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FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 Farmacologia dos anti-hipertensivos Tópicos abordados: - Introdução sobre a pressão arterial - Mecanismos fisiológicos para o controle da pressão arterial - Introdução à hipertensão - Prevalência da hipertensão - Alternativas farmacológicas para o tratamento da hipertensão arterial - Classe dos inibidores de enzima conversora de angiotensina Objetivos: 1. Rever os mecanismos fisiológicos envolvidos no controle da P.A. 2. Caracterizar a hipertensão arterial e rever os eventos envolvidos na sua fisiopatologia. 3. Apresentar as principais classes de fármacos utilizados no controle da P.A. 4. Discutir os mecanismos de ação dos inibidores da enzima conversora do angiotensina e antagonistas dos canais de cálcio. Introdução Pressão arterial Pressão arterial é a pressão que o sangue exerce contra a parede das artérias. Fatores que determinam a P.A. - Frequência cardíaca - Resistencia vascular periférica - Volume de sangue pelo V.E. (Sistólico) - Viscosidade sanguínea *fármacos que afetam qualquer um desses fatores, alteram a P.A. PA = DEBITO CARDIACO x RESISTENCIA VASCULAR PERIFÉRICA DC é o volume de sangue sendo bombeado pelo coração em um minuto. DC = volume sistólico x frequência cardíaca RVP é o somatório das forças exercidas pelos vasos periféricos e que o ventrículo esquerdo precisa superar para conseguir ejetar o sangue. RVP = 8nL/ r 4 (Nesse caso, o raio dos vasos é inversamente proporcional à RVP, ou seja, quanto maior o raio do vaso, menor a RVP e menor a PA. Fármacos que aumentam o raio dos vasos reduzem a RVP e a PA.) Mecanismos fisiológicos para o controle da P.A. O aumento da PA estimula mecanismos fisiológicos neurais e humorais. Neurais = Compensação pelo sistema cardiovascular, vasodilatação, redução do débito cardíaco = diminuição da pressão arterial para o estado normal. Humorais = envolvem produção e liberação de hormônios como a renina, aldosterona. Onde entra a participação renal, uma resposta mais lenta que influencia a PA por aumentar a excreção de fluido na urina (diurese) reduzindo o volume de sangue, reduzindo o DC por exemplo = diminuição da pressão artéria para o estado normal. Pontos de regulação da P.A. A depender da força com que o sangue se choca com as paredes das artérias tem-se uma menor ou maior ativação dos barroreceptores, daí eu consigo aumentar ou diminuir a pressão arterial via nervo vago ou sistema simpático. Além disso, as células justoglomerulares nos rins são capazes de perceber as variações de pressão de perfusão renal, quando ela diminui as células liberam justoglomerulares liberam renina que inicia a cascata vasopressora da renina- angiotensina-aldosterona. Tem também a participação endotelial, produção de vasodilatadores como bradicilina, oxido nítrico, prostaglandina (SNS também influencia na contração e dilatação endotelial). A ECA converte a angiotensina I em angiotensina II que estimula a suprarrenal a produzir aldosterona e que vai ter ações vasoconstrictoras via receptores AT1, a aldosterona estimula a reabsorção de sódio o que faz com que o volume de agua e, consequentemente de sangue, aumente. Manter a P.A. normal também exige um trabalho constante Mecanismos reflexos de feedback negativo. Hipertensão arterial Doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, geralmente assintomática, que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos IECA e Bloqueadores dos canais de Ca +2 FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 vasodilatadores e vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de comprometer a irrigação tecidual e provocar danos aos órgãos por eles irrigados. Causas da HA o Hipertensão essencial ou primária (90%) o Hipertensão secundária: provocada pelo uso de fármacos, doença renal, IC ou hiperaldosteronismo... Classificação da hipertensão Prevalência e fatores de risco *a hipertensão leva a complicações fatais o Idade o Gênero e etnia o Consumo de álcool o Sedentarismo A primeira opção terapêutica é modificar hábitos de vida, uma vez que essas estratégias não mostram resultados entra com os fármacos anti-hipertensivos . Pontos de intervenção farmacológica dos ant-h Fármacos antagonistas beta: regulam a ativação simpática adrenérgica via os receptores beta 1 no coração que levam ao aumento de força, frequência cardíaca, se eu utilizo os antagonistas beta esses mecanismos de força e frequência são reduzidos. Diuréticos: aumentam a diurese que é ligada à diminuição da reabsorção de sódio, ou seja, reduz a reabsorção de agua, o volume sanguíneo e o debito cardíaco, reduzindo a PA. Vasodilatadores diretos: tem como principal representante os fármacos derivados do oxido nítrico. São hipotensores potentes de ação rápida, tanto pela efetividade ser alta, quanto pela ia de administração (sublingual) muito utilizado em emergência hipertensiva. São doadores de oxido nítrico, e no endotélio, o oxido nítrico tem potencial de vasodilatação. Inibidores da ECA: provoca a diminuição da produção de angiotensina II, o que reduz o estimulo a produção de aldosterona e menor vasoconstrição. Inibidores dos receptores de AT1 (receptor de angiotensina II do tipo 1: fármaco não interfere na produção de angiotensina, só impede que ela se ligue no sítio de ação Bloqueadores dos canais de Ca + ²: atuam nos cardiomiócitos e na célula muscular vascular. Com menos cálcio na célula cardíaca a contração diminui o que reduz o volume que vai ser ejetado, redução do DC. Além disso, com a dilatação da célula muscular vascular tem-se o aumento do raio do vaso reduzindo a resistência vascular periférica e consequentemente a redução da P.A. Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) Introdução : - Pressão arterial e o sistema renina-angiotensina- aldosterona: até 1898 não se sabia da relação entre rim e coração, foi o professor Tigerstedt que escreveu pela primeira vez a presença de uma substancias que fazia a ligação entre os sistemas renal e cardiovascular. Em suas palavras ele afirmou “Até onda sabemos, ninguém tem investigado até que ponto uma substancia do rim influencia os órgãos circulatórios. Em vista da conexão íntima entre algumas doenças renais e cardíacas, pareceu possível investigar a presença de tal substancia”. (a substancia era é renina). Sistema renina-angiotensina-aldosterona *hiponatremia, hipovolemia, hipotensão: podem provocar a ativação simpática, redução da perfusão renal, estimulação FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 do aparelho justaglomerular via beta1, as células justaglomerulares vão liberar a renina que é responsável por converter o angiotensinogênio em angiotensina I, que é convertida em angiotensina II pela ação da enzima conversora da angiotensina. A angiotensina II vai até o córtex da suprarrenal e estimula-o a produzir e liberar aldosterona que chega até o rim estimulando a reabsorção de sódio e agua, aumentando o volume sanguíneo resolvendo a hiponatremia, hipovolemia e hipotensão. Aliado a reabsorção de sódio e agua a aldosterona também estimula a secreção de potássio, isso explica por que a hipercalemia também estimula a produção de aldosterona. Historia dos IECA 1963: Sergio Ferreira: veneno da jararaca/ fator potenciador da bradicilina: peptideo que inibe a ciniase II, enzima que inativa a bradicilina. 1968: Bakhle: o FPB também inibe a enzima conversora responsável pela formação da angiotensina II 1970: Erdros: cininase II: enzima conversora da angiotensina/ ECA: sintese de angiotensina II, potente susbtancia pressora 1977: Cushmane Ondetti: indentificaram e sintetizaram o captopril, primeiro inibidor da ECA *desenvolvimento do captopril (Primeiro agente anti-hipertensivo iibidor da ECA). Mecanismo de ação dos inibidores da ECA - A ECA tem participação na metabolização da bradicilina, se eu inibo a ECA, eu inibo a inativação da bradicilina e sua quantidade é aumentada, provocando a vasodilatação e redução da PA. o Mecanismo intracelular decorrente da falta de angiotensina II (como a angiotensina II aumenta a contração muscular) A angiotensina II se liga a um receptor metabotrópicos acoplado a proteína Gq que vão ativar a fosfolipase C que leva ao aumento da produção de IP3 e DAG que vão estimular o retículo sarcoplasmático a liberar cálcio e ativar a fosfoquinase C que fosforila canais de cálcio, que se abrem aumentando o influxo de cálcio, o que aumenta a contração e reduz o raio aumentando a RVA e a PA. O captopril bloqueia a conversão de angiotensina I em angiotensina II. Interação fármco-receptor o Os inibidores da ECA são farmacos que provocam uma inibição competitiva reversível, ou seja, se ligam no sítio ativo da ECA de uma maneira reversível. Vai ser encontrado duas ligações ionicas e uma ponte de hidrogênio. o O enalapril, correspondente da clase dos IECA é um pró farmaco, vai ser convertido em enalaprilato a partir de uma carboxilesterase no hepatócito, perdendo o ester, a partir daí, vai ser jogado na bile e passa a ser reabsorvido para exercer seu efeito farmacologico hipotensor. Características físico químicas que interferem na afinidade do enalaprilato, ele tem mis afinidade que o captopril por que possui interações adicionais, isso interfere no esquema posológico, você oferece uma dose menor com intervalos de tempos maiores. O enalaprilato tem uma polaridade maior e baixa absorção, por isso se administra o enalapril e não o enalaprilato, porém ele fornece essa interação hidrofóbica adicional com o sitio ativo o que faz com que tenha uma afinidade maior. Efeitos dos inibidores da ECA o Efeitos hemodinâmicos: Redução de pré-carga: Redução VLEC/Vasodilatação venosa FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 Redução da pós-carga: Redução da RVP o Efeitos neuro-hormonais: Redução da AT2: amento da bradicilina (vasodilatadora)/ redução do simpático. Os inibidores da ECA tem efetividade maior em pacientes hipertensos que tem secreção de renina aumentada e tem efeito hipotensor fraco em pacientes normotensos. Pode se dizer então, que são fármacos dependentes diretos do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Além da hipertensão os IECA podem ser usados na insuficiência cardíaca, onde há ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona. Angiotensina II tem efeitos prejudiciais para quem tem IC, por que ela aumenta a pré e pós-carga além de ser um mitogênicos direto nos miócitos e células endoteliais, ou seja, é uma substancia que induz o remodelamento cardíaco. (diminuir a produção de angiotensina II é uma alternativa farmacológica para pacientes com IC, e é isso que os IECA fazem) Estudo que mostra o efeito do enalapril em pacientes com IC, os pacientes foram acompanhados por 1 ano, sendo uma parte tratada com placebo e outra com enalapril. A probabilidade de morte de quem usou placebo subiu na curva superior, e os que usaram enalapril tiveram uma probabilidade de morte menor (curva inferior). Vantagens dos inibidores da ECA - Modificam a progressão da IC: aumentando a sobrevida desses pacientes; reduzindo a hospitalização; melhoram a qualidade de vida. - São fármacos que diminuem o remodelamento cardíaco; - Os pacientes não desenvolvem tolerância; - Não provocam taquicardia reflexa nem ativação neuro- hormonal. Interações medicamentosas *interagem com diuréticos poupadores de potássio, anti- inflamatórios, antiácidos. Efeitos adversos Hipotensão de primeira dose Tosse seca: efeitos da bradicilina na mucosa brônquica Agioedema na derme e na submucosa são provocadas pelo acumulo de radicilina Hiperpotassemia por conta da redução da atividade da angiotensina e aldosterona culminando diminuição da liberação de potássio. Bloqueadores dos canais de Ca+² Mecanismo de contração dos miócitos do músculo liso Na célula muscular lisa nós temos a contração muscular que envolve a proteina calmodulina, com a presença de clacio tem-se a formação do complexo cálcio calmodulina, a formação desse complexo ativa a MLCK (miosinoquinase de cadeia leve) proteina que fosforila os filamentos de miosina, que adota uma comformação capaz de interagir com os filamentos de actina o que leva a uma contração muscular. Essa classe de farmaco tem pouco efeito sobre leitos venosos, não afetando a pré carga, uma vez que a musculatra lisa nas arterias são mais proeminentes, o efeito de dilatação será maior à nivel arterial . Mecanismo de contração dos miócitos do músculo cardíaco. No muscumo cardíaco nós temos a troponina, quando o estimulo elétrico chega no túbulo T, onde tem-se vários canais de cálcio dependentes de voltagem eles se abrem de forma sincronizada e tem-se um influxo grande de cálcio dentro do cardiomiócito. O calcio intracelulares liga a região da troponina C (ela tem 3 subunidades I, C e T) provocando uma mudança conformacional dessa toponina, a subunidade T esta ligada a miosina que acabe se movendo junto durante mudança conformacional expondo os sítios de interação entre actina e miosina, isso faz com que essas proteínas interajam e os cardiomiócitos se contraiam. FARMACOLOGIA Thaís Silva – 3º SEMESTRE MEDICINA 2020.2 Efeito inotrópico negativo, ou seja reduz a força de contração ( inotrópico tem haver com força e cronotrópico – relação com a frequência - com tempo) Afetam também o impulso elétrico (geração, condução e acoplamento). Classe dos bloqueadores dos canais de Ca+² *divididos em 3 classes químicas e seus principais representantes *o verapanil tem afinidade maior por canais de calcio da musculatura cardíaca * o nifedipino tem afinidade maior por canais de calcio da musculatura lisa Mecanismos de ação dos bloqueadores dos canais de cálcio . Indicação dos bloqueadores dos canais de Cálcio Vantagens dos bloqueadores dos canais de Cálcio - Pacientes asmáticos - Seguros para mulheres gravidas - Não provocam sedação ou efeito no SNC - São seguros por não afetar a função renal Contraindicações do bloqueadores dos canais de Cálcio Hipotensão Pós-infarto Estenose aórtica severa Interações medicamentosas *digoxina: inotrópico positivo Efeitos adversos Verapamil: queixas frequentes de prisão de ventre, por conta da afinidade aos canais de cálcio da mm liso do intestino. Nifedipino: tonteira, hipotensão, cefaleia, rubor, náuseas, por conta da vasodilatação excessiva.
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