Buscar

Âmbito temporal da Lei Penal

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Âmbito temporal da Lei Penal:
Lei penal: existe desde o dia da sua publicação, mas só será obrigatória quando o prazo da vacatio legis (45 dias) acabar. A lei penal mais benéfica é a única que tem extra-atividade.
Vacatio legis: LINDB – art. 1º.
Término da vigência formal: perda de obrigatoriedade da lei formal.
· Ab-rogação;
· Derrogação;
A ordem jurídica ela não é imutável no tempo, e assim enquanto algumas leis se extinguem, outras leis surgem para regular as transformações sociais.
Sucessão de leis penais está intimamente ligada aos princípios que regulam a vigência da lei penal no tempo.
Irretroatividade e retroatividade da lei penal favorável:
O conflito temporal de normas: 
· leis penais: rege-se pelo princípio constitucional da irretroatividade;
Princípio constitucional da irretroatividade: art. 5.°, XL, C.F.
Art. 5º...
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
tempus regit actum: atos jurídicos se regem pela lei da época em que ocorreram.
· Isto é, cometi um delito no dia 12/03/2018, que até então não era considerado crime gravoso. Mas o meu delito só foi processado no mês de dezembro/2018, e nesse meio tempo entrou em vigência (mês de julho/2018) uma lei que considera esse delito como um crime muito gravoso a sociedade. Por tanto eu não serei julgada por essa nova lei, o meu delito será julgado pela lei que foi revogada porque era vigente quando o crime aconteceu.
Irretroatividade: é uma garantia e a estabilidade do ordenamento jurídico.
retroatividade in pejus: duas origens:
· Cunho Publicista: ninguém pode ser sancionado penalmente em relação a um fato que na época de sua realização era irrelevante para o Direito Penal;
· Cunho de ordem político criminal: não há compensação de culpabilidade, pois não se vincula a culpabilidade alguma e tampouco pode operar em sentido preventivo, porque ao tempo da comissão inexistia a coação inibitória da cominação penal.
Regra da não retroatividade desfavorável, logo a lei só retroage se for benéfica ao réu (retroatividade in mitius).
A eficácia normativa-penal retroage (para aquém) ou é ultraativa (para além). 
Princípio da Ultraatividade: está presente no art. 3º do Código Penal, este principio permite as leis serem aplicadas aos fatos praticados durante a sua vigência, mesmo depois de estarem revogadas.
- Art. 2º. C.P.;
Sucessão de leis no tempo:
· a lei nova incrimina fato não previsto na anterior – vale o princípio da irretroatividade;
· a lei nova desincrimina fato anteriormente punível – vale o princípio retroatividade favorável; 
· a lei nova pune o mesmo fato mais gravemente que a anterior (novatio legis in pejus) – vale o princípio da ultratividade;
· a lei nova beneficia de qualquer forma o agente (novatio legis in mellius) – vale o princípio da retroatividade favorável.
Determinação da lei penal mais favorável, precisa realizar um exame cuidadoso do efeito da aplicação das leis (nova e velha) usa a que se apresente, in concreto, como a mais favorável ao réu. 
Lei intermediária: vigor depois da prática do fato e revogada antes de seu julgamento final, fica válido o postulado da retroatividade da lex mitior.
Lei excepcional ou temporária e lei penal em branco:
· Art. 3º do C.P.
Lei excepcional: visa a atender situações excepcionais, de anormalidade social ou de emergência, com a eficácia enquanto durar o fato que a motivou.
· Ex: estado de sitio.
Lei temporária: tem período de tempo a sua vigência. Com duas condicionantes: 
· Situação transitória de emergência;
· Termo de vigência.
· Ex.: Lei da Pandemia (Lei nº 14.010/20; RJET).
Esses dois tipos de lei têm em comum a ultratividade gravosa.
 Se a lei anterior for a mais gravosa, ela não será ultrativa.
Essas leis estabelecem em si próprias a sua revogação.
Lei penal em branco: necessita de complementação de ato normativo diverso que também passa ter natureza penal, está é subordinada às regras gerais que disciplinam a sucessão de leis penais no tempo.
Para garantir a obediência  da norma complementar.
Tempo de Crime:
Teoria da atividade ou da ação – considera-se o delito realizado com a ação ou a omissão do agente;
Teoria do resultado ou do evento - o momento da prática do crime é aquele em que ocorreu o efeito;
Teoria mista ou unitária – o tempo do delito é considerado tanto o da ação como o do resultado. 
· Com a lei brasileira: art. 4º do Código Penal, aqui é adotada a teoria da ação ou da atividade.
A partir disso se tem:
a) delito permanente: a conduta se prolonga no tempo pela vontade do agente e o tempo do crime é o de sua duração. Ex.: sequestro e cárcere privado;
b) delito habitual: como o anterior, mas com a caracterização da habitualidade – prática repetitiva de atos – [ex.: art. 229 (estabelecimento para exploração sexual), CP);
c) delito continuado: formado por uma pluralidade de atos delitivos, e legalmente valorados como um só delito para efeito de sanção (art. 71, CP): o tempo do crime é o da prática de cada ação ou omissão, princípio do tempus regit actum;
d) delito omissivo: o que importa é o último instante em que o agente ainda podia realizar a ação obrigada (crime omissivo próprio) ou a ação adequada para impedir o resultado (crime omissivo impróprio);
e) concurso de pessoas: o decisivo é o momento de cada uma das condutas individualmente consideradas. 
Âmbito Espacial da Lei Penal
Conjunto de normas de Direito interno referente aos limites de aplicação da lei penal no espaço.
·  Importância é crescente;
· Fenômeno da interna-cionalização do delito.
Cada Estado é soberano para delimitar seu próprio poder punitivo, mas respeitando às regras do Direito Internacional.
 (
Principio da Competência autônoma do Estado.
)
Poder punitivo pertence ao Estado.
Quando um delito ofende interesses de mais de um Estado que confere a si o direito de puni-lo, ai surge o Direito Penal Internacional.
Princípios Fundamentais:
Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente, do ofendido ou do bem jurídico lesado.
A lei brasileira acolhe essa diretriz como regra geral.
Princípio real, de defesa ou da proteção de interesses: aplica-se a lei penal do Estado titular do bem jurídico lesado ou ameaçado, onde quer que o delito tenha sido cometido e qualquer que seja a nacionalidade do seu autor. 
Ex.: art. 7º, I, C.P.
Princípio da nacionalidade ou da personalidade: aplica-se a lei penal do país de origem do agente, onde quer que ele se encontre.
Ex.: art. 7°, II, b, C.P.
Personalidade ativa e passiva: caso a lei aplicada seja da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo da infração penal. 
Aplicação subsidiária para evitar a impunidade de delitos perpetrados em país estrangeiro por nacionais de outro Estado (aut dedere aut punire), pois na maioria dos países vige a regra da não extradição dos seus cidadãos;
Princípio da universalidade ou da justiça mundial: aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do bem jurídico atingido.
Art. 7º, II, a, C.P.
Princípio da representação, da bandeira ou do pavilhão: aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou aeronave, ou cuja bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado.
Ex: art. 7º, §9º, II, c, C.P. 
Território Nacional:
· Efetivo ou real: superfície terrestre (solo e subsolo), as águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente.
· Extensão ou flutuante: as embarcações e as aeronaves, por força de uma ficção jurídica.
· Código Penal: Art. 5º, §1º; § 2º; 
· Regulação jurídica do espaço marítimo (mar territorial), a Convenção de Montego Bay – 1982, que entrou em vigor no Brasil por força do Decreto 1.530/1995, estabelece no art. 2º, itens 1 e 2;
Brasil:
Espaço aéreo: 80 km, soberania sob uma linha onde acaba sei território. 
Mar territorial: 12 milhas - soberania absoluta 24 milhas- soberania relativa, direito de repressão e opressão 200 milhas-
exclusividade de exploração dos recursos naturais, controle exclusivo de rotas de navegação.
Espaço jurídico: embarcações e aeronaves em missão oficial são considerados territórios inviolados onde quer que estejam.
Embaixada: não é território, mas é inviolável.
Competência vem disciplinada nos artigos 88 a 91 do Código de Processo Penal.
Lugar do Delito:
· A lei penal brasileira tem fundamento no princípio da territorialidade;
locus commissi delicti:
Teoria da ação ou da atividade: lugar do delito é aquele em que se realizou a ação ou a omissão típica;
Teoria do resultado ou do efeito: lugar do delito é aquele em que ocorreu o evento ou o resultado;
Teoria da intenção: lugar do delito é aquele em que devia ocorrer o resultado, segundo a intenção do autor;
Teoria do efeito intermédio ou do efeito mais próximo: lugar do delito é aquele em que a energia movimentada pela atuação do agente alcança a vítima ou o bem jurídico;
Teoria da ação a distância ou da longa mão: lugar do delito é aquele em que se verificou o ato executivo; 
Teoria limitada da ubiquidade: lugar do delito tanto pode ser o da ação como o do resultado;
Teoria pura da ubiquidade, mista ou unitária: lugar do delito tanto pode ser o da conduta como o do resultado ou o lugar do bem jurídico atingido.
 Teoria adotada pela lei vvvvvvbrasileira. 
Teoria mista: evita-se o inconveniente dos conflitos negativos de jurisdição e soluciona-se a questão do crime a distância, em que a ação e o resultado realizam-se em lugares diversos. 
· A duplicidade de julgamento é superada pela regra non bis in idem;
Extraterritorialidade:
· C.P.: arts. 5º; e 7º.
Extraterritorialidade incondicionada: aplica-se a lei brasileira sem nenhuma condicionante, ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro, com fundamento nos princípios de defesa e da universalidade;
Extraterritorialidade condicionada: aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos os requisitos que se seguem:
· "nos casos do inciso I o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro” (art. 7.9, $1.°, CP);
· “nos casos 10 do inciso II, a aplicação da lei penal brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
· Entrar o agente no território nacional;
· Ser o fato punível também no país em que foi praticado;
· Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
· Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável”, com base nos princípios da justiça universal, da personalidade, da bandeira e da defesa.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais