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Bases Bíblicas Para o Aconselhamento

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Delvacyr Bastos Costa
Apresenta:
BASES BÍBLICAS PARA O 
ACONSELHAMENTO
Somente quando aprendermos a
ver nossas relações pastorais como
uma fonte vital de contemplação
teológica poderemos receber as
recompensas do ministério por
parte daqueles de quem cuidamos.
Henri Nouwen
Falar de aconselhamento
pastoral é referir-se a um
ministério que vai muito
mais além de meras
técnicas de entrevista ou
de um receituário de
coisas que se deve
realizar. Diz respeito a
uma abordagem
interdisciplinar na qual
também está presente a
Bíblia e a Teologia.
Até que ponto a Palavra e a Teologia são
importantes no aconselhamento pastoral?
Quais são os fundamentos bíblicos e
teológicos aos quais não se pode renunciar
e que todo pastor ou conselheiro deve levar
sempre em conta em sua tarefa de
aconselhar pessoas? Como nossos
conceitos teológicos influenciam na maneira
como tratamos as pessoas quando vêm
pedir orientação para suas vidas?
O tema é importante porque
do tipo de bases bíblicas e
teológicas que tenhamos
dependerá nossa forma de
tratamento, aconselhamento
e, por fim, a orientação ou
desorientação definitiva que
daremos aos nossos
aconselhados.
Em um sentido global, podemos dizer que
todos os temas da teologia cristã entram em
jogo no aconselhamento cristão: Deus, Cristo,
humanidade, pecado, Cristologia, Soteriologia,
santificação e até mesmo a Escatologia.
Existem, no entanto, certos temas e
perspectivas que sempre estarão presentes,
consciente ou não, na tarefa do
aconselhamento. Esses temas são: nossa
idéia de Deus, a dignidade da pessoa humana
e a salvação como plenitude humana.
Abordaremos esses temas em uma
perspectiva pastoral.
NOSSA IDÉIA DE DEUS
O que é Deus, como é Deus, como atua
Deus, são algumas das perguntas que um
cristão não pode ignorar. Mas, elas lhe
interessam? Não somente aos demais. Por
si mesmas, parecem-lhe importantes?".
A maneira como concebemos e
entendemos Deus e, inclusive, das
imagens que vamos forjando acerca dele,
depende em grande parte nosso modo de
viver e de ministrar às pessoas.
Pensemos nas idéias que as pessoas
em nossa cultura latino-americana têm
em comum a respeito de Deus. Uma
dessas imagens, abundantes na
narrativa latino-americana, é a de um
Deus cruel e algoz.
Outra imagem ou idéia
equivocada de Deus é a de
uma espécie de "Papai Noel",
um velhinho bondoso que está
disposto a atender nossos
pedidos mais estranhos e
extravagantes. É o pólo oposto
da imagem anterior. Neste
caso, trata-se de um Deus que
está a serviço dos seres
humanos para ser manipulado
segundo seus caprichos.
Esta idéia está muito presente em alguns
dos cenários evangélicos de hoje,
sobretudo entre os chamados
neopentecostais, que se expandem com
suas ofertas de prosperidade, saúde e bem
estar para os fiéis. Suas mensagens
centram-se nas necessidades humanas: de
afetividade, saúde corporal, familiar,
profissional e econômica.
Prometem a satisfação instantânea para
esses problemas, com a condição de que
aceitem a fórmula do sucesso baseada
numa relação de troca (é preciso "dar para
receber"). É outra imagem que está longe de
representar o Deus revelado em Jesus
Cristo.
Precisamente, aqui é que devemos nos
perguntar: qual é a correta idéia de Deus
que devemos conhecer, cultivar e
transmitir em nosso aconselhamento
pastoral?
1. Um Deus Trino
Invocar a Deus como Pai, Filho e Espírito
Santo é evocar a forma cristã de falar sobre
Deus. Com efeito, assim como no Antigo
Testamento se chama a Deus de Santo,
Todo-Poderoso, Eterno e, sobretudo, como
Yahvé (Senhor), o Deus do pacto com Israel
(Ex 3), o Novo Testamento o apresenta
como uma espécie de novo nome de Deus:
Pai, Filho e Espírito (Mt 28.19).
Abaixo do nome de Deus a fé cristã vê ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em
eterna correlação, interpenetração em
amor, de tal maneira que todos são
somente um Deus. A unidade significa a
comunhão das pessoas divinas. Por isso,
no princípio não está a solidão de um,
mas a comunhão das três pessoas
divinas.
Leonardo Boff
http://www.google.com.br/url?q=http://www.youtube.com/watch%3Fv%3DQE4-ggGKOyU&sa=X&oi=video_result&resnum=4&ct=thumbnail&usg=AFQjCNFMTJ8o8f5OaitJqIHZuLMp0QF4Sw
Que importância tem a dimensão trinitária
de Deus no aconselhamento pastoral?
Entendo que, enquanto pastores,
"representamos" a Deus perante as
pessoas; não refletimos um Deus solitário,
que vive em um individualismo doentio,
mas, sim, refletimos uma comunidade em
si, que desde a eternidade tem sido Pai,
Filho e Espírito Santo.
Quando falamos de Deus às pessoas em
suas necessidades e crises, não nos
referimos a um Deus criador e Todo-
Poderoso que nada sabe de relações
interpessoais. Precisamente o contrário,
falamos do Deus que, sendo Um, é também
Trino, já que vive e se expressa como Pai,
Filho e Espírito. Convidamos as pessoas a
adentrar em relações interpessoais pré-
existentes na Divindade, tal como entende o
cristianismo através da revelação do Pai, em
Jesus Cristo e pelo Espírito. É, em síntese,
um Deus de relacionamentos.
Da qualidade da vida
devocional que o pastor for
capaz de desenvolver em
sua experiência diária com o
Deus Trino, dependerá a
maneira como refletirá a
dimensão trinitária em sua
atenção às pessoas, as
quais ele ajudará a alcançar
a harmonia entre o
personagem e a pessoa.
Um Deus Solidário
O segundo aspecto ou idéia que o ministro
deve primar no cuidado pastoral consiste em
mostrar a atividade solidária de Deus. Em
aberta oposição às perspectivas aristotélicas
de Deus, que concebem a divindade como
uma espécie de "motor imóvel", alheio às
realidades humanas no tempo, o Deus da
Bíblia é um Deus solidário.
O exemplo mais rico da solidariedade de
Deus está dado na encarnação em Jesus
Cristo. Porque o Deus Eterno, Criador dos
céus e da terra, dispôs-se a encarnar no
Verbo para colocar-se na dimensão do
tempo e do espaço e experimentar nossa
debilidade, nossa dor, nosso sofrimento.
A história do sofrimento de Deus, que
alcança seu maior peso e profundidade na
cruz de Cristo, pode, então, ajudar a dar voz
àqueles que são golpeados pelo sofrimento,
pode ajuda-Ios a começar a falar acerca do
que estão sentindo e suportando, ainda que,
antes, estejam gritando em protesto.
Aqueles que são pastores não devem reagir
às acusações; ao menos devem guardar
segredo quando falam de Deus a outros.
Um Deus Vulnerável
Estreitamente vinculado ao anterior está o
conceito de Deus vulnerável, outro modo de
falar sobre o sofrimento de Deus ou, quiçá,
de sua causa. Temos recebido tanta
influência aristotélica em nossa teologia
ocidental que nos custa falar do sofrimento
de Deus.
Deus é amor e o amor
implica abertura para
o sofrimento. Amar
não deixa de ser um
risco e possibilidade
de dor.
Em última instância, o amor criador é o
amor sofredor, porque somente mediante
o sofrimento resulta a redenção para a
liberdade do amado. A liberdade somente
é possível por meio do amor paciente. Os
sofrimentos de Deus com o mundo, no
mundo e para o mundo constituem a
forma suprema de seu amor criador, que
almeja a livre comunhão com o mundo e a
livre resposta deste.
Por ser um Deus de amor e, portanto, exposto
ao sofrimento, Ele pode consolar àqueles que
sofrem. Por isso Paulo escreve: "Louvado
seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Pai misericordioso e Deus de toda
consolação, que consola todas as nossas
tribulações para que, com o mesmo consolo
que de Deus temos recebido, também
possamos consolar a todos os que sofrem" (2
Co 1.3-4). A pastoral de consolação somente
pode ser desenvolvida quando
compreendermos e conhecermos o Deus que
sofre pela gente e com a gente.
Um Deus Fiel
Outro aspecto do caráter de Deus, decisivo
para o aconselhamento, é a Sua fidelidade.
Seu caráter é verdadeiro, porque não pode
mentir. Portanto, a Sua fidelidade é fonte de
confiança para todo crente.Devemos insistir em que, apesar das
circunstâncias, a fidelidade de Deus nos
assegura que o paciente tem todos os
recursos que necessita para aprender a agir
biblicamente em sua situação atual. Deus
nunca permitirá que uma situação na vida de
um crente atinja tal ponto que lhe impossibilite
de responder de forma bíblica.
Lawrence Crabb Jr
É a fidelidade de Deus que estabelece o
fundamento de nossa fé e não o contrário. Não
é nossa fé que sustém a fidelidade do Pai, mas
é a última que ampara a nossa fé. Podemos
exercer fé em Deus, crer em sua palavra, em
suas promessas, confiar Nele em definitivo
porque Ele é fiel e tem se revelado como tal,
tanto na história da salvação como em nossa
própria história. A Sua fidelidade é o
fundamento que nos permite aconselhar as
pessoas, garantindo a elas que o Senhor nunca
irá abandona-Ias, independentemente da
circunstância e de sua situação.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Outro conteúdo teológico que determina
nosso aconselhamento é o da dignidade da
pessoa humana. Essa dignidade parte da
grande afirmação da Bíblia de que o
homem e a mulher foram criados à imagem
e semelhança de Deus (Gn 1.27).
Tradicionalmente, a teologia cristã
reduziu a imagem de Deus às questões
intelectuais e espirituais do ser humano.
Somente essas dimensões eram
expressões da imagem de Deus na
pessoa humana. É possível que esse tipo
de reducionismo seja herdeiro do
pensamento grego, para o qual o que
importa é a alma, o espírito ou o intelecto
da pessoa ("Penso, logo existo", diria
Descartes).
Não queremos nem um pouco limitar a
semelhança entre o homem e Deus à sua
capacidade de pensar, nem restringimos-na
ao que resta de uma perfeição original, um
certo número de qualidades essenciais
(conhecimento, justiça e santidade). Muito
menos diríamos que apenas o que o homem
é constitui a imagem. Tanto as ações do
homem como sua natureza constituem a
imagem. Sua estrutura e sua ação se
encontram inseparavelmente unidas. O
homem integral é a imagem de Deus.
Paul Schrotenboer 
O fato de o ser humano ser pecador não
deve conduzir o conselheiro a
menosprezar quem vier consultá-lo. Por
mais corrompida que a pessoa possa ser
nunca perde a imagem de Deus e merece
nosso respeito. Nesse sentido, é
importante levar em conta a atitude de
reconhecimento do outro, quer dizer, a
"alteridade". O outro merece meu respeito
porque também foi criado à imagem e
semelhança de Deus.
O pastor que compreende e
internaliza essa dimensão
da alteridade, respeitará a
quem vier procurá-Io em
busca de solução para seus
problemas e crises e, por
sua vez, essa pessoa logo
perceberá a aceitação do
pastor em relação à sua
pessoa.
A aceitação convém esclarecer, não significa
estar de acordo com a conduta e os valores
inerentes a cada um, mas está no
reconhecimento do outro em amor, o mesmo
amor com que Jesus tratou aqueles que lhe
cercaram, sem preconceitos, discriminações
nem julgamentos. Nele, como diz Paulo, "já
não há judeu nem grego, escravo nem livre,
homem nem mulher, pois todos são um em
Cristo Jesus" (GI 3.28).
Outra vez Jesus é o modelo de como
devemos acolher e aceitar as pessoas.
Como afirma Howard Clinebell, "Jesus era
uma pessoa surpreendentemente aberta e
íntegra, que teve condutas contraculturais
em seu trato inclusivo e igualitário com as
mulheres e com outras pessoas
consideradas inferiores em sua sociedade
(por exemplo, os samaritanos e os
coletores de impostos). Em nosso estilo de
aconselhamento, cabe-nos imitá-Io".
SALVAÇÃO COMO PLENITUDE HUMANA
Como entendemos a salvação? De que
somos salvos? Como somos salvos? Estas
são perguntas muito importantes quando
falamos sobre a obra de Deus em Cristo a
favor da humanidade. Do conceito de
salvação dependerá em muito o
aconselhamento e a terapia pastoral.
Assim, é muito importante fazer uma
referência ampla a esse tema.
Em muitos círculos
evangélicos da América
Latina, foi consolidando-se
uma compreensão falsa e
errônea da salvação. Com
efeito, esta é apresentada
como uma panacéia de
todos os males humanos,
como a porta de entrada
para uma vida sem
problemas, cheia de êxitos
e realizações.
Idéias equivocadas que se expressam em
frases como: "o crente foi chamado para o
êxito", "o cristão deve viver uma vida de
vitória contínua', "não pode haver tristezas
nem angústias na vida de um crente", têm se
instalado com tanta força no inconsciente
coletivo dos evangélicos que se considera
pouco menos que impossível tratar temas
próprios da natureza humana, tais como
debilidade, fraqueza, angústia, depressão,
dúvidas, lutas, e assim por diante. Por isso é
tão importante que definamos corretamente o
que significa "salvação".
Há três perguntas fundamentais das quais
devemos nos cercar quanto falamos de
salvação: De que somos salvos? Como
somos salvos? Para que somos salvos? A
bíblia nos diz que somos salvos tanto no
sentido transcendente, isto é, salvos da
morte eterna, assim como somos salvos no
sentido histórico do aqui e agora.
Paulo diz aos tessalonicenses: "pois eles
mesmos relatam de que maneira vocês nos
receberam, e como se voltaram para Deus,
deixando os ídolos a fim de servir ao Deus
vivo e verdadeiro, e esperar dos céus seu
Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus,
que nos livra da ira que há de vir" (l Ts 1.9-
10). Aqui, a salvação é vista como libertação
do castigo eterno, portanto, trata-se de uma
salvação no sentido escatológico, salvação
da condenação final.
Esta mesma dimensão está na epístola aos
Romanos, onde Paulo afirma: "Tendo sido,
pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (5.1);
"Como agora fomos justificados por seu
sangue, muito mais ainda, por meio dele,
seremos salvos da ira de Deus!" (5.9). Aqui
se relacionam os três tempos: passado,
presente e futuro. Pressupõe um fato do
passado ("fomos justificados") que, todavia,
exerce influência no presente ("temos paz
com Deus") e se estende ao futuro ("seremos
salvos").
Somos salvos, disso não há dúvida.
Essa salvação, porém, ainda não
alcançou sua plenitude. Aguardamos
com esperança essa plenitude, quando
nossos corpos, hoje enfermos e mortais,
serão revestidos de imortalidade na
ressurreição. Toda esta reflexão sobre a
salvação, tem como intenção mostrar
que o Novo Testamento não conhece tal
fato como "salvação instantânea".
É certo que, ao confiar em Jesus Cristo,
somos justificados pela fé e perdoados por
nossos pecados. Mas a salvação, longe de
se esgotar em um momento pontual, é algo
dinâmico que se estende ao longo de nossa
vida. Em termos teológicos, o presente da
salvação que experimentamos em Jesus se
denomina "santificação". Além das diversas
posições e interpretações desta doutrina,
uma coisa é certa: nós, os crentes em Jesus
Cristo, justificados Nele pela fé, entramos, no
próprio ato de justificação, em um caminho
de santificação.
Há duas realidades que são decisivas para se
alcançar a salvação como plenitude humana:
a obra do Espírito Santo e a renovação da
mente. O Espírito Santo provê os recursos
para a transformação através dos
mecanismos naturais da personalidade
humana. O Espírito traz à mente receptiva a
verdade das Escrituras especialmente
adequadas às circunstancias imediatas. Então
o indivíduo reconhece que nenhum sucesso
pode resgatar seu valor pessoal, e que é uma
pessoa integrada com significância e
segurança, aconteça o que acontecer.
Mesmo que não haja receitas fixas e
pré-elaboradas para o aconselhamento
pastoral, já que este depende da
situação vivenciada pela pessoa que
vem consultar-nos, quase não há
nenhuma terapia pastoral em que
estejam ausentes os temas e conteúdos
teológicos.
Esses temas ou marcos principais, como vimos,
são: nossa idéia de Deus, a dignidade da
pessoa humana e a salvação entendida como
plenitude humana em Cristo. A primeira
implica em expressarmos, em nossos conselhos
ou atéem nosso silêncio, que confiamos e
adoramos um Deus Trino, um Deus-
Comunidade. O Deus trinitário que nos convida
a participar Nele para, logo, refletir relações
respeitosas em direção aos nossos irmãos e
irmãs da igreja e fora dela.
Além disso, é também um Deus
que, mesmo sendo Soberano, se fez
frágil e débil em Jesus Cristo, para
fazer-se solidário com os pobres,
necessitados, marginalizados, em
suma: os pecadores. Um pastor que
não tem uma idéia correta de Deus e
simplesmente crê e transmite um
Deus castigador, sem misericórdia,
não está em condições de ajudar as
pessoas em seus dilemas e
angústias.
Somente uma compreensão adequada de
Deus nos ajudará a ajudar os que nos
chamam e nos procuram para ser
orientados. Por outro lado, como pastores
do rebanho do Senhor, devemos sempre
considerar as pessoas em sua dignidade
como seres à imagem de Deus.
Nenhuma pessoa, por mais corrompida
que possa ser, deixa de merecer nosso
respeito e compreensão.
Finalmente, nossa idéia da salvação em
Cristo é decisiva tanto para compreender
as pessoas em seu crescimento
espiritual, como para expressar-lhes a
esperança real que há em Cristo. Isso
nos permitirá ter paciência com as
pessoas que Deus tem colocado debaixo
de nosso cuidado e orientação. Devemos,
também, semear a esperança tanto em
palavras como em ações .
AS PESSOAS ENVOLVIDAS NO 
ACONSELHAMENTO:
No aconselhamento realmente bíblico,
sempre que um conselheiro e um
aconselhado se reunirem em nome de Jesus
Cristo, poderão esperar a presença mesma
de Cristo como Conselheiro-Mor (Mt 18.20).
Jesus assegurou aos seus discípulos que o
Pai lhes enviou “outro Consolador... o
Espírito da verdade”, Jo 14.16,17.
“Durante três anos e meio, cumprindo a
predição de Isaías de que Ele seria chamado
‘Conselheiro’, Jesus guiou, instruiu,
repreendeu, encorajou e ensinou a Seus
discípulos. Ele era, verdadeiramente, o
conselheiro deles. A palavra grega parakletos
pode ser traduzida como ‘conselheiro’.
(JAY ADAMS)
“No centro de toda a ajuda cristã acha-se a
influência do Espírito Santo. Ele é
consolador e ajudador que nos ensina
todas as coisas, nos faz lembrar as
palavras de Jesus, convence as pessoas
do pecado e nos guia a toda a verdade.
Devemos nos colocar à disposição como
instrumentos mediante os quais o Espírito
Santo pode operar ajudar, ensinar,
convencer ou guiar outro ser humano.”
(GARY COLLINS)
Embora Deus tenha distribuído diversos
dons para o perfeito funcionamento do
corpo de Cristo: Apostolos, profetas,
evangelistas, mestres, pastores,
conselheiros, etc., todos os crentes em
Cristo são chamados para o serviço cristão
nos diversos setores do Reino de Deus
mediante a unção e capacitação do Espírito
Santo. Portanto, todos os crentes devem
dedicar-se à importante obra do
aconselhamento, ajuda espiritual e
emocional à pessoas.
Deus oferece os recursos necessários para
a obra de aconselhamento: a Palavra, o
Espírito Santo e a Igreja, como comunidade
terapêutica.
Jay Adams cita 4 qualificações ou requisitos 
de um conselheiro cristão:
1) Amplo conhecimento das Escrituras – Rm 
15.4; Cl 3.16
2) A sabedoria divina no relacionamento 
com outros, Cl 3.16.
3) Boa vontade e interesse pelos demais 
membros do Corpo de Cristo, Rm 15.14.
4) Homem de fé e de esperança. Aquele que, 
absolutamente, crê nas promessas divinas.
A BIBLIA E O CONSELHEIRO:
O Conselheiro Cristão e seu
aconselhamento estão sujeitos, sempre, às
normas bíblicas. É aconselhamento que
usa, mas não ultrapassa a autoridade de
Deus.
O Conselheiro Cristão deve conhecer o
conteúdo prático das Escrituras Sagradas, e
tê-los como princípios básicos em seu
trabalho de aconselhamento, ou seja,
comparar a vida pratica do aconselhando
com os princípios bíblicos práticos, num
paralelo em que os caminhos que levam à
solução de cada caso sejam expressão da
orientação divina.
O Conselheiro precisa lembrar-se de que, da
mesma maneira que não existe problema
desconhecido pelas Escrituras Sagradas,
existe uma orientação bíblica para cada
problema (I Co 10.13). II Timóteo 3.16, 17
afirma que Deus revelou à Sua igreja todas
as coisas que conduzem à vida e à piedade,
e que Deus doou a Sua Palavra em forma
escrita, a fim de capacitar o Seu povo a
atarefar-se em “toda a boa obra”, habilitando-
o perfeitamente para cada exigência da vida
(Hb 13.20,21).
O CONSELHEIRO E SUA 
PERSONALIDADE:
O Conselheiro deverá desenvolver seu
próprio estilo de trabalho.
Nossa personalidade, trabalhada pelo
Espírito de Deus, determinará nosso estilo de
abordagem e acompanhamento das pessoas
que Deus envia a nós.
Coragem para confrontar, misericórdia,
empatia, envolvimento dosado, equilíbrio,
maturidade emocional, compreensão,
domínio próprio, senso de justiça, etc., são
resultado de uma personalidade
trabalhada pelo Espírito de Deus, são os
frutos do Espírito.
AS QUALIFICAÇÕES DO CONSELHEIRO:
Num estudo de 4 anos com pacientes
hospitalizados e vários conselheiros, foi
descoberto que os pacientes melhoravam
quando seus terapeutas mostravam um nível
elevado de cordialidade, sinceridade e
compreensão empática correta. Quando
faltavam essas qualidades ao conselheiro, os
pacientes pioravam.
As Qualificações do Conselheiro em detalhes:
1) Cordialidade: Este termo implica em
cuidado, respeito e preocupação sincera, sem
excessos, pelo aconselhado, sem levar em
conta seus atos ou atitudes.
Jesus mostrou isso quando encontrou-se com
a mulher junto ao poço de Jacó em Samaria.
2) Sinceridade: O conselheiro sincero é
“real” – uma pessoa aberta, franca, que evita
o fingimento ou uma atitude de superioridade.
A sinceridade implica em espontaneidade e
honestidade. Isso significa que o ajudador é
sempre ele ou ela mesmo – não sendo
aquele que pensa ou sente uma coisa e diz
algo diferente.
3) Empatia: Como o aconselhado pensa?
Como se sente por dentro? Quais os valores,
crenças, conflitos íntimos e mágoas? O bom
conselheiro mostra-se sempre sensível a
essas questões. É capaz de entendê-las e
demonstrar sua compreensão ao
aconselhado. Esta capacidade de “sentir com”
o aconselhado é o que queremos dizer com
compreensão empática correta.
O Conselheiro e Suas Convicções:
Conversação é a atividade mais importante no
aconselhamento. Palavras são usadas e
trocadas, problemas e sentimentos são descritos,
entendimento é procurado, conselho e sugestões
dados e às vezes recebidos.
Por trás da feição dominante de conversação,
existe um modelo do homem, e a metodologia
usada por ele. O modelo mostra por que as
pessoas se comportam da maneira que se
comportam, e a metodologia diz como facilitar a
mudança.
Muitos escritores e pesquisadores admitem que
ninguém pode aconselhar se não tiver um
sistema de valores.
A maneira como uma pessoa encara a vida e
estabelece seus valores, vai determinar sua
própria vida e comportamento.
É extremamente importante para o conselheiro
estabelecer suas próprias convicções mediante o
ensino bíblico sobre o homem e sua natureza.
Isso vai determinar a qualidade e direção de seu
trabalho de aconselhamento.
Modelos maiores de psicoterapia:
1. O Modelo Psicanalítico
2. O Modelo Humanistico
3. O Modelo Comportamentalistico
4. O Modelo Transpessoal ou Existencial
5. O Modelo Biblico
O modelo bíblico do homem é baseado na
premissa de que Deus criou a humanidade
pra viver em relacionamento consigo mesmo
e refletir Seu caráter. Ele compartilhou vida
espiritual bem como vida física para que
pudesse haver comunicação profunda entre
Criador e criatura. Mas através de descrença,
obstinação e orgulho, o homem caiu daquele
relacionamento numa condição pecaminosa
da qual somente Jesus pode redimi-lo.
Cada individuo nasce à imagem de Deus
no sentido de possuir mente, emoção e
livre escolha, junto com a capacidade,
liberdade e oportunidade de viver de
acordo com os propósitos de Deus.
Pessoas não têm sido criadaspara viver
independentemente de Deus. Em vez
disso, foram criadas para viver em
dependência ativa, cooperativa e obediente
de Deus.
A Bíblia Propõe Esperança Para o Homem:
1) Psicanálise: Esperança falsa que
centraliza-se em Egoísmo, e nega as
conseqüências do pecado, conduzindo ao
desespero.
2) Existencialismo: Esperança falsa que
propõe a imortalidade mediante à
reencarnação, negando assim a morte e o
julgamento para o pecado não salvo.
3) Humanismo: Esperança falsa que propõe a
auto-suficiência, colocando o homem como
juiz final do certo e do errado.
4) Comportamentalismo: Esperança falsa
que propõe uma mudança programada das
pessoas, negando a responsabilidade diante
do pecado e as características de ser criado à
imagem e semelhança de Deus.
5) Modelo Bíblico: Oferece a Verdadeira
Esperança, porque o aconselhamento
bíblico está baseado na redenção do
homem mediante a Cruz de Cristo. No
Novo Nascimento (Jo. 3:3-7), o crente
recebe o Espírito Santo, que habita dentro
dele e o guia e capacita para fazer a
vontade de Deus (Rm 8.9; Gl 4.4-6).
A Importância da Esperança na Vida Humana:
Numa entrevista a estudantes universitários,
diante da pergunta: “Qual é a questão mais
crucial para os jovens maduros hoje?”, 90%
responderam: “Qual é o sentido ou significado
da vida?”.
Se uma pessoa não tem propósito e a vida
não tem sentido, por que ser responsável?
Por que mudar? Por que viver?
O Conselheiro Cristão pode contar com essa
grande arma; ele tem respostas que o mundo
não pode dar!
O modelo bíblico do homem é completo
porque apresenta uma descrição precisa do
homem, uma revelação verdadeira do por
que ele se comporta como se comporta, e
como pode fazer para viver num padrão
perfeito. Além disso, o modelo bíblico
apresenta o homem na perspectiva de Deus,
esclarecendo que Deus tem um propósito
para ele.
O alvo bíblico é que todo homem seja
conformado à imagem de Cristo (Rm 8.29), e,
todo o aconselhamento bíblico dever ser
voltado para esta direção.
Pr Delvacyr Bastos Costa, ThM
Contato: prdelvacyr@hotmail.com

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