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Int�icaçõe� ambientai� Organof�forad� � carbamat� São compostos orgânicos utilizados principalmente como inseticidas na agricultura. Essas substâncias são proibidas fora do ambiente rural. Também são utilizados para e podem estar presentes em: armas química, ataques terroristas, chumbinho (veneno de rato), gás sarin. Cerca de 3 milhões de pessoas são expostas por ano. Cerca de 4 mil casos são notificados pelo SUS anualmente. → lembrar de: contaminação por falta de EPI e por tentativa de suicídio. Fisiopatologia: 1. Compostos orgânicos se ligam à enzima acetilcolinesterase 2. Inibição enzimática 3. Acúmulo de acetilcolina nas sinapses muscarínicas e nicotínicas 4. Estímulo dos receptores colinérgicos Organofosforados: ligação irreversível à acetilcolinesterase. Carbamatos: ligação reversível à acetilcolinesterase. Substâncias que possuem esses compostos: ● inseticidas carbamatos ● inseticidas organofosforados ● neostigmina e rivastigmina ➔ medicações de uso clínico em doenças como parkinson e miastenia grave ● gás sarin ● cogumelos dos gêneros inocybe e clitocybe Manifestações clínicas: Tempo para início dos sintomas: Depende da via de intoxicação. ● oral e respiratória: 3 horas ● cutânea: 12 horas Efeitos: Variam de acordo com os receptores muscarínicos e nicotínicos: ● Ativação dos receptores muscarínicos: ➔ salivação ➔ lacrimejamento ➔ miose ➔ sudorese ➔ vômito ➔ incontinência fecal e urinária ➔ broncoespasmo ➔ bradicardia ● Ativação dos receptores nicotínicos: ➔ taquicardia ➔ midríase ➔ hipertensão ➔ delirium ➔ coma ➔ convulsões ➔ fraqueza muscular ➔ fasciculações → as duas síndromes podem acontecer ao mesmo tempo! Os dois tipos de receptores podem ser afetados. Efeitos da intoxicação no SNC: ● ansiedade ● inquietação ● tremor ● confusão ● crise convulsiva ● coma Os efeitos mais comuns são: bradicardia e hipotensão. No ECG, o paciente pode apresentar BAV + prolongamento QT. O paciente pode cursar com: ● Síndrome intermediária: sintomas neurológicos após 24 a 96 horas da exposição. ➔ fraqueza muscular proximal ➔ redução dos reflexos profundos ➔ fraqueza na flexão do pescoço ➔ alteração em pares cranianos ● Neuropatia tardia: ocorre após 1 - 3 semanas da exposição. Mais comum nos organofosforados. Diagnóstico: Baseia-se na história, exame físico e dosagem das atividades séricas e eritrocitárias. Clínica (efeitos) associada à síndrome colinérgica. Buscar nome do composto e tempo de exposição. Prova terapêutica: 1 mg de atropina EV. Solicitar: ● hemograma ● glicemia ● função renal e hepática ● eletrólitos ● CPK ● ECG Manejo: Estabilização hemodinâmica + ABCDE. Se o paciente precisar ser intubado, evitar utilizar succinilcolina → acetilcolinesterase. Optar por rocurônio como bloqueador neuromuscular. Rocurônio: maiores doses que as habituais são eventualmente necessárias devido a competição de acetilcolina na junção neuromuscular. Bradicardia → tratamento habitual. Convulsões → benzodiazepínicos. Descontaminação se indicado. Antídoto: atropina. Compete pela acetilcolina nos receptores muscarínicos e reverte seus efeitos (síndrome colinérgica). Bolus 1 - 4 mg a cada 2 - 15 minutos até que as manifestações respiratórias sejam revertidas. Outra opção: múltiplas doses de atropina. Atropina em bomba de infusão contínua até que os efeitos da intoxicação sejam revertidos. Outro medicamento: pralidoxima. Reservada para pacientes com intoxicações moderadas ou graves. Utilizada em pacientes que apresentam alterações nos receptores nicotínicos. Bolus 30 mg/kg EV em 30 minutos + infusão contínua de 8mg/kg/h até 12 horas após o desaparecimento dos sintomas colinérgicos. Realizar ausculta pulmonar até parar roncos. ABCDE dos organofosforados e carbamatos: ● A: IOT se houver RNC → evitar succinilcolina. ● B: fornecer oxigênio se houver hipoxemia. ● C: tratar bradicardia, realizar expansão volêmica e droga vasoativa se necessário. ● D: benzodiazepínico se houver convulsão. ● E: realizar descontaminação. Antídoto: ● Atropina: bolus, seguido de BIC rapidamente. ● Pralidoxima: nas intoxicações graves. Sempre realizar a notificação! Paraqua� Herbicida dipiridilo seletivo, utilizado no controle de ervas daninhas. É um desfolhante pré colheita. Em contato com a pele causa absorção local. Não tem absorção sistêmica e não é absorvido pela via respiratória. A ingesta oral está relacionada a alta letalidade: ➔ 10 a 20 ml em adultos ➔ 4 a 5 ml em crianças Fisiopatologia: Estado redox. 1. Espécie reativa ao O2 2. Consumo de NADPH 3. Redução da defesa ao estresse oxidativo 4. Produção de radicais livres 5. Disfunção mitocondrial 6. Necrose 7. Apoptose 8. Resposta inflamatória intensa Não atravessa a barreira hematoencefálica. Diagnóstico: Clínica sugestiva e teste diagnóstico de urina (trata-se de um teste qualitativo). Observar presença de disfunções orgânicas (geralmente são muito graves). Manejo: Observação, hidratação, estabilização hemodinâmica e descontaminação (apenas se indicado). Não há tratamento específico. Corticoides e antioxidantes não trazem benefícios. Se necessário: hemodiálise, suporte e hemoperfusão. Sempre notificar! Rodenticida� antagonista� d� vitamin� K Veneno de rato é o maior exemplo. Outros exemplos: warfarina, coumatetralil, supervarfarinas. Causam alterações nos fatores II, VII, IX e X da cascata de coagulação e nas proteínas C e S. Manifestações clínicas: ● hematomas ● sangramentos ● epistaxe ● hematúria ● alteração de TP e INR Manejo: Descontaminação. Para a alteração de TP e INR → vitamina K, 10 a 20 mg IM ou IV a cada 8 a 12 horas. Em casos de sangramento grave → plasma fresco congelado. Ingestã� d� cáustic� São ácidos e álcalis. Estão presentes em produtos de limpeza, como: alvejantes, desinfetantes, cimento, amônia. Pode ocorrer de forma acidental ou por tentativa de suicídio. Lesões quando o pH da substância é < 3� ● necrose por coagulação: trombose de vasos superficiais da mucosa com lesão e formação de escara local. ● ácidos lesam mucosa gástrica e esôfago. ● álcalis causam lesões quando pH > 11 por necrose por liquefação. Manifestações clínicas: Dependem da quantidade ingerida e do pH da substância. ● lesões orais ● odinofagia ● sialorreia ● vômitos ● hematêmese ● disfagia ● dor retroesternal ● sinais de irritação peritoneal: sinal de Jobert → percussão do HD ● dor em região dorsal: perfuração esofágica e pneumomediastino ● rouquidão e disfonia: lesão de laringe ● febre, taquicardia e choque: lesão de víscera Diagnóstico: Clínico. Exames solicitados: ➔ hemograma ➔ função renal ➔ eletrólitos ➔ gasometria ➔ rx de tórax e de abdome ➔ endoscopia digestiva alta Classificação de Zagar - esofagia cáustica Grau Achado endoscópico grau 1 edema e eritema de mucosa grau 2 A friabilidade, erosões, eritema severo, exsudato inflamatório ou erosões superficiais grau 2 B grau 2 + úlceras profundas ou superficiais grau 3 A áreas de necrose com coloração acinzentada ou enegrecida, ulcerações profundas grau 3 B necrose extensa Manejo: Medidas de descontaminação são contraindicadas! Não fazer lavagem gástrica, carvão ativado, eméticos, agentes neutralizantes, SNG ou SNE sem visualização de EDA. Se o paciente apresentar sintomas: EDA, analgésicos, antieméticos, inibidor de bomba de prótons EV e jejum. Manejo cirúrgico em casos de abdome agudo perfurativo. Em casos de ingestão pequena de produtos com pH próximo de 7 e assintomáticos: iniciar teste de aceitação e dieta. Antibiótico: apenas se o paciente apresentar sinais de infecção bacteriana. Lesões extensas (3B) necessitam de avaliação cirúrgica. Um terço dos pacientes evoluem com estenose esofágica (risco maior a partir de lesões do tipo 2B). Aumento da incidência de carcinoma epidermóide nesses pacientes. Grau Indicação grau 0 alta hospitalar se sintomas controlados grau 1 e 2A liberar dieta líquida, progressão de dieta em 24 a 48h, alta após dieta sólida com acompanhamento grau 2B e 3 passagem de SNE por EDA após 24h, dieta líquida oral em 48h se paciente deglutir saliva,vigilância clínica para sinais de perfuração Cianet� Altamente letal. Leva a óbito em questão de horas. Está presente em: fontes industriais, incêndios, medicamentos e alimentos. → em incêndios, a inalação de fumaça é muito comum. Atenção ao monóxido de carbono concomitante. A absorção pode ocorrer via respiratória ou via TGI com rápida distribuição no sangue. Fisiopatologia: 1. Inibição do citocromo oxidase ao se ligar ao seu íon férrico 2. Metabolismo anaeróbico independente da oferta de oxigênio 3. Bloqueio da fosforilação oxidativa 4. No SNC ocorre a redução de GABA 5. Convulsões e estímulo NMDA 6. Acúmulo de radicais livres Manifestações clínicas: ● Sistema cardiovascular: ➔ cefaleia ➔ tontura ➔ confusão mental ➔ ansiedade ➔ convulsões ➔ coma ● Sistema gastrointestinal: ➔ náuseas ➔ vômitos ➔ dor abdominal ● Sistema nervoso: ➔ arritmias ➔ hipertensão ➔ taquicardia ➔ bradicardia ➔ hipotensão ● Sistema respiratório: ➔ taquipneia ➔ bradipneia ➔ edema pulmonar ● Pele: ➔ flushing ➔ cianose ➔ dermatite por contato Diagnóstico: Clínico. É baseado na história clínica, possível exposição e quadro clínico. A dosagem de cianeto sérico não é disponível no Brasil. Podemos solicitar: ● hemograma ● função renal ● lactato arterial ● eletrólitos ● ECG Pista: acidose metabólica com ânion gap aumentado e hiperlactatemia. O bloqueio do metabolismo aeróbio causa excesso de ácido lático. Manejo: Estabilização hemodinâmica. Antídoto: 5g de hidroxicobalamina. Em casos de PCR: administrar 10g de hidroxicobalamina. O tiossulfato de sódio 25% 1.65ml/kg (dose máxima 12.5g) também pode ser utilizado. Descontaminação também pode ser realizada. ● Alta: assintomáticos e não gestantes após serem afastados da fonte. ● Observação: sintomas leves a moderados → tratar até melhora completa dos sintomas. ● Internação: alteração neurológica, evidência de isquemia miocárdica, gestante com sofrimento fetal, sintomáticos apesar do tratamento normal. Sempre notificar! Mon�id� d� carbon� Trata-se de um gás incolor, inodoro e insípido. É resultado da combustão de substâncias com carbono (combustíveis fósseis). É rapidamente absorvido pelo pulmão e possui meia vida de 252 minutos. Fisiopatologia: 1. Hemoglobina + monóxido de carbono 2. Carboxihemoglobina (300x mais afinidade que o oxigênio) 3. Hipóxia celular 4. Má distribuição nos tecidos Também ocorre a ligação da mioglobina ao monóxido de carbono (60x mais afinidade que o oxigênio) → resulta em arritmias e estresse oxidativo. Manifestações clínicas: ● Leves: ➔ cefaleia ➔ mal-estar ➔ náuseas ➔ vertigem ➔ confusão mental ➔ fraqueza ➔ letargia ● Graves: ➔ síncope ➔ arritmia ➔ convulsões ➔ RNC ➔ ataxia ➔ acidose metabólica ➔ coma ➔ após 20 - 40 dias: sintomas neurocognitivos Diagnóstico: Clínico. Também pode ser realizada a dosagem dos níveis séricos de carboxi-hemoglobina. Solicitar: ● Hemograma ● Função renal ● Função hepática ● Glicose ● Gasometria ● Lactato ● Eletrólitos ● MNM ● ECG ● TC de crânio (em casos de déficit focal) Manejo: Estabilização hemodinâmica. Oxigênio 100% reduz a meia vida para 75 minutos. Câmara hiperbárica (centros de alta complexidade) reduz a meia vida para 20 minutos. Cuidado com gestantes!
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