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FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 Fármacos hipoglicemiantes Diabetes mellitus O nível elevado de glicemia no sangue representa uma doença chamada Diabetes Mellitus. A historia da sua evolução começa 200 d.C, quando percebeu-se que alguns pacientes apresentavam sede insaciável e micção excessiva, daí surgiu a denominação “ diabetes” que em grego significa “sifão” ou “que passa através de”, definição esta, dada por Areteu de Capadócia. Em 1675, Thomas Willis introduziu o termo “mellitus” após verificar que os pacientes diabéticos produziam uma urina contendo açúcar. Diabetes Insipidus também tem características de poliúria e polidpsia mas os seus sinais não têm relação nenhuma com o aumento da glicemia, ele é provocado por uma desregulação do hormônio anti-diurético. Atualmente, sabemos de que se trata de uma síndrome metabólica que envolve alterações no metabolismo de açucares ou carboidratos, lipídios e proteínas. Estima-se que em 2035, existam em média 500 milhões de pessoas diagnosticadas com diabetes no mundo. O diabetes pertence a um grupo de doenças caracterizadas pelo excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia), e é resultado de uma deficiência na produção do hormônio insulina pelo corpo, e/ou uma falha na administração da insulina que o corpo produz. Caracteriza-se como um distúrbio crônico e desenvolvimento tardio de complicações vasculares e neuropáticas. O quadro define como o paciente é diagnosticado com diabetes ou não a depender do nível glicêmico. Quando a glicemia do indivíduo em jejum é < 100, o indivíduo possui uma glicemia normal. Entre > 100 a < 126, o indivíduo, em jejum, é classificado como tolerância à glicose diminuída. E é diagnosticado com diabetes mellitus quando o indivíduo, em jejum, apresenta uma glicemia ≥ 126. Outro teste que pode ser feito, é quando o indivíduo chega ao laboratório e lhe é fornecido uma solução de glicose com 75 g e 2horas após a ingestão da solução, é aferida a glicemia. Durante muito tempo, a única forma de avaliação dos níveis glicêmicos era através da medição da glicemia direta no sangue, quantidade de açúcar (glicose) circulando no sangue do indivíduo. De umas décadas cá um ensaio chamado de quantificação de hemoglobina glicada, tornou-se bastante popular. Para o acompanhamento clínico e da efetividade da terapia, esse ensaio foi muito bom, por que o ensaio de hemoglobina glicada detecta no sangue a quantidade de hemoglobina circulante que está com moléculas de glicose aderidas à sua superfície, aos seus aminoácidos. A diferença é que quando a glicose se liga à hemoglobina, ela vai permanecer ligada e glicada por toda a vida útil da hemácia, isso quer dizer que, se a hemácia dura 120 dias, o valor da hemoglobina glicada vai ser um valor médio da concentração de glicose no sangue durante esses 120 dias. Isso foi importante por que alguns pacientes paravam de usar o açúcar só em vésperas do exame. FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 Liberação de insulina A insulina é um hormônio endógeno que é liberada conforme eu tenho um aumento de glicose no sangue. É produzida e liberada pelo pâncreas, pelas células β pancreáticas (Ilhotas de Langerhans. O individuo se alimentou teve uma alta absorção de glicose que começa a circular no sangue e chega até o pâncreas, conforme essa glicose vai sendo capturada pela célula beta pancreática ocorre algumas reações químicas: primeiro ela sofre o metabolismo de fosforilação que transforma a molécula de ADP em ATP, que tem afinidade pelo canal de potássio, que evita a despolarização da membrana, funciona abrindo o canal, deixando o potássio sair. O acumulo de potássio no interior da célula promove a despolarização celular que acaba abrindo os canais de cálcio que aumenta o influxo de cálcio no interior da célula beta pancreática. Quanto mais cálcio dentro da célula maior a liberação de insulina. Como consequência ocorre a redução dos níveis de glicose no sangue. 1. Canais de K+ determinam o potencial de membrana em repouso na célula β; 2. Glicose entra na célula pelo transportador GLUT- 2; 3. Glicose é transformada em glicose 6 fosfato (glicoquinase) e entra na via da glicólise aumentando o ATP intracelular; 4. ATP bloqueia os canais de K+ e ocorre a despolarização celular; 5. Ocorre a abertura dos canais de Ca ++ votagem dependentes; 6. Aumento do influxo e da mobilização intracelular no RE liso; 7. Migração, fusão com a membrana e extrusão dos grânulos de insulina na corrente circulatória. Tipos Diabetes do tipo 1 (DT1) ( tipo 1A – autoimune e 1B idiopático) se caracteriza pela deficiência absoluta de secreção de insulina provocada pela destruição das células beta pancreáticas, geralmente resultante de ataque autoimune. Responsável por, aproximadamente, 5-10% dos casos e é o subtipo mais comum diagnosticado em pacientes com menos de 20 anos de idade – infância e puberdade e progride com a idade. (falar da denominação). Diabetes tipo 1 auto-imune (tipo 1A): resulta da destruição auto-imune das células-beta das ilhotas pancreáticas. O grau de destruição celular é variável. É rápido e intenso em crianças e adolescentes, resultando em necessidade precoce e permanente do tratamento com insulina e risco de cetoacidose, e de instalação mais lenta em adultos, que podem reter a função residual das células-beta por até alguns anos após o diagnóstico. Caracterizado do ponto de vista laboratorial pela presença de auto-anticorpos contra antígenos pancreáticos, resulta da interação da predisposição genética múltipla com fatores ambientais. Diabetes tipo 1 idiopático (tipo 1B): tem etiologia desconhecida e ausência de auto-imunidade. Incide geralmente em pacientes de origem africana ou asiática que, embora possam apresentar alguns episódios de cetoacidose, exibem graus variados de deficiência insulínica FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 entre esses episódios, muitas vezes dispensando a terapia insulínica. Diabetes do tipo 2 (DT2) é provocado por uma combinação de resistência periférica à ação da insulina com a resposta compensatória inadequada de secreção de insulina pelas células beta pancreáticas (deficiência insulínica relativa). Aproximadamente 80-90% dos pacientes apresentam diabetes do tipo 2. O perfil etário é diferente, pacientes acima dos 30 anos. - a obesidade é o principal fator de risco. Cerca de 80% dos pacientes diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2 são obesos. - O paciente tem capacidade de produzir a insulina, porém o efeito intracelular da interação insulina – receptor esta defeituoso. E esse defeito leva entre outras coisas à redução da translocação de transportadores de glicose (GLUT -4). - Então, com menos transportadores de glicose eu vou captar menos glicose do sangue, então não adianta ele produzir insulina se não vai haver a sinalização e não vai ser possível reduzir os níveis de glicose. - diante desse quadro nas células B-Pancreáticas vai aumentar ainda mais a produção de insulina; o que vai causar a falência dessas células, elas vão começar a ativar mecanismos apoptóticos. Por isso que na DM 2 inicialmente se caracteriza com uma resistência insulínica e depois seja por uma falta de controle ou de terapia adequada, acaba evoluindo para um paciente insulinodependente. Diabetes gestacional: mulheres com tolerância à glicose anormal nas quais o diabetes aparece ou foi detectado durante a gravidez. Complicações do diabetes As doenças relacionadas ao aumento da glicemia geralmente são provocada por que o sangue se tornou mais viscoso, e acaba lesionando algumas artérias, causa pédiabético, sobrecarrega os rins, causa glaucoma, neuropatia periférica. quadro comparando o Tipo 1 e tipo 2 Fornecer insulina para um paciente tipo 2 não é uma estratégia adequada, pois o problema desse paciente não é a produção de insulina mas sim a sinalização responsável por capturar glicose da corrente sanguínea. Papel da insulina Como a insulina reduz a glicemia A nível molecular refere-se à translocação de receptores que vão capturar a glicose; Além disso, ela também tem outras ações em diferentes tecidos. Altos níveis de açúcar no sangue promovem liberação de insulina, a insulina liberada promove estimula a captação de glicose no sangue e isso ocorre em praticamente todas as células teciduais. Se eu estimulo a captação da glicose eu reduzo a glicemia e estimulo a catação de glicogênio no fígado, e redução dos níveis de glicose no sangue. Níveis baixos de glicemia induzem a liberação de glucagon pelas células alfapancreáticas. O glucagon estimula a quebra (hormônio catabólico) do glicogênio e ao aumento da glicemia. Já a insulina promove construção tecidual através do armazenamento de energia, atuando no processo FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 de lipogênese, captura de glicose, reduz a lipólise. No fígado a insulina reduz a gliconeogênese, estimula a síntese de glicogênio e de lipídeos, no Músculo estriado esquelético ocorre aumento da captação de glicose, a síntese de glicogênio e estimula a síntese proteica. Perfil de Liberação da Insulina- O paciente teve uma ingestão de açúcar no tempo zero do gráfico – em um paciente normal eu tenho um pico na liberação de insulina nos primeiros minutos, depois vai sendo reduzida e o paciente tem um novo pico de liberação de insulina. Para um paciente tipo 2 no qual ele tem uma resistência a insulina, ele perde esse pico inicial de liberação da insulina. Já o paciente tipo 1 mesmo após a alimentação o nível de insulina costuma não aumentar, ou se aumentar é só um pouco de forma a não reduzir a glicemia. Tratamento Farmacológico Insulinoterapia: Insulina: A insulina exógena vai atuar de forma idêntica a insulina exógena, por isso é importante sabermos o mecanismo. A insulina é uma proteína, possui duas cadeias de aminoácidos, a cadeia alfa e a cadeia beta, uma com 30 aminoácidos e outra com 21 aminoácidos. A insulina humana foi a primeira proteína que teve toda a sequência de aminoácidos dela determinada. A partir daí a biotecnologia foi capaz de produzir uma insulina humana recombinante, até então era utilizado a insulina extraída de porcos, do pâncreas de porco se purificava a insulina e administrava nos pacientes e isso causava muitas reações alérgicas, até por que era uma proteína de outra espécie animal. *mitogenese é o estimulo à mitose A insulina reduz a glicose sanguínea ela atua como agonista no receptor de insulina, que é acoplado a tirosinoquinase. Os receptores tem algumas quinases na porção intracelular e essas quinases fosforilam moléculas intracelulares e ai o efeito farmacológico vai se desencadeando. O receptor de insulina é um receptor ligado a quinase. Então a função dele vai ser de fosforilar. Interação da insulina com seus eceptores (menos de 10% ocupados para efeito máximo). Segundo de Clark isso era impossível de acontecer, o efeito máximo de um fármaco só era observado se eu tivesse 100% dos seus receptores ocupados. Mas depois vieram outras teorias que mostraram que não, que existiam outros fatores fundamentais para que o efeito farmacológico ocorresse, um exemplo é a ligação insulina-receptor de insulina. - Os glicocorticoides (estimulam o catabolismo) reduzem a afinidade da insulina com pelo seu receptor; O GH (estimula o anabolismo) aumenta a afinidade pelo receptor. Insulina exógena Ativa quinase (o receptor da insulina); Fosforila alguns sinalizadores intracelulares; O que leva a síntese proteica, mitogênese, síntese de glicogênio; E ativação de transportadores de GLUT-4 para a membrana. Tipos (divididos de acordo com a sua velocidade e sítio de ação). Líspro o nome se da pela troca de dois aminoácidos: Lisina e Prolina = lispro. Essa troca faz com que FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 quando as moléculas de insulina quando formuladas não formem agregados entre si, e permaneçam na forma monomérica, e isso aumenta a velocidade de absorção e consequentemente uma ação mais rápida. insulina de ação ultra-rápida; significa que logo após aplicação tem-se uma rápida baixo dos níveis glicêmicos É monomérica não forma hexâmeros; Mantém forma monomérica para acelerar sua absorção; Fornece flexibilidade e conveniência para o paciente, pois pode ser injetada minutos antes da refeição. Regular Preparação de ação curta; o pico ocorre um pouco depois da aplicação Forma hexâmeros; sua disposição em monômeros constitui a etapa que limita a velocidade no processo de absorção Estrutura idêntica à insulina endógena; Adição de íons de zinco para obter estabilidade é o que a torna diferente. NPH Preparação de ação intermediária Forma conglomerados de hexâmeros; tem uma etapa a mais de pré-absorção para se chegar á forma monomérica, aumenta o tempo de ação dela. Combinação insulina + protamina = uma proteína isolada do esperma da truta arco-íris em uma suspensão de zinco; A protamina é uma proteína que tem facilidade para manter os hexâmeros unidos, ou seja ela prolonga o tempo necessário para a absorção da insulina, já que permanece complexada com o hormônio até que a as proteases clivem as protamina. Glargina - longa duração de ação, que pode ser vantajoso em alguns casos -Liberação uniforme sem produzir pico (imitando a denominada se secreção basal de insulina); -ela tem esse nome por que na cadeia A da insulina no aminoácido 21 que era uma aspragina foi substituído por uma glicina e na cadeia B onde tinha 30 aminoácidos, adicionou-se 2 aminoácidos de arginina e assim formou-se a glargina; -Essas alterações levaram a estabilização do hexâmero de insulina, o que modifica seu tempo de ação. No eixo Y temos o efeito glicêmico e no X temos a duração desse efeito * Tipo 1 com certeza usar a insulinoterapia. No tipo 2 depende do nível de produção de insulina do paciente. As alterações na sequência de aminoácidos da molécula e mudança na apresentação da molécula é o que difere os tipos de insulina Efeitos adversos da insulinoterapia Hipoglicemia: mais comum, depende de diversos fatores Reações imunológicas: já é bem menos comum atualmente, mas pode acontecer das proteínas serem reconhecidas como estranhas Lipodistrofia: a insulina é aplicada de forma subcutânea, é importante que troque os locais de administração para que a insulina não fique sempre na mesma região em grande concentração, pois isso pode provocar lipólise nos adipócitos. Cuidados na insulinoterapia Locais de administração: Abdome (barriga), Coxa (frente e lateral externa), Braço (parte posterior FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 do terço superior), Glúteo (parte superior e lateral das nádegas). Armazenamento: frascos, canetas ou cartuchos de insulina que ainda não foram abertos devem ser armazenados na geladeira. Após aberto conservar abaixo de 30º, e ao abrigo da luz; Unidade de insulina é a quantidade capaz de reduzir a glicemia de jejum de um coelho para 45mg/dL.
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