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Campo Magnético da Terra Introdução O campo magnético terrestre é um forte responsável pela manutenção da vida. Suas implicações diárias vão desde a formação das auroras boreais e austrais, passando pela migração sazonal de diversas aves, até a proteção da nossa preciosa atmosfera rica em 𝑂2. Dada a sua importância, vemos a necessidade de desenvolvermos teorias e conhecimento científico acerca dessa grandeza. Para tal, uma informação inicial a ser conhecida é a magnitude do mesmo. A robustez das teorias eletromagnéticas desenvolvidas até hoje, nos permite calcular a componente horizontal do campo magnético terrestre com materiais simples, presentes no laboratório de Física Experimental da Universidade Federal de Minas Gerais. Tendo como embasamento o experimento vital do professor Hans Christian Oersted, que uniu os dois grande ramos da física, em um único bloco - eletromagnetismo, que aqui estudamos de forma aplicada - ao verificar que um fio condutor submetido a um fluxo elétrico era capaz de defletir uma bússola, ao produzir um campo magnético, iremos utilizar uma montagem mais robusta (mas com princípio de funcionamento similar) para que sejamos capazes de obter com relativa precisão, a magnitude do campo magnético horizontal da terra. A montagem utilizada nesse experimento será a Bobina de Helmholtz, que nada mais é que duas bobinas circulares coaxiais, cada uma de 𝑁 voltas, ligadas em série e separadas uma da outra por uma distância igual ao seu raio (𝑅), que nos proporciona, matematicamente, um campo interior uniforme e preciso (𝐵), dado através da relação (1). 𝐵 = 8 5√5 𝜇0𝑁𝐼 𝑅 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (1) Objetivos Com auxílio dos materiais disponibilizados pelo laboratório, da nossa montagem, e dos nossos conhecimentos, devemos ser capazes de encontrar uma relação entre duas grandezas sob as quais temos controle (somos capazes de medir), e em seguida, com auxilio de uma interface gráfica, encontrar o valor do campo magnético horizontal da terra, que conhecidamente varia entre 20 − 60𝜇𝑇 (de acordo com a formação geológica do local de medida). Materiais 01 Bússula 01 Conjunto de bobinas de Helmholtz 01 Amperímetro 01 Resistor de 47Ω e 10𝑊 01 Fonte de tensão contínua Materiais auxiliares como suporte para a montagem, e fios para conexão Métodos Imagem (1) A montagem utilizada é ilustrada na imagem (1). O objetivo das bobinas é amplificar o campo gerado pela corrente utilizada (na casa de miliampéres), e o resistor é apenas uma proteção para a fonte contra curto-circuito, uma vez que nenhum elemento resistivo é ligado em série com esta. Assim, colocando a bússula centralizada no ponto médio que une os eixos das bobinas, com a direção Norte-Sul perpendicular ao eixo daquelas, na ausência de um campo produzido pela bobina, o campo magnético resultante é unicamente o campo magnético horizontal da terra. No entanto, ligando o circuito, e circulando uma corrente 𝐼 (𝑒𝑚 𝑎𝑚𝑝é𝑟𝑒𝑠), um campo 𝐵 (𝑒𝑚 𝑡𝑒𝑠𝑙𝑎) perpendicular ao campo da terra, dado pela equação (1) é produzido, orientando a bússula no sentido do campo resultante, defletindo a agulha da bússula em 𝜃 graus. A partir dessa nossa descrição do fato físico, obtemos: tan 𝜃 = 𝐵 𝐵𝑇ℎ 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (2) A partir da união das duas equações aqui apresentadas, chegamos a uma equação única que nos permite encontrar o valor do campo magnético horizontal da terra (equação 3). 𝐼(𝐴𝑚𝑝é𝑟𝑒) = 5√5 8 𝑅 𝜇0𝑁 ∙ 𝐵𝑇ℎ tan 𝜃 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (3) Com o arcabouço matemático pronto, executamos o experimento e coletamos pares de dados (corrente (em miliampere), deflexão (em graus)), e montamos a seguinte tabela (1): 𝐼(𝑚𝐴) 𝜃(°) 2,3 5 5,4 15 9,9 25 14,3 35 20,8 45 29,3 55 43,0 65 74,8 75 228,8 85 Tabela (1 Resultados Sabemos que a função (3) não é linear em 𝜃, mas fazendo uma mudança de variável tan 𝜃 = 𝑥, tornamos a função linear em 𝑥, e portanto, podemos utilizar nosso software SciDAVis para linearizá-la. Obtemos assim, o gráfico (1). Gráfico (1) 𝑌 = 𝐴𝑥 + 𝐵 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (4) A análise da similaridade e da correspondência entre a função dada por (3) e a estrutura básica da função de primeiro grau (4- linear em 𝑥), obtemos: 𝐴 = 5√5 8 𝑅 𝜇0𝑁 ∙ 𝐵𝑇ℎ .: 𝐵𝑇ℎ = 𝜇0𝑁 𝑅 8 5√5 ∙ 𝐴 Portanto, para nossa montagem onde 𝜇0 = 1,26 × 10 −6 𝑇𝑚 𝐴 (permeabilidade magnética do vácuo, que é aproximadamente idêntica á do ar), e 𝑅 = (9,5 ± 0,5)𝑐𝑚, temos: 𝐵𝑇ℎ = 37,9𝜇𝑇 Para encontrarmos a incerteza associada á essa grandeza, utilizaremos a expressão de incerteza padrão combinada dada por (5). 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑ ( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (5) Expressão esta que, para nosso experimento em específico, cujas unicas grandezas com incerteza são 𝑅 e 𝐴, temos: Δ𝐵𝑇ℎ 2 = ( 8 5√5 𝜇0𝑁 𝑅 ) 2 Δ𝐴2 + (− 8 5√5 𝜇0𝑁𝐴 𝑅2 ) 2 Δ𝑅2 . : Δ𝐵𝑇ℎ = 2𝜇𝑇 Conclusão Procedendo dessa forma, aliando a teoria e a prática, pudemos calcular de forma experimental, a magnitude do campo magnético horizontal da Terra, na região do laboratório, cumprindo o objetivo do experimento. Resultado obtido do experimento 𝐵𝑇ℎ = (38 ± 2)𝜇𝑇 Verifique que, como o esperado, o valor encontrado localiza-se no intervalo estipulado (20 − 60𝜇𝑇). Perceba também, que a todo momento nos referimos a campo magnético horizontal terrestre, pois, se quiséssemos calcular, por sua vez, o campo magnético vertical, ou o campo magnético total, deveríamos conhecer 𝛽, ângulo formado pelo campo da terra 𝐵𝑇 e um dos seus componentes (𝐵𝑇𝑣 𝑜𝑢 𝐵𝑇ℎ).
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