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CERÂMICA Prof. João Manoel de Freitas Mota, Dr. Histórico da cerâmica A séculos vem se produzindo misturas da argila com outros materiais inorgânicos, com posterior calcinação à altas temperaturas. Os materiais resultantes são as louças, tijolos, esculturas, revestimentos cerâmicos etc. O termo CERÂMICA vem do grego "keramiké“ – a arte do oleiro Definição de materiais cerâmicos Os materiais cerâmicos podem ser definidos como sendo materiais formados por compostos de elementos metálicos (Al, Na, K, Mg, Ca, Si etc.) e um não- metálicos. Ex.: SiO2 (sílica); Al2O3 (alumina);MgO. Esse último apresenta uma relação 1:1 entre átomos metálicos (Mg) e não-metálicos (O), onde encontra-se presente em materiais refratários - suporta altas temperaturas sem se dissociar ou fundir (CASCUDO et al. 2007). Esses materiais possuem predominantemente ligações iônicas Cerâmica tradicional Tipos de argilas: - Caulinita: mais puras (porcelana, refratários e peça sanitária). - Montmorilonita: pouco usada por ser muito absorvente. Misturadas às caolinitas podem corrigir a plasticidade. - Micáceas (tijolos). Obs.: Tem-se o caulim (produto da argila caulinítica) como elemento que oferece o branco do papel, de modo que o material resultante a uma calcinação de ~ 850oC gera uma pozolana. Cerâmica tradicional, amplamente usada em edificações antigas Cerâmicas obtidas de resíduos rochosos Em pesquisa realizada em Portugal, Catarino et al (200?) foi verificado que a reciclagem da ardósia (SiO3 - 50% a 60% e Al2O3 - 20% a 25%, isto é, Quartzo, Hematita, Cloreto e Muscovita), através da compactação e sinterização do material, produzia produtos cerâmicos para pisos e cobertas com incrementos substanciais em suas propriedades (reduzindo a porosidade e resistência à tração) quando comparados aos obtidos a partir da argila. Materiais cerâmicos industrializados • tijolos; • blocos e as telhas cerâmicas; • cerâmicas – ladrilhos, azulejo, porcelanato (a alta temperatura de calcinação deixa-o duro, “sem riscar”), pastilhas e placas cerâmicas; • louças sanitárias; • cimentos; • cerâmicas avançadas (aplicações em eletro- eletrônicas, térmicas, mecânicas, ópticas, químicas, biomédicas; • vidros; • materiais refratários. Química dos principais componentes em alguns silicatos cerâmicos produtos cerâmicos - propriedades Fonte: CARNEIRO (2008) Propriedades dos Materiais Cerâmicos - Elevada estabilidade térmica; - satisfatória resistência à compressão e ao cisalhamento; - fratura frágil (*); - baixa condutividade elétrica. Materiais cerâmicos Materiais metálicos Fonte: CASCUDO et al. (2007) * Comportamento mecânico Cerâmicas vermelhas → Tipos - cerâmica vermelha e cerâmica branca. → Principais componentes - tijolos, blocos, telhas, tubos cerâmicos etc. → Argilas são – solo natural de baixa granulometria (Ø ≤ 2μm); sua composição é argilomineral contendo a caulinita - (Al2O3.2SiO2.2H2O);Fe2O3; Álcalis (Na2O e K2O); Cálcio (fundente); Sais Solúveis (K2SO4, Na2SO4, NaCl, Na2CO3); CaO e impurezas orgânicas e inorgânicas. → Ensaios para caracterizar as propriedades – umidade, contração linear, massa específica, porosidade, absorção de água após a queima e tensão de ruptura à flexão. Classificação quanto ao emprego → Infusíveis - constituída de caulim puro porcelanas → Refratárias - muito puras. Temperatura de 1500oC; → Fusíveis - sãs mais importantes, haja vista que deformam-se e vitrificam-se à temperaturas inferiores a 1200oC tijolos e telhas. Obs.: Materiais de Grês Cerâmico - grês significa produtos com baixa absorção de água devido a textura quase compacta. São indicados para revestimento externo (absorção de água entre 0,5 a 3,0 %) e pisos (de 3,0 a 6,0%). Caracterização da matéria prima Fonte: IBRACON (2007) Fabricação - cerâmica vermelha Fonte: KAZMIERCZAK (2007) Diferença de blocos Diferença de blocos Blocos antigos e novo... comprimento (mm) largura (mm) altura (mm) carga Tensão c1 c2 med l1 l2 med h1 h2 med kgf MPa Velhos 1 22,1 22,4 22,3 10,4 10,5 10,5 12,8 12,5 12,7 18430 7,9 5,2 2 21,8 22,1 22,0 10,3 10,4 10,4 12,8 12,6 12,7 10950 4,8 3 22,4 21,9 22,2 10,3 10,4 10,4 12,7 12,5 12,6 8470 3,7 4 22 22,4 22,2 10,2 10,4 10,3 12,7 12,5 12,6 13800 6,0 5 22,4 22,1 22,3 10,5 10,7 10,6 12,6 12,6 12,6 11150 4,7 6 22 22,3 22,2 10,6 10,7 10,7 12,9 12,8 12,9 9390 4,0 NOVOS 1 18,8 18,8 18,8 8,7 8,6 8,7 18,6 18,6 18,6 10040 6,2 4,7 2 19 19,1 19,1 8,6 8,6 8,6 18,7 18,6 18,7 5890 3,6 3 19 18,9 19,0 8,7 8,7 8,7 18,7 18,7 18,7 6280 3,8 4 19 18,9 19,0 8,7 8,6 8,7 18,8 18,7 18,8 4180 2,6 5 19 19,3 19,2 8,7 8,9 8,8 18,7 18,8 18,8 9040 5,4 6 19 19,1 19,1 8,7 8,7 8,7 18,6 18,6 18,6 10830 6,5 Patologia – Queima??? Alvenarias antigas Fabricação - cerâmica Sabe-se que o controle da etapa de secagem torna-se imperativo, haja vista que influencia substancialmente no resultado final do produto. Portanto, avaliando a evolução da resistência mecânica dos azulejos/ladrilhos de cerâmica secados industrialmente durante armazenamento, Amorós et al. (2002) em pesquisa realizada na Espanha, concluíram que a resistência mecânica desses materiais aumentou até 60% do valor inicial, tendo em vista a secagem durante o armazenamento em container livre de umidade. Sabe-se que a razão desse aumento de resistência mecânica é atribuída ao relaxamento das tensões desenvolvidas durante a rápida cura industrial. Componentes da cerâmica * Tijolos e blocos, exigências (resistência à compressão, permeabilidade, estabilidade volumétrica, compatibilidade com a argamassa etc). * Telhas, exigências (retilíneo e plano, estabilidade volumétrica, características visuais e sonoridade etc). * Tubos, exigências (resistência à compressão diametral, permeabilidade, resistência química etc). Telha cerâmica – telhas defeituosas (sem encaixe) Normas - Placas cerâmicas - Normas nacionais: NBR 13.816/1997 – Placas cerâmicas para revestimento: terminologia. NBR 13.817 – Placas cerâmicas para revestimento: classificação. NBR 13.818 – Placas cerâmicas para revestimento: especificação e métodos de ensaio. - Normas internacionais: Alemanha (DIN); Reino Unido (BSI); França (CSTB). Revestimento Cerâmico O revestimento cerâmico é um produto constituído biscoito poroso, coberto em uma face com vidrado Tadoz (outra face) é a sua superfície de aderência As principais matérias-primas que entram na composição do biscoito são: calcário, caulim, argila, filito, talco, feldspato e quartzo. Materiais fornecem a plasticidade, a coesão e a resistência necessárias ao produto final. Os processos de fabricação se classificam como: via seca e via úmida. Biqueima Biscoito prensado e estampado forno (T = 1100ºC) selecionado resfriado esmaltação (decorado ou serigrafado) requeimado (T = 1000ºC ou 1500ºC) Monoqueima: produção de piso. As peças são decoradas e esmaltadas ainda cruas queima conjunta do “biscoito” e vidrado dificulta o defeito de gretagem e melhora a resistência da peça não proporciona brilho à peça. Monoporosa: produção de azulejo (15 x 15 cm e 10 x 10 cm) queima-se o produto uma única vez. Massa porosa e de menor resistência prensada, esmaltada e monoqueimada em 850ºC ou 900 ºC . Permite uma superfície brilhante. Utiliza-se apenas um forno. O esmalte é um produto meio pastoso, feito com vidro moído, resinas e corantes, óxidos de argilas de cores diversas. Toda esta mistura é chamada de "fritas" pelos ceramistas. Processos de Queima Tipos de Revestimentos Tijoleiras e Ladrilhos- São tijolos de pequenas espessuras usadas para pavimentação e revestimento Tijoleiras – são fabricadas com cerâmica comum, em diversos tamanhos. Os mais comuns são o quadrado e o retangular liso. Apresentam espessuras de 2 cm. Ladrilhos – são produzidas com cerâmica prensada a seco e devem ter, na face inferior, rugosidades e saliência para aumentar a aderência. As temperaturas de cozimento variam de 1250ºC a 1300ºC, tornando o material compacto e impermeável. Apresenta-se, geralmente, de cor vermelha, ou de diversos pigmentos. Apresentam espessuras de 5 a 7 mm. Tipos de Revestimentos Materiais de Grês Cerâmico A nomenclatura grês significa produtos com baixa absorção de água, por apresentarem textura quase compacta. Os produtos grês são indicados para revestimento externo (absorção de água entre 0,5 a 3,0 %) e pisos (de 3,0 a 6,0%). É resultado de matéria-prima selecionada e temperatura de queima entre 1120ºC e 1200ºC. Pisos e azulejos - São materiais cerâmicos de revestimento Há centenas de anos são conhecidos os azulejos utilizados no revestimento de paredes, sobretudo exteriores. Devido às suas características de impermeabilidade e higiene; Passaram a ser utilizados em cozinhas e banheiros No início dos anos 70 é desenvolvido o forno de rolos monoestrato (sem material portante), utilizado para a produção de cerâmica do tipo monoqueima grés prensada. O consumo de pisos cresce mais do que o de azulejos. Tipos de Revestimentos Os artigos de louça são feitos com pó de argila branca, também chamada da faiança (caulim quase puro); Resultam em produtos duros, de granulometria fina e uniforme, com superfície normalmente vidrada. Um dos tipos de louça usada na construção civil é a louça feldspática (os azulejos, pastilhas e cerâmica sanitária); O vidrado é aplicado após um primeiro cozimento, seguindo-se então o recozimento quando se transforma em vidro. Materiais de Louça Branca Materiais de Louça Branca Pastilhas (ou mosaicos) – São fabricadas pelos mesmos processos dos azulejos. São peças de pequenas dimensões (2,5 x 2,5 cm, 5 x 5 cm), quadradas ou hexagonais, com acabamento porcelanizado; Para tanto são submetidas a duas ou três queimas; Como revestimento são os mais duráveis (a vida útil chega até 60 anos); Revestimento de paredes, pisos, piscinas. Elas vem em placas (colocadas em faixas de papel) e podem ser foscas, brilhantes ou texturizadas (antiderrapante) . Revestimento Cerâmico Porcelanato As matérias-primas utilizadas são especiais: argilas e feldspato provenientes da Itália. A queima acontece acima de 1250°C Peças de baixíssima absorção de água (~ 0,03%,); possui alta resistência mecânica , resistência química, altíssima resistência à abrasão, resistência ao gelo. O brilho do porcelanato provém do polimento posterior à queima. O Porcelanato é compacto, homogêneo, denso e totalmente vitrificado. Lajotas Revestimento cerâmico com um único tipo de argila, moldadas por extrusão, com dimensões de 30 x 30 cm, queimada com temperatura entre 700ºC e 750ºC. São mais adequadas para áreas externas. Principais requisitos normativos - Expansão por umidade (EPU). - Absorção de água. - Resistência ao manchamento. - Resistência ao ataque químico. - Resistência à abrasão superficial. - Resistência ao gretamento. - Dureza segundo a escala Mohs. - Aspectos dimensionais. Absorção e resistência à Flexão - Placas Fonte: GASTALDINI; SICHIERI (2007) letra maiúscula (B) significa que o produto é prensado. O numeral romano (I, II, III) seguido pela letra minúscula (a, b) determina o grupo de absorção de água. Expansão por umidade (EPU) também mede a qualidade da queima, isto é, mal queima (NBR 13818) pode gerar EPU > 0,6 mm/m. Portanto, EPU > 0,6 mm/m ou 0,06% - no caso de placas cerâmicas – expandem em presença de umidade, destacando- as. EXPANSÃO POR UMIDADE EXPANSÃO POR UMIDADE Classe de abrasão superficial das placas – PEI - O ensaio PEI (Instituto de porcelanato dos Estados Unidos) mede a resistência ao desgaste superficial dos esmaltes das cerâmicas. Obs.: Todo produto é riscado com areia (quartzo). - Risco através de disco de aço: 1=baixa; 2=média; 3=média alta; 4=alta e 5=altíssimo e de fácil limpeza após o desgaste . Nº CICLOS CLASSE PEI 100 0 150 1 600 2 750, 1.500 3 2.100, 6.000, 12.000 4 > 12.000 5 Fonte: COSTA e SIVA et al. (2002) Classe de abrasão superficial das placas – PEI Fonte: IBRACON (2007) Gretamento - Placas - Pequenas fissuras capilar limitada à camada esmaltada da placa cerâmica, devido a expansão higroscópica. - Causa: expansão por umidade. - Formatos diversos: espiral, circular, variado. - Critério (qualitativo): Não ocorrência – em qualquer situação Dureza na escala Mohs - Resistência apresentada pelo vidrado ao riscamento imposto por elementos de dureza crescente, mediante uma força padronizada. - Classificação: RELAÇÃO DE ELEMENTOS 1 – talco 6 – feldspato 2 – gesso 7 – quartzo 3 – calcita 8 – topázio 4 – fluorita 9 – coríndon 5 – apatita 10 - diamante Fonte: COSTA e SIVA et al. (2002) Medida de dureza em cerâmicas tradicionais Pesquisa realizada na Coréia do Sul analisando quantitativamente a dureza de artigos cerâmicos (telhas) feitos de argilas ou pedras utilizando os testes de dureza Mohs, mostraram que a dureza de ambas as telhas depende, fundamentalmente, da microestrutura constituída de poros com matrizes complexas (HYUNGSUN KIM; TAEKYU KIM, 200?). Mancha d’água - É a diferença visual de tonalidade observada no esmalte da placa quando em contato com a água que penetra pelas faces laterais e inferior. - Sabe-se que não está descrito na norma brasileira. - Quanto a classificação (CCB), pode ser: Classes A, B ou C. Fonte: COSTA e SIVA et al. (2002) Fonte: COSTA e SIVA et al. (2002) PATOLOGIAS NO REVESTIMENTO CERÂMICO - DESTACAMENTO – falhas na aplicação, tardoz liso, EPU, ausência e, ou juntas inadequadas. - ESCURECIMENTO – elevada porosidade que geram elevada absorção, normalmente em cerâmicas sem esmaltes. - EFLORESCÊNCIA – surge devido a penetração de água pelas juntas, por ascensão capilar o vazamentos de tubulações. Portanto, sais solúveis ou cal são lixiviados para superfície. Fonte: GASTALDINI; SICHIERI (2007) Juntas entre placas Fonte: IBRACON (2007) Material refratário Fonte: BROSNAN (2004) Propriedades das argamassas - A aderência é uma propriedade relevante para as argamassas, especificamente no que concerne ao desempenho e durabilidade. Local Acabamento Ra Parede Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20 Cerâmica ou laminado ≥ 0,30 Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30 Cerâmica ≥ 0,30 Teto ≥ 0,20 Fonte: CARVALHO JR; BRANDÃO & FREITAS (2005) Argamassas, NBR 13749/2013 - Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos: - Revestimento: parede interna ▪ 5 ≤ e ≤ 20 mm - Revestimento: parede externa ▪ 20 ≤ e ≤ 30 mm - Tetos: e ≤ 20 mm Argamassas - Patologia Ensaio de aderência, NBR 13528/2010 Fonte: CARASEK (2005) Argamassas Industrializada, NBR 14081:2015 Propriedade Método de ensaio Unid. Argamassa colante Industrializada ACI ACII ACIII E Tempo em aberto NBR 14083 Min. ≥ 15 ≥20 ≥20 Argamas sa do tipo I,II ou III, com tempo em aberto estendido em no mínimo 10 min. do especifica do nesta tabela. Resistência de aderência a tração a 28 dias em : Cura normal Cura submersa Cura em estufa NBR 14084 MPa MPa Mpa ≥0,5 ≥0,5 - ≥0,5 ≥0,5 ≥0,5 ≥1,0 ≥1,0 ≥1,0 Deslizamento 1 NBR 14085 mm ≤0,7 ≤0,7 ≤0,71 O ensaio de deslizamento não é necessário para argamassa utilizada em aplicações com revestimento horizontal. Argamassas, aderência??? (reboco de teto) Cerâmica, aderência??? (Ed. Florianópolis) Patologia – Salinidade. PEIXOTO, ANA (2008) - UFRPE Referência para juntas - Juntas horizontais 3m e vertical 6m (fachada cerâmica) - Como estrita referência tem-se CARNEIRO (2007): ▪ 32 m2 com dimensão máxima de 8m: revestimento parede/piso interno; ▪ 24 m2 com dim. máx. 6m: cerâmica externa; ▪ 20 m2 com dim. Máx. 4m: piso externo; ▪ 100 m2 com dim. Máx. 10m: pintura externa. Patologia – Lixiviação/eflorescência. Patologia - Lixiviação/eflorescência. Patologia - Lixiviação/eflorescência - REJUNTAMENTO Patologia - REJUNTAMENTO Patologia – estrutural. Patologia – Cuidados com diversos substratos; descolamento (cor da cerâmica e localização) Patologia – descolamento (cor da cerâmica e localização) DURABILIDADE de Revestimentos antigos Forte muito antigo – próximo à ilha de Florianópolis Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim – Século XVIII DURABILIDADE ??? Névoa salina, Porto de Galinhas CUIDADOS Com execução de revestimentos em fachadas CUIDADOS Com execução de revestimentos em fachadas CUIDADOS com manutenção (oitavo andar) Manutenção? CUIDADOS – substrato da fachada! CUIDADOS COM A POSIÇÃO DA FACHADA!
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