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1 AVALIAÇÃO SUPLEMENTAR Matriz de resposta Disciplina: Gerenciamento de riscos Módulo: - Aluno: Turma: 4 Tarefa: Avaliação suplementar Introdução A barragem I da Mina de Córrego do Feijão, da Vale, se rompeu há quase dois anos, no dia 25 de janeiro de 2019. Resultou no maior acidente de trabalho do Brasil por causar, além de 270 mortes (11 pessoas desaparecidas), a devastação de 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de áreas de proteção permanente. Permeada por discussões sobre punição dos culpados, extensão das penalidades civis e criminais, assim como afastamento da diretoria da empresa, destacada por veículos de mídia, deve-se também analisar a tragédia sob a ótica do gerenciamento de riscos. (GAZETA) Para tanto, faz-se necessário conceituar e diferenciar incerteza de risco. O primeiro, refere-se a algo que pode ou não acontecer, tendo uma probabilidade entre 0 e 100%. O segundo – risco – bem traduzido pela catástrofe de Brumadinho, exige uma relação de causa e efeito, ou seja, em ocorrendo a incerteza, o rompimento da barragem, tem-se o potencial impacto, perda de vegetação, vidas e outros. O Guia PMBOK 2016 enfatiza que o “gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos de condução do planejamento, da identificação, da análise, do planejamento das respostas, da implementação das respostas e do monitoramento dos riscos em um projeto”, apresentados na Figura 1, todos diligentes em maximizar a exposição aos eventos positivos e minimizar a exposição aos eventos negativos. 2 Figura 1: Visão geral dos processos de Gerenciamento dos Riscos do Projeto Na sequência é mostrado a síntese de cada processo: Planejar o Gerenciamento dos Riscos: Planejar o Gerenciamento dos Riscos é o processo de definição de como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto. Utilizando o plano de gerenciamento do projeto, o termo de abertura do projeto, registro das partes interessadas, fatores ambientais da empresa e os ativos de processos organzacionais, elabora-se o Plano de Gerenciamento dos Riscos (PGR). O PGR não contém riscos, análises ou respostas propriamente ditas, mas apenas um conjunto de diretrizes necessárias ao norteamento dos processos a serem executados durante o projeto. Alguns dos tópicos tratados neste plano são: • Metodologia; • Funções e responsabilidades; • Orçamentação; • Tempos; • Categorias de risco; • Definições de probabilidade e impacto de riscos; • Matriz de probabilidade e impacto; • Revisão das tolerâncias das partes interessadas; • Formatos de relatórios; • Forma de acompanhamento. Identificar os Riscos: Identificar os Riscos é o processo de identificação dos riscos individuais do projeto, bem como fontes de risco geral do projeto, e de documentar suas características (PMBOK, 2017); Um risco não pode ser gerenciado se não for conhecido, logo a identificação dos riscos é um passo fundamental a ser dado e um fator crítico de sucesso para o gerenciamento de riscos. Destaque-se que é um processo iterativo, pois novos riscos podem surgir no decorrer do projeto. Há várias técnicas de identificação dos riscos, sendo que as mais utilizadas são: • Analogia; • Brainstorming; • Entrevista; • Delphi; • Representação gráfica; 4 • Análise SWOT; • Análise documental. Após a conclusão do processo Identificar os Riscos, o conteúdo do registro dos riscos pode incluir, mas não estar limitado a: • Lista dos riscos identificados: cada um dos riscos do projeto recebe um identificador exclusivo no registro dos riscos. Os riscos identificados são descritos com o maior número de detalhes exigido para garantir entendimento inequívoco. Uma especificacão de risco estruturada pode ser usada para diferenciar os riscos de sua(s) causa(s) e efeito(s); • Possíveis responsáveis pelos riscos: quando um possível responsável for identificado durante o processo de Identificar os Riscos, ele é incluído no registro dos riscos. Isso será confirmado durante o processo Realizar a Análise Qualitativa dos Riscos. • Lista de possíveis respostas aos riscos: quando uma possível resposta ao risco for identificada durante o processo de Identificar os Riscos, ela é incluida no registro dos riscos. Isso será confirmado durante o processo Planejar as Respostas aos Riscos.ar as Respostas aos Riscos. Neste contexto, a Estrutura Analítica de Riscos (EAR) consiste em um esquema hierárquico em que se organizam os riscos do projeto por categorias, auxilia a equipe do projeto a considerar toda a gama de fontes das quais podem surgir cada risco do projeto; Realizar a Análise Qualitativa dos Riscos: Realizada a identificação dos riscos de forma correta, o próximo passo do gerenciamento de riscos consiste em priorizá-los para análise ou ação posterior, através da avaliação de probabilidade e impacto de ocorrência. Realizar a análise qualitativa de riscos tem como objetivo avaliar a exposição ao risco para priorizar os riscos que serão objeto de análise ou ação adicional: • Os riscos com maior probabilidade e impacto são priorizados para posterior criação de um plano de respostas; • Os riscos com menor probabilidade e impacto são mantidos nos registros dos riscos dentro de uma lista de observação para monitoramento futuro. Realizar a Análise Quantitativa dos Riscos: Realizar a análise quantitativa dos riscos tem como objetivo efetuar a análise numérica do efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto. Por envolver alta complexidade, é realizada somente nos riscos priorizados pela análise qualitativa. Para tanto, as técnicas mais utilizadas são: • Faixas de confiabilidade; • Valor único; • Valor monetário esperado; • Focos de análise e valor base; • Valor esperado do projeto; • Árvore de decisão; • Simulação de Monte Carlo; • Análise de sensibilidade. Planejar as respostas aos riscos: Planejar as respostas aos riscos tem como objetivo desenvolver opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto; Trata as respostas aos riscos conforme sua prioridade e define um "proprietário" para cada risco. As respostas tratadas devem implicar em mais recursos e atividades no orçamento, cronograma e plano de gerenciamento do projeto. Implementar as respostas aos riscos: O processo tem como objetivo implementar as respostas planejadas em Planejar as respostas aos riscos. Com base nas respostas planejadas e nos recursos disponibilizados, os responsáveis por implementar as respostas executam então as atividades previstas nos momentos adequados e oportunos. Esse processo lida com as respostas tanto anteriores aos riscos (alavancagens e https://escritoriodeprojetos.com.br/planejar-as-respostas-aos-riscos https://escritoriodeprojetos.com.br/planejar-as-respostas-aos-riscos 6 contenções) quanto a eles posteriores (contingências e aproveitamentos), implementados da maneira mostrada na Figura 2: Figura 2: Implementação de respostas aos riscos A partir do planejamento inicial das respostas, é necessário observar se existe alguma ação preventiva (contenção ou alavancagem) a ser realizada. Caso não exista, isso significa que o risco foi aceito e que se deve partir para o seu monitoramento. Caso exista uma resposta planejada, ela deve ser implementada e, em seguida, deve-se verificar se a ação foi efetiva. Em caso positivo, realiza-se o registro do que foi feito e a atualização do status do risco, iniciando então o seu monitoramento (caso não tenha sido eliminado ou provocado). Se a resposta não for efetiva, será preciso observar se existe outra alternativa de resposta e, se necessário, implementá-la. A partir do momento em que o risco está sendo monitorado, busca-se observar se ele ocorreu ou não paraque as respostas planejadas (contingência ou aproveitamento) sejam implementadas. Em caso de não ocorrência do risco, não será necessária nenhuma ação, ou seja, basta atualizar o Registro de Riscos. Caso o risco se manifeste, deve-se observar se há alguma ação planejada a ser implementada. Caso não haja, uma ação de contorno pode ser considerada. Monitorar os riscos: O processo de monitorar os riscos tem como objetivo controlar e monitorar os riscos de modo a: • Acompanhar os riscos identificados; • Monitorar a implementação dos planos de respostas aos riscos; • Monitorar os riscos residuais; • Identificar novos riscos; • Avaliar a eficácia do processo de riscos durante o ciclo de vida do projeto. Um dos maiores benefícios do processo de monitoramento é a possibilidade de atualizar gerentes e decisores quanto ao atual status dos riscos, para que as ações possam ser implementadas de forma oportuna e com base em dados reais. Desenvolvimento O tipo de barragem que se rompeu é conhecido como “alteamento à montade”. Não passa de lama e lixo tóxico, represesado por uma série de pequenos diques, erguidos com terra compactada. À medida que a mina produz mais rejeitos, nos diques são construídos em cima dos antigos, formando uma espécie de pirâmide. Parece sólido, mas é líquido por dentro. A construção dos alteamentos deve observar, dentre outros fatores, a sedimentação dos rejeitos sobre os quais serão construídos, para redução dos riscos de acidentes. Entretanto, o aumento da produção de minério e consequentemente maior geração de rejeitos levam à necessidade de construção de novos alteamentos, realizados muitas vezes sem a observância da sedimentação necessária para tal. É o mais vulnerável à ocorrência de acidentes devido às forças da percolação da água, com maior suscepbilidade à instalação de processos erosivos internos de piping e liquefação. A partir dessas características, elaborou-se a EAR do projeto: 8 Sabendo que o registro de riscos lista todos os riscos identificados, juntamente com as suas causas-raiz, lista as respostas, os proprietários dos riscos, a classificação relativa, lista as prioridades, lista os riscos que necessitam de respostas em curto prazo, tendências nas análises qualitativas e lista as observações para riscos de baixa prioridade, realizou-se o processo para o caso de Brumadinho (tabelas abaixo): Estratégia para as ameaças (risco negativo) Estratégia Descrição Exemplo Eliminar Remover em 100% a probabilidade de que a ameaça ocorra Cancelar o projeto Transferir Transferir total ou parcial o impacto em relação a uma ameaça para um terceiro Fazer um seguro Mitigar Reduzir a probabilidade e/ou impacto de um risco. Redundância de recursos Aceitar De forma ativa, estabelecendo plano de contingência caso o evento ocorra; ou de forma passiva, o risco será tratado quando ocorrer - Estratégia para as oportunidades (risco positivo) Estratégia Descrição Explorar Garantir que a oportunidade ocorra para explorar seus benefícios Compartilhar Transferir total ou parcial a propriedade da oportunidade para um terceiro que tem maior capacidade de explorá-la Melhorar Aumentar probabilidade e/ou impacto de uma oportunidade Aceitar Tirar proveito caso a oportunidade ocorra Identificação do risco Risco Data de identificação Tipo Categoria Causa Consequência Risco R-001 11/07/2018 Ameaça Desempenho Liquefação do terreno das barragens Perda de cida humana Rompimento da barragem Análise original Risco Probabilidade original Impacto original Exposição original R-001 0,3 (baixa) 0,8 (muito alto) Risco alto Planejamento e implementação de respostas aos riscos Risco Ação de contenção ou alavancagem Até Responsável Ação de contingência ou aproveitamento Responsável R-001 Emissão de sinal de alerta Final do projeto Engenheiro da Vale Drenagem Engenheiro da Vale Análise residual Risco Probabilidade residual Impacto residual Exposição residual R-001 0,3 (baixa) 0,05 (muito baixo) Risco baixo Monitoramento e controle Risco Período de monitoramento Responsável pelo monitoramento Data da ocorrência Observações R-001 Esvaziamento da barragem Gerente do projeto 25/01/2019 Admite ruptura da barragem em condição não drenada devido a presença de camada de rejeitos finos abaixo da cota 898,0 m determinada através das sondagens e ensaios de campo 10 Figura 3: Matriz de probabilidade e impacto com esquema de pontuação muito alta 0.90 0.05 0.09 0.18 0.36 0.72 0.72 0.36 0.18 0.09 0.05 muito alta 0.90 alta 0.70 0.04 0.07 0.14 0.28 0.56 0.56 0.28 0.14 0.07 0.04 alta 0.70 média 0.50 0.03 0.05 0.10 0.20 0.40 0.40 0.20 0.10 0.05 0.03 média 0.50 baixa 0.30 0.02 0.03 0.06 0.12 0.24 0.24 0.12 0.06 0.03 0.02 baixa 0.30 muito baixa 0.10 0.01 0.01 0.02 0.04 0.08 0.08 0.04 0.02 0.01 0.01 muito baixa 0.10 muito baixo 0.05 baixo 0.10 moderado 0.20 alto 0.40 muito alto 0.80 muito alto 0.80 alto 0.40 moderado 0.20 baixo 0.10 muito baixo 0.05 ameaças oportunidades P ro b a b il id a d e p ro b a b ilid a d e impacto negativo impacto positivo Considerações finais Desta forma, o registro dos riscos mostrou a probabilidade de ruptura da barragem I da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho. Referências bibliográficas MONTES, Eduardo. Introdução ao Gerenciamento de Projetos, 1ª Ed. São Paulo; 2017. PMI - PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos, Sexta edição, Pennsylvania: PMI, 2017. Dias, F. R. T. Gerenciamento dos Riscos em Projetos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014
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