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Direito Financeiro e Tributário I Prof. Daniel Pires A. Barreto Aula 1: Atividade Financeira do Estado. Conceito, Princípios e Fontes do Direito Financeiro. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Introdução 1. O que é a atividade financeira do estado? 1.1 Conceito: Atividade financeira é o conjunto de ações do Estado para obtenção da receita e a realização dos gastos para o atendimento das necessidades públicas. A finalidade da atividade financeira muda historicamente. Idade média: gastos do rei e da nobreza. Idade moderna: necessidades do estado e da sociedade. (princípio da legalidade constitucional) 1.2 Elementos da Atividade Financeira do Estado O Estado atua, como pessoa jurídica, de várias formas: Ele contrata para obter bens, serviços e obras públicas. Ele atua na economia como agente econômico (empresa pública ou intervindo mediante regulação econômica) Ele atua como poder regulador (editando leis e decretos) E, claro, exercendo atividade financeira (instrumental). Há um regime jurídico que regula cada uma das funções do Estado. O Estado exercer atividade financeira quando: I – atua como pessoa jurídica de direito público (submete ao princípio da legalidade – submissão à Constituição e às leis: receitas e despesas são previstos na Constituição e nas leis orçamentárias) II – o objeto é uma atividade de conteúdo econômico: voltadas a obtenção de receitas e realização de gastos. “Entrada e saída” de dinheiro público. III – a atividade financeira é instrumental. Estado não gera “lucro”. Objetivos do Estado: art. 3º da CB/88. Um pequeno prejuízo no período é até aceitável. Tudo desde que os propósitos finais sejam perseguidos. Conceito de Direito Financeiro (como ordem normativa objetiva): Conjunto de regras e princípios jurídicos que regulam a atividade financeira do Estado. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 1.3 Poder financeiro (do Estado) Poder decorrente da Constituição que assegura a imposição da vontade estatal diante da vontade e dos interesses privados para obter receitas, créditos e realizar despesas públicas. É exercido mediante criação das normas gerais de direito financeiro, conforme a Constituição, bem como criação das leis financeiras orçamentárias. O poder financeiro do Estado também é exercido pelo Poder Executivo que faz cumprir essa lei, executando as despesas (realizando licitações e contratações, pagando gastos com energia, água, servidores públicos, insumos para prestação dos serviços públicos, obras públicas), percebendo as receitas e os créditos públicos. É a essência do dia a dia da Atividade Financeira do Estado. Obs: Todos os poderes exercem atos materiais de execução financeira. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 2. Princípios do direito financeiro Princípios Constitucionais e doutrinários a) princípio de reserva da lei (art. 165 e ss. da CB/88): tanto os ingressos como as despesas submetem-se à determinação legal e devem ser previstos em lei; b) princípio da legalidade: o orçamento é vinculante (art. 37 da CB/88); c) princípio da unidade (art. 165, § 5º, da CB/88): Orçamento uno. Um para cada ano. PS: A CB/88 prevê 3 (três) orçamentos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e orçamento de Investimentos das estatais. Não contraria o princípio da unidade. d) princípio da totalidade: coexistência dos três orçamentos de forma integrada, abarcando a totalidade das receitas e gastos públicos de forma harmônica. e) princípio universalidade: o orçamento deve conter todas as receitas, todos os recursos, todas as despesas: o orçamento nada mais é do que o instrumento de autorização para a gestão fiscal. f) princípio da anualidade (periodicidade): lei orçamentária tem vigência no período de um ano civil. g) Princípio da exclusividade da lei orçamentária: (art. 165, § 8º da CB/88): a LO é especial e só deve conter normas sobre previsão da receita, a fixação da despesa e a autorização para a operação de crédito e abertura de créditos suplementares. h) princípio da especificação (especialização ou discriminação): previsto no arts. 5º e 15 da Lei 4.320/64. as receitas e despesas devem estar bem definidas no orçamento, com suas origens e aplicação. i) princípio da não afetação ou não vinculação das receitas (impostos). Previsto no art. 167, IV, da CB/88. j) princípio do equilíbrio: evita déficit público decorrente do endividamento e aumento de despesas públicas. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 3. Fontes (formais) do direito financeiro 3.1 Constituição Financeira: é o conjunto de dispositivos constitucionais que regula a atividade financeira do Estado. Artigos 70 a 75 da CB/88 – que tratam do Tribunal de Contas e artigos 163 a 169 da CB/88 – que tratam das finanças públicas. 3.2 Normas gerais do direito financeiro: estabelecem um padrão de comportamento a ser seguido por todos entes federativos . São reservadas pela Constituição, nos termos do art. 165, § 9º, à lei complementar. São leis nacionais: são elaboradas pelo Congresso Nacional mas obrigam não somente a União federal, mas também todos os entes federativos. Ex. Lei 4320/64 e a Lei Complementar 101/00 (LRF). 3.3 Leis orçamentárias: determinam como será a atividade financeira para um determinado período. São leis ordinárias de iniciativa do chefe do poder executivo de cada ente federativo. O orçamento federal é orientado pelas três leis constantes do art. 165, I, II e II, da CRFB/88: Lei orçamentária anual (LOA), lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e lei orçamentária do plano plurianual (PPA). Obs: princípio da simetria. Essa regra do art. 165 é vinculante para os demais entes da federação (Estados, DF e Municípios).
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