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Hipertensão arterial sistêmica Introdução HAS: ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Pré-HAS: PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. Fatores de risco Idade: associação direta entre envelhecimento e prevalência de HAS. Sexo: mais prevalente em mulheres. Etnia: maior prevalência na raça negra/cor preta. Peso: excesso de peso (IMC ≥ 25) ou obesidade (IMC ≥ 30). Alimentação: alta ingestão de sódio, consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas. Estilo de vida: sedentarismo. Fatores socioeconômicos: menor nível de escolaridade. Genética: forte impacto da miscigenação. → outros: dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes melito. Avaliação inicial da HAS Consiste em: ● confirmação do diagnóstico ● suspeição e identificação de causa secundária ● avaliação do risco CV ● investigar lesões de órgão-alvo e doenças associadas → medição da PA no consultório e/ou fora dele, história médica (pessoal e familiar), exame físico e investigação clínica e laboratorial. Recomendações para medição da PA: ● a cada 2 anos: adultos com PA ≤ 120/80 ● anualmente: adultos com PA > 120/80 e < 140/90 → em casos de suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deverá ser realizada nos membros inferiores. Hipotensão ortostática: Definição: redução da PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg. Deve ser suspeitada em idosos, diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de medicação anti-hipertensiva. Nesse caso, deve-se medir a PA com o paciente de pé, após 3 minutos. Precauções antes de medir a PA: Certificar-se de que o paciente NÃO: 1. Está com a bexiga cheia 2. Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos 3. Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos 4. Fumou nos 30 minutos anteriores Medição da PA fora do consultório: ● medição residencial da pressão arterial (MRPA) ● MAPA de 24 horas Valores de referência para a definição de HA Indica e com baixo risco CV total ● Suspeita de HM: → PA entre 130/85 e 139/89 no consultório → PA < 140/90 no consultório em indivíduos assintomáticos com LOA ou com alto risco CV total ● Identificação do EAB em hipertensos ● Grande variação da PA no consultório ● Hipotensão postural, pós-prandial, na sesta ou induzida por fármacos ● PA elevada de consultório ou suspeita de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas ● Confirmação de hipertensão resistente Indicações específicas para MAPA: ➔ Discordância importante entre a PA no consultório e em casa ➔ Avaliação do descenso durante e sono ➔ Suspeita de HA ou falta de queda da PA Consultório PAS ≥ 140 e/ou PAD ≥ 90 MAPA Vigília: ≥ 135 e/ou ≥ 85. Sono: ≥ 120 e/ou ≥ 70. 24 horas: ≥ 130 e/ou ≥ 80. MRPA PAS ≥ 135 e/ou PAD ≥ 85 durante o sono habitual em pessoas com apneia de sono, DRC ou diabetes ➔ Avaliação da variabilidade da PA Classificação Hipertensão do avental branco: valores anormais da PA no consultório, porém com valores considerados normais pela MAPA ou MRPA (diferença ≥ 20 na PAS e/ou 10 na PAD). Hipertensão mascarada: valores normais da PA no consultório, porém PA elevada na MAPA ou medidas residenciais. Hipertensão sistólica isolada: PAS aumentada com PAD normal. É um fator de risco cardiovascular (FRCV). Estratificação de RCV Deve ser avaliado em cada indivíduo hipertenso. Ferramentas para cálculo da estimativa da idade vascular ou cardiometabólica: ➔ www.framinghamheartstudy.org/risk-f unctions/cardiovascular-disease/10-ye ar-risk.php ➔ www.nhs.uk/Conditions/nhs-health-c heck/Pages/check-your-heart-age-to ol.aspx ➔ www.cardiometabolicage.com Fatores de RCV na avaliação do risco adicional no hipertenso: ● Sexo masculino ● Idade: → homens ≥ 55 anos → mulheres ≥ 65 anos ● História de DCV prematura em parentes de 1º grau: → homens < 55 anos → mulheres < 65 anos ● Tabagismo Normal PAS ≤ 120 e PAD ≤ 80 Pré-HAS PAS 121 - 139 e PAD 81 - 89 HAS 1 PAS 140 – 159 e PAD 90 – 99 HAS 2 PAS 160 – 179 e PAD 100 - 109 HAS 3 PAS ≥ 180 e PAD ≥ 110 http://www.framinghamheartstudy.org/risk-functions/cardiovascular-disease/10-year-risk.php http://www.framinghamheartstudy.org/risk-functions/cardiovascular-disease/10-year-risk.php http://www.framinghamheartstudy.org/risk-functions/cardiovascular-disease/10-year-risk.php http://www.nhs.uk/Conditions/nhs-health-check/Pages/check-your-heart-age-tool.aspx http://www.nhs.uk/Conditions/nhs-health-check/Pages/check-your-heart-age-tool.aspx http://www.nhs.uk/Conditions/nhs-health-check/Pages/check-your-heart-age-tool.aspx http://www.cardiometabolicage.com/ ● Dislipidemia: ● Resistência à insulina: ● Obesidade: → IMC ≥ 30 kg/m2 → CA ≥ 102 cm nos homens ou ≥88 cm nas mulheres Lesão de órgão-alvo na avaliação do risco adicional no hipertenso: ● Hipertrofia ventricular esquerda: → IECG: índice Sokolow-Lyon (SV1 + RV5 ou RV6 ) ≥ 35 mm → IECG: RaVL > 11 mm → IECG: Cornell voltagem > 2440 mm*ms → IECO: IMVE > 115 g/m2 nos homens ou > 95 g/m2 nas mulheres ● Espessura mediointimal da carótida > 0,9 mm ou placa carotídea ● Velocidade de onda de pulso carótido-femoral > 10 m/s ● Índice tornozelo-braquial < 0,9 ● Doença renal crônica estágio 3 (RFG-e 30-60 mL/min/1,73m) ● Albuminúria entre 30 e 300 mg/24h ou relação albumina-creatinina urinária 30 a 300 mg/g Etapas da estratificação de risco 1. Identificação de doença aterosclerótica ou de seus equivalentes (DM e DRC) Se positiva, o indivíduo é imediatamente classificado como de alto risco, pois a chance de apresentar um primeiro ou um novo evento CV em 10 anos é superior a 20%. 2. Análise do escore de risco global Estima o risco de o indivíduo apresentar um evento CV (DAC, AVE, DAP, IC) em 10 anos. Classificações: ● < 5%: baixo risco ● 5% - 20%: risco intermediário (homem) ● 5% - 10%: risco intermediário (mulher) ● > 20%: alto risco (homens) ● > 10%: alto risco (mulheres) 3. Reclassificação do risco conforme a presença de fatores agravantes Observações Definição de doença aterosclerótica e seus equivalentes: Fatores agravantes: Colesterol total > 190 mg/dl e/ou LDL-colesterol > 115 mg/dl e/ou HDL-colesterol < 40 mg/dl (homens) < 46 mg/dl (mulheres) Triglicerídeos > 150 mg/dl em 2 horas Glicemia em jejum 100 - 125 mg/dL TOTG 140 - 199 mg/dL em 2 h HbA1c 5,7 - 6,4% Doença aterosclerótica (clinicamente evidente): arterial coronária, cerebrovascular ou obstrutiva periférica Aterosclerose subclínica significativa documentada por método diagnóstico Procedimentos de revascularização arterial Diabetes melito tipos 1 e 2 Doença renal crônica Hipercolesterolemia familiar História familiar de DAC prematura em parente de primeiro grau, homem < 55 anos ou mulher < 65 anos Diagnóstico de SM conforme critérios Microalbuminúria (30-300 mg/g creatinina) ou albuminúria > 300 mg/g creatinina HVE Proteína C-reativa ultrassensível > 2 mg/l EMI de carótidas > 1,0 mm Escore de cálcio coronário > 100 ou > percentil 75 para idade e sexo ITB < 0,9 → pacientes de baixo risco que apresentarem qualquer fator agravante são relocados para risco intermediário. Critérios diagnósticos de síndrome metabólicaDecisão de tratamento Para hipertensos estágio 2 e 3 e/ou de alto risco: iniciar tratamento medicamentoso e não medicamentoso imediatamente. Para hipertensos estágio 1 de risco baixo e moderado: tentar terapia não medicamentosa por 6 e 3 meses, respectivamente, e fazer reavaliação depois. Para pré-hipertensos: o tratamento medicamentoso pode ser considerado nos pré-hipertensos com PA de 130-139/85-89 mmHg e história prévia de DCV ou naqueles com risco CV alto, sem DCV, mas não há evidências de benefício naqueles com risco moderado. A decisão de instituir terapia farmacológica deve ser individualizada. Para hipertensos idosos: Tratamento medicamentoso 1. Diuréticos Reduzem a resistência vascular periférica (RVP) e o volume extracelular. DIU tiazídicos: hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida. São os DIU de primeira escolha pois são mais suaves e com maior tempo de ação. DIU de alça: furosemida e bumetanida. Reservados para pacientes com insuficiência renal (creatinina > 2,0) ou com edema por ICC ou IR. DIU poupadores de potássio: espironolactona e amilorida. Geralmente são utilizados em associação com um dos outros tipos. → efeitos adversos: fraqueza, câimbras, hipovolemia, disfunção erétil, hipopotassemia e eventual hipomagnesemia. Podem induzir arritmias ventriculares, provocar intolerância à glicose (por reduzir a liberação de insulina) aumentando o risco do desenvolvimento de DM2. O uso de doses baixas diminui o risco dos efeitos adversos, sem prejuízo da eficácia antihipertensiva. OBS: A espironolactona pode causar hiperpotassemia, em particular em pacientes com déficit de função renal 2. Agentes alfa-agonistas de ação central Exemplos: metildopa, clonidina, guanabenzo e os inibidores dos receptores imidazolínicos (moxonidina e rilmenidina). Diminuem a atividade simpática e o reflexo dos barorreceptores, contribuindo para bradicardia relativa e hipotensão ortostática. Também diminuem a RVP e o débito cardíaco. Agem através do estímulo dos receptores α2 que estão envolvidos nos mecanismos simpatoinibitórios. OBS: Não apresentam efeito metabólico indesejado pois não interferem na resistência periférica à insulina nem no perfil lipídico. → efeitos adversos: reações adversas decorrentes da ação central, como sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção erétil. A metildopa pode provocar reações autoimunes (febre, anemia hemolítica, galactorreia e disfunção hepática). A clonidina apresenta maior risco de efeito rebote com a descontinuação. 3. Betabloqueadores Obesidade abdominal H: ≥ 94cm M: ≥ 80 cm HDL-colesterol H: < 40 mg/dl M: < 50 mg/dl Triglicerídeos (ou tratamento) ≥ 150 mg/dl PA (ou tratamento para HAS) PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥ 85 mmHg Glicemia (ou tratamento para DM) ≥ 100 mg/dl Promovem diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, havendo readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Os fármacos de terceira geração (carvedilol, nebivolol) também têm efeito vasodilatador. → efeitos adversos: broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. O impacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando são utilizados em combinação com DIU. → contraindicação: BB de primeira e segunda geração são formalmente contraindicados a pacientes com asma brônquica, DPOC e BAV de segundo e terceiro graus, podem acarretar intolerância à glicose (DM), hipertrigliceridemia (com aumento do LDL e diminuição do HDL). 4. Alfabloqueadores Exemplos: doxazosina, prazosina e terazosina. Antagonistas competitivos dos receptores α1 pós-sinápticos. Provocam redução da RVP sem maiores mudanças no débito cardíaco. Discreto efeito hipotensor quando em monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado. Apresentam contribuição favorável e discreta no metabolismo lipídico e glicídico. → efeitos adversos: podem provocar hipotensão sintomática na primeira dose. Fenômeno de tolerância, incontinência urinária em mulheres. 5. Vasodilatadores diretos Exemplos: hidralazina e minoxidil. Relaxam a musculatura lisa arterial, levando a redução da RVP. → efeitos adversos: a hidralazina pode causar cefaleia, flushing, taquicardia reflexa, reação lupus-like (dose-dependente), anorexia, náusea, vômito e diarreia. Evitar naqueles com aneurisma dissecante da aorta e episódio recente de hemorragia cerebral.
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