e processos.
Além disso, os sistemas classificam-se também conforme gêneros. Podem-se pressupor 
duas condições extremas, os sistemas naturais (relativos à natureza) e os sistemas sintéticos 
(relativos ao homem). Os sistemas, em relação à sua interação com o meio ambiente, têm 
sido classificados como fechados ou abertos, embora na realidade nenhum deles se apresen-
te sob essas formas extremas, cabendo uma interface de fronteira e condições.
Uma distinção importante para a teoria da organização sistêmica é a classificação das 
organizações em sistemas fechados ou abertos. 
2.1.1 Sistema fechado
Um sistema fechado é aquele que não realiza intercâmbio com o seu meio externo, ten-
dendo necessariamente para um progressivo caos interno, desintegração e morte. 
Nos sistemas produtivos arcaicos e antigos, a organização era considerada suficien-
temente independente para que seus problemas fossem analisados em torno de estrutu-
ra, tarefas e relações internas formais, sem referência alguma ao ambiente externo, pois as 
atenções estavam concentradas apenas nas operações internas da organização, adotando-se, 
para isso, enfoques racionalistas.
Os sistemas fechados, de acordo com o segundo princípio da termodinâmica, devem 
alcançar um estado de equilíbrio em que o sistema permanece constante no tempo e os 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
24 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
processos param. O estado de equilíbrio eventualmente alcançado nos sistemas fechados é 
determinado pelas condições iniciais, significando que a característica principal do sistema 
fechado é a tendência inerente à movimentação para um equilíbrio estático e à entropia, isto 
é, o grau de desordem do sistema Churchman (1971). 
Percebe-se que uma empresa cujo objetivo é permanecer funcional, dificilmente se en-
caixará neste tipo de sistema, especialmente pelas múltiplas e heterogêneas relações que ela 
deve ter para suportar as oscilações do mercado. 
2.1.2 Sistema aberto
Todo sistema que troca matéria e energia com o seu meio externo é denominado 
aberto. Nos modelos de produção da atualidade, a empresa é um sistema aberto, pois 
possui um sistema mantido em importação e exportação de produtos e relações, em 
construção e destruição de componentes materiais, com total troca de matéria com o 
meio (MALHADAS JUNIOR, 2010).
O mesmo autor discorre que, em um sistema aberto, são característicos quatro elemen-
tos básicos:
a) Objetivos: são partes ou elementos do conjunto. Dependendo da natureza do 
sistema, os objetivos podem ser físicos ou abstratos.
b) Atributos: são qualidades ou propriedades do sistema e de seus objetos.
c) Relações de interdependência: um sistema deve possuir relações internas com 
seus objetos. Essa é uma qualidade definidora crucial dos sistemas. Uma relação 
entre objetos implica um efeito mútuo ou interdependência.
d) Meio ambiente: os sistemas não existem no vácuo; são afetados pelo seu meio 
circundante (MALHADAS JUNIOR, 2010, p. 9, 10, 13).
Os sistemas abertos podem, uma vez pressupostas algumas condições, alcançar um 
estado constante de equilíbrio, de modo que os processos e o sistema como um todo não 
chegue a um repouso estático. Ou seja: se em um sistema aberto é alcançado em um estado 
constante independentemente do tempo, esse estado é independente das condições iniciais 
e depende apenas das condições atuais do sistema.
2.1.3 Integração conceitual e gestão
A teoria geral dos sistemas tem como função integrar as ciências. Essa integração não 
tem como objetivo de reduzir tudo ao nível da física, mas sim na elaboração de leis que sir-
vam para todas as áreas.
A concepção humana de desenvolvimento está muito ligada ao desenvolvimento de 
novas tecnologias e inventos, que inclusive levaram a grandes catástrofes da atualidade 
como, por exemplo, desastres ambientais inimagináveis, como o caso do rompimento das 
barragens de Mariana em Minas Gerais, no ano de 2015, ou mesmo as mudanças climáti-
cas que têm alterado de maneira significativa os ambientes em diversas regiões do mundo. 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
25
É possível que, se tratarmos o mundo como uma grande organização, daremos mais impor-
tância aos seres vivos, pois eles são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas, que 
por sua vez são fundamentais para fornecerem recursos naturais para a manutenção dos 
padrões de desenvolvimento e de consumo da atualidade.
Neste cenário, um instrumento que pode ser útil para o direcionamento e solução de 
diversos tipos de problemas de insustentabilidades socioambientais, econômicas, históricas 
ou culturais é a implementação dos denominados sistemas de gestão. 
Segundo Viterbo Júnior (1998, p. 15): 
Os objetivos básicos do sistema de gestão são o de aumentar constantemente o 
valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no 
segmento de mercado ocupado (através da melhoria contínua dos resultados 
operacionais), a satisfação dos funcionários com a organização e da própria so-
ciedade com a contribuição social da empresa e o respeito ao meio ambiente.
O sistema de gestão,quando bem organizado e implantado, pode gerar, por exem-
plo, o controle sobre a utilização de matérias-primas e insumos advindos da natureza, 
bem como a definição de objetivos e metas, o que implica muitas vezes na otimização de 
processos produtivos e podem trazer redução do desperdício e da geração de resíduos 
sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, além de gerar um ambiente de traba-
lho favorável ao trabalhador, seja em sua segurança, seja em sua satisfação, além é claro 
do maior respeito com os consumidores e/ou moradores situados nas áreas de influência 
direta dos processos produtivos.
2.2 Sistemas de gestão integrada
As mudanças sociais, políticas, econômicas e ambientais são evidentes na atualidade. A 
propagação da internacionalização de mercados, a chamada globalização, tem sido um dos 
impulsionadores desse processo. Os países têm criado mecanismos de defesa de seus inte-
resses econômicos, e em conjunto com o setor empresarial, seja com confederações, sindica-
tos, associações etc., o fortalecimento de sua economia, levando em consideração, portanto, 
essas mudanças na sociedade (MORAES, 2013).
A partir do início da década de 1980 começou a ficar evidente que as crescentes exigên-
cias do mercado, os aspectos custo e qualidade, aliados a uma maior consciência ecológica, 
geraram um novo conceito de qualidade, holística e orientada, também, para a qualidade 
de vida.
O “meio ambiente” adquire neste contexto uma nova dimensão: passa de uma conota-
ção essencialmente local para uma concepção global, é reconhecido como bem econômico e 
sujeito a mecanismos de mercado, é incorporado nas estratégias individuais e coletivas dos 
diferentes agentes sociais.
Somado a isto, os direitos trabalhistas e sociais também fizeram parte das exigências dos 
modos de produção pressionados por mercados consumidores, especialmente o europeu 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
26 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
que, por meio das transações de mercado e comércio, começam a impor medidas de respeito 
às formas de produção, sejam elas ao meio ambiente e ao trabalhador.
Desta forma, o sistema de gestão integrado (SGI) que busca correlacionar inúmeras prá-
ticas de qualidade, segurança e saúde ocupacional, meio ambiente, responsabilidade social, 
segurança de alimentos, entre outros, conforme especificidades de cada empresa, quando 
adotado e implantado nos sistemas de gestão das empresas, tem como características a bus-
ca da melhoria contínua de seus processos, produtos e serviços, melhorando assim a qua-
lidade dos seus produtos, seus mercados de negócios e imagem perante os consumidores.
De acordo com Bio 3 Meio Ambiente e Sustentabilidade (2016), uma empresa de con-
sultoria em sustentabilidade empresarial, entre as ações de um sistema de gestão ambiental 
estão a busca contínua pela excelência em qualidade em todos os seus serviços e a satisfação 
dos clientes, a capacitação profissional, o incentivo ao comportamento ético e responsável, 
o atendimento às legislações aplicáveis e a preservação do meio ambiente e da integridade 
física de seus colaboradores.
Uma das empresas mais complexas em sistemas de gestão atualmente no Brasil, pela 
sua característica de produção, é a Petrobras, que mantém relações comerciais internacio-
nais de grande fluxo econômico com inúmeros países de todos os continentes. Em seu portal 
on-line (2016), aborda que o Sistema de Gestão Integral é um conjunto de práticas inter-rela-
cionadas que atendem aos requisitos das seguintes normas vigentes no Brasil:
• NBR ISO 9001:2008 – Sistema de gestão da qualidade
Objetivo: Sistema de gestão com abordagem por processos para atendimento a requisi-
tos dos clientes.
• NBR ISO 14001:2004 – Sistema de gestão ambiental
Objetivo: Sistema de gestão ambiental que leva em conta requisitos legais, requisitos 
próprios, aspectos e impactos ambientais significativos, permitindo controlar os riscos de 
acidentes ambientais.
• OHSAS 18001:2007 – Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional
Objetivo: Sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional que leva em conta requi-
sitos legais, requisitos próprios, perigos e danos, permitindo controlar os riscos de acidentes 
e doenças ocupacionais.
O cumprimento de tais normas dá o direito da aquisição da certificação do SGI e de-
monstra o comprometimento da empresa, seja ela na industrialização, comercialização, dis-
tribuição de produtos e prestação de serviços com qualidade, respeitando o meio ambiente 
e zelando pela saúde e segurança da sua força de trabalho e parceiros.
O início do processo da implantação de um SGI, seja para empresas do setor público ou 
privado, ocorre nas tomadas de decisões de seus dirigentes por meio do comprometimento 
e entendimento de que este processo trará benefícios a curto, médio e longo prazo. Para isso, 
será necessário ocorrer um aporte financeiro, que não deve ser entendido como custos, mas 
sim como investimento, e que será compensado ao longo do tempo com o aprimoramento 
dos processos produtivos, por meio de uma metodologia de melhoria contínua. 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
27
Ao optar pela adoção deste conjunto de normas citadas, a empresa irá estabelecer uma 
política de gestão diferenciada que, dependendo do mercado com quem faz negócio, poderá 
fazer toda a diferença para fechar novos contratos ou mesmo manter os já existentes. Esta 
política de SGI deverá englobar a busca pela melhoria contínua e o respeito pelo meio am-
biente e por seus colaboradores, bem como outros aspectos relacionados ao negócio.
Uma característica marcante dos SGI é almejar a melhoria contínua dos processos pro-
dutivos e estabelecer indicadores de avaliação para a qualidade, para o meio ambiente e 
para a saúde e segurança do trabalhador. Estes indicadores medirão o desempenho de cada 
atividade e são personalizados para cada negócio e tipo de atividade produtiva.
Os indicadores devem abranger a totalidade de possíveis situações que possam gerar 
impactos negativos pelos processos produtivos. No quadro 1, estão apresentados alguns 
exemplos de indicadores de monitoramento da qualidade.
Quadro 1 – Exemplos de indicadores de monitoramento da qualidade.
Fator analítico Indicadores
Qualidade
- número de produtos com defeitos;
- insatisfação do consumidor;
- horas de produção paralisadas;
- controles de estoques.
Meio ambiente
- consumo de água nos processos de produção;
- quantidade de resíduos gera-
dos por quantidade produzida;
- emissão de poluentes por falta de ma-
nutenção de mecanismos de controle.
Saúde e segurança operacional
- número de acidentes de trabalho; 
- número de dias sem ocorrência de acidentes;
- número de horas de treinamento;
- uso adequados de equipamen-
tos de proteção individual.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Um dos benefícios da implantação de um sistema de gestão integrada para uma empre-
sa que adota esta metodologia é a melhoraria de seus processos internos de forma competi-
tiva, garantindo o atendimento de padrões internacionais.
Uma vez com a adoção do SGI, a organização pode atender a todas as exigências das 
regras certificadoras de uma só vez e obter um único sistema de gestão documentado por 
organismos certificadores. 
Os organismos certificadores fazem auditorias periódicas após a certificação inicial, 
afim da fiscalização do cumprimento das regras visando à manutenção dos certificados, 
por meio de renovações que são feitas por períodos que variam para cada setor produtivo. 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
28 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
As auditorias podem ser internas ou externas e abrangem as três esferas do SGI (quali-
dade, meio ambiente e saúde e segurança no trabalho) e reduzem os custos das auditorias 
individuais que seriam feitas de forma individualizada, caso a empresaoptasse por um 
sistema de certificação que não seja integrado, significando, assim, menos interrupções nos 
negócios com maior racionalidade.
Logo, os benefícios do sistema de gestão integrada podem ser listados no quadro 2 e 
que abrangem as múltiplas dimensões dos sistemas produtivos.
Quadro 2 – Exemplos de benefícios do sistema de gestão integrada.
Dimensão Benefícios
Produtividade
Melhoria de qualidade e aumento da pro-
dutividade em produtos e serviços.
Economia de tempo e custos por meio da oti-
mização dos processos de trabalho.
Comunicação
Transparência dos processos internos e redução da 
burocracia por meio da gestão documental.
Fortalecimento da imagem da empresa e au-
mento na participação no mercado.
Melhoria do relacionamento com todas as par-
tes interessadas (clientes, colaboradores, fornece-
dores, sociedade, meio ambiente e acionistas).
Econômicos
Satisfação dos critérios dos investidores estra-
tégicos e melhoria do acesso ao capital.
Possibilita a redução dos custos de seguros.
Gestão ambiental
Oportunidades para conservação de re-
cursos ambientais e energia.
Permite a consideração de custos ambientais e de se-
gurança em paralelo com os custos da qualidade.
Prevenção de reclamações, redução dos riscos 
e impactos ambientais, além dos riscos de aci-
dentes com os colaboradores por meio da ado-
ção e priorização de práticas de prevenção.
Demonstrar, para reguladores e governo, um compro-
metimento em obter conformidade legal e regulatória.
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.3 Benefícios e avanços para 
produtores e consumidores 
Para Antunes, (2013) e Bio 3 Meio Ambiente e Sustentabilidade (2016), o sistema de 
gestão integrada, quando adotado, traz benefícios significativos nos processos produtivos 
em relação aos próprios produtores e os seus consumidores.
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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No quadro 3 estão relacionados alguns benefícios na relação produção e consumo.
Quadro 3 – Alguns benefícios na relação produção e consumo.
Cadeia produtiva Benefícios
Produção
Melhoria da imagem da organização no âm-
bito nacional e internacional.
Redução dos recursos internos e infraestru-
tura necessária para a manutenção e melho-
ria contínua dos sistemas de gestão.
Melhoria do treinamento, conscientiza-
ção e competência da força de trabalho.
Redução da complexidade do sistema de gestão.
Cadeia produtiva Benefícios
Produção
Aumento da confiabilidade e disponibilidade dos 
processos, atividades, produtos e serviços.
Melhoria do desempenho organizacional competitivo.
Redução de custos e investimentos de implantação, certi-
ficação, manutenção e auditoria dos sistemas de gestão.
Formação de uma equipe integrada na empresa, va-
lorizando desde os cargos de alta cúpula da dire-
toria até servidores e prestadores de serviços.
Melhoria da satisfação dos trabalhadores da empresa.
Redução nos custos com treinamento.
Eliminação da manutenção dos múltiplos sistemas.
Redução do retrabalho e inconsistências.
Maior controle sobre a operação da empresa.
Eliminação de interfaces entre sistemas isolados.
Melhoria da qualidade da informação.
Otimização global dos processos da empresa.
Padronização de informações e conceitos.
Eliminação de discrepâncias entre informa-
ções de diferentes departamentos.
Consumidor
Melhoria da satisfação e da confiança das partes in-
teressadas (acionistas, clientes, força de trabalho; for-
necedores, comunidade, das ONGs e governo).
Melhoria das comunidades viventes nas áreas de in-
fluência direta da atividade produtiva.
Transparência das práticas produtivas.
Melhoria do produto em si.
Garantia de qualidade ambiental nas fontes de matérias-primas.
Justiça socioambiental.
Fonte: Elaborado pelo autor.
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qualidade; saúde e segurança
30 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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Os benefícios gerados pelo sistema de gestão integrada vão além de práticas e lógi-
cas mercadológicas. Uma vez implantados, eles podem despertar a cidadania libertária de 
crianças, jovens e adultos. A noção de direitos e deveres proporcionados pelas práticas do 
SGI transcendem meros interesses individuais ou empresariais e traduzem uma nova visão 
de mundo, que reflete a responsabilidade de cada pessoa na construção de valores coletivos 
plenos, plurais e democráticos que assegurem o bem-estar humano e o respeito a todas as 
formas de vida em suas mais variadas manifestações.
Neste contexto, aflora o tema consumo sustentável que incorpora nas cadeias produti-
vas a consciência crítica do impasse em que nos encontramos, no que tange à crise ambiental 
mundial, seja pela escassez de água, redução da biodiversidade, mudanças climáticas ou 
mesmo escassez de alimentos. Promove-se a reflexão da necessidade de alteramos os pa-
drões de consumo afim da manutenção do mesmo, conservando os recursos, para garantir 
o direito das pessoas a uma vida saudável. 
Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil (2005), o consumo sustentável não 
está limitado a mudanças comportamentais de consumidores individuais ou a mudanças 
nos processos produtivos e de serviços para atender estes consumidores, que possuem como 
característica ser mais críticos. No entanto, não se deixa de enfatizar o papel dos consumi-
dores, porém priorizando suas ações, individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas 
de cidadania e somado a isto o conceito de que “consumir é um ato político”, capaz de gerar 
mudanças de interesse da coletividade. 
Os sistemas de gestão integrada devem atender às legislações aplicadas para cada setor 
produtivo e estas podem ser aprimoradas por sugestões dos consumidores, gerando um 
ciclo sistêmico aberto, em que as práticas produtivas são constantemente aprimoradas pelos 
padrões de consumo.
Exemplos desta prática estão acontecendo por todo o mundo e no Brasil podemos des-
tacar as regras legais da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aplicáveis 
em inúmeros processos produtivos, que são frequentemente revisadas. Citamos também 
a melhoria dos processos de produção agrícola que, pela agroecologia, tem aprimorado de 
maneira significativa a qualidade dos alimentos associados com inclusão social, geração de 
trabalho e renda e conservação da natureza. Isto tem sido fomentado por um tipo de consu-
midor crítico e preocupado com a coletividade que cresce ano a ano. 
Portanto, um sistema de gestão em determinado processo, corretamente certificado, 
pode induzir:
• à adoção de tecnologias cada vez mais limpas e à melhoria do produto final;
• à responsabilidade civil da organização por danos causados ao meio ambiente e 
defeitos nos produtos, que também passa a ser mais conhecida;
• à detecção, no caso de algum problema, que se torna mais fácil, e à rastreabilidade 
no processo, que permite que este seja corrigido com mais rapidez e agilidade.
Um certificado de gestão sempre será elemento muito importante na defesa da organização 
em caso de disputa judicial, funcionando como atenuador, já que a organização pode demons-
trar preocupação de práticas com a prevenção e consequentemente com o meio ambiente.
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
31
Desta forma, após o diagnóstico para as principais necessidades da empresa, o siste-
ma de gestão integrada irá organizar a implantação de métodos específicos para cada área 
da empresa, para promover mudanças como, por exemplo, cortes que precisam ser feitos, 
métricas e indicadores que precisam mudar, como o trabalho precisa ser reorganizado etc. 
Assim, o sistema começará a dar resultados para o crescimento desejado da empresa.
Mesmo que o sistema de gestão integrada seja implantado com efetividade, é necessá-
rio que todos da empresa participem dos processos de gestão. Isto eleva a autoestima dos 
funcionários, que terão clareza sobre sua importância na empresa, melhorando seus rendi-
mentos e,como consequência, a produtividade. 
Neste sentido, quando um sistema de gestão integrada entra em operação, há mais in-
formação com protocolos padronizados e, desta forma, um setor trabalha em prol do outro; 
há, portanto, um melhor processo de participação nas decisões dentro da empresa. Como 
resultado, ocorre um maior controle da qualidade do trabalho, os funcionários possuem 
mais tempo para desenvolverem outras atividades e mais agilidade para que a empresa 
possa crescer e se tornar resiliente nos mercados competitivos.
 Ampliando seus conhecimentos
Metodologia para gestão integrada da 
qualidade, meio ambiente, saúde e segurança 
no trabalho
(SOUZA, 2000) 
Existe um processo de mudança nos valores e crenças, que servem de 
paradigma à vida em sociedade, ocorrendo atualmente. Os novos valores 
em construção, bases do paradigma em formação, estão sendo delineados 
a partir de certos limites que o mundo presente está impondo sobre o 
futuro. Entre estes limites estão a preservação do meio ambiente, a “fini-
tude” da energia sob forma de baixa entropia, o declínio do crescimento 
econômico e a questão da unidimensionalidade do ser humano.
Nos últimos anos, alguns valores e crenças que darão forma ao novo para-
digma estão se construindo. O primeiro valor a ser incorporado é a inte-
gração entre homem e natureza.
Também aparece o confinamento das organizações ao seu espaço, que 
associado ao uso da tecnologia possibilita a libertação do homem das 
atividades mais operativas. Com isto novas formas de lazer e ocupação 
podem ser desenvolvidas. Ressurgem também os valores comunitários, 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
32 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
a convivência e a solidariedade que são básicos para o novo paradigma. 
Todos estes valores privilegiam o ser humano, sua participação na cons-
trução do bem comum e a possibilidade objetiva de se estruturar uma 
nova sociedade, com valores novos onde o homem possa voltar a viver 
sua multidimensionalidade (SALM, 1996).
No ambiente empresarial o principal reflexo da rapidez das mudanças é 
a acentuada competitividade. Adicionada à esta, os diferentes ambientes 
apresentam também diferentes limitações, a escassez de recursos como 
mão-de-obra qualificada, matéria prima, infraestrutura, entre outros, 
é sentida em todos os setores. Como consequência, empresas de todo o 
mundo percebem a necessidade de utilizarem seus recursos de maneira 
eficiente, para que possam manter ou ganhar novos mercados, assegu-
rando sua sobrevivência.
Dentro deste prisma, algumas organizações preocupadas em acompanhar 
a evolução natural de seus ambientes externos, estão empenhando-se em 
alcançar o máximo com o mínimo. Para tanto utilizam todos os seus recur-
sos, humanos e tecnológicos, ao máximo de cada um. Para que isto possa 
ser obtido, muitas mudanças na realidade organizacional ocorreram, 
podendo estas ter ocorrido em nível de cultura organizacional, estrutura 
organizacional, tecnologia, recursos humanos, entre outros.
Muitas destas mudanças, porém, não tem alcançado o resultado espe-
rado, apesar de apresentarem altos custos envolvidos tanto para as pes-
soas quanto para as organizações.
Devido a isto, surge a necessidade de abordar a interface homem-organi-
zação de maneira inovadora, o que desencadeou o surgimento de novas 
teorias e conceitos. Muitas das teorias sobre gerenciamento, comporta-
mento humano, sistemas, e organizações que emergiram neste século, 
tentam explicar comportamentos e características peculiares aos seus 
objetos de estudo. 
O conceito da Teoria Geral dos Sistemas desenvolvido por Von Bertalanffy 
em 1968 (apud MORO, 1997) serviu como base teórica para o surgimento 
de muitas das novas teorias, e ainda hoje influencia novas correntes de 
pensamento tendo grande importância para a melhor compreensão das 
organizações e sua inserção na sociedade. 
O enfoque da Teoria Geral dos Sistemas ou enfoque sistêmico, tem 
possibilitado a investigação de diversos mecanismos e ferramentas 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
33
desenvolvidos para otimizar o desempenho organizacional. Intrínseca a 
maioria destas ferramentas, encontra-se a preocupação com os colabora-
dores. Qualquer sistema gerencial que tenha como objetivo primordial a 
melhoria da qualidade e da produtividade de suas ações deve ter o meio 
ambiente, a saúde e segurança, e a qualificação do pessoal como fatores 
constantes. No entanto, estas condicionantes têm sido negligenciadas e 
tomam-se, em muitos casos, as principais responsáveis pelo fracasso nas 
tentativas de implementação de novas filosofias gerenciais e operacionais 
nas organizações.
Empregar recursos na melhoria das condições de trabalho dos colabora-
dores somente era considerado como um investimento pelos empresários 
de alguns setores industriais mais desenvolvidos. Considerando porém, 
que estes recursos resultam no crescimento qualitativo e quantitativo da 
produção e na consequente elevação dos benefícios para a empresa, cabe-
ria a organização como um todo, desde a alta direção até os escalões mais 
baixos buscar a formação e implementação de políticas de gerenciamento 
da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança que tornem as mesmas 
competitiva no mercado.
Adicionado a este fator, as novas metodologias de abordagem sistêmica 
têm possibilitado uma mais ampla compreensão das repercussões que a 
qualidade, o meio ambiente e a saúde e segurança dos colaboradores da 
organização podem gerar para o alcance de um desempenho organizacio-
nal satisfatório.
No campo social também existe um processo de conscientização e evolu-
ção dos conceitos de qualidade. A busca pela melhoria da qualidade de 
vida dos seres humanos inclui as melhorias das condições de trabalho, no 
enfoque mais básico destas necessidades encontra-se o meio ambiente e 
a saúde e segurança no trabalho. Este processo de conscientização gera 
novas exigências da sociedade, as quais são refletidas atualmente através 
das crescentes exigências de legislação e pressão dos sindicatos.
 Milhares de empresas em todo o mundo estão descobrindo que os seus 
sistemas da qualidade também podem ser utilizados como base para o 
tratamento eficaz das questões relativas ao meio ambiente e a saúde e 
segurança no trabalho. Afinal, com a publicação das normas internacio-
nais da série ISO 9000, sobre sistemas de garantia da qualidade, da série 
ISO 14000, sobre sistemas de gestão ambiental, e do guia britânico BS 
8800, sobre sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho, essa uti-
lização do sistema de gestão integrada está bastante facilitada. Múltiplos 
Sistemas de Gestão Integrada: ambiental; 
qualidade; saúde e segurança
34 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
2
sistemas de gestão, onde somente um bastaria, são ineficientes, difíceis 
de administrar e difíceis de obter o efetivo envolvimento das pessoas. É 
muito mais simples obter a cooperação dos funcionários para um único 
sistema do que para três sistemas separados. 
Além do mais, a sinergia gerada pelo sistema de gestão integrada tem 
levado as organizações a atingir melhores níveis de desempenho, a um 
custo global muito menor.
 Atividades
1. Escolha um tipo de sistema (sistemas, sistema operacional, sistema administrati-
vo e sistema de informação) e faça um organograma de algum meio a sua esco-
lha (gestão domiciliar (de sua casa), de sua escola, trabalho, etc.) na aplicação prá-
tica da teoria de sistemas. Correlacione as entradas e saídas de fluxos presentes no 
sistema escolhido.
2. Identifique em sua cidade ou região uma ou duas empresas que possuem o Siste-
ma de gestão integrada (SGI) e faça uma análise contrastando com outra(s) que não 
possuem o SGI. Por meio de uma matriz, correlacione os principais aspectos de um 
SGI como, por exemplo, licenças ambientais, relação com a comunidade, projetos 
desenvolvidos pelaempresa etc. Faça uma coluna de avaliação em que fique de livre 
escolha a forma de pontuar (bom-ruim, escala numérica de 0-10 etc.)
3. Com as mesmas empresas pesquisadas no exercício 2, faça uma correlação quanto 
aos benefícios tanto para a parte produtiva como para os consumidores em se ter 
um sistema de gestão integrada. Esta correlação pode ser feita por meio de tabelas, 
gráficos ou de forma descritiva.
 Referências
ANTUNES, Mariana do Amaral. Quais as vantagens de um sistema de gestão integrada? Artigo 
publicado em 2013. Disponível em: <www.geminisistemas.com.br/quais-as-vantagens-de-um-
sistema-de-gestao-integrada/>. Acesso em: 15 out. 2016.
BIO 3 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Sistema de gestão integrado. Disponível em: 
<http://www.bio3consultoria.com.br/sistema-de-gestao-integrado/>. Acesso em: 12 out. 2016.
CHURCHMAN, CN. Introdução à teoria de sistemas. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1971.
DARTMOUTH COLLEGE. The PDCA Cycle. Dartmouth Medical School, Hanover (USA), 2000.
MALHADAS JUNIOR, M.J.O. Conflitos organizacionais à luz da teoria geral dos sistemas. In: 
V!RUS. n. 3. São Carlos: Nomads.usp, 2010. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/
virus03/submitted/layout.php?item=6&lang=pt>. Acesso em: 16 out. 2016.
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 37
3
Gestão Ambiental pelas 
normas da série ISO 14 000, 
certificação e auditoria
Introdução
As políticas econômicas do pós Segunda Guerra Mundial trouxeram uma men-
talidade para as empresas de uma visão estritamente econômica. Como consequên-
cia desta maneira de visualizar os mercados e de produzir, tem-se gerado grandes 
impactos ambientais, tornando os recursos naturais escassos, inclusive muitas fontes 
de matérias primas para a própria indústria. Estes modos de produção têm gerado 
discussões e geraram reflexões e mudanças na sociedade com o surgimento de novos 
conceitos em relação à segurança no trabalho, proteção e defesa do consumidor, qua-
lidade dos produtos e agravamento da degradação ambiental. Para abordar esta temá-
tica, este capítulo irá discorrer sobre o sistema de gestão ambiental nas empresas, a 
série ISO 14 000 e as características dos processos de certificação e auditoria. 
Gestão Ambiental pelas normas da 
série ISO 14 000, certificação e auditoria
38 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
3
3.1 Sistema de gestão ambiental
O meio ambiente é um bem de interesse difuso e da coletividade, pois os recursos na-
turais como água, solo, biodiversidade são vitais para a sobrevivência de todas as formas 
de vida. Sendo assim, a discussão sobre como devem ser geridos os aspectos ambientais é 
fundamental na atualidade com uma demanda prioritária da integração entre o ambiente, 
economia e sociedade.
A gestão ambiental tem uma ligação direta com o termo Ökologie (Ecologia) que provém 
do antigo vocábulo grego oikos que significa casa, lugar onde se habita. Os termos oikopoióse 
e oikonomos expressavam a ação de fazer habitável a casa ou a gestão da casa. 
O oikos na época da cultura clássica era a unidade básica de produção e satisfação das 
necessidades vitais do cotidiano, e o oikonomos (economia) estava vinculado com as regras 
de gestão dos bens ou rendimentos domésticos. Nas sociedades modernas, fazer gestão de-
fine-se como a ação de dirigir, regular, governar, administrar. 
Neste contexto, gestão ambiental pode ser entendida como a ação de gerir o ambiente, 
sendo este compreendido pelos recursos naturais e pelas relações sociais. Estas relações po-
dem se originar no trabalho ou em casa, ou ainda, serem ampliadas no âmbito dos bairros, 
cidades e regiões. Podem, ainda, envolver diferentes países, continentes, oceanos ou o pla-
neta como um todo. Como exemplo de uma gestão global, é possível citar a Organização das 
Nações Unidas – ONU, que realiza diversas conferências de gestão ambiental, abordando as 
mudanças climáticas, biodiversidade, recursos genéticos etc.
Um passo importante que a sociedade global deu no sentido da integração das questões 
econômicas, ambientais e sociais foi o documento produzido pela ONU em 1987 chamado 
“Nosso Futuro Comum” ou “Relatório de Brundtland”. Esse documento foi o alerta sobre 
os recursos naturais serem limitados e, portanto, termos que buscar meios de proporcionar 
o bem-estar das gerações futuras, mas sem ignorar as necessidades da geração atual que já 
sofre por causa das disparidades sociais. Este documento trouxe pela primeira vez o con-
ceito de desenvolvimento sustentável que tem como objetivo integrar e compatibilizar o 
desenvolvimento econômico e social e a qualidade ambiental (CAVALCANTI, 2012).
Depois da divulgação do Relatório de Brundtland, amplamente debatido na Conferência 
Internacional para o Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 
1992, a chamada RIO 92, os sistemas de gestão ambiental como, por exemplo, as normas 
da série ISO 14 000, Certificação FSC, Global Reporting Initiative – GRI; ISE – Índice de 
Sustentabilidade Empresarial; Análise dos Indicadores Ethos e o CDP – Carbon Disclosure 
Project começaram a se desenvolver e têm crescido consideravelmente como uma opção de 
gestão das organizações produtivas para equilibrarem suas necessidades de recursos natu-
rais, padronizando seus processos produtivos, visando reduzir custos de produção e melhor 
imagem perante os seus consumidores. 
O processo de implantação de um sistema de gestão ambiental em indústrias gera mu-
danças significativas na cultura e estrutura destas empresas, transformando os modos ope-
rantes e a mentalidade dos seus trabalhadores, gestores e consultores. 
Gestão Ambiental pelas normas da 
série ISO 14 000, certificação e auditoria
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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39
Diante de um cenário competitivo e com consumidores mais críticos e exigentes com re-
lação à qualidade dos produtos desde sua fase inicial de sua cadeia produtiva até o consumo 
final, as empresas têm a necessidade de reduzir os custos e adequar os produtos e processos 
de produção às necessidades do mercado, respeitando as questões ambientais. Como exem-
plo, as empresas devem priorizar o manejo sustentável de recursos naturais, que são fontes 
de matérias primas, e também ter cuidados com a emissão de resíduos, sejam eles líquidos, 
sólidos ou gasosos.
Desta forma, o consumo responsável se tornou um ato político que tem pressionado as 
empresas a modernizarem seus sistemas de gestão para que proporcionem maior qualidade 
de produtos, viabilizem e suportem inovações tecnológicas, contribuam com o desenvolvi-
mento sustentável, garantam o aumento da competitividade e, consequentemente, da sua 
própria lucratividade.
Na busca de atender o consumo mais criterioso e para o cumprimento de legislações 
específicas sobre meio ambiente, os sistemas de gestão ambiental têm sido uma das alterna-
tivas amplamente implantadas nas empresas para alcançarem estes objetivos. 
Em função desta pressão para administrar melhor a questão ambiental, as empresas 
que implantam um sistema de gestão ambiental têm que mudar sua cultura com a formali-
zação e padronização de novos procedimentos operacionais, além do incentivo ao monito-
ramento e à melhoria contínua, possibilitando a redução da emissão de resíduos e o menor 
consumo de recursos naturais.
Vale ressaltar que a melhoria contínua é uma estratégia de gestão aplicada com a utili-
zação de métodos sistemáticos a serem incorporados por equipes multifuncionais e interdis-
ciplinares de todos os setores da empresa. Permite uma avaliação rigorosa e criteriosa sobre 
os problemas crônicos que afetam os resultados, observando suas causas de origem e per-
mitindo o desenvolvimento de planos de ação para a solução e adequação dos problemas.
Gonzales (2011), citando Jager et al. (2004), sugerem um modelo para a prática da me-
lhoria contínua que busca integrar entendimento, competências, habilidades e comprome-
timento das pessoas no sistema de produção da empresa. Uma vez que o mercado está 
ficando maiscompetitivo, fazer inovações para o atendimento de novas tecnologias se faz 
importante para a sobrevivência de uma empresa, principalmente para atender os limites 
dos recursos naturais e necessidades humanas. 
Quadro 1 – Modelo para a prática da melhoria contínua nas empresas.
Melhoria da organização
Entendimento Competências Habilidades Comprometimento
Buscar Qual método Potencialidades Pró atividade
O que melhorar? Como melhorar? Requisitos para melhorar? Prontidão para melhorar?
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os sistemas de gestão ambiental podem ser sintetizados como uma possibilidade de 
desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar as atividades organizacionais 
Gestão Ambiental pelas normas da 
série ISO 14 000, certificação e auditoria
40 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
3
relacionadas ao meio ambiente, visando ao cumprimento de instrumentos legais como 
leis, decretos, portarias e normas emitidas pelos órgãos federais, estaduais e municipais 
(SANCHES, 2013).
A incorporação desta cultura de gestão de empresas busca, além de contribuir com a 
responsabilidade social e com o cumprimento da legislação, identificar oportunidades de re-
dução do uso de materiais e energia, melhor destino de resíduos e melhorar a eficiência dos 
processos, reduzindo as pressões na demanda dos recursos naturais. Em alguns casos como, 
por exemplo, indústrias que usam água para arrefecer seus processos produtivos, situadas 
em polos industriais que possuem como características os recursos hídricos bem degrada-
dos como Cubatão/SP e Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, o tratamento de efluentes na 
própria indústria tem um resultado satisfatório na melhora da qualidade do resíduo líqui-
do, que em muitas vezes possui condições bioquímicas melhores do que o captado no curso 
d’água antes da entrada no processo.
Um sistema de gestão ambiental tem como objetivo fornecer às empresas instrumentos 
administrativos que permitem reduzir os danos ao meio ambiente, mas de modo que seus 
benefícios econômicos excedam aos custos de sua implantação.
O sistema de gestão ambiental deverá ser baseado em uma política ambiental docu-
mentada e conter os seguintes planos executivos.
Quadro 2 – Planos executivos de um sistema de gestão ambiental (SGA).
Indicador Ação
Atendimento à le-
gislação e processos 
administrativos
Objetivos, métodos e um cronograma para aten-
der aos requisitos ambientais e compromis-
sos assumidos de forma voluntária.
Procedimentos para manter a documentação adequada.
Responsabilidades para cada tarefa e dis-
ponibilidade de recursos.
Ações corretivas, preventivas e procedimentos de emergência.
Capacitação e 
Comunicação
Plano de treinamento de funcionários com atualizações perió-
dicas para definir metas do SGA, responsabilidades e riscos.
Monitoramento do SGA Plano de auditoria periódica do desempenho da organi-zação e como o SGA ajudou a atingir esses objetivos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em um sistema de gestão ambiental é importante priorizar alguns fatores ambientais 
que normalmente são comuns a todos os empreendimentos e também possuem normas 
legais especificas de proteção. São eles.
• Dejetos banais e perigosos;
• Poluições do ar, da água, sonora e visual;
• Consumo e economia de energia;
• Conhecimento das fontes de matérias-primas;
• Fauna e flora associadas à empresa.
Gestão Ambiental pelas normas da 
série ISO 14 000, certificação e auditoria
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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Dentro disto é possível estabelecer os principais objetivos de um sistema de gestão am-
biental a ser buscado pela empresa, que estão apresentados no quadro 3.
Quadro 3 – Principais objetivos de um sistema de gestão ambiental.
Objetivos de um sistema de gestão ambiental
Respeitar o direito ambiental;
Controlar os riscos para a área;
Controlar os custos dos dejetos;
Melhorar o desempenho do sistema de gestão com 
a introdução de um novo ângulo crítico;
Se diferenciar em relação à concorrência;
Valorizar a imagem da empresa.
Fonte: TEMPLUM. Adaptado. 
3.2 Série ISO 14 000
A sigla ISO significa Organização Internacional para Normalização (International 
Organization for Standardization). Tem sua sede localizada em Genebra, Suíça, e foi fundada 
em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, com uma estratégia de reorganização e recons-
trução econômica e produtiva dos países afetados pelas consequências desta guerra.
O principal objetivo da ISO é desenvolver e promover, por meio de sistemas de ges-
tão, normas e padrões que possam ser inseridos nas redes mundiais do setor econômico e 
produtivo e que busquem alinhar o consenso dos diferentes países do mundo de forma a 
fomentar e potencializar as relações comerciais internacionais. 
Na atualidade, 119 países são membros da ISO, e a representante do Brasil é a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que trabalha com 180 comitês técnicos (CT) e cente-
nas de subcomitês e grupos de trabalho nos aprimoramentos e validações das normas.
Passados quase 50 anos das primeiras iniciativas sobre a implantação de normas de ges-
tão ambiental – que teve sua primeira discussão na conferência das Nações Unidas realizada 
em Estocolmo (Suécia) no ano de 1972, em que se discutiu os limites do desenvolvimento 
com críticas severas aos modos desenvolvimentistas adotados e que vem sendo aplicados 
até a atualidade, percebeu-se que a implantação de um sistema de gestão ambiental não é 
algo simples e envolve critérios multifacetados dentro do campo econômico, social, ambien-
tal, político, cultura e educacional.
Foi a partir da Conferência das Nações Unidas, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a cha-
mada “Rio 92” ou “Eco 92”, que a ONU priorizou o fomento a esta prática de gestão por todos 
os países, lançando a norma ISO 14 000 como uma meta a ser alcançada pelas empresas.
A série ISO possui uma estrutura sistêmica e é regida por procedimentos e critérios, 
podendo destacar os seguintes:
• Política ambiental sustentada pela diretoria executiva e por acionistas da empresa;
Gestão Ambiental pelas normas da 
série ISO 14 000, certificação e auditoria
42 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
3
• Diagnóstico e mapeamento dos aspectos socioambientais e dos impactos significa-
tivos relativos à atividade da empresa;
• Levantamento de legislação aplicável e cumprimento das mesmas;
• Planejamento de objetivos e metas que sustentarão a cultura da certificação ambiental;
• Estabelecimento de um programa de gestão ambiental na empresa;
• Constante capacitação dos atores sociais envolvidos nos processos produtivos da 
empresa, visando ao conhecimento dos procedimentos e protocolos de gestão;
• Execução de um plano de comunicação do sistema de gestão ambiental para todos 
os atores sociais envolvidos nos processos produtivos da empresa;
• Elaboração de protocolos padronizados de monitoramento e controle operacional;
• Elaboração de um plano de contingenciamento de emergências;
• Diagnóstico e monitoramento dos significativos impactos ambientais gerados 
pela empresa;
• Elaboração de protocolos padronizados para corrigir não conformidade;
• Elaboração de protocolos padronizados para gerenciamento dos registros e 
ocorrências;
• Estabelecimento de cronograma de auditorias e eventuais correções de procedimentos;
• Monitoramento e replanejamento do sistema de gestão ambiental da empresa.
Por fim, a ISO 14 000 traz para dentro da empresa um processo de gerenciamento ba-
seado na melhoria contínua, garantindo redução ou mitigação dos impactos negativos re-
lativos ao meio ambiente com ações executivas de comando e controle no âmbito da gestão 
ambiental da empresa.
As normas ISO 14 000 tiveram sua elaboração por um comitê técnico da organização 
(ISO), que era constituído por inúmeros representantes dos países membros, e foram orga-
nizados e elaborados na década de 90, entre 1993 e 1996. Todas as normas de certificação, 
sejam elas para qualquer área, passam por um processo de aquisição de experiências,

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