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1 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Sigla: EHI. A asfixia se desenvolve quando há hipoperfusão tecidual, com ↓ da oxigenação tecidual. Uma das propostas para diagnóstico dessa condição é: • Acidemia metabólica ou mista profunda (pH < 7,0) em sangue arterial de cordão umbilical; • Escore de Apgar: 0-3 por + de 5 min; • Manifestações neurológicas no período neonatal, como: convulsões, hipotonia, hiporreflexia, coma; • Disfunção orgânica multissistêmica, ou seja, alterações em demais sistemas. A ↓ de O2 leva a adaptações fisiológicas que tentam evitar lesão permanente. Há vasoconstrição generalizada e redistribuição do fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, em especial sistema nervoso central, coração e suprarrenal. Com o ↑ da resistência vascular periférica, eleva-se a pressão arterial. Com a continuidade do processo asfíxico, há piora da hipoxemia e da acidose. O miocárdio acaba entrando em falência (bradicardia), levando à redução do débito cardíaco e da pressão arterial sistêmica. O padrão respiratório torna-se irregular, até à cessação da respiração. A asfixia leva à persistência da circulação fetal, com manutenção do shunt direitaesquerda através do forame oval e do canal arterial, caracterizando uma das formas de hipertensão pulmonar persistente. A isquemia intestinal favorece o desenvolvimento de enterocolite necrosante. No rim, a isquemia do túbulo proximal pode levar à necrose tubular aguda. Além disso, a hipotensão associada à coagulopatia pode provocar trombose da veia renal e no leito capilar glomerular. A EHI é a afecção neurológica mais comum no período neonatal. Como resultado do processo adaptativo durante a asfixia, ocorre a perda da autorregulação do fluxo cerebral, com diminuição da perfusão e necrose. Dentre os fatores de risco temos: • Fatores maternos: o pré-eclâmpsia/eclâmpsia; o infecção; o diabetes materno, o hipotensão; o doença vascular; o doença crônica (pneumopatia, cardiopatia, dç. neurológica); o uso de drogas; o hipoxemia pela anestesia; • Fatores placentários: o infarto, o fibrose, o descolamento prematuro; • Fatores uterinos / cordão umbilical: o ruptura uterina o prolapso o nó o compressão; • Fatores fetais: o anemia, o infecção, o cardiopatia, o hidropsia, o pós-datismo, o CIUR • Fatores neonatais: o cardiopatia congênita cianótica, o HPP, o choque séptico. 2 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Há alterações no exame neurológico, já no primeiro dia de vida. O espectro clínico das manifestações pode ser dividido em leve, moderado e grave (tabela de SARNAT em anexo). A intensidade da encefalopatia depende da duração, do momento da lesão e da idade gestacional. O tratamento deve ser dividido em etapas. Primeiro passo: intervenção imediata na sala de parto = REANIMAÇÃO NEONATAL. Segundo passo: medidas de suporte vital, como: • cuidados com oxigenação • cuidados com ventilação • pressão de perfusão cerebral deve ser mantida • pressão arterial media deve estar no mínimo entre 45 e 50mmHg. • Dobutamina pra manter DC e pressão de perfusão. • Temperatura deve ser mantida em uma faixa fisiológica (36,5-37,2°C). • Glicemia em níveis fisiológicos • Cuidado com a hipocalcemia, a mesma é comum nesses RN. • Pode ser indicada restrição hídrica em caso de oliguria ou anuria. • Controle de convulsões com barbitúricos: o Fenobarbital Terceiro passo: intervenções preventivas, como: • Hipotermia terapêutica. Está indicada nos RN com IG > 35 semanas, peso de nascimento > 1.800 g e que tenham menos que 6H de vida e preencham os seguintes critérios: o Evidência de asfixia perinatal: o Evidência de encefalopatia moderada a severa antes de 6hrs de vida: Pode ser feito apenas o resfriamento da cabeça ou o resfriamento corporal total, sendo este último o mais indicado. Pode ter até 72 horas de duração, mantendo-se a temperatura retal entre 32°C e 34°C. A hemorragia que acomete o pré termo é a hemorragia da matriz germinativa ou Peri intraventricular. Acomete os RN pré-termo. A incidência e gravidade da HPIV é maior quanto menor for o peso de nascimento e a idade gestacional. Os RN podem ser assintomáticos ou apresentarem manifestações inespecíficas. Diagnóstico: USG. Todo RN com peso de nascimento inferior a 1.500 gramas e/ou idade gestacional abaixo de 35 semanas deve ser submetido a rastreamento sistemático para HPIV na primeira semana de vida. A classificação da HPIV pode ser feita de diferentes formas, pela TC temos a classificação de PAPILE: A adm de corticoide antenatal parece reduzir a incidência de sangramento intracraniano nos RN pré-termo. A presença de dilatação progressiva do sistema ventricular deve indicar a colocação de shunts do tipo derivação ventriculoperitoneal. As crises convulsivas deverão ser tratadas de modo agressivo com anticonvulsivantes. 3 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Sigla: LP. É um termo usado para definir áreas de necrose focal e gliose na substância branca periventricular, promovendo áreas de atrofia de parênquima e formação de cistos. Afeta mais os RN PT, determinando em longo prazo o desenvolvimento de paralisia cerebral, deficit cognitivo e visual. As alterações patológicas da LP são resultantes da injúria hipóxico-isquêmica ou infecção, que afetam o sistema nervoso em qualquer momento do seu desenvolvimento e com uma intensidade inversamente proporcional à idade gestacional. A LP é uma doença silenciosa. Apenas semanas e meses após sua instalação, poderemos diagnosticar alterações no tônus muscular, como a espasticidade. Esta entidade é a principal responsável pelo desenvolvimento de sequelas motoras, sensoriais e cognitivas em longo prazo. O quadro clínico motor característico é: • Paralisia cerebral • Forma displégica espástica • Síndrome de Little. Diagnóstico: USG transfontanela, TC de crânio e RM. Não há tratamento específico durante o período neonatal. O mais importante são as medidas que atuam na prevenção da hipotensão e hipóxia. A reabilitação precoce melhora o desempenho motor, linguístico e cognitivo destas crianças. Ocorre entre a 3 e 4 semana de gestação. Nesses casos encontramos marcadores dessa falha no líquido amniótico, como a alfafetoproteina e a acetilcolinesterase. Exemplos: • Anencefalia • Encefalocele • Mielomeningocele • Meningocele • Espinha bífida oculta • Sinus dermal • Medula ancorada • Síndrome de regressão caudal • Siringomielia • Diastematomielia • Lipoma de cone medular Possíveis causas: hipertermia, ácido valproico, desnutrição materna, obesidade, diabetes mellitus e causas genéticas (mutações das vias enzimáticas relacionadas ao ácido fólico). Pode resultar apenas numa fusão dos corpos vertebrais da região lombossacra, sem nenhuma anormalidade de medula, meninges e nervos, ou causar alterações como: dimples atípicos (profundos, > 5 mm), hemangiomas, lipomas, tufo de cabelos, sinus dermal, que podem denunciar a presença de outros defeitos, como: 1. Medula ancorada: normalmente, a medula termina no cone medular ao nível de L1. Denomina-se medula ancorada o defeito no qual o cone medular está abaixo de L2. Clinicamente, podem ser observados: a. síndrome neuro-ortopédica (um dos pés é menor, tem o arco plantar mais arqueado, e atrofia de panturrilha), b. incontinência urinária / fecal 4 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 c. fraqueza muscular d. dor lombar. 2. Siringomielia: é a distensão cística do canal central da medula, muitas vezes associadas à malformação de Chiari I e II. Apresenta sinais clínicos muito tardios, com diminuição de sensibilidade em ombros (distribuição em "capa")associada à fraqueza de membros superiores. 3. Diastematomielia: é um defeito raro caracterizado pela divisão da medula nervosa em duas metades. Podem ser observados desde pacientes assintomáticos até aqueles com moderada atrofia de panturrilha unilateral e arco plantar arqueado. Alguns casos estão associados ao ancoramento da medula, e pode-se observar disfunções de cólon e bexiga no futuro. A meningocele é a herniação das meninges através de um defeito de fechamento do arco vertebral posterior, estando a medula em sua posição original. Muitas vezes, o defeito é recoberto por pele. A mielomeningocele é a forma mais grave de disrafismo espinhal, na qual observa-se herniação de medula e meninges através da coluna. : • Encefalocele: a meningocele craniana contém apenas um saco com conteúdo liquórico, ao passo que a encefalocele possui elementos nervosos em seu interior (ex.: córtex cerebral, cerebelo, porções do tronco). Existe um risco aumentado de desenvolvimento de hidrocefalia A encefalocele craniana também pode fazer parte de síndromes. • Anencefalia: defeito de fechamento do neuróporo anterior, resultando em não desenvolvimento do encéfalo, calota craniana e pele. Pode haver um tronco encefálico rudimentar. A maioria falece dias após o nascimento. Holoprosencefalia ➔ pode ser classificada em três tipos: alobar, semilobar e lobar, dependendo do grau de anormalidade na clivagem. A holoprosencefalia pode estar associada ao diabetes mellitus materno e a defeitos cromossômicos, como deleções e trissomias do 13 e 18. Agenesia de corpo caloso ➔ pode resultar em deficiência intelectual grave e outras anormalidades neurológicas, mas também pode ser uma anomalia única presente em indivíduos normais. A agenesia de corpo caloso pode estar associada à herança recessiva ligada ao X, autossômica recessiva, autossômica dominante, pode estar presente em cromossomopatias (trissomia do 8 e 18) e pode ser vista em doenças metabólicas. Displasia septo-óptica ➔ é uma anomalia caracterizada pela presença de no mínimo dois dos seguintes achados: hipoplasia de nervos ópticos, ausência de septo pelúcido/corpo caloso e anomalia de hipófise. ( ) Malformação de Chiari: Chiari I ➔ herniação das tonsilas cerebelares através do forame magno. Está frequentemente associada à siringomielia. Manifesta-se na adolescência com cefaleia e sinais cerebelares. Chiari II (malformação de Arnold-Chiari) ➔ herniação das tonsilas cerebelares através do forame magno. Está associada a 100% das disrafias espinhais. Manifesta-se clinicamente 5 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 com hidrocefalia e sinais de compressão da medula. Malformação de Dandy-Walker ➔ é a malformação congênita mais comum do cerebelo. Caracteriza-se por hipoplasia/agenesia do verme cerebelar, deslocamento superior da tórcula e tentório e dilatação cística do IV ventrículo. Cerca de metade dos pacientes tem cognição normal, enquanto outros apresentam deficit intelectual grave. Outros defeitos sistêmicos poderão estar associados: cardiopatias, anomalias urogenitais, atresia duodenal, fenda palatina. Anexo 1 = encefalopatia hipoxico isquêmica:
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