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Fisiopato Doenças benignas das mamas Características clínicas - Dor (mastalgia) - Descarga papilar - Massa palpável - Granulosidade, sensibilidade e outros sintomas Distúrbios inflamatórios 1. Mastite aguda/puerperal - Ocorrem em 5-33% das lactantes (no primeiro mês da lactação) - É causada por uma infecção bacteriana (Staphylococcus aureus ou Streptococcus aureus) quando a mama esta mais vulnerável, devido as rachaduras e fissuras nos mamilos - Os abscessos em infecções por Staphylococcus podem ser únicos ou múltiplos, enquanto no caso dos estreptococos a infecção se desenvolve na forma de celulite - O tratamento é feito com antibióticos Fatores predisponentes - Fadiga/estresse - Rachaduras no mamilo - Obstrução ductal - Ingurgitamento mamário Manifestações clínicas - Mama eritematosa e dolorosa - Sinais sistêmicos (febre) - Mal estar - Astenia - Prostração - Abscessos - Septicemia 2. Mastite periductal (doença de zuska) - É a metaplasia escamosa dos ductos galactiferos (abcesso subareolar) - 90% dos casos são em pessoas tabagistas - Uma simples incisão drena a cavidade do abscesso, no entanto, a recorrência é comum nos casos em que o epitélio queratinizado permanece lesado Fisiopato Fatores predisponentes - Deficiência de vitamina A - Tabagismo - Uso de piercing Fisiopatologia 1- Trauma ou deficiência de vitamina A 2- Metaplasia escamosa dos ductos latíferos (células cúbicas viram células de revestimento) 3- Infecção bacteriana 4- Resposta inflamatória 5- Obstrução dos ductos 6- Formação recorrente de abscessos Características clínicas - Massa subareolar eritematosa e dolorosa - Em casos recorrentes, frequentemente um trajeto de fístula se forma abaixo da musculatura lisa do mamilo e se abre na pele no topo da aréola - Mamilo invertido (causado pela inflamação) Microscopia - Metaplasia escamosa com queratinização dos ductos mamilares (a camada de queratina obstrui o sistema ductal causando dilatação e ruptura do ducto) - Resposta inflamatória crônica (quando o ducto se rompe e a queratina extravasa no tecido periductal adjacente) 3. Ectasia ductal - Sua incidência está associada á mulheres entre 40 e 60 anos (geralmente multiparas) - É caracterizada por uma massa palpável periareolar, frequentemente associada a descarga papilar espessa, esbranquiçada, e ocasionalmente com retração da pele - Podem resultar em mastite - Não está associada ao tabagismo e sintomas como dor e vermelhidão são incomuns * Essa massa palpável e irregular simula clínica e radiologicamente um carcinoma invasivo Características clínicas - Massa periareolar (palpável) - Descarga papilar espessa - Retração cutânea - Presença de secreção Fisiopatologia 1- Estase dos ductos 2- Acúmulo de secreção 3- Processo inflamatório 4- Fibrose (em processo crônico) Microscopia - Ductos dilatados preenchidos por secreções espessas e numerosos macrófagos repletos de lipídios Fisiopato - Quando os ductos se rompem há reação inflamatória crônica intersticial e periductal composta por linfócitos, macrófagos e número variado de plasmócitos - Podem haver granulomas em volta dos depósitos de colesterol e secreções - Pode haver fibrose (a qual produz uma massa irregular com retratação da pele e do mamilo) 4. Necrose gordurosa - Ocorre em mulheres que tenham história prévia de trauma mamário ou cirurgia - Pode simular um câncer (imagem na mamografia pode sugerir malignidade) Manifestações clínicas - Massa palpável indolor com espessamento ou retração da pele Microscopia - Lesões agudas com aspecto hemorrágico - Áreas centrais de necrose gordurosa liquefativa com neutrófilos e macrófagos - Fibroblastos proliferados e células inflamatórias crônicas rodeiam a lesão - Sequencialmente células gigantes, calcificações e hemossiderina aparecem, e o foco é substituído por tecido cicatricial ou circundado e cercado por tecido fibroso Macroscopia - Nódulos firmes e mal delimitados, de coloração branco-acinzentada, contendo pequenos focos de calcificação 5. Mastopatia linfocítica - Também conhecida como lobulite linfocitica esclerosante - Acomete mulheres com diabetes do tipo 1 e com doença tireoidiana autoimune Macroscopia - Múltiplos nódulos endurecidos e palpáveis Microscopia - Estroma colágeno denso - Ductos atróficos e lóbulos com espessamento da membrana basal - Infiltrado linfocitario Fisiopato 6. Mastite granulomatosa - É uma inflamação granulomatosa - Acomete mulheres que amamentaram - Tratamento com corticoides as vezes é eficaz - Se manifesta nas doenças granulomatosas sistêmicas (ex: granulomatose com poliangiite, sarcoidose, tuberculose) e nas doenças mamarias (ex: mastite lobular granulomatosa e infecções) Fatores predisponentes - Infecção por micobacterias ou fungos - Próteses mamarias - Piercings mamilares - Lactação Microscopia - Granulomas nos lóbulos (sugere que a doença pode ser causada por uma reação de hipersensibilidade a antígenos durante a lactação) Lesões epiteliais benignas 1. Alterações mamarias não proliferativas - São alterações fibrocísticas - São lesões não proliferativas (não estão associadas ao aumento do risco para câncer de mama) - São detectadas como mamas nodulares irregulares, mama densa com cistos ou achados histológicos benignos Morfologia - Apresentam 3 alterações morfológicas: A) Alteração cística . Pequenos cistos formados pela dilatação dos lóbulos (podem coalescer para formar grandes cistos) . Os cistos íntegros contêm líquido turvo, semitranslúcido, de coloração marrom ou azul (cistos de cúpula azul) . Os cistos são recobertos por um epitélio atrófico plano ou por células apócrinas metaplásicas (as quais possuem um abundante citoplasma granular, eosinófilo e núcleo arredondado. Parecem com o epitélio apócrino normal das glândulas sudoríparas) . Calcificações são comuns e podem ser detectadas pela mamografia . Os cistos podem ser preocupantes quando são solitários e firmes à palpação . O diagnóstico é confirmado pelo desaparecimento da lesão após a aspiração de seu conteúdo com agulha fina B) Fibrose . Surge quando os cistos se rompem e liberam seu conteúdo no estroma adjacente . A inflamação crônica e a fibrose contribuem para o aspecto nodular na palpação da mama C) Adenose . É o aumento no número de ácinos por lóbulo . É uma característica comum na gravidez . Em mulheres não grávidas, a adenose pode ocorrer como uma alteração focal . Calcificações estão ocasionalmente presentes dentro das luzes . Os ácinos são recobertos por células colunares, que podem parecer benignas ou Fisiopato apresentar atipia nuclear/atipia epitelial plana (caracterizada por uma proliferação clonal associada à perda do cromossomo 16q) 2. Alterações mamarias proliferativas sem atipias - São as lesões caracterizadas pela proliferação das células epiteliais sem atipia - Estão associadas a um pequeno aumento no risco de carcinomas subsequentes em qualquer mama (embora sejam preditoras de risco, provavelmente não são precursoras do carcinoma) - São detectadas como densidades mamográficas, calcificações ou como achados incidentais em biópsias realizadas por outros motivos - São lesões não clonais e geralmente não estão associadas a mutações Tipos A) Hiperplasia epitelial . É o aumento do número de células luminais e mioepiteliais que preenche e distende os ductos e lóbulos mamários . Luzes irregulares podem frequentemente ser observadas na periferia das células em proliferação . É geralmente um achado incidental * Os ductos e lóbulos mamários normais são revestidos por uma dupla camada de células mioepiteliais e células luminares B) Adenose esclerosante . Apresenta um aumento no número de ácinos que estão comprimidos e distorcidos na porção central da lesão . Desperta a atenção clínica quando se apresenta como um nódulo palpável, uma densidade radiológica ou como calcificações .Acomete mulheres em idade reprodutiva . Pode haver fibrose estromal (a qual pode comprimir completamente as luzes, criando um aspecto de cordões sólidos ou camada dupla de células repousando em um estroma denso) . Essa lesão simula um carcinoma invasor e apresenta risco aumentado para câncer de mama . Macroscopia = massa mal definida com 1,5 cm, associada a microcalcificações Fisiopato C) Lesão esclerosante complexa . Apresentam componentes de adenose esclerosante, papilomas e hiperplasia epitelial . Microscopia = ninho central com glândulas emaranhadas dispostas em um estroma hialinizado e circundado por projeções radiais dessas glândulas para o estroma D) Papiloma . Crescem dentro de um ducto dilatado . São compostos por múltiplas ramificações com eixos fibrovasculares (formam centros fibrovasculares com ramificações múltiplas) . Apresentam hiperplasia epitelial e metaplasia apócrina . Podem ser grandes papilomas ductais (estão situados nos seios galactíferos do mamilo e geralmente são únicos) ou pequenos papilomas ductais (são comumente múltiplos e localizados profundamente ao longo do sistema ductal) . Mais de 80% produzem descarga papilar E) Ginecomastia . É o aumento das mamas masculinas . É a única lesão benigna vista com frequência nas mamas masculinas . Acomete homens entre 17-58 anos Fisiopato . Ocorre pelo hiperestrogenismo, ou seja, um desequilíbrio entre o estrogênio (o qual estimula o tecido mamário) e o andrógeno (o qual neutraliza esses efeitos) . Se apresenta como um aumento subareolar semelhante a um botão e pode ser unilateral ou bilateral . Não apresenta formação de lóbulos . Pode estar associada com um pequeno aumento no risco do câncer de mama . Pode ser fisiológica (hipertrofia mamaria transitória neonatal, ginecomastia senil e ginecomastia puberal) ou patológica (causada pela diminuição ou aumento da concentração sérica ou da ação dos estrógenos) . Fatores predisponentes = cirrose hepática (o fígado é o órgão responsável por metabolizar o estrogênio), uso de drogas (maconha, heroína), álcool, terapias antirretrovirais, anabolizantes esteroides, síndrome de klinefelter (raramente), neoplasias testiculares e falência da produção de androgenos nos testiculos (em homens mais velhos) . Microscopia = aumento da deposição de tecido colágeno e hiperplasia do epitélio de revestimento dos ductos (hipertrofia e hiperplasia dos componentes estromal e epitelial), observa-se aspecto micropapilar 3. Alterações mamarias proliferativas sem atipias - É uma proliferação clonal que tem algumas características histológicas necessárias para o diagnóstico do carcinoma in situ - Está associada com o aumento moderado do risco de carcinoma - Inclui duas formas: hiperplasia ductal atípica (presente em 5% a 17% dos espécimes de biópsias realizadas para investigação de calcificações) e hiperplasia lobular atípica (achado incidental encontrado em menos de 5% das biópsias) Tipos A) Hiperplasia ductal atípica . Apresenta semelhança histológica com o carcinoma ductal in situ (se distingue do carcinoma ductal in situ por preencher parcialmente os ductos envolvidos) . 13-17% dos casos evoluem para um carcinoma invasor . Não envolvem completamente 2 ductos e medem menos de 2mm . Fatores predisponentes = mutações cromossômicas como a perda do cromossomo 16q ou ganho do 17p . Microscopia = proliferação uniforme de células, espaços geometricamente regulares entre as células ou formação de micropapilas, núcleos hipercromáticos Fisiopato B) Hiperplasia lobular atípica . Se diferencia do carcinoma lobular in situ pois na hiperplasia lobular atípica as células não preenchem ou distendem mais de 50% dos ácinos em um lóbulo . Apresenta um risco aumentado (8x) para carcinoma lobular in situ . Pode ser multifocal (85% dos casos) ou bilateral (30-67% dos casos) . Fatores predisponentes = mutações cromossômicas como a perda do cromossomo 16q ou ganho do 17p e perda de E-caderina . Microscopia = proliferação clonal de células dentro de lóbulos e ductos (células lobulares atípicas podem repousar na membrana basal dos ductos e lóbulos, sobrepondo-se às células luminais normais) Resumindo Referências - Patologia – Bases Patológicas das Doenças; Robbins & Cotran; 9ª ed.; 2016; Capítulo 23. - Patologia; Bogliolo; 7ª ed.; 2006; Capítulo 19.
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