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Disciplina: Organização e políticas de saúde Aula 5: O Sistema Único de Saúde Apresentação Nesta aula será abordado o Sistema Único de Saúde (SUS) que foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica nº 8.080 e Lei complementar nº 8.142. Serão abordados os princípios doutrinários do SUS que são a equidade, integralidade e universalidade e os princípios organizativos. Serão estudadas também as Normas Operacionais Básicas e as Normas Operacionais da Atenção à Saúde. Objetivos Compreender as mudanças ocorridas no setor saúde após a instituição do Sistema Único de Saúde; Descrever a Lei nº 8.080/90 e a Lei nº 8.142/90; Reconhecer os princípios doutrinários e organizativos do Sistema Único de Saúde; Comparar as Normas Operacionais Básicas 91, 93 e 96; Listar as Normas Operacionais da Atenção à Saúde (NOAS). O Sistema Único de Saúde Assista ao vídeo sobre o SUS. O Sistema Único de Saúde. https://www.youtube.com/embed/gtffS0H2Px0 Atividades Assista agora ao vídeo Lições de cidadania - Ulysses no Diário da Constituinte (Câmara dos Deputados). Lições de cidadania. https://www.youtube.com/embed/qYnM346cVTc Após ter assistido ao vídeo do presidente da Assembleia Nacional Constituinte - deputado Ulysses Guimarães, você deve ter percebido que ele faz um convite à população para que esta participe deste novo momento da política brasileira “a nova Constituição Federal Brasileira”. E é possível constatar também em sua fala que é indispensável para a realização da cidadania, a participação popular nas tomadas de decisão. 1. Passados mais de 20 anos da promulgação da Constituição Federal Brasileira de que maneira a população brasileira tem participado para que ocorram as mudanças no setor da saúde? Vamos pesquisar! 2. Muitas palavras veem à mente após termos assistido a este vídeo. Mas será que sabemos o significado de cada uma delas? Você pode pesquisar e anotar. Será importante para os próximos assuntos que estudaremos. Faça suas anotações. Cidadania digite a resposta Competência digite a resposta Injustiça digite a resposta Opressão digite a resposta Ordem digite a resposta Miséria digite a resposta Analfabetismo digite a resposta Pobreza digite a resposta Sociedade digite a resposta Participação social digite a resposta O que é o Sistema Único de Saúde? É uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações da saúde. O Sistema Único de Saúde foi instituído através da Constituição da República Federativa do brasil em 1988, na seção II – DA SAÚDE. De acordo com o Art. 4º da Lei 8.080/1990, é o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais. O SUS não é o sucessor dos SUDS ou do INAMPS. (Fonte: Jacob Lund / Shutterstock) Por que Sistema Único? Por seguir a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional. Tendo serviços que interagem com um mesmo propósito. Está organizado nas três esferas governamentais: 1 Federal 2 Estadual 3 Municipal O primeiro artigo da seção II – Da SAÚDE (artigo 196) descreve que saúde é direito de todos e dever do Estado, sendo garantida através de políticas sociais e econômicas que busquem a redução do risco de doenças através de ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação e que o acesso seja universal. O que significa universalidade para o SUS? Saúde é um direito de todos e é dever do poder público a provisão dos serviços e ações que lhe garanta. A universalização, todavia, não quer dizer somente a garantia imediata de acesso às ações e aos serviços de saúde. A universalização, diferentemente, coloca o desafio da oferta de serviços e de ações de saúde a todos que deles necessitem, todavia, enfatizando a ações preventivas e reduzindo o tratamento de agravos. Saúde é direito de cidadania e dever do governo Municipal, Estadual e Federal. (Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock) Para o SUS, a universalidade ao acesso às ações e serviços deve ser garantida a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais, independentemente de pagamento, os serviços ofertados são gratuitos a toda a população. Quais são os três princípios doutrinários do SUS? Universalidade Vide tópico anterior sobre o que é a Universalidade... Integralidade A integralidade é um dos princípios mais preciosos em termos de demonstrar que a atenção à saúde deve levar em consideração as necessidades específicas de pessoas ou de grupos de pessoas, ainda que minoritários em relação ao total da população. Ou seja, a cada qual de acordo com suas necessidades, inclusive no que pertine aos níveis de complexidade aos níveis de complexidade diferenciados. Significa considerar a pessoa como um todo, devendo as ações de saúde procurar atender a todas as suas necessidades. Equidade É um princípio de justiça social, diferente de igualdade, que garante a assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. O princípio da equidade reafirma que essa necessidade deve dar-se por meio das ações e dos serviços de saúde. Por serem ainda grandes as disparidades regionais e sociais no Brasil. Saiba mais Integralidade É o reconhecimento na prática dos serviços de que: Cada pessoa é um todo indivisível, devendo ser atendida com uma visão integral por um sistema também integral, que busque a promoção, proteção e recuperação da saúde; Cada pessoa é integrante de uma comunidade; Todas as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível; As unidades prestadoras de serviço com seus diversos graus de complexidade, não podem ser divididas, configurando um sistema de saúde capaz de prestar assistência integral. A rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser atendida e às suas desigualdades; deve observar que as pessoas são diferentes, vivem em condições desiguais e com necessidades diversas. É necessária a superação das desigualdades em saúde. Atenção Quando ocorrer a priorização das ações e serviços? Apenas em função de situações de risco, das condições de vida e da saúde de determinados indivíduos e grupos de população. Você pode citar algum princípio organizativo? O Art. 198 da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 descreve que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 01 Descentralização, com direção única em cada esfera de governo. 02 Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais. 03 Participação da comunidade. O SUS e seus princípios organizativos Vamos discutir um pouco sobre alguns princípios organizativos do SUS. Regionalização Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com definição da população a ser atendida. O acesso da população à rede deve se dá através dos serviços de nível primário de atenção que devem ser qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais devem ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. Hierarquização A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade. Descentralização Redistribuição das responsabilidades das ações e serviços de saúde entreos vários níveis de governo. A regionalização deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde. Neste processo são identificadas e constituídas as regiões de saúde – espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúde objetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como maior capacidade de cogestão regional. Resolutividade É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua complexidade. Controle Social É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas participará na formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis de governo. Complementaridade Os serviços privados podem atuar de forma complementar por do setor privado contrato ou convênio, desde que as disponibilidades de serviços ofertados pelo SUS sejam insuficientes para o atendimento à população, mas as entidades filantrópicas e as sem-fins lucrativos têm preferência para participar do SUS. Mas como funcionaria o SUS? Lei Orgânica de Saúde (Lei 8.080/1990 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm> ) No ano de 1990 foi criada a Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/1990) que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Lei Complementar da Saúde (Lei 8.142/1990 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm> ) No ano de 1990 foi criada a Lei Complementar da Saúde (Lei nº 8.142/1990) que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Veja mais sobre as leis: Lei 8.080/1990 Vários conceitos foram tratados na Lei nº 8080/1990 como o de vigilância sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador. A direção do SUS é única de acordo com o inciso I do artigo 198 da Constituição Federal. Descreve ainda a competência de cada esfera do governo, e ao município cabe as ações de execução de serviços como o de vigilância epidemiológica; de vigilância sanitária; de alimentação e nutrição; de saneamento básico; e de saúde do trabalhador. Lei 8.142/90 A Lei 8.142/1990 discute sobre as Conferências de Saúde que deverão se reunir a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais; já o conselho de saúde tem caráter permanente e deliberativo, sendo composto por representação de 50% dos usuários, representação sendo paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos e os outros 50% sendo divididos entre os representantes do governo, prestadores de serviço (25%) e profissionais de saúde (25%).Terão representação no Conselho Nacional de Saúde os Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Para dar continuidade às mudanças ocorridas no setor de saúde foram necessárias a publicação das Normas Operacionais Básicas e Normas Operacionais da Atenção à Saúde. De acordo com RICARDO F. SCOTTI, Assessor do Ministério da Saúde, as Normas Operacionais Básicas são Instrumentos jurídicos-institucional editados periodicamente pelo Ministério da Saúde, após amplo processo de discussão com os demais gestores e outros segmentos da sociedade, negociado e pactuado na Tripartite e aprovado no Conselho Nacional de Saúde, para: Aprofundar e reorientar a implementação do SUS; Definir novos objetivos estratégicos, prioridades, diretrizes e movimentos tático- operacional; Regular as relações entre seus gestores; Normatizar o SUS. Com a instituição do SUS surgiu nas discussões as seguintes palavras: GERÊNCIA GESTÃO Comentário Para você, qual o significado destas palavras de acordo com o SUS? É importante saber que são gestores do SUS os secretários municipais e estaduais de saúde e o ministro da Saúde representando respectivamente os governos municipal, estadual e federal. Leia sobre Normas Operacionais Básicas: NOB/91 A NOB/91 discute sobre a equiparação dos prestadores públicos e privados e ainda aponta uma gestão do SUS a nível federal muito centralizada. NOB/93 A NOB/93 discute a habilitação dos municípios nos modelos de gestão incipiente, parcial e semiplena, desencadeando o processo de municipalização; cria a transferência de recursos financeiros que ficou conhecido como fundo a fundo, sendo necessário que seja aberta uma conta para que o dinheiro seja repassado diretamente, é criado também as Comissões Intergestores Bipartites (de âmbito estadual) e Tripartite (nacional). NOB/96 A NOB/96 discute sobre: A responsabilidade pela gestão e execução direta da atenção básica de saúde aos municípios (descentralização), a responsabilidade sanitária de cada gestor, o estabelecimento de vínculo entre a população e o SUS, a instituição da gestão da atenção básica e a gestão plena do sistema municipal, o aumento da transferência regular e automática (fundo a fundo) dos recursos federais a estados e municípios – PAB (Piso Ambulatorial Básico), a reorganização do modelo de atenção à saúde com a ampliação de cobertura do PSF (Programa Saúde da Família) e do PACS (Programa Agente Comunitário de Saúde). Noas/2001 A NOAS/2001 instituiu o Plano Diretor de Regionalização e o Plano Diretor de Investimentos. Plano Diretor de Regionalização (PDR): O Plano Diretor de Regionalização (PDR) é considerado um dos instrumentos de planejamento e coordenação do processo de regionalização, o PDR deverá expressar o desenho final do processo de identificação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes formas, em cada estado e no Distrito Federal. Plano Diretor de Investimentos (PDI): O Plano Diretor de Investimentos (PDI) é considerado também um instrumento de planejamento do processo de regionalização, o PDI deverá expressar os recursos de investimentos para atender às necessidades pactuadas no processo de planejamento estadual e regional. Os planos de investimentos deverão ser discutidos e aprovados na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) dos estados. 1 2 A NOAS/2001 tem o objetivo de colocar em prática os princípios da Integralidade, Regionalização e Hierarquização. Releia os conceitos descritos no início desta aula sobre integralidade, regionalização e hierarquização. São conceitos importantes e estarão presentes em vários momentos das discussões desta aula e das próximas. 1 Propôs uma política para ações de Média e Alta Complexidade. 2 Cria mecanismo de referência e contra-referência. 3 Propõe a criação de módulos assistencial e município-satélite (agrupamento de municípios). 4 Amplia as ações da Atenção Básica. A ampliação das responsabilidades dos municípios da Atenção Básica. Estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade. Procede à atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios. O Plano Diretor de Regionalização – PDR visa garantir o acesso dos cidadãos, o mais próximo possível de sua residência, a um conjunto de ações e serviços de saúde, como por exemplo: Assistência pré-natal, parto e puerpério. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Cobertura universal do esquema preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações, para todas as faixas etárias. Acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de alta prevalência e outros serviços. Comentário Desde a criação do SUS muitas legislações foram publicadas em busca de maior compreensão dos objetivos e atribuições de cada esfera de governo e de soluções para os principaisproblemas de saúde da população brasileira, ainda há muito a fazer principalmente quando se discute sobre a gestão no SUS. Atividade 3. Muitas mudanças ocorreram desde a instituição do SUS, você pode citar algumas? Muitas mudanças ainda devem ocorrer. Mas os avanços devem ser valorizados e devemos participar para que o sistema funcione melhor a cada dia. A participação é um exercício de aprendizado constante. É um sistema de saúde para toda a população brasileira e não apenas a um grupo de pessoas. As discussões sobre estas legislações não se esgotam com término desta aula, é preciso continuar realizando outras leituras sobre os temas discutidos, não no intuito de decorar cada artigo e inciso, mas sim para compreender cada formulação realizada, cada conceito apresentado. Vale à pena continuar estudando! Ainda há muito a fazer principalmente quando se discute sobre a gestão no SUS. (Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock) Notas Comissões Intergestores Bipartites (CIB) 1 Espaços estaduais de articulação e pactuação política que objetivam orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do processo de descentralização das ações de saúde. São constituídas, paritariamente, por representantes do governo estadual – indicados pelo Secretário de Estado da Saúde – e dos secretários municipais de Saúde – indicados pelo órgão de representação do conjunto dos municípios do estado, em geral denominado Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems). Comissões Intergestores Tripartite (CIT) Instância de articulação e pactuação na esfera federal que atua na direção nacional do SUS, integrada por gestores do SUS das três esferas de governo – União, estados, DF e municípios. A representação de estados e municípios nessa Comissão é regional, sendo um representante para cada uma das cinco regiões no país. Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação. A CIT está vinculada à direção nacional do SUS. Próximos Passos Pacto 2006 – Port. nº 687/2006; Política Nacional da Atenção Básica – Port. nº 648/2006. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Leia os textos: Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm> Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm> Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde (NOB-SUS 1996), de 6 de novembro de 1996. <http://conselho.saude.gov.br/legislacao/nobsus96.htm> Norma Operacional da Assistência à Saúde / SUS (NOAS-SUS 01/2001), de 26 de janeiro de 2001. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2001/prt0095_26_01_2001.html> Norma Operacional da Assistência à Saúde / SUS - NOAS-SUS 01/02 (Portaria nº 373, DE 27 de fevereiro de 2002). <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0373_27_02_2002.html> Administração pública: o pacto pela saúde como uma nova estratégia de racionalização das ações e serviços em saúde no Brasil - Cristina Berger Fadel (Rev. Adm. Pública vol. 43 no.2, Rio de Janeiro mar./apr. 2009). <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034- 76122009000200008&script=sci_arttext> 2
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