Sistemas Espinais para Dor

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Luiz Felipe Alcântara Ferreira - Medicina
ANATOMIA
SISTEMAS ESPINAIS PARA DOR
Tópicos
● Classificação das fibras nervosas relacionadas à dor;
● Anatomia funcional dos sistemas protetores espinais;
● Anatomia regional dos sistemas protetores espinais.
Resumo do Assunto
Dor, temperatura e prurido são sensações protetoras. Estímulos que evocam
essas sensações são bons indicadores de dano tecidual. Tais estímulos são percebidos
por conjuntos específicos de neurônios receptores sensoriais que inervam toda a
superfície corporal. Esses neurônios receptores sensoriais têm conexões específicas
com estruturas do sistema nervoso central que, quando se tornam ativas, orquestram um
complexo conjunto de eventos fisiológicos e comportamentais. As percepções evocadas
permitem reconhecer precisamente a modalidade de estímulo e onde ele ocorre no
corpo. As Sensações protetoras mobilizam as ações do indivíduo para ajudar a garantir a
remoção do estímulo e evitar o dano corporal. Não surpreendentemente, o sistema de
dor, temperatura e prurido conectam-se diretamente com diversas regiões cerebrais,
muito mais do que para o tato. Uma característica única dessas sensações protetoras é
que elas envolvem áreas do córtex cerebral as quais são mais conhecidas por seus
envolvimentos nas emoções do que nas sensações. Infelizmente as sensações
protetoras podem ser facilmente enganadas; elas podem ser ativas e o estado
persistente de alarme falso.
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Classificação das Fibras Nervosas
Fibras A
São mielínicas e responsáveis pela transmissão da dor do tipo rápida. Estão localizadas
superficialmente na pele, músculos e tendões. São conduzidas com organização
somatotrópica precisa e detalhada, por este motivo a dor pode ser precisa e
quantificável. Velocidade entre 6 e 30m/s.
Fibras C
São amielínicas e responsáveis pela transmissão da dor do tipo lenta. Estão localizadas
em estruturas mais profundas de músculos e tendões e nas vísceras. São conduzidas
sem organização somatotrópica precisa e por este motivo a dor transmitida pelas fibras
lentas C é difícil de ser localizada e quantificada. A atividade dos receptores
nociceptivos das fibras C é modulada pela ação de substâncias químicas, denominadas
algogênicas (acetilcolina, prostaglandina, histamina, serotonina, bradicinina, leucotrieno,
substância P, tromboxana, fator de ativação plaquetária, radicais ácidos e os íons
potássio), liberadas em elevada concentração no ambiente tecidual em decorrência de
processos inflamatórios, traumáticos e/ou isquêmicos. Velocidade entre 0,5 e 2 m/s.
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Neurônios Receptores Sensoriais
O sistema anterolateral medeia as sensações de dor, temperatura e prurido e tato
grosseiro. A dor visceral é processada por um pequeno contingente de axônios da
coluna posterior. Neurônios do gânglio da raiz posterior sensíveis a estímulos
dolorosos, calor, frio ou prurido (histamina) têm terminações nervosas não
encapsuladas e axônios de pequeno diâmetro.
Medula Espinal
Os axônios dos neurônios do gânglio da raiz posterior entram na medula espinal via
raízes posteriores. Um dermátomo é a área da pele inervada por uma única raiz
posterior. Fibras de pequeno diâmetro entram na medula espinal e ascendem e
descendem no trato de Lissauer; eles terminam, por fim, na substância cinzenta da
medula espinal. Os axônios do sistema anterolateral provêm dos neurônios do corno
dorsal e decussam na comissura ventral (anterior). O sistema anterolateral ascende no
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funículo lateral. Fibras ascendentes viscerais ascendem medialmente nas colunas
posteriores, no fascículo grácil. A hemissecção medular tem um efeito diferente nas
modalidades somatossensoriais inferiores à lesão, produzindo perda de sensação de
tato e de posição no lado da lesão e perda das sensações de dor e temperatura no lado
oposto.
Tronco Encefálico
Fibras do sistema anterolateral terminam na formação reticular, núcleo parabraquial,
mesencéfalo, incluindo-se a substância cinzenta periaquedutal, e tálamo. As fibras de
dor visceral fazem sinapse no núcleo grácil, em região separada a partir das fibras
mecanossensoriais, e ascendem ao tálamo no lemnisco medial. Fibras o sistema
anterolateral recebem seu suprimento arterial no bulbo por meio da ACIP.
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Sistemas Ascendentes Modulatórios da Dor
Estruturas prosencefálicas para emoções e processamento de dor — incluindo-se
amígdala, hipotálamo, lobo insular e córtex cingulado anterior — projetam-se a neurônios
excitatórios glutaminérgicos da substância cinzenta periaquedutal. Esses neurônios
regulam neurônios serotonérgicos nos núcleos de rafe e neurônios noradrenérgicos
na formação reticular que se projetam ao corno posterior. A transmissão de dor no
corno posterior é suprimida por promover as ações inibitórias dos neurônios o corno
dorsal (posterior).
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Córtex Cerebral e Tálamo
Axônios do trato espinotalâmico e possivelmente fibras viscerossensoriais fazem sinapse
em três núcleos talâmicos principais que, por sua vez, se projetam a diferentes áreas
corticais. O núcleo ventral posterolateral, que se projeta ao córtex somatossensorial
primário, é importante para a percepção da intensidade dos estímulos e localização. O
núcleo ventral posteromedial, o qual se projeta ao córtex insular, é também importante
na percepção de estímulos, bem como em aspectos afetivos dos estímulos de dor e
temperatura. O terceiro núcleo, o núcleo medial dorsal, projeta-se ao córtex cingulado
para as respostas emocionais da dor. As regiões insular e cortical anterior são também
importantes nas respostas comportamentais e autonômicas para as sensações de dor,
temperatura e prurido e as emoções e memórias que esses estímulos evocam.
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