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Posição Taxonômica • Reino: Animalia • Filo: Nematoda • Classe: Secernentea • Ordem: Ascaridida • Família: Ascarididae • Gênero: Ascaris • Espécie: Ascaris lumbricoides Epidemiologia • Popularmente conhecido como lombriga ou bichas, é o maior nematódeo intestinal do homem • É uma das helmintíases mais comuns em seres humanos • Ocorre no mundo inteiro, sendo mais comum em áreas tropicais e subtropicais com baixo nível de saneamento básico • A incidência geralmente é superior a 20%, podendo chegar em 80% em determinadas faixas etárias • Raramente é encontrado em indivíduos unicamente parasitados por um único parasitado • Fatores para alta prevalência: o Temperatura elevada o Umidade o Viabilidade do ovo (até 1 ano) o Grande dispersão (chuva, poeira, insetos) o Ovos no peridomicílio (infectantes no solo; até 15 anos) o Falta de saneamento básico o Habitação precária Morfologia • O Ascaris adulto tem coloração amarelo-rosada (leitosa) • Possui uma boca em sua extremidade anterior, contornada por três lábios; uma cutícula lisa e duas linhas brancas lateralmente distribuídas pelo corpo • Os machos medem entre 20 – 30cm, possuem 2 espículos (órgãos acessórios da cópula); presença de papilas pré-cloacais e pós- cloacais; boca na extremidade anterior, contornada por 3 lábios, que segue o esôfago e, depois, o intestino retilíneo; o reto é encontrado próximo da extremidade posterior; enrolamento ventral, espiralado na extremidade caudal (encurvada) • As fêmeas medem entre 30 – 40cm, são mais grossas, apresentam dois ovários filiformes e enovelados que se continuam como ovidutos que, por sua vez, se diferenciam em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela vulva; parte posterior retilínea ou ligeiramente encurvada • Quando adulto, vive na luz do intestino delgado, onde se alimenta do conteúdo intestinal do homem e pode se locomover facilmente sem se fixar à mucosa intestinal, vivendo no intestino por cerca de seis meses e põem em média cerca de 200 mil ovos • No intestino, podem se abrigar cerca de 500 – 600 vermes de uma só vez Ascaris lumbricoides fêmea Ovos • Os ovos férteis são grandes (50 – 60μm), arredondados ou ovais • São originalmente brancos, adquirindo a coloração marrom/castanha ao entrarem em contato com as fezes do hospedeiro, pois absorvem os pigmentos biliares • Possui três membranas: 1. Uma cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada – vitelínica (aspecto ‘’abacaxi’’) formada por polissacarídeos, a qual oferece ao ovo uma resistência às condições adversas do meio o Algumas vezes, podem ser encontrados sem a membrana mamilonada 2. Uma membrana média, formada de quitina e proteína 3. Uma membrana mais interna, delgada e impermeável à água, formada por proteínas e lipídeos • Internamente apresentam uma massa de células germinativas • Os ovos inférteis são mais alongados, a membrana mamilonada é mais delgada e o citoplasma é granuloso • Os ovos decorticados não apresentam membrana mamilonada • Não são infectantes para o homem Ovo fértil, infértil larvado e infértil, respectivamente Ovos fértil e infértil, respectivamente Ovo fértil Ovo infértil • O ovo necessita de certas condições para a maturação (temperatura, umidade e oxigênio) o São resistentes ao frio e dissecação, mas são sensíveis a temperaturas superiores 45°C (podem continuar se desenvolvendo após retornarem a condições favoráveis) • Em condições adequadas, em aproximadamente 12 dias uma larva rabtóide (L1 – L2) se desenvolve em seu interior • A terceira larva com cutícula como bainha é a larva infectante (larva filarioide) • Alta fecundidade das fêmeas; 200.000 ovos/fezes/dia Transmissão • Ingestão de ovos infectantes (possuem a larva L3 – filarioide) em água ou solo contaminados (geralmente, adubado/fertilizado com fezes humanas), ou alimentos crus infectados • As crianças podem contaminar-se através do solo (por levarem as mãos à boca) • Poeiras e insetos são veiculadores mecânicos dos ovos infectantes o Foi verificada a contaminação do material subungueal (presente debaixo das unhas) com ovos de Ascaris Ciclo Biológico • É um ciclo monoxênico I. Os ovos ingeridos, já embrionados com a larva no estágio 3 (L3 – infectante, com esôfago rabditoide), atravessam o estômago II. As larvas serão liberadas (eclodem) no intestino delgado – a partir de estímulos fornecidos pelo hospedeiro, como a presença de agentes redutores, pH, temperatura e concentração de CO2 – atravessando em seguida a parede do intestino, caem nos vasos linfáticos e veias (circulação sanguínea) e invadem o fígado (migração visceral) III. Entre 2 – 3 dias depois chegam ao coração, através da veia cava inferior ou superior IV. As larvas, entre 4 – 5 dias, irão migrar até os pulmões (ciclo de Loss), e em cerca de 8 dias após a infecção, irão se desenvolver em L4, romper os capilares e cair nos alvéolos, onde sofrem mudas para a L5 V. As larvas vão migrar para a árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe, onde poderão ser expelidas através da expectoração ou deglutidas VI. Quando deglutidos, vão para trato gastrointestinal, principalmente no jejuno (onde há acasalamento dos adultos e ovipostura) e provocam a infecção, transformando-se em ‘’adultas jovens’’ em cerca de 20 – 30 dias VII. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, começam a eliminar ovos que saem pelas fezes, sendo capazes de reiniciar o seu ciclo o O parasita não se multiplica dentro do hospedeiro; a exposição contínua aos ovos infectados é a fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro o O período pré-patente é de 5 – 7 semanas Ação • Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões • Ação espoliadora: competem com o hospedeiro; os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios, vitamina A e C, levando o paciente a subnutrição • Ação mecânica: causam irritação na parede intestinal (L3, L4) e podem enovelar-se, provocando obstruções (casos graves se for intestinal) Patogênese • Geralmente assintomático; 1 a cada 6 indivíduos infectados apresentam sintomas o A fase intestinal geralmente é assintomática pois o verme adulto aloja-se no lúmen, sem invadir ou se aderir, consumindo os alimentos ingeridos pelo indivíduo • A ação patogênica desenvolve-se em 3 etapas: I. Durante a migração das larvas: Síndrome de Loeffler ( ↑ quantidade de eosinófilos no pulmão; pneumonia eosinofílica) caracterizada por sintomas respiratórios leves ou pela ausência deles (mais frequentemente, tosse seca), infecções moderadas na passagem pelos pulmões que, por vezes, podem evoluir, levando à bronquite, pneumonite, tosse, febre, dispneia, dor torácica, roncos, sibilos, opacidades pulmonares migratórias e efêmeras, eosinofilia sanguínea periférica, além de manifestações intestinais comuns II. Quando os vermes adultos se encontram no intestino, podem causar a lordose lombar e abdome proeminente, aumentando o conteúdo abdominal e, consequentemente, interferindo na digestão e absorção entéricas, dor abdominal, dor epigástrica, náuseas, irritabilidade, manifestações alérgicas, ação tóxica e irritativa sobre a parede intestinal o O acúmulo de parasitas pode produzir espasmos e obstrução intestinal, apendicite aguda e manifestações decorrentes da migração dos vermes adultos para o fígado e canais biliares, peritonites, pancreatites e hepatites o Procedendo esse quadro, pode ocorrer a eliminaçãoespontânea do verme pela boca, narinas e ânus, quando o quadro de obstrução for persistente III. As localizações anômalas dos vermes adultos; pode localizar-se no apêndice (pode causar apendicite aguda), no canal colédoco (pode causar obstrução), nas vias biliares e pancreáticas (canal de Wirsung; pode causar pancreatite aguda), na traqueia, nos seios da face e no ouvido médio • Em infecções moderadas (3 – 4 vermes em infecções de baixa intensidade, 30 – 40 vermes em infecções médias), são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e no íleo • Em infecções intensas (100 vermes ou mais) podem ocupar toda a extensão do intestino delgado o Infecções severas com significado clínico são comuns em crianças, além de ser comum o aparecimento de manchas claras e circulares no rosto, denominadas ‘’panos’’ Diagnóstico • O diagnóstico clínico é difícil de ser feito mesmo em formas sintomáticas, pela semelhança com outras parasitoses; dor abdominal localizada é sugestivo de obstrução intestinal ou localização no apêndice • O diagnóstico laboratorial é feito através da amostragem de larvas no escarro, presença do parasita nas fezes ou no material vomitado; eosinofilia periférica é sugestivo de pesquisa da presença de larvas nas secreções pulmonares e Wilson ovos nas fezes • Exame de fezes: método de sedimentação espontânea e método de Kato-Katz (quantitativo) • Em crianças pequenas, pode ser detectado através de lavado gástrico • Ao raio-x podem ser visíveis, após ingestão de contraste, os parasitas com trato alimentar contrastado, ou como manchas alongadas • A eosinofilia é achada frequentemente na infecção por Ascaris • Infecções exclusivamente com vermes fêmeas – os ovos são expelidos inférteis; infecções somente com vermes machos: o exame de fezes será negativo Tratamento • Deve ser iniciado de imediato, mesmo com pequeno número de vermes • Nos casos de ascaridíase intestinal, os sais mais indicados são os sais de: o Albenzadol; contraindicação: gestantes o Piperazina (piperazil, uvilon); contraindicação: gestantes e portadores de insuficiência renal o Tetramisole (ascaridil); contraindicação: gestantes e transplantados (risco de rejeição) o Mebendazol (Pantelmin, Sirben); contraindicação: gestantes e portadores de insuficiência renal o Outros medicamentos: Levamisol, Pamoato de Pirantel (contraindicação: gravidez e disfunção hepática) Profilaxia e Prevenção • Educação sanitária • Evitar contato direto com solo contaminado • Melhoria nos hábitos higiênicos no preparo de alimentos e seu manuseio, principalmente vegetais • Construção de fossas sépticas • Tratamento em massa da população • Proteção dos alimentos contra poeira e insetos • O saneamento básico, a desinfecção e o tratamento são os principais meios de erradicar a doença, devendo-se usar latrinas, fossas secas e outros dispositivos para o recolhimento de dejetos, especialmente nas comunidades com precárias condições socioeconômicas • A desinfecção do solo também deve ser tentada, especialmente galinheiros e fazendas, além da desinfecção de alimentos, geralmente utilizando a fervura
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