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Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EXAMES BIOQUÍMICOS A solicitação de exames laboratoriais pelo nutricionista é exatamente importante para o acompanhamento do paciente. Sem os resultados dos exames não é possível adequar o tratamento dietético, verificar adesão à dieta, nem monitorar as evoluções metabólicas do paciente. A nutricionista deve seguir a Resolução Do Conselho Federal de Nutricionistas N° 306/2003, que dispõe sobre a solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica. Conforme dispões os artigos a seguir: “Art. 1° Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente. Art. 2° O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. I – Considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, e desenvolvendo a assistência integrada junto à equipe multiprofissional; II – Considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; III – Atuar considerando o cliente-paciente globalmente, desenvolvendo a assistência integrada à equipe multidisciplinar; IV – Respeitar os princípios da bioética; V – Solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente” Dessa forma, o nutricionista que possui conhecimentos sobre fisiologia, farmacologia, bioquímica e dietoterapia poderá utilizar os exames laboratoriais como um indicador do estado nutricional ou como um acompanhamento metabólico do paciente. A importância da avaliação holística do paciente é decorrente do objetivo de poder e conseguir identificar os falso-positivos ou negativos inerentes a qualquer resultado laboratorial. Importante: A escolha do laboratório clínico é importante. É essencial que o nutricionista conheça o laboratório, saber se o mesmo segue as normas de controle de qualidade e as normas estabelecidas para se obter um resultado com mais precisão. A correta interpretação dos dados deve levar em conta as variáveis que podem alterar o resultado. As principais fontes de variação dos resultados são: eventos pré-analíticos e analíticos. Fatores pré-analíticos: principais responsáveis por alterar os resultados. São: variáveis fisiológicas, idade, gênero, uso de medicamentos e bebidas alcoólicas, alimentação, horário de coleta, jejum, variações sazonais, altitude, menstruação, gravides, estilo de vida, exercícios físicos, acondicionamento da amostra, transporte da amostra, etc. Fatores analíticos: interferem no resultado em decorrência da metodologia usada, dos reagentes e do sistema de calibração dos aparelhos usados nos exames. Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional Para que se estabeleça condições nutricionais e parâmetros bioquímicos e hematológicos para diagnósticos é necessário ser analisado todos os resultados em conjunto. 1. HEMOGRAMA: O sangue é composto por células, que são elas: eritrócitos, leucócitos e plaquetas) e plasma. O hemograma é o exame usado para avaliar os eritrócitos (série vermelha), os leucócitos (série branca) e as plaquetas. Exame: coleta de sangue com anticoagulante, geralmente ácido etileodiaminotetracético (EDTA). A análise do hemograma compreende o conjunto de informações sobre anemias, infecções, inflamações, leucemias e alguns distúrbios de coagulação. SÉRIE VERMELHA 1.1 Eritrócitos Também denominados de hemácias, são os elementos mais numeroso, pois para 500 eritrócitos presentes, há um leucócito e em média de 30 plaquetas. No hemograma, avalia-se o número e o aspecto dos eritrócitos, que quando em estados patológicos, podem apresentam alterações de tamanho, formato e coloração. Obs.: verificar valores de referência. 1.2 Hemoglobina O O2 é necessário para o metabolismo das células aeróbicas, mas é insolúvel no sangue. A hemoglobina é uma proteína presente nos eritrócitos e responsável pelo transporte de O2. Logo, a hemoglobina ↑ em muitas vezes a capacidade do sangue em transportar O2. • 1L sangue → cerca de g de hemoglobina • 1g de hemoglobina → pode transportar 1,34ml de O2 → 1l de sangue pode transportar cerca de 200 ml de O2. Hemoglobina A → HbA : formada por 4 cadeias poliptitídicas α2β2, cada uma delas contendo um grupo heme → Ferro-porfirina. → É A PRINCIPAL FORMA DE HEMOGLOBINA PRESENTE NOS ADULTOS E NAS CRIANCAS COM + DE 7 MESES DE IDADE. A concentração de hemoglobina no sangue varia entre gênero e idade e defina a condição de anemia (ferropriva, talassêmica etc.) 1.3 Hematócrito O hematócrito ou volume globular, indica a massa total de células sanguíneas por unidade de volume. O hematócrito depende do volume ocupado pelos eritrócitos, pois eles são mais numerosos que os leucócitos e as plaquetas. (as plaquetas possuem diâmetro menor também) O hematócrito avalia a porcentagem das hemácias que pode estar diminuída por redução da síntese (doença renal, hemorragias) e/ou por perdas (hemólise, queimadura, hemorragias). INDÍCES HEMATIMÉTRICOS Definem o tamanho e o conteúdo de hemoglobina das hemácias e são utilizados para diferenciar os vários tipos de anemias. Os índices não devem ser analisados de forma isoladas. Os principais índices são: Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional Volume corpuscular médio: Representa o tamanho individual das hemácias e é o melhor índice para classificar as anemias Hemoglobina corpuscular média: Representa a média da hemoglobina por eritrócito, que pode estar reduzida na microcitose e aumentada na macrocitose Concentração da hemoglobina corpuscular média: Representa a concentração de hemoglobina presente em 100 ml de hemácias, possibilitando a avaliação do grau de saturação de hemoglobina no eritrócito. A saturação da hemoglobina normal indica a presença de hemácias ditas normocrômicas. Quando diminuída, têm-se hemácias denominadas hipocrômicas e, quando aumentada, hemácias hipercrômicas Índice de variação de volume de células dentro da população de eritrócitos: É um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho) de hemácias e representa a porcentagem de variação dos volumes obtidos. . O diagnóstico diferencial das anemias microcíticas é complexo e sua investigação laboratorial tem custo ↑. Diagnósticos diferencial de anemias microcíticas → elevação da variação na distribuição do volume dos eritrócitos (acima de 16%) como melhor índice discriminador de anemia ferropriva → que é explicado pela coexistência de eritrócitos no sangue periférico produzidos em estágios progressivos da deficiência de ferro, causando mistura normocíticas e progressivamente microcíticas. Anormalidad Descrição Doenças es associadas Anisocitose Variação anormal do diâmetro celular Qualquer anemia grave (ferropriva, hemolítica) Poiquilocito- se Variação anormal do formato celular Qualquer anemia grave (ferropriva, hemolítica, megaloblástica) Microcitose Redução anormal tamanho célular Anemia ferropriva, sideroblástica, talassêmica epordefciência de vitamina B6 Macrocitose Aumet. anormal do tam. celular Diâmet. > 8 mm Anemia megaloblástica e hemolítica, alcoolismo, hepatopatia e hipotireoidism o Megalocito- se Aument. Anormal do tam. celular com forma oval Diâmet.> 9 mm Quimioterapia e anemia megaloblástica e perniciosa Hipocromia ↓ da cor dos eritrócitos por redução da hemoglobi na Anemia ferropriva, sideroblástica, talassêmica e diminuição de transferrina Anemia microcítica → distúrbio do metabolismo do ferro, distúrbio da síntese da porfirina, heme e globina Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional Anemia normocítica normocrômica → anemia pós-hemorrágica, anemia homolítica, diminuição da produção de ritropoietina (doenças renal e hepática, desnutrição e deficiências endócrinas) Anemia macrocítica → deficiência de vit. B12 e ácido fólico. HEMATÓCRITO E HEMOGLOBINA A dosagem de hemoglobina pode ser usada para identificação do estado nutricional por ser uma proteína intracelular, embora menos sensível que as demais proteínas para analise nutricional. Os valores contribuem para uma visão holística do metabolismo proteico durante o acompanhamento nutricional, porém há fatores limitantes para o uso dos valores que são: desidratação, choque, hemoconcentração e hemorragia. SÉRIE BRANCA Os leucócitos são as células presentes no sangue que são responsáveis pela defesa do organismo contra toxinas, vírus e bactérias. Os leucócitos são as únicas células completas presentes no sangue, pois possuem núcleo. São classificados em: granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), linfócitos e monócitos. Leucograma: exame obtido pela contagem dos diferentes tipos de leucócitos, em uma lâmina, por meio de microscópio. Tal lâmina é preparada com um esfregaço de uma gota do sangue, que é posteriormente corado. Valores de referência: • Leucócitos totais: de 4.500 até 13.000 mm 3 • Neutrófilos: de 40 até 69% • Eosinófilos: de 0 até 5% • Basófilos: de 0 até 1% • Linfócitos: de 25 até 45% • Monócitos: de 2 até 10%. A série leucocitária é indicada para diagnosticar ou acompanhar infecções e inflamações, alérgicas ou leucêmicas, porem situações como estresse, gravidez, exercício físico, alimentação e uso de medicamentos como corticosteroides podem alterar os resultados. A contagem total de leucócitos indica a defesa total celular e as reservar imunológicas momentâneas do organismo. A CTL é um indicador do estado nutricional que indica alterações bioquímicas precocemente, anterior as lesões celulares e/ou orgânicas. → pode estar aumentada nas infecções virais, agudas e doenças colagenosas → pode está diminuída com o uso de corticosteroides e em doenças relacionadas com a deficiência do sistema imunológico. Obs.: valores < a 1.200mm3 podem ser significativos na doença renal crônica. CTL: %LINFÓCITOS X LEUCÓCITOS 100 Interpreta-se o resultado da seguinte maneira: • Depleção leve: de 1.200 a 2.000/mm3 • Depleção moderada: de 800 a 1.199/mm3 Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional • Depleção grave: < 800/mm 3 PLAQUETAS O estudo da série plaquetária inclui a contagem de plaquetas (trombócitos) e sua avaliação morfológica. É possível classificar as anormalidades quantitativas em decorrência da redução dos valores plasmáticos normais ou aumento de seu número. Trombocitopenia: pode ser consequência da redução da produção e plaquetas, do aumento de sua utilização ou destruição ou de hiperesplenismo. Podem ter causa hereditária (síndrome de Bernand-Soulier) ou adquiridas (ex.: purpura trombocitopênica e anemia megaloblástica). As trombocitoses ocorrem em doenças mieloproliferativas, como a leucemia mieloide aguda, trombocitemia essencial, inflamatória ou maligna, hemorragia, anemia ferropriva, inflamação ou esplenectomia. Alterações de plaquetas podem estar associadas há varias condições, como por exemplo: alterações medulares, aterosclerose, diabetes melito, hiperlipidemia, tabagismo, etc. Obs.: Os valores de referência para adultos são de 150.000 a 450.000/mm3. PROTEÍNA TOTAL O plasma possui vários tipos de proteínas com distintas funções. O teste bioquímico denominado proteínas totais é a soma de todas essas proteínas encontradas no plasma. A principal fração de proteína encontrada é a albumina, que somada com as globulinas, perfaz o total. A variação dessa quantidade de proteínas pode indicar: presença de proteínas anormal (paraproteína) quando o valor está aumentado; quando diminuído (hipoproteinemia) pode ocorrer em decorrência da diminuição da síntese de proteína por desnutrição ou hepatopatia, por perda de proteína devido à síndrome nefrótica e estados catabólicos ou, por hipoalbuminemia que é em decorrência do aumento da permeabilidade capilar, como nos casos de septicemia. Teste de proteínas totais: método químico de biureto ou por eletroforese de proteínas. Albumina: Proteína sintetizada e secretada pelo fígado → principal fração das proteínas totais existentes no plasma. Funções: transporte de substancias endógenas (aminoácidos, AG, bilirrubina e outros metabólitos). Meia vida biológica de cerca de 20 dias, e sua concentração plasmática diminui lentamente, o que torna insensível para avaliação de distúrbios agudos, e reflete tardiamente uma baixa ingestão proteica. Logo, o tempo de repetição de dosagem é de 20 dias de intervalo. Níveis plasmáticos muito ↓ de albumina pode causar edema. Uma vez que a albumina também é responsável pela pressão oncótica do plasma → é a principal proteína de distribuição de H2O nas diferentes partes do corpo. Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional A redução dos níveis séricos de albumina resulta dos seguintes fatores: • Diminuição de sua síntese, que pode ser ocasionada por doença hepática • Diminuição da ingestão de proteínas da dieta Catabolismo das proteínas corporais, induzido por doença ou estresse • Excreção anormal de proteína na urina, como ocorre na síndrome nefrótica. O nível sérico de albumina é considerado um indicador do estado das proteínas viscerais (estado nutricional), embora a mensuração de outras proteínas plasmáticas também possa ser utilizada com essa finalidade. Além da desnutrição, é possível que a albumina seja afetada por perdas externas (síndrome nefrótica), estado de hidratação, redução de síntese, processos de inflamação (doenças de Crohn e Whipple) e estresse. Os níveis séricos de albumina são relacionados com o ↑ da morbidade e mortalidade. PRÉ-ALBUMINA: marcador precoce do déficit nutricional, o que é útil para monitorar resposta de pacientes com doenças agudas graves. Falência renal pode indicar falsos níveis elevados. Pode ser alterada com inflamação e infecção. TRANSFERRINA UO SIDEROFILINA: proteína plasmática sintetizada no fígado que transporta ferro no plasma. Dosagem útil na investigação de anemias microcíticas (talassemia, sideroblástica, deficiência de ferro). Meia vida de 8 dias, o que a torna mais confiável do que a albumina, porem pode estar afetada pelas reservas de ferro e por doença hepática grave, neoplasias, inflamações, doença renal e síndrome nefrótica. Exame: não rotineiro e de alto custo. PROTEÍNA TRANSPORTADORA DO RETINOL: o retinol (vit. A) é transportado no sangue ligado a uma proteína denominada proteína ligadora de retinol (RBP). Esse complexo é associado a uma molécula de pré-albumina. Meia vida de 10 a 12 hr. A RBP sérica também está diminuída na deficiência de vitamina A e de zinco, pois este último é necessário para a liberação de RBP do fígado. Em pacientes que apresentam lesões renais, é possível observar o aumento da excreção dessas proteínas. Assim, a RBP não ligada à préalbumina pode estar diminuída no sangue e ser excretadana urina quando a função renal está comprometida, o que ocorre em pacientes gravemente doentes. ÍNDICE DE CREATINA E ALTURA: A creatinina também pode ser um indicador do estado nutricional, uma vez que é excretada de modo constante por via renal e se correlaciona à massa muscular, constituída de 80% de água e 20% de proteína. O índice de creatinina e altura (ICA) é calculado como uma porcentagem padrão, pela divisão da excreção da creatinina urinária por um valor padrão para a altura do paciente. A confiabilidade deste índice → rigor na coleta de urina de 24 h. Um erro de apenas 15 min no período (24 h) → erro de 1% no valor final. Os valores poderão estar alterados: doenças hepáticas e renais, quadros de estresse, fase aguda pós- trauma, alta ingestão proteica e atividade física intensa. ICA%: excreção de creatina na urina em 24hX100 Excreção de creatina ideal na urina em 24h Julyana Van-Derlinden Fares | nutrição unicrhistus – Mat.: Av. nutricional O ICA menor que 60% do padrão identifica paciente com maior risco de sepse e morte.
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