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FACULDADE DE DIREITO “LAUDO DE CAMARGO” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Direito Empresarial: Sociedades Anônimas RIBEIRÃO PRETO DEZEMBRO 1- Qual é a lei de regência das Sociedades Anônimas? Destaque 4 características peculiares das Sociedades Anônimas, segundo alguma doutrina de referência. A Sociedade Anônima é atualmente regida pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. De acordo com o artigo 1º deste diploma legal “A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das ações subscritas ou adquiridas”. Atente-se também para o fato que o legislador afirma que o objeto social da companhia será uma empresa de fim lucrativo, pois segundo o artigo 982, parágrafo único, primeira parte do Código Civil, as sociedades por ações (sociedade anônima e sociedade em comandita por ações) consideram-se sempre empresárias. As quatro principais características peculiares da Sociedade Anônima são: a) uma sociedade de capitais. Nelas o que importa é a aglutinação de capitais, e não a pessoa dos acionistas, inexistindo o chamado “intuito personae” característico das sociedades de pessoas; e a divisão do capital será em partes iguais, em regra, de igual valor nominal – ações. É na ação que se materializa a participação do acionista; c) responsabilidade do acionista limitada apenas ao preço das ações subscritas ou adquiridas, como se afere; do artigo 1.088 do Código Civil e do artigo I da Lei 6.404/76. Isso significa dizer que uma vez integralizada a ação o acionista não terá mais nenhuma responsabilidade adicional, nem mesmo em caso de falência, quando somente será atingido o patrimônio da companhia. A sociedade anônima é, por definição, uma sociedade de responsabilidade limitada; d) livre acessibilidade das ações. As ações, em regra, podem ser livremente cedidas, o que gera uma constante mutação no quadro de acionistas. Entretanto, poderá o Estatuto trazer restrições à cessão, desde que não impeça jamais a negociação (art. 36 da Lei 6.404/76). Desta forma, as ações são títulos circuláveis, tal como os títulos de crédito; e) uso exclusivo de denominação social ou nome de fantasia, segundo o artigo 1.155 do Código Civil. E sua denominação social deverá começar pela palavra Companhia (CIA), ou terminar com Sociedade Anônima (S/A). 2- É possível a constituição de uma S/A fechada? Como diferenciar uma S/A aberta de uma S/A fechada. Sim. Nas Companhias ou Sociedades abertas os seus papéis, como os valores mobiliários (ações, debêntures e bônus de subscrição e quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação) de sua emissão, são negociados no mercado aberto, sendo oferecidas ao grande público, sendo admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários(art. 4o. da Lei 6.404/76). Os títulos de companhias fechadas circulam de forma restrita, sem oferta pública, sem venda nos balcões das distribuidoras de valores e títulos mobiliários e nas bolsas de valores. Há necessidade de que a Sociedade registre a emissão pública de ações no órgão competente – Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976). A distinção busca proteger o grande público e, até, à economia nacional dos riscos inerentes ao mercado de valores 3- Como se constituí uma S/A? 4- O que é subscrição pública? E subscrição particular? A Companhia ou Sociedade Anônima pode ser constituída por subscrição pública (quando dependerá de prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários e haverá a intermediação obrigatória de instituição financeira – art. 82 da Lei 6.404/76), existe ampla acessibilidade, apresentada na generalidade dos investidores e demais agentes que operam no mercado de capitais; ou por subscrição particular (quando poderá fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia geral ou por escritura pública – art. 88 da Lei 6.404/76), neste caso não existe uma oferta aos investidores em geral, tem como característica a ausência de acessibilidade dos investidores em geral à emissão. 5- O que é uma ação? Como se classificam as ações? Sobre o valor das ações, como distinguir valor nominal, valor de emissão, valo de negociação, valor patrimonial e valor econômico? As ações são partes (pedaços) do capital social, a qual corresponde uma parcela proporcional do acervo patrimonial, se dissolvida e liquidada a sociedade, além de direitos e deveres sociais. É, portanto, um título de inclusão, a permitir a seu titular compor a comunidade social e, assim, ingressar no plano das relações interna corporis da companhia, embora devendo, respeitar as balizas definidas pela legislação e pelo estatuto. As ações se classificam em: Ordinária, Preferenciais e de Fruição. AÇÃO ORDINÁRIA: Conferem aos acionistas os direitos de um sócio comum. O direito ao voto pertence aquele que tem mais da metade das ações ordinárias, também podem eleger os administradores; aprovar a maior parte de alterações estatutárias e, decidir os demais assuntos do interesse da sociedade. Divide-se em: Controlador e minoritários. São Ações normais, as quais atribuem direitos comuns de acionista; nada lhes é retirado ou acrescentado , sendo desnecessário indicar no Estatuto as suas prerrogativas , já que decorrem naturalmente da lei (art. 16 da Lei 6.404/76). AÇÃO PREFERENCIAL: Tem vantagem perante as ordinárias. Essa vantagem será definida no estatuto social da Companhia, emissora do valor mobiliário. Assim a sociedade por ações ao distribuir lucros entre os acionistas, deverá em primeiro lugar, atribuir, a título de dividendos para os detentores de ações preferenciais. Apesar de vantagens dessa modalidade de ações preferenciais, apresenta-se algumas restrições, a mais comum é a de voto. A privação do direito de voto é questão excepcional que exige expressa previsão estatutária . Se não houver a limitação do art. 111 § 1º da L.S/A não haverá restrição ou privação ao direito de voto. AÇÕES DE FRUIÇÃO: são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ordinárias ou preferenciais foram totalmente amortizadas – art. 44 § 5º da L. S/A, conferindo aos seus titulares meros direito de gozo ou fruição. Qualquer tentativa de excluir minimamente o acionista com ações de fruição do seu exercício é ilegal. AMORTIZAÇÃO é a antecipação ao acionista do valor que ele receberia caso a Sociedade Anônima fosse dissolvida ou liquidada. Essa antecipação não pode afetar o Capital Social, portanto calculado Valor Patrimonial de cada ação paga-se ao acionista, integral ou parcialmente. Podendo ser divididas em: valor nominal, onde se divide o Capital Social total da Companhia – calculado em moeda corrente – pelo número total de ações por ela emitidas, e tem-se com precisão o valor nominal de cada uma delas; Valor patrimonial é calculado levando-se em conta o patrimônio liquido da Companhia. Divide-se o Patrimônio Líquido da Companhia pelo número de ações, obtendo-se, assim, o valor patrimonial de cada uma delas; Valor de negociação advém das operações de compra e venda mantidas no mercado de capitais secundário, onde os acionistas alienam suas ações a investidores interessados, cobrando nessas transações um valor de negociação; Valor de mercado refere-se às ações de SA aberta negociadas no âmbito do mercado de capitais, compreendendo a Bolsa de Valores e o Mercado de Balcão; Valor econômico, é aquele que os peritos entendem, após a elaboração de estudos técnicos específicos, que as ações possivelmente valeriam se fossem postos a venda no mercado de capitais; e valor de emissão, sendo o que se paga pela ação de acordo com o preço de emissão, representando, o valor que o investidor entrega à sociedade a título de contribuição ao Capital Social. 6- No caso acima lido, por qual razão tornou-se inviável a exclusão de um acionista minoritário pelo seu controlador? A decisão é correta? O argumento usado para exclusão do sócio minoritário seria o ‘‘exercício abusivo de ação judicial e a criação de distúrbios assembleares’’,ou seja, o motivo para exclusão classifica-se como justa causa. Porém o artigo 1.085 do Código Civil, que prevê a exclusão por justa causa, diz respeito às sociedades limitadas, e não anônimas, o qual a relação entre sócios é diferenciada. E de acordo com a juíza Rosana Broglio Garbin: "De toda sorte, ainda que se considere a possibilidade de utilização, por analogia, de tal disposição para as sociedades anônimas, no permissivo do artigo 1.089 do CC, necessário seria a previsão estatutária, que não há como se pode ver pelo Estatuto Social da ré". Observou ainda que os motivos elencados para justificar a justa causa dizem respeito à oposição do autor a decisões da diretoria, o que está diretamente ligado ao ingresso da ação anulatória da assembleia anterior, em face de suspeitas de irregularidades e ilegalidades. E que o autor exerceu seu regular direito de ação, o que afasta a justa causa para sua exclusão da sociedade. Sim, a decisão está correta. Pois, as únicas formas expressamente previstas na lei 6.404/76 para exclusão de acionista, sejam em companhias de capital aberto ou fechado, são resgate de ações (artigo 44 da lei 6.404/76); ou, casos de venda forçada de ações de acionista remisso (aquele que deixa de integralizar a parte que lhe cabe no capital social da Companhia, na forma e prazo determinados por todos os acionistas – artigo 107 da lei 6.404/76). Essas situações não ocorreram neste caso, assim impossibilitando a exclusão do sócio minoritário. A possibilidade de exclusão judicial de acionista de sociedade anônima de capital fechado, também é possível se estiver presente a quebra da affectio societatis, aliado à falta grave no cumprimento de suas obrigações, uma vez que não basta o mero desentendimento entre os membros de uma companhia, mas também a presença, por parte do acionista a ser excluído, de comportamento que coloque em risco a atividade empresarial e a própria função social da companhia como um todo. Ficando claro também que neste caso não será possível a exclusão do sócio. Ademais, estabelece-se atualmente a Lei de Sociedades Anônimas em seu artigo 118 “Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede”. Concluindo que o acionista majoritário não respeitou o direito de preferência dos demais acionistas.
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