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Circuito RC Introdução O avanço da tecnologia, em especial dos aparelhos eletroeletrônicos, associado à uma demanda cada vez maior por melhores e mais portáteis câmeras fotográficas, têm nos levado á um ambiente em que os lançamentos do mercado são, em sua maioria, smartphones com duas, três ou até quatro câmeras digitais, associadas a um poderoso flash. Nesse experimento, iremos nos aprofundar sobre o funcionamento e composição do “flash” dessas câmeras, e ao fim, definir para quais bandas de valores de resistor e capacitor (componentes de todo e qualquer flash) teremos um flash ideal. 𝑞 = 𝐶𝑉 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (1) 𝑈 = 𝐶𝑉2 2 𝑒𝑢𝑞𝑎çã𝑜 (2) Para isso, é necessário conhecer o princípio de funcionamento de um capacitor. Esse componente, é composto por duas armaduras que, estando em um circuito, sobre a ação de uma tensão (𝑉), acumulam carga elétrica (𝑞) proporcionalmente à sua capacitância (𝐶), ao longo do tempo, de acordo com a equação (1). Após carregado, esse dispositivo tem a capacidade de descarregar a energia (𝑈) acumulada rapidamente, possibilitando o clarão do flash, ao descarregar toda essa energia sobre uma lâmpada de LED. Objetivos Com auxílio dos materiais do laboratório, iremos colher dados experimentais, através de um sensor diretamente conectado a um computador, que será responsável por montar um gráfico 𝑉 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑇, onde a ordenada (𝑉 𝑒𝑚 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑠) corresponde a tensão em um capacitor em função do tempo (𝑇 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠), durante a descarga do mesmo. Com tal gráfico em mãos, obtido com dados experimentais, iremos calcular a constante de tempo capacitiva do circuito, dada por 𝜏 = 𝑅𝐶, a partir das constantes interpoladas pelo método gráfico. Tal grandeza é importantíssima associada à circuitos RC (resistor-capacitor) por ser uma medida temporal de carga e descarga. Podemos provar tal argumento fazendo uma análise dimensional de 𝜏. 𝜏 = 𝑅 ∙ 𝐶 = 𝑉 𝐼 ∙ 𝐼𝑇 𝑉 = [𝑇] 𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 Assim, ao final do experimento, iremos encontrar valores reais de 𝜏 para as duas montagens do mesmo circuito, com resistores diferentes, e suas respectivas incertezas, para em seguida compará-las com as medidas teóricas feitas. Materiais 01 Capacitor 100 𝜇𝐹 ± 5% de tolerância 01 Resistor 1𝑘Ω ± 5% de tolerância 01 Resistor 10𝑘Ω ± 2% de tolerância 01 Fonte de tensão contínua regulada para 7 Volts DC Sensor de tensão, com alta frequência de amostragem Fios (jumpers) para conexão dos componentes Computador com interface para aquisição de dados Métodos Dispondo de nossos materiais, montamos o circuito mostrado no esquemático (1). Analisando as conexões de circuito do capacitor, sabemos que a face voltada para a extremidade 𝑎 é a placa carregada positivamente, e a voltada para a extremidade 𝑏, negativamente, pois esta se conecta diretamente ao polo negativo da fonte de tensão, acumulando cada, cargas de sinais opostos, mas de mesmo módulo. Esquemático (1) Aplicando a Lei das tensões de Kirchhoff para a malha do esquemático (1), quando a chave conecta os terminais A e S, obtemos: { 𝑑𝑞 𝑑𝑡 + 𝑞 𝑅𝐶 = 𝜀 𝑅 𝑞(0) = 0 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (1) − 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 O sistema (1) nos permite calcular a solução dessa equação diferencial, e encontrar a carga no capacitor para qualquer tempo 𝑡, pois ela satisfaz o sistema. 𝑞(𝑡) = 𝐶𝜀(1 − 𝑒−𝑡/𝑅𝐶) 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎(1) Para carga, temos 𝑞(0) = 0, o que significa que nosso experimento se iniciou com o capacitor descarregado. No entanto, para descarga, temos que 𝑞(0) = 𝐶𝜀, pois foi previamente carregado até uma tensão de 𝜀, dada pela fonte. Portanto, para descarga: { 𝑑𝑞 𝑑𝑡 + 𝑞 𝑅𝐶 = 0 𝑞(0) = 𝐶𝜀 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (2) − 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 No momento da descarga, os terminais B e S são conectados e a energia é dissipada. 𝑞(𝑡) = 𝐶𝜀𝑒−𝑡/𝑅𝐶 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (2) Que pode ser reescrita, de acordo com equação (1), chamando a tensão inicial entre os terminais do capacitor 𝐶𝜀 = 𝑉0, por: 𝑉(𝑡) = 𝑉0𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (2) Uma vez que a capacitância é uma propriedade intrínseca do capacitor (constante), e depende unicamente do material que compõe o dispositivo, e da sua geometria (área das placas e distância entre elas). Com todo arcabouço matemático desenvolvido, podemos enfim, buscar os resultados desejados, dando um enfoque maior ao processo de descarga do capacitor, pois é sobre este processo, que nossa interface gráfica nos ajudará, amostrando os valores de tensão do capacitor a uma taxa que não seríamos capazes manualmente. Para um gráfico coerente com todo o processo, escolheremos analisá-lo durante um tempo suficiente para que a tensão no capacitor seja aproximadamente um décimo do seu valor inicial. Para tal, obtemos que o tempo de observação é 𝑡 = 𝑅𝐶 ∙ ln 10. Portanto, utilizaremos: { 𝑡1 = 1𝑘Ω ∙ 100𝜇𝐹 ∙ ln 10 = 0,23 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑡2 = 10𝑘Ω ∙ 100𝜇𝐹 ∙ ln 10 = 2,30 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 Onde associamos o índice da grandeza à montagem do experimento com diferente resistor, sendo o índice 1 atribuído ao circuito com menor valor de resistência. Ainda buscando uma precisão adequada do nosso gráfico, queremos construí-lo com 200 amostragens ao longo de sua análise, portanto, queremos encontrar a frequência de amostragem ideal, para podermos assim, configurar a interface de obtenção desses dados. Logo: { 𝑓1 = 200 0,23 ≅ 870 𝐻𝑧 𝑓2 = 200 2,30 ≅ 87 𝐻𝑧 Para cada uma das duas montagens do circuito (1), utilizaremos diferentes resistores. Como já foi visto, 𝜏 = 𝑅𝐶 é uma constante de tempo, portanto, variando as resistências, encontraremos gráficos distintos, cujo comportamento ao longo do tempo é característico daquele par capacitor-resistor. Por isso, a necessidade de taxas de amostragem diferentes, para diferentes montagens. No entanto, para 𝑡 = 𝜏, durante a descarga temos: 𝑉(𝜏) = 𝑉0𝑒 −1 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (3) Portanto, para 𝑡 = 𝜏, para qualquer circuito RC, temos que 𝑉(𝜏) ≅ 0,37𝑉0. Resultados Como mencionado anteriormente, a evolução distinta dos dois gráficos obtidos pela interface, pode ser vista na imagem (1), comparando os dois gráficos produzidos pelo computador, para cada valor de resistência. Imagem (1) – Acima temos o gráfico correspondente à montagem com o resistor de 1𝑘𝛺, e abaixo, 10𝑘𝛺. Como esperado, temos um gráfico que se assemelha bastante a uma curva exponencial decrescente, assim, ainda utilizando a interface gráfica, aplicamos uma regressão exponencial na forma 𝑌(𝑥) = 𝐵 + 𝐴 ∙ 𝑒−𝐶𝑥 , em tais gráficos, para obter os valores experimentais. A 7,12 ± 0,03 B 0,036 ± 0,06 C 7,52 ± 0,05 Tabela 1- Valores obtidos utilizando resistência de 1𝑘𝛺 A 7,26 ± 0,04 B 0,03 ± 0,01 C 1,35 ± 0,01 Tabela 2-Valores obtidos utilizando resistência de 10𝑘𝛺 Como sabemos que 𝑌(𝑥) = 𝐵 + 𝐴 ∙ 𝑒−𝐶𝑥 e 𝑉(𝑡) = 𝑉0𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 são expressões equivalentes, obtemos algumas expressões de igualdade a partir da comparação das mesmas. Como: { 𝐴 = 𝑉0 𝐶′ = 1 𝑅𝐶 = 1 𝜏 Aqui apenas definimos 𝐶’ como medida obtida do gráfico, para não confundirmos com a capacitância. Agora, podemos comparar as grandezas obtidas matematicamente, e as obtidas experimentalmente. Valores matematicamente calculados Valores interpolados experimentalmente 𝜏1 = 1𝑘Ω ∙ 100𝜇𝐹 = 0,1 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 𝜏1 = 1 7,52 = 0,133 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 𝜏2 = 10𝑘Ω ∙ 100𝜇𝐹 = 1 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 𝜏2 = 1 1,35 = 0,741 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 Tabela (3) Para encontrar as respectivas incertezas da constante de tempo capacitiva, utilizaremos a fórmula da incertezapadrão combinada, dada por: 𝑢𝑐 2(𝑦) =∑( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (4) Aplicando-se a constante de tempo, obtemos: Δ𝜏2 = [ 𝑑 𝑑𝐶′ ( 1 𝐶′ )] 2 ∙ Δ𝐶′ 2 . : Δ𝜏 = Δ𝐶′ (𝐶′)2 = { Δτ1 = 8,8 × 10 −4 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 Δ𝜏2 = 54,9 × 10 −4 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 Conclusão Por fim, obtemos as constantes de tempo capacitivas experimentais, associadas á cada montagem do circuito. Para 𝑅 = 1𝑘Ω, encontramos finalmente: 𝜏 = (13,30 ± 0,01) × 10−2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 Por outro lado, utilizando-se o resistor 𝑅 = 10𝑘Ω, encontramos: 𝜏 = (74,07 ± 0,55) × 10−2𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 Dessa forma, concluindo o pensamento introduzido por nós ao início desse texto, ao objetivarmos um flash de curta duração devemos buscar uma lâmpada (resistor) de baixa resistência, e, de acordo com a equação (2), para um flash mais intenso, mais enérgico, devemos utilizar um capacitor de maior capacitância, desde que sob esse dispositivo se mantenha constante a tensão entre seus terminais.
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