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Desenvolvimento Instrucional CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Gestão da Inovação PROFESSOR: ANTONIO IACONO Aula 2 Inovação como um Processo de Gestão Meta Nesta aula vamos apresentar e discutir o processo de inovação, e mostrar as fases que representam esse processo. Objetivos O objetivo principal desta aula é discutir a inovação como um processo de gestão e apresentar as fases que compreendem o processo de inovação. Após esta aula, você será capaz de: 1. Caracterizar as fases do processo de inovação; 2. Identificar os principais desafios a serem superados em cada fase; 3. Entender a importância da integração entre as fases do processo de inovação. | 2 Introdução Vimos na aula anterior que a inovação não é algo trivial, que compreende uma complexidade própria e que, seu êxito exige da empresa mais do que paixão e energia, é preciso organização e gestão estratégica. A inovação pode ser entendida como um processo, um conjunto de atividades que vão da geração de novas ideias a sua implementação. A transformação de ideias em realidade deve vir acompanhada de um valor. Vale lembrar que para que a inovação ocorra é preciso que haja aceitação do mercado, ou seja, os clientes precisam ter na inovação a solução adequada às suas necessidades. Em outras palavras, o desenvolvimento de uma solução para um determinado problema não garante que o mesmo se transforme em uma inovação; a inovação requer que a proposição de um novo produto ou serviço seja adotada e amplamente difundida. A inovação não sendo caracterizada como um evento isolado, e sim como o resultado de um processo, nos remete a concluir que como sendo um processo, ela então pode ser gerenciada, ou seja, as influências sobre seu processo podem ser manipuladas e afetar o seu resultado. Outro aspecto importante que deve ser mencionado aqui é que também não há uma única e simples fórmula, mas um conjunto de comportamentos que levam ao seu sucesso. A inovação eficaz não é um simples gerenciamento de atividades, está fortemente relacionada à maneira pela qual a empresa escolhe e gerencia seus projetos e coordena o fluxo de suas diferentes funções. Podemos então, diante disso, perceber que o processo de inovação em uma empresa apresenta características bem específicas e que podem se diferenciar consideravelmente ao de outra empresa. Vamos então avançar um pouco mais e ver o que a literatura nos mostra em relação ao processo de inovação. A literatura tem apresentado vários modelos de processos de inovação, sendo, a maior parte deles desenvolvido na década de 1990. Embora tenham como foco o produto - transformação de uma oportunidade de mercado em um produto comercializável -, é importante | 3 destacar que há modelos que também tratam da inovação de processo e inovação organizacional. Apesar das particularidades contidas nos diversos modelos de gestão da inovação, é possível pensar em uma estrutura geral do processo, que opera a partir de ideias até chegar à sua implementação. Salerno et al., baseado na representação de Hansen and Birkinshaw, propõe uma estrutura hegemônica ou preponderante do processo de inovação, cuja sequência pode ser assim representada: geração de ideias; seleção; desenvolvimento; e difusão, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1: Estrutura do processo de inovação Fonte: Adaptado de Tidd e Bessant, 2015 Vamos então, a partir de agora entender cada uma destas fases do processo. 1. Fase: Geração de Ideias Esta primeira fase compreende identificar sinais no ambiente de potenciais de mudança. Para isso, a geração das possibilidades de inovação tem como propósito analisar o cenário (interno e externo), as ameaças e oportunidades. Tais sinais podem compreender necessidades de vários tipos sob a forma de oportunidades que surgem de atividades de pesquisa, necessidades de mudança postas pelo mercado, pressões para adequação à legislação, ou comportamento de concorrentes. A etapa de geração de ideias pode ser Geração de Ideias Seleção Desenvolvimento Difusão Como podemos encontrar oportunidades de inovação? O que iremos faze e por que? Como faremos a ideia acontecer? Como iremos obter os benefícios? Será que temos uma empresa inovadora? Será que temos uma estratégia clara de inovação? | 4 orientada pelo planejamento estratégico da empresa e/ou pelo mercado. De qualquer modo, deve representar o conjunto de estímulos a que a empresa deve responder. Em outras palavras, podemos dizer, que a maioria das inovações é resultado da interação de várias forças, forças estas decorrentes da própria necessidade de mudança que a inovação exige ou dos estímulos que surgem com novas oportunidades. Mas vocês devem estar imaginando ou se perguntando se tais sinais no ambiente são em grande número. Podemos afirmar que são em grande número e que isso, apesar de positivo, também gera um desafio, o de saber identificar os que realmente nos interessam. Sendo assim, torna-se de grande importância, para a gestão eficaz da inovação, encontrarmos mecanismos bem desenvolvidos para que possamos além de identificar, processar e selecionar a informação que se origina desse ambiente. Para isso, é muito importante que a análise do ambiente externo seja coerente e bem realizada, pois assim a empresa poderá ter melhores chances de encontrar algo que possa desenvolver e proporcionar maior crescimento. Em especial, nesta etapa é importante a interação da empresa com outros atores. Isso nos faz pensar que a inovação tem como fonte de geração de ideias não apenas o ambiente interno, (como o próprio P&D), mas também o ambiente externo. Em outros temos, vale dizer que as ideias podem surgir da observação de um cliente, de uma necessidade ainda não atendida; das atividades de um concorrente; ou do próprio P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Início do verbete P&D quer dizer Pesquisa e Desenvolvimento, e no âmbito comercial, se refere a atividades de longo prazo relacionadas a ciência ou tecnologia, usando técnicas similares ao método científico , com o objetivo de aumentar o estoque de conhecimento para desenvolver novos produtos ou processos, ou aprimorados tecnologicamente. Fonte: Wikpédia Fim do verbete https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico | 5 Então podemos dizer que a inovação tem seu começo ao se fazer um levantamento dos vários traços ou indícios de oportunidades. Como já dissemos, os estímulos podem estar relacionados à tecnologia, aos mercados, novas tendências sociais, etc. Podem também ter origem dentro da empresa ou fora dela. As empresas captam sinais de possibilidades de inovação por meio da exploração, do que chamamos de “ambiente de seleção” específico, ou seja, um espaço de busca feito de conhecimento sobre as tecnologias, sobre os mercados, sobre os concorrentes, e demais fontes. Cada empresa irá buscar explorar ao máximo o ambiente de potencial inovação, e devido ao grande número de fontes, apresentaremos a seguir, algumas abordagens que facilitam a busca ou a exploração desse espaço. Todo processo ou estratégia de busca tem início com a definição do espaço de mercado. Para qualquer tipo e tamanho de empresa o mercado será sempre maior e diversificado do que ela poderá alcançar. Nesse sentido é importante, para ajudar a definir o espaço de mercado, estabelecer se a atuação no mercado será sobre o atual ou se a empresa buscará novas oportunidades. Para entendermos melhor essa questão, vale dizer que as vezes a inovação pode tomar a forma de reposição, ou seja, oferecer o mesmo produto ou serviço, mas abordado de novas formas, para diferentes mercados. Um exemplo disso podemosencontrar na Amazon.com, que é uma empresa conhecida pela sua atuação como varejista online, mas que busca ampliar seus negócios como criador e fornecedor de software. Ainda utilizando como exemplo a Amazon.com, temos também sua busca de novas oportunidades, como a da produção de filmes e séries. 1.1. Dinâmica do mercado O conhecimento da dinâmica do mercado está diretamente ligado ao conhecimento das possíveis origens de mercados potenciais. Vale lembrar que novos mercados surgem em decorrência de mudanças que nossa sociedade apresenta. Um exemplo disso é o uso do telefone celular, que no início surge como uma ferramenta de negócio com preço elevado, e que com o passar do | 6 tempo, através do avanço tecnológico e mudança cultural, tornou-se de uso geral para o mercado geral, e com preços mais acessíveis. Um segundo exemplo podemos encontrar na alimentação saudável, resultado de mudança social e educacional, que encontra um espaço particular de mercado. Podemos imaginar, é claro, que para construirmos esse conhecimento da dinâmica do mercado, são necessárias diversas formas de comunicação e interação, em especial, junto a clientes. Esse tipo de conhecimento é um elemento fundamental para o planejamento da inovação, não apenas de produto, mas também de processo. Empresas do setor de varejo de vestuário, por exemplo, precisam desenvolver sistemas eficazes de tecnologia da informação, em suas lojas, para identificar os produtos mais vendidos para orientar a manufatura de tal maneira que não deixe de atender a demanda. 1.2. Tendências Identificar tendências não é uma tarefa fácil, principalmente quando falamos dos primeiros sinais. No entanto, quando se trata de inovação relacionada com o consumidor, detectar tais sinais é de fundamental importância. Tomemos como exemplo os avanços da indústria da telefonia celular. As mensagens de texto, o envio e recebimento de imagens de vídeo, e downloads de toque de celular personalizados, são exemplos inovações tecnológicas desenvolvidas a partir de observações e identificação do desejo de consumidores. 1.3. Funcionários A busca por sinais de possíveis estímulos de inovação pode se originar de dentro da empresa, a partir de seus próprios funcionários. O envolvimento de funcionários pode representar um recurso importante, em termos de ideias, especialmente para o incremento de inovações de melhorias. Explorar esse potencial de inovação tem se revelado muito útil a diversas organizações. Vale a pena lembrar que as experiências dos empregados na geração de ideias para novas soluções tecnológicas é um recurso valioso. Como exemplo, a Toyota, fabricante de automóveis, tem em sua história de crescimento as | 7 inúmeras inovações incrementais originadas por sua força de trabalho, fundamentalmente em função da experiência de seus funcionários. As comunidades de prática são mecanismos eficientes para geração de ideias a partir dos recursos humanos que a empresa dispõe. O capital intelectual que a empresa possui é um recurso valioso Verbete Uma Comunidade de Prática designa um grupo de pessoas que se unem em torno de um mesmo tópico ou interesse. Essas pessoas trabalham juntas para achar meios de melhorar o que fazem, ou seja, na resolução de um problema na comunidade ou no aprendizado diário, através da interação regular. Fonte: Wikpédia Fim do verbete Seguem alguns exemplos de benefícios gerados pelo elevado grau de envolvimento de funcionários: • Redução de desperdício; • Eliminação de problemas recorrentes; • Redução de tempos de preparação em manufatura; • Aumento dos níveis de serviço; • Aumento do índice de qualidade de fabricação Todos esses exemplos são resultados de pequenas inovações geradas pelo envolvimento de funcionários, em especial com experiência. 1.4. Outras empresas Outra importante fonte de novas ideias para inovação é encontrada nos concorrentes e outras organizações. Técnicas de busca desse tipo compreendem projetos de melhores práticas e de engenharia reversa. | 8 Verbete Engenharia reversa é o processo de descobrir os princípios tecnológicos e o funcionamento de um dispositivo, objeto ou sistema, através da análise de sua estrutura, função e operação. Objetivamente a engenharia reversa consiste em desmontar uma máquina para descobrir como ela funciona. Fonte: Wikpédia Fim do verbete Um exemplo que ilustra o uso dessa estratégia pode ser visto nas empresas industriais da Coreia, onde parte significativa de seu crescimento foi decorrente dessa estratégia de copiar e imitar. Vale a pena enfatizar que o aprendizado gerado pelas atividades de engenharia reversa é um dos pilares para o desenvolvimento de novas tecnologias. Mas você deve estar se perguntando como as empresas realizam tais atividades. Há inúmeros métodos de obtenção de informação sobre as estratégias inovadoras da concorrência, e as grandes empresas, especialmente, investem em recursos para estarem sempre bem informadas sobre as atividades tecnológicas de seus concorrentes. Para que possamos entender melhor vamos destacar, a seguir, algumas das principais fontes de informações públicas sobre as atividades inovadoras empresariais: • Gastos com P&D empresarial: principal fonte são os relatórios empresariais. São fontes de fácil acesso, porém são limitadas por não apresentarem detalhes dos projetos e ignoram atividades inovadoras fora dos limites de P&D. • Patentes empresariais e públicas científicas: principais vantagens incluem a possibilidade de comparações detalhadas; identificação de possíveis entrantes; e identificação de redes e alianças por meio das citações e autoria conjunta. A principal limitação são as inovações não-patenteadas. • Anúncios públicos e análise de imprensa: principais fontes são as conferencias, site das empresas e catálogo de produtos. A vantagem desse tipo de fonte está no sinal direto e detalhado sobre as intenções https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dispositivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Objeto https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_informa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina | 9 empresariais. No entanto, a principal limitação está nas distorções que podem apresentar por razões mercadológicas. Outra técnica importante é a do benchmarking. Nesse processo as empresas comparam-se com as outras para testar e identificar novas formas de executar determinados processos, ou de explorar novos conceitos de produtos/serviços. Verbete Benchmarking consiste no processo de busca das melhores práticas numa determinada indústria e que conduzem ao desempenho superior. É visto como um processo positivo e através do qual uma empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar a forma como realiza a mesma ou uma função semelhante. Fonte: Wikpédia Fim do verbete É importante destacar que a aprendizagem decorrente pelo bechmarking pode surgir não apenas a partir da comparação entre empresas do mesmo setor, mas também de empresas fora do setor. Um exemplo que podemos apresentar é o de uma empresa do setor aéreo que reduziu fortemente os tempos de solo em aeroportos a partir do estudo de técnicas de pit stops vistos na Fórmula 1. Este é um exemplo de uma inovação aprendida a partir de uma inovação ocorrida em outro setor. A busca por informações sobre as inovações realizadas pelos concorrentes é relativamente fácil e de baixo custo; no entanto, gerar conhecimento para repetir as inovações do concorrente (imitar) tem um custo muito maior (aproximadamente 70% do original), não é tão simples de ser realizado e pode levar alguns anos para ser atingido. Empresas japonesas e coreanas, que são os melhores exemplos de uso da estratégia de imitar, investem consideravelmente em educação, treinamentoe Pesquisa & Desenvolvimento. Os métodos mais relevantes de aprendizagem sobre as inovações dos concorrentes compreendem a Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), reengenharia e licenciamento de patentes. Vamos agora para a segunda fase do processo de inovação, que é a seleção. | 10 2. Fase: Seleção Esta fase compreende uma seleção estratégica a partir da análise das várias oportunidades tecnológicas e mercadológicas apresentadas na fase de geração. A geração de muitas boas ideias só cumprirá seu papel se o processo de seleção for capaz de identificar a melhor escolha, isto é, novos conceitos não vão prosperar sem bons mecanismos de triagem. Três tipos de informação contribuem para direcionamento do processo de seleção, conforme Figura 2. Figura 2: Questões fundamentais na fase de seleção Fonte: Adaptado de Tidd e Bessant, 2015 O primeiro é o fluxo de sinais sobre possíveis oportunidades tecnológicas e de mercado disponíveis à empresa. O segundo refere-se à base tecnológica atual da empresa, sua própria competência tecnológica. Em outros termos, é o quanto a empresa sabe sobre seu produto (como é fabricado e colocado no mercado de maneira eficaz) e sobre as propostas de mudanças a fazer. Esse conhecimento pode estar presente nos produtos ou equipamentos específicos, mas também nos recursos humanos da organização e sistemas necessários para fazer com que o processo funcione. Este aspecto é particularmente | 11 importante, pois o fracasso da inovação é normalmente causado por empresas que tentam lançar produtos que não são adequados à sua base de competência. Entretanto, isso não quer dizer que se a empresa não possui determinada competência, não deva buscá-la; na verdade, as empresas devem buscar continuamente novas áreas de competência, pois a aprendizagem vai depender desse elemento de mudança. O terceiro, por fim, diz respeito à consistência com o negócio geral, isto é, ao alinhamento da estratégia geral do negócio e a estratégia de inovação. É importante perceber que a inovação, ao ser planejada, visa a melhoria no desempenho do negócio como um todo. Contudo, os estudos têm demonstrado que as empresas negligenciam a importância da relação entre a estratégia de inovação com a estratégia geral do negócio. Tal comportamento faz com as empresas invistam no desenvolvimento e lançamento de um produto, muitas vezes, distantes de sua real base de competência e, por conseguinte, fracassam. Diante disso, podemos concluir que a base de conhecimento de uma empresa para o desenvolvimento de uma solução tecnológica é crucial para o sucesso de uma inovação. Logo, quando não está presente na organização, precisa ser construída a partir da base de conhecimento encontrada em outros locais, fora da empresa, ou seja, é preciso desenvolver relacionamentos para acessar os requisitos de conhecimento complementar, equipamentos, recurso, entre outros. Sendo assim, pode-se perceber claramente que o conjunto de competências necessárias para se alcançar uma vantagem estratégica passa por uma base de conhecimento interno e externo à organização. Agora que já sabemos sobre as fontes de inovação e de como selecioná-las, passemos para a fase seguinte, que é a desenvolvimento ou de implementação. 3. Fase: Desenvolvimento Após selecionar as ideias que serão apoiadas, é preciso implementá-las. Não importa quão bem conferida e financiada as ideias sejam, elas precisam ser transformadas em produtos que geram receitas. A fase de desenvolvimento constitui o cerne do processo de inovação, é a que traduz o potencial da ideia | 12 em algo novo. Tal potencial pode significar um novo produto ou serviço, uma mudança de processo ou no modelo de negócio. Um fator importante a ser considerado nesse processo é que uma vez selecionada a ideia, ela precisa ter sua prioridade dentro de tantas outras que a organização possui. É importante lembrar que é durante essa fase que se consome a maior parte do tempo, dos recursos e do comprometimento. De maneira geral, a fase de desenvolvimento compreende subetapas e alguma gestão de riscos ao longo da implementação dos projetos de inovação. O grau de incerteza, presente nos processos de inovação, pode gerar eventos inesperados e imprevisíveis, levando a mudanças no projeto. O gerenciamento de risco é crucial nesta fase. À medida que a empresa implementa seus projetos de inovação torna-se necessário um controle dos recursos alocados. Em outros termos, o risco deve ser gerenciado ao longo do processo. Vale destacar que a tecnologia tem se tornado mais complexa e cada vez mais tem exigido o domínio de várias áreas do conhecimento para seu domínio e desenvolvimento. Tais características vão exigir das empresas, além de elevados níveis de flexibilidade e criatividade, uma maior integração com o ambiente externo na busca de novos conhecimentos e soluções. Muito do processo baseia-se na combinação de diferentes formas de conhecimento, e a interação com os mais diversos tipos de organização, tais como universidades, fornecedores, órgãos de fomento, institutos de tecnologia, clientes, entre outros, tem sido de grande importância para os processos de aprendizagem organizacional e acúmulo de capacidade tecnológica. A sinergia interna das diversas funções organizacionais também é fundamental nessa fase. Além de o processo de inovação apresentar dificuldades tanto nas áreas técnicas como de mercado, é importante considerar que a inovação não se limita a laboratórios de P&D. O processo de inovação envolve tantas outras funções na organização. Nesse sentido, a solução de problemas emergentes não deve ser centrada em uma sequência linear. Atividades das áreas de marketing, fabricação, qualidade, projeto, compras, entre outras, devem ser integradas. Vale destacar que a separação ou distanciamento da função projeto do mercado, por exemplo, pode resultar em modelos inadequados, | 13 onde as reais necessidades do cliente não são atendidas ou o estão “acima das expectativas”, gerando uma sofisticação técnica que excede as necessidades reais (podendo tornar-se, por consequência, muito caras). De maneira resumida, a fase de implementação pode ser explorada ao considerarmos elementos como a aquisição de conhecimento e a execução do projeto, conforme Figura 3. Figura 3: Questões fundamentais na fase de seleção Fonte: Adaptado de Tidd e Bessant, 2015 3.1 Aquisição de conhecimento A etapa de aquisição de conhecimento compreende a combinação entre o conhecimento existente e o conhecimento novo (encontrado dentro e fora da empresa) para oferecer uma solução para um determinado problema. Engloba tanto a geração de conhecimento tecnológico, por meio de P&D, quanto a transferência de tecnologia, entre fontes internas ou a partir de fontes externas. Essas atividades nos apresentam um primeiro esboço de solução, e normalmente sofre mudanças ao longo de seu desenvolvimento. Nessa etapa dois cenários podem ser construídos: o primeiro, é a evolução para um estágio de detalhamento maior de desenvolvimento; e o segundo, é o retorno ao estágio inicial conceitual, onde pode ser decidido o abandono do projeto, sua revisão ou aprovação. Por essas considerações é possível perceber a relevância dessa etapa; as decisões tomadas nesse momento vão direcionar o processo até a fase de execução projeto e posterior lançamento. Implementação Aquisição de conhecimento Execução do projeto | 14 Outro aspecto importante a ser mencionado é o fato de a invenção, nos termos em foi definida na aula anterior, deixa de ser apenas um arranjo de ideias e passa a apresentar uma primeira realidade concreta, isto é, uma primeira orientação de solução ou atendimento a uma necessidade do cliente. Isso é possível pois o conceito trabalhado até então é consequência de uma pesquisa de mercado; de um estímuloda concorrência; ou do resultado de atividades internas ou externas de P&D. Mas, todo esse conjunto de atividades não é tão simples de ser desenvolvido e muitos desafios ou dificuldades devem ser superados para que se tenha um eficaz processo de inovação. Vamos ilustrar alguns desses desafios ou dificuldades. Um problema que surge ao gerenciar essa fase diz respeito à criatividade. Embora as pessoas possam diferir em termos de estilos criativos preferidos, todos possuem capacidade latente para a solução de problemas. Infelizmente, todo esse potencial criativo sofre restrições, seja por uma grande variedade de inibições individuais, ou pelas pressões externas sociais e ambientais. Logo, o desafio que se apresenta nessa fase é o de criar condições dentro das quais a criatividade possa florescer e contribuir para a inovação eficaz. Outro desafio está relacionado às limitações de P&D, inerente às pequenas empresas. O investimento em P&D necessário para as atividades de inovação, de maneira geral, é elevado, e também, sua gestão eficaz requer uma série de rotinas empresariais, incluindo uma direção estratégia, comunicação eficiente, e uma integração de esforços entre grupos diversos. A geração de novas tecnologias, nesse sentido, torna-se difícil. Portanto, o desafio para esses pequenos negócios é encontrar formas de utilização de tecnologia desenvolvida por outros ou complementar tecnologias de base geradas internamente com outras encontradas externamente. Podemos concluir que as empresas podem sobreviver mesmo sem gerar novas tecnologias internamente, mas precisam, por outro lado, possuir uma rede externa de recursos bem desenvolvida que possa provê-la, e uma habilidade colocar em prática a tecnologia obtida externamente. Em síntese, deverá | 15 construir algumas rotinas específicas de aquisição de conhecimento para permitir a inovação. 3.2 Execução do projeto Essa etapa constitui o elemento central do processo de inovação. Nesse momento tem-se um conceito estratégico claro. O resultado dessa etapa é a inovação desenvolvida e um mercado a ser explorado. esse é um desafio considerável na gestão de projeto, que é criado sob condições de incerteza. É nessa etapa também que se consome a maior parte dos recursos e do tempo. Os gestores lidam com eventos previstos e imprevistos de resolução de problemas, tanto de caráter técnico como mercadológico. o gerenciamento eficaz dessa etapa requer uma forte interação entre o marketing e área técnica. O desenvolvimento de produto, que representa esse momento do processo de inovação, compreende atividades de marketing, design, processo de fabricação, controle de qualidade, dentre outros. A área de marketing nessa etapa é muito importante, pois atua como uma ponte entre o mercado e a área técnica. Em outros termos, de nada adiantará a área de fabricação, por exemplo, desenvolver um produto funcional, mas de extrema complexidade de manuseio. O envolvimento do usuário nesse processo, portanto, é crucial para o sucesso da inovação. Outros elementos da função de marketing, tais como apresentação, preço e posicionamento, também precisam ser considerados nesse momento, mas terão maior destaque na fase posterior, a fase de difusão. Vale destacar aqui que a gestão de projetos, tradicionalmente, tem-se centrado em uma sequência linear de solução; mas novas abordagens têm mostrado uma melhoria no desempenho do desenvolvimento quando ocorrem simultaneamente ou com sobreposição de etapas, ou seja, execução de atividades paralelas. Seja como for, é crucial entender que a gestão de projetos de inovação compreende mais do que uma simples organização de recurso em um cronograma e orçamento, sua eficácia requer da organização flexibilidade, criatividade e integração de seus processos internos e interação com seu ambiente externo. | 16 4. Fase: Difusão A fase de difusão é que completa o processo de inovação. Ela corresponde ao lançamento ou comercialização do produto; é a transformação das ideias em inovações de sucesso. Sem difusão a inovação não tem impacto econômico. A comercialização é crucial para o sucesso do processo de inovação. Diferentemente das capacidades técnicas, que são determinantes nos primeiros estágios, o marketing (pesquisas e testes de mercado, promoção, etc.) é que se torna fundamental e seu principal mecanismo disseminação. O comportamento do consumidor é o fator-chave nessa fase de difusão, e sua participação não deve se limitar a essa fase, conforme já mencionado, é importante que o consumidor esteja presente desde o início para que se alcance o sucesso da inovação. Uma das tarefas complexas e grande desafio para os gestores nessa fase é definir o desenvolvimento de mercado para um produto novo é uma tarefa bastante complexa. Não basta fazer com que as pessoas tomem conhecimento da existência de um novo produto através de anúncios etc., é necessário desenvolver um processo subjacente à adoção de algo novo; ou seja, envolver uma sequência de conhecimento, interesse, julgamento, avaliação e adoção. É fundamental criar um elo de ligação entre o conceito do novo produto e uma necessidade pessoal. Em outras palavras, é importante buscar a participação do consumidor desde a fase inicial do processo de inovação; a participação ativa possibilita uma melhor aceitação e maior qualidade do novo produto. Nesta fase é importante analisar como o processo de difusão da inovação pode afetar sua adoção. De acordo com Rogers (2003), são cinco as características que podem influenciá-la: • Grau de inovação: é uma vantagem relativa, corresponde ao grau em que uma inovação é percebida como melhor àquela que substitui ou ao do concorrente; • Compatibilidade: refere-se ao grau em que é percebida como coerente com valores, experiências e necessidades dos adotantes iniciais; | 17 • Complexidade: diz respeito ao grau em que a inovação é percebida como difícil de compreender ou utilizar; • Experimentação: reflete a capacidade de experimentação; ou seja, ao grau em que uma inovação pode ser experimentada sob dadas condições. A experimentação é vital sempre nos casos em que há um elevado grau de incerteza, como nas inovações do tipo radical, onde há uma necessidade de estratégias de adaptabilidade que enfatizem a evolução de inovação com a presença de usuários; • Observação: corresponde ao grau em que os resultados de uma inovação são visíveis para os outros. Vale destacar que, embora esta seja a última fase, é importante considerar como a difusão vai afetar sua adoção desde a primeira etapa do processo de inovação. É importante dizer que o sucesso no processo de inovação apresentado por essas fases genéricas requer integração e a mesma eficácia entre as fases. A empresa precisa desenvolver habilidades em todas as fases, ou seja, não deve apresentar deficiências significativas em nenhuma delas. Não importa, por exemplo, quão eficaz seja o processo de seleção de ideias se apenas alguns bons conceitos são gerados ou se o processo de desenvolvimento subsequente é deficiente. É fundamental que a empresa concentre esforços de melhorias nas fases mais deficientes. Nesta fase é importante entender que todo o processo de inovação visa algum tipo de valor, ou seja, um sucesso comercial, uma maior participação de mercado, uma redução de custos, ou até mesmo uma mudança no mundo. Vale alertar que o simples fato de se ter uma inovação bem-sucedida em termos técnicos, não garante a geração ou captura de valor sustentável para a empresa. Pode ocorrer de se obter um valor por um período breve, apenas até sua vantagem ser dissipada por outras empresas imitadoras. Portanto, o processo de inovação deve ter como propósito não apenas a geração de valor, em termos de solução técnica, mas, sua sustentabilidade. Há maneiras de se alcançar isso, por meio demétodos, como patentes e uso do conhecimento | 18 tácito. Vale lembrar que o conhecimento tácito é de difícil compreensão e formalização. Não poderíamos deixar de destacar que o resultado do lançamento de uma inovação não termina em si próprio, mas cria um novo estímulo para um novo ciclo. Vamos imaginar que a oferta de uma determinada inovação (em produto ou processo) não gere os resultados esperados; isso faz com que busquemos informações sobre o que modificar da próxima vez. Em outras palavras, são oportunidades de aprendizagem que o processo de inovação nos propicia. A aprendizagem pode ocorrer na forma de lições aprendidas (como na aquisição de conhecimento sobre novos aspectos de processo ou produto), que são incorporadas à competência tecnológica da empresa. Até o momento apresentamos um processo genérico de inovação com várias subetapas e mostramos vários desafios que aparecem quando de seu gerenciamento. No entanto, o processo de inovação não ocorre de maneira igual nas empresas, ele está sujeito a uma série de influências, que são internas e externas a ela. Vamos destacar aqui (Figura 4) dois grupos de fatores contextuais que determinam as circunstâncias em que o processo de inovação ocorre: (i) o contexto estratégico para inovação e (ii) a capacidade inovadora da empresa, conforme Tidd e Bessant (2015). Figura 4: Influências no processo de inovação Fonte: Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Contexto estratégico Organização inovadora Aprendizagem | 19 As principais questões envolvidas em tais fatores contextuais são mostradas a seguir: • Contexto estratégico para a inovação: até que ponto há um entendimento claro das maneiras como a inovação levará a empresa adiante? E isso está explícito, compartilhado e aceito pelos demais da empresa? • A capacidade inovadora da empresa: até que ponto a estrutura e os sistemas apoiam e motivam o comportamento inovativo? Há um senso de apoio à criatividade e àqueles que assume riscos? As pessoas se comunicam, para além das fronteiras organizacionais? Há um “clima” favorável que contribui para a inovação? Atividade Pudemos ver nessa aula um modelo genérico do processo de inovação. Vimos também que o processo de inovação está sujeito a fatores contextuais que moldam as possibilidades para cada empresa. Diante disso, considere o caso de uma empresa que vai desenvolver uma inovação incremental e outra, que vai desenvolver uma inovação do tipo radical. Podemos afirmar de antemão que o modelo apresentado engloba um universo de inovações incrementais e radicais. Sendo assim, pergunta-se: quais características, particularidades ou diferenças (no processo e na empresa) você destacaria para os casos de uma inovação incremental e radical? Conclusão Após a apresentação do modelo genérico de processo de inovação, podemos concluir que o resultado de uma inovação de sucesso vai depender de uma série de fatores que são internos e externos à empresa. Podemos também, entender que muitos são os obstáculos e as dificuldades que uma empresa precisa superar para ter êxito no processo. O contexto estratégico para inovação e a capacidade inovadora da empresa vão moldar as reais possibilidades de cada uma quanto ao grau ou tipo de inovação que deseja | 20 alcançar. A inovação é um processo que envolve riscos consideráveis, e exige um conjunto de competências e recursos para ser realizada. Os desafios e as dificuldades encontrados ao longo das fases do processo de inovação não serão iguais para todas as empresas; há especificidades organizacionais que vão criar maiores ou menores condições, limitações ou facilidades. As estratégias tecnológicas adotadas pelas empresas (capítulo a ser estudado mais adiante em nosso curso) são decorrentes das possibilidades tecnológicas apresentadas, das demandas de mercado, do comportamento da concorrência, do contexto político, entre outros. Em outros termos, a escolha do inovar e como inovar estarão atrelados às condições relativamente determinadas pelas “regras do jogo”. A aprendizagem, neste modelo apresentado, baseada na tentativa e erro, é crucial para a construção de rotinas eficazes que possibilitem maiores oportunidades de inovar com sucesso. O processo de aprendizagem é o principal elemento para o acúmulo de capacidades tecnológicas necessárias para a inovação. A gestão da inovação requer da empresa rotinas organizacionais consolidadas (ou eficazes), mas também a flexibilidade necessária para construir novas habilidades e competência para inovar. Resumo Nessa segunda aula aprendemos como ocorre o processo de inovação, a partir de um modelo genérico apresentado. O processo tem início com a geração de ideias, onde é analisado o ambiente interno e externo, com suas ameaças e oportunidades. Ainda nessa fase, vimos a importância de entender a dinâmica do mercado, sem a qual não seria possível identificar as possíveis origens de mercados potenciais. Pudemos também relacionar outros sinais de oportunidade ou fontes de estímulo para a inovação, tais como as tendências, ou seja, os desejos e necessidades do consumidor; o papel dos funcionários como elementos internos de geração de ideias; e a importância de outras empresas, como os concorrentes, para a busca de novas ideias. Práticas como | 21 as de engenharia reversa e a do benchmarking foram apresentadas como mecanismos de descoberta e entendimento de novos conhecimentos e princípios tecnológicos, a partir da análise da concorrência. A fase de seleção nos mostrou que a escolha de uma estratégia a ser adotada para gerar uma vantagem competitiva, não é uma tarefa trivial. Vários tipos de informação são necessários para direcionar o processo de seleção. Pudemos perceber que o processo de seleção envolve questões fundamentais, relacionadas às possíveis oportunidades tecnológicas e de mercado; às competências tecnológicas que dispomos como empresa; e a consistência da estratégia escolhida com o negócio em geral. Em outras palavras, é importante que a empresa entenda o que poderia fazer, o que poderia construir com sua base de conhecimento; e se a escolha feita se encaixa nos negócios gerais da empresa. Na fase de desenvolvimento, vimos que ocorre a concretização da ideia e estratégia selecionada. Como fruto de análise desta fase pode-se verificar que a implementação é o cerne do processo de inovação, e que a eficácia em sua realização considera como elementos principais a aquisição de conhecimento e a execução do projeto. O primeiro destaca a combinação entre o conhecimento existente e o novo; e o segundo destaca a importância da interação entre a área técnica e o marketing. Por fim, a fase de difusão ou lançamento, finaliza o processo de inovação. Nesta fase pudemos destacar o papel do consumidor como elemento-chave, e que a difusão deve visar algum tipo de valor para a empresa, como o sucesso comercial ou uma maior participação de mercado, dentre outros. Como resultado de análise do processo de inovação vimos que o mesmo não ocorre de maneira igual entre as empresas, e que há influências ou fatores contextuais, relacionados à estratégia adotada para a inovação e a capacidade de inovação que a empresa apresenta. É importante compreender que a inovação tem a empresa como elemento principal e que a eficácia no gerenciamento do processo de inovação está condicionada às especificidades | 22 que cada empresa apresenta, decorrentes das características de seu porte, capacidade de inovação acumulada, recursos, etc. Próxima aula Na próxima aula vamos apresentar e discutir os principais elementos que conduzem a uma integração das fases do processo de inovação, ou seja, vamos mostrar quais aspectos técnicos e gerencias precisam ser privilegiados pela organização. Leitura recomendada BESSANT,J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Bookman, 2009. PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Gulf Professional Publishing, 2005. PROENÇA, A. et al. Gestão da inovação e competitividade no Brasil: da teoria para a prática. Bookman Editora, 2015. TIDD J, BESSANT J, PAVITT K. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman, 2008. Referências Bibliográficas CONWAY, S.; STEWARD, F. Managing and shaping innovation. Oxford University Press, 2009. CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação. São Paulo: Makron Books, 2011. DE NEGRI, J.A; SALERNO, M.S., (Orgs.). Inovação, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras. Brasília, Ipea, 2005. FIGUEIREDO, P.N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. Rio de Janeiro, LTC, 2015. | 23 HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competing for the Future. Harvard Business Press, 1996. ROGERS, E. M. Diffusion of innovations. Free Pres., New York, 2003 ROTHWELL, R.; ZEGVELD, W. Reindustrialization and technology. ME Sharpe, 1985. SARKAR, Soumodip. Empreendedorismo e inovação. Escolar Editora, 2014. SCHUMPETER, Joseph A. Teoria do desenvolvimento econômico. Fundo de Cultura, 1961. TROTT, P. Gestão da Inovação e Desenvolvimento de Novos Produtos. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
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