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Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 HUMANISMO EM MEDICINA ESPIRITUALIDADE E SAÚDE INTRODUÇÃO: Em geral, pessoas ligam crenças e comportamentos à saúde, no entanto, informações sobre os efeitos da religião e da espiritualidade sobre a saúde física e mental ainda são incompletos. A discussão dessa temática ainda é nova na medicina, porém, as pesquisas acerca do assunto têm crescido nas últimas décadas. OBJETIVO DO ESTUDO DA ESPIRITUALIDADE NO CAMPO DA SAÚDE: Esclarecer sobre o papel da espiritualidade na saúde; Explorar evidências científicas nessa área; Examinar a aplicação desse conhecimento ao tratamento de pacientes em contextos clínicos; Investigar o que isso significa para médicos, pacientes e aqueles que estão saudáveis e desejam permanecer assim. APLICAÇÃO – JUSTIFICATIVAS: Crenças religiosas e espiritualidade podem influenciar a assistência médica, a adesão do paciente e as decisões médicas; Estudos revelam que o maior envolvimento religioso está relacionado à melhor saúde, principalmente saúde mental; Abordar questões espirituais na prática clínica independem de pesquisas que demonstrem que espiritualidade influencia na saúde; Muitos pacientes são religiosos e têm crenças relacionadas à saúde que frequentemente originam necessidades espirituais; Crenças religiosas influenciam no tipo de assistência médica que os pacientes desejam receber; Tais crenças afetam como os pacientes lidam com a doença e os ajudam a manter esperança e motivação para o autocuidado; Áreas da saúde humana que possivelmente são afetadas pelo envolvimento religioso: o Saúde mental; o Funções imunológicas e endócrinas; o Função cardiovascular; o Estresse; o Doenças relacionadas ao comportamento; o Mortalidade e deficiência física. RELIGIÃO: É um sistema de crenças e práticas observado por uma comunidade, apoiado por rituais que reconhecem, idolatram, comunicam-se com ou aproximam-se do sagrado, do divino, de Deus (ocidente) ou da verdade absoluta, da realidade ou do nirvana (oriente). A religião costuma oferecer um código moral de conduta que é aceito por todos os membros da comunidade que tentam aderir a esse código. A atividade religiosa pode ser pública, social e institucional (organizacional) ou privada, pessoal e individual (não organizacional). o Organizacional: participação em serviços religiosos, estudo de escrituras, evangelização, arrecadação de fundos, voluntariado; o Não organizacional: realizada a sós, como orar, ler escrituras, acender velas, etc. A religião pode ser buscada por seu próprio valor, como um fim em si (religiosidade intrínseca) ou pode ser usada com um propósito outro como posição social ou ganho financeiro (religiosidade extrínseca). P.s.: A religiosidade não é o único jeito de exercer a espiritualidade e nem é garantido Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 que vá conseguir chegar lá. Porém, para nós, médicos, falar de espiritualidade e saúde tem a ver com religiosidade, pois quando uma pessoa está exercendo a sua espiritualidade só para dentro, o médico não consegue perceber, não chega nele, não tem rótulos e, muito provavelmente, não vai entrar em colisão com a sua prescrição. ESPIRITUALIDADE: “Espiritualidade é um conjunto de valores morais, mentais, emocionais que norteiam pensamentos, comportamentos e atitudes nas circunstâncias da vida de relacionamento inter e intrapessoal”; Tem relação com uma busca inerente de cada pessoa do significado e do propósito da vida; Pode ser entendida como uma busca pelo sagrado (conceitos de Deus, do divino, da realidade absoluta e do transcendental); Tem sido historicamente associada à religião ou ao sobrenatural e envolve linguagem religiosa; Muitas pessoas encontram espiritualidade através da religião ou de um relacionamento pessoal com o divino; Outros podem encontrá-la por meio de uma conexão com a natureza, com a música e as artes, por meio de um conjunto de valores e princípios ou por uma busca da verdade científica. HUMANISMO: Afirma a dignidade e o valor de todas as pessoas com base na capacidade de determinar o certo e o errado recorrendo a qualidades humanas universais, sobretudo o racionalismo; Implica um compromisso com a busca da verdade e da mortalidade por meios humanos em apoio a interesses humanos; Rejeita justificativas transcendentais. O ENSINO DA ESPIRITUALIDADE NOS CURSOS DE MEDICINA NO BRASIL: Apesar do Brasil ser um dos países mais religiosos do mundo, possui pouquíssimas escolas médicas que oferecem cursos sobre espiritualidade/medicina. ESPIRITUALIDADE NA EDUCAÇÃO MÉDICA: Nos EUA, em 1992, 3 faculdades de medicina ofereciam cursos sobre religião/espiritualidade/medicina. Em 2006, mais de 100 entre 141 faculdades de medicina dos EUA e Canadá tinham cursos deste tipo (70% dos quais obrigatórios); Primeira no Brasil a oferecer um curso sobre espiritualidade: Universidade de Santa Cecília, em Santos, 2002; A UFCE foi a pioneira em incluir na grade curricular do curso de medicina, em 2006, a disciplina “Medicina e Espiritualidade”; Seguiram-se as Universidades Federais de SP, Rio Grande do Norte e do Triângulo Mineiro, que passaram a oferecer alguma disciplina relacionada à espiritualidade, todas optativas; A Unicamp utilizou-se se seu curso de bioética para abordar o assunto; O curso de medicina da FTC abordava a temática Espiritualidade e Saúde na disciplina Humanismo, Psicologia e Ética Médica, disciplina obrigatória do sexto semestre, desde 2012.1. Em 2020, este tema passou a ser abordado no terceiro semestre, na disciplina Humanismo; REFLEXÃO! Paz interior, crença, valores, sentimentos de amor, perdão, gratidão, etc., são resultado de espiritualidade praticada com devoção, não espiritualidade em si. Quando a espiritualidade é usada em pesquisa para estudar saúde, ela não pode ser definida em termos de estados psicológicos ou sócias positivos ou saudáveis. Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 O curso de medicina da UNEB introduziu em sua grade curricular de disciplinas obrigatórias a disciplina Psicologia Médica e Espiritualidade, no quinto semestre, a partir de 2015.1. ENFRENTAMENTO: Vinculados a esses sentimentos, espiritualidades e religiosidade são recursos utilizados pelos pacientes para enfrentar doenças e atenuar o sofrimento. ESPIRITUALIDADE E MEDICINA: O processo de identificar demandas e oferecer suporte espiritual e religioso adequado beneficia pacientes, equipe multidisciplinar e o sistema de saúde; A Organização Mundial de Saúde definiu, em 22 de janeiro de 1998, que “ saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. PAPEL DO MÉDICO: 90% dos pacientes gostariam que seus médicos perguntassem sobre espiritualidade e religiosidade, o que gera empatia e confiança. Assim, é importante que o profissional considere questões como fé e crenças; Durante a anamnese, o médico precisa criar a oportunidade para o paciente se manifestar. A partir do momento em que o indivíduo fala de maneira espontânea e o profissional o acolhe, a relação médico-paciente se fortalece, o paciente mais facilmente irá aderir ao tratamento; Crenças religiosas podem influenciar decisões médicas,entrar em conflito com tratamentos médicos e influenciar a adesão do paciente aos tratamentos prescritos; Se a religião do paciente não permitir que ele faça tudo aquilo que o profissional prescreveu, é preciso que haja uma negociação de ambas as partes e ver qual o ponto de equilíbrio para que o paciente possa aderir pelo menos parte do tratamento. Isso irá demandar tempo, mas faz parte do trabalho do médico essa tentativa de negociação; A negociação do médico-paciente é realizada pelo médico através de perguntas acerca da religião do paciente. Essas perguntas serão relevantes, até porque muitas vezes o paciente acredita que não pode fazer algo porque a sua doutrina não permite, porém pode estar tendo uma visão errônea sobre o que ela pode ou não pode; É importante o profissional saber um pouco de cada religião para não cometer o etnocentrismo, não impor a sua cultura ao outro, como se a dele não existisse ou como se a sua fosse melhor do que a dele. O etnocentrismo tem tudo a ver com religião, uma vez que religião é cultura. COMO AVALIAR A ESPIRITUALIDADE: Pergunte sobre as crenças e valores do paciente, ouça-o com atenção, não julgue; não defenda uma crença específica, respeite a do paciente, integre as crenças e valores da pessoa no plano terapêutico. Nova diretriz da Soc. Bras. de Cardiologia (SBC) em 2019 inclui espiritualidade para prevenção de doenças cardiovasculares: O documento relaciona práticas religiosas e espirituais à melhor adesão nutricional e farmacológica no controle do colesterol elevado, da hipertensão arterial, da obesidade e da diabetes; Depressão, ansiedade, hostilidade e emoções negativas podem agravar doenças cardiovasculares; Propensão a perdoar causa menos estresse e oferece melhor recuperação de infarto; Manifestações de gratidão, resiliência, meditação e relaxamento conferem maior adesão aos tratamentos e à reabilitação. Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 MODELO HOPE: H: Há fontes de esperança? Quais suas crenças e valores? O: Organização religiosa: você faz parte de alguma? Como enxerga isso? P: Práticas espirituais pessoais; E: Efeitos no tratamento. Se quer que seja feita alguma prática espiritual e se alguma delas afeta seu tratamento. MODELO FICA: F: Fé. Você tem fé? Você acredita em coisas que ajudam a lidar com os problemas, que ajudam a dar significado para a sua vida? I: Importância/Influência. Essa fé que você exerce, essa espiritualidade que você exerce tem importância o suficiente para influenciar o seu tratamento? C: Comunidade. Você faz parte de uma comunidade? Essa comunidade te acolhe, te ajuda nesse tratamento? Essa comunidade te rejeita, te oprime, te exige sacrifícios? Como é a sua inserção nessa comunidade? A: Ação. Como você gostaria que o seu médico considerasse essa questão do tratamento? Qual é a sua vontade de que isso seja levado em consideração pelo profissional? Através desses modelos/métodos será possível que o médico se volte ao paciente com um olhar mais respeitoso, generoso, acolhedor; genuinamente interessado para o seu paciente no que diz respeito à religiosidade dele. CURIOSIDADE! Há evidências científicas que afirmam que religiosidade e espiritualidade podem fazer bem para a saúde. Está comprovado que isso pode aumentar o foco, que pode relaxar a pessoa, que as áreas cerebrais que tem a ver com o meio que físico em que você está desligam, ficam menos ativas e a área que tem a ver com o foco aumenta. Em contrapartida, a religiosidade e a espiritualidade podem ser um problema quando, por exemplo, a pessoa fica doente por causa dela, seja por ter tomado alguma substância, exagerado no jejum, rituais para se livrar de culpas, etc. Ou seja, nem sempre ter religiosidade ou espiritualidade é uma coisa boa e prazerosa, muitas vezes pode ser também um fardo que a pessoa carrega e que ensina uma visão de mundo pesada.
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