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Thaís Pires 1 Pioartrite 1. Realização do diagnóstico precoce de pioartrite. 2. Discutir a variabilidade dos resultados dos exames complementares. 3. Enfatizar a necessidade de conduta diagnóstica e terapêutica imediata e agressiva. 4. Discutir a etiologia mais provável (mais comum) 5. Enfatizar a possibilidade de instalação de sequelas irreversíveis Artrite Séptica/Pioartrite – é um tipo de MONOARTRITE que é causada, principalmente, por BACTÉRIAS disseminadas via HEMATOGÊNICA; INOCULAÇÃO DIRETA ou CONTIGUIDADE. Essa monoartrite costuma acometer, em ordem decrescente, JOELHO, QUADRIL, TORNOZELO, PUNHO, OMBRO e ESTERNOCLAVICULAR. A artrite séptica pode ser dividida em GONOCÓCICA e NÃO-GONOCÓCICA, uma vez que a primeira é tão frequente e tão característica que permite ser classificada isoladamente. A artrite bacteriana tem mortalidade de 10-15% e promove PERDA IRREVERSÍVEL da função articular em 25- 50% dos casos 1) Artrite Gonocócica É causada pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo GRAM – SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL. A artrite gonocócica nada mais é do que a forma DISSEMINADA da infecção sexual na uretra/cérvix que, via hematogênica, alcança uma articulação. Essa forma disseminada ocorre em até 3% dos infectados, sendo fatores preponderantes para essa disseminação : • Idade < 40 anos • Sexo Feminino (3M:1H) • Menstruação Recente • Gravidez ou puerpério imediato • Deficiências no sistema complemento • LES Quadro Clínico – é caracterizado por ser BIFÁSICO com evolução de bacteremia-poliarticular para localização- monoarticular: 1º Fase Poliarticular/Gonococcemia – poliartrite assimétrica de grandes articulações periféricas (joelho, tornozelo, cotovelo) + FEBRE ALTA + CALAFRIO + DERMATITE (pústulas indolores com base eritematosa e centro necrótico-hemorrágico – ocorrem principalmente nas MÃOS) + TENOSSIVITE / Nessa fase, a HEMOCULTURA é positiva em até 45% dos casos, mas as culturas do LÍQUIDO SINOVIAL geralmente são NEGATIVAS, isso porque a Neisseira costuma estar na orofaringe, cérvice e uretra, poupando as articulações e as lesões de pele 2ª Fase Monoarticular/Artrite Supurativa – fase em que o gonococo migra, de fato, para a ARTICULAÇÃO, causando a artrite séptica propriamente dita! Nessa fase, as hemoculturas são quase sempre negativas e as culturas dos líquidos sinoviais são positivas em 30-40% dos casos!! Dentre os casos que evoluem para a fase monoarticular, 2/3 iniciam com a fase poliarticular e 1/3 já inicia com a fase monoarticular, sendo necessário o diagnóstico diferencial com a artrite estafilocócica!! Na fase mono, o líquido sinovial costuma ser PURULENTO ou TURVO com uma contagem de 10.000-100.000 leucócitos/mm³ (menor que a artrite séptica não gonocócica), com predomínio de NEUTRÓFILOS, queda de GLICOSE, aumento de PROTEÍNA e elevação do LDH Tto – Iniciar com CEFTRIAXONE (1g IV/IM/dia) para a melhora dos SINAIS locais e sistêmicos. Quando houver essa melhora, completar o tto com CIPROFLOXACINO (500mg 12/12h VO), sendo o tempo total do tto de 7 DIAS, mesmo que haja supuração (raramente faz lavagem da articulação) Thaís Pires 2 2) Artrite Não-Gonocócica Na grande maioria das vezes é causada pelo Staphylococcus aureus, seguido por outros COCOS GRAM + (pyogenes, pneumoniae) e por BACILOS GRAM – (E. coli, salmonella, pseudomonas). Algumas populações especiais apresentam agentes etiológicos especiais, como crianças < 1 ano não vacinadas tem incidência de Haemophilus influenzae; indivíduos que realizaram a substituição de uma articulação por prótese tem incidência de Staphylococcus epidermidis. A artrite não-gonocócica predomina em: • Crianças • Idosos • Imunocomprometidos • Usuários de drogas EV • Portadores de alterações articulares base (AR, gota, aplicações intra-articulares de corticoide) Na bacteremia, o fator de risco para o desenvolvimento da artrite séptica é a existência de LESÃO ARTICULAR PRÉVIA Quadro Clínico – geralmente abrem o quadro com MONOARTRITE FANCRAMENTE INFLAMATÓRIA associada a sinais sistêmicos de toxemia (febre, indisposição). Em 20% dos casos, pode haver início com OLIGOARTRITE!!! As articulações mais acometidas são joelho, quadril, tornozelo, punho e ombro; coluna vertebral e sacroilíaca para usuários de drogas EV O líquido sinovial costuma estar TURVO, PURULENTO com contagem de leucócitos muito elevada (200.000 leucócitos/mm³) com predomínio neutrofílico; glicose baixa, proteína e LDH elevados! O diagnóstico da artrite não gonocócica costuma ser fácil quando a ARTROCENTESE é precoce! Tto – Evita-se a via oral por ser menos permeativa ao espaço intra-articular e a injeção intra articular por ter risco de sinovite asséptica, sendo a via EV suficiente. A escolha terapêutica deve ser feita antes mesmo dos resultados das hemoculturas e da cultura do líquido sinovial: • RN – risco de estafilococo, GRAM – entérico → OXACILINA + CEFOTAXIMA • 1 mês < x < 5 anos – Risco de haemofilus → OXACILINA + CEFALOSPORINA DE 3ª GERAÇÃO Thaís Pires 3 • > 5 anos ou adultos – se houver foco cutâneo com estafilococo, fazer OXACILINA Para a escolha do antibiótico, pode ser feito o GRAM DO LÍQUIDO SINOVIAL – a presença de coco GRAM + indica terapia exclusiva para estafilococo Punção – pelo risco de destruição articular, a punção aspirativa está indicada em TODOS OS CASOS DE ART,. SÉP. SUPURATIVA. As punções devem esvaziar a art. E devem ser repetidas diariamente durante 7-10 dias Para o diagn´sotico inespecífico de qualquer AS: • História clínica • EF • Análise bioquímica do líquido sinovial • Leucometria periférica: geralmente há desvio a esquerda • VHS, PCR • RX – deve ser realizada em comparação com o joelho oposto – geralmente, há distensão da cápsula articular, aumento espaço articular, buscar por osteomielite / tardiamente: erosão subcondral, osteopenia periarticular, diminuição espaço articular secundária a degeneração cartilaginosa • Cintilografia - Na pioartrite, demonstra-se aumento de captação periarticular em razão da inllamação da membrana sinovial, com consequente h.iperemia eaumento do fluxo sanguíneo local Complicações - Entre as complicações mais frequentes, podem ser citados graus variáveis de déficit do movimento articular; deformidades em varo, valgo e recurvatum; aparecimento de abscessos; osteomielite crônica; sepse grave; e até mesmo o óbito
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