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RESUMO CONSTITUCIONAL I - Normas Constitucionais

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1 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Normas Constitucionais 
 
Desde o início de discernimento verificamos a existência de regras, as 
quais são impostas inicialmente pelo Direito Natural de maneira não escrita. O 
Estado também deve viver sobre regras, tanto o Estado pessoa jurídica quanto 
os seus representantes (pessoas físicas). Os direitos fundamentais foram 
criados para barrar os abusos praticados pelo Estado e seus agentes. 
Direito Constitucional é o ramo do direito público que estuda as regras 
de estruturação do Estado. A Constituição Federal é o dispositivo normativo 
onde estão as regras de estruturação. 
 
Existem normas inconstitucionais na Constituição Federal? 
Quanto à origem, as normas originárias são aquelas que nasceram com 
a Constituição Federal, estão na constituição desde quando essa entrou em 
vigor. Já as normas secundárias ou derivadas são aquelas que foram 
incorporadas na constituição após a sua entrada em vigor, via emenda 
constitucional. 
No Direito alemão, admite que possa reconhecer como inconstitucional 
uma norma originária da Constituição, como sustenta a doutrina de Otto Bachof 
em sua monografia “Normas Constitucionais Inconstitucionais?”. 
 Neste, adota-se a "Lei Fundamental Da Alemanha" assim como o 
vaticano. 
A jurisprudência do STF entendeu que não se aplica esta regra ao 
sistema jurídico constitucional brasileiro, ou seja, não há que se falar em norma 
constitucional inconstitucional. As normas originais ou originarias da CF não 
podem sofrer controle de constitucionalidade, pedidos de declaração de 
normas constitucionais como inconstitucionais são carecedores/impossíveis, 
salvo os resultantes de PEC. Controle de constitucionalidade só se aplica a 
normas infraconstitucionais. 
Exemplos: 
1. A obrigatoriedade do serviço militar apenas para homens presente no artigo 143 
da constituição, por exemplo, mesmo sendo oposta ao artigo 5 inciso I da 
constituição, não pode ser considerada inconstitucional por ser norma originária. 
Art. 143 § 2º da CF: As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar 
obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes 
atribuir. 
Art. 5 I CF: Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição. 
2. O artigo 226 da CF § 3º reconhece como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, e o § 4º reconhece, também, como entidade familiar a 
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
Seguindo esse artigo, as uniões estáveis de casais homoafetivos e famílias 
pluriparentais não seriam reconhecidas como entidade familiar, tampouco pessoas 
que vivem sozinhas, que consequentemente não possuiriam bens de família. 
Apesar de esse artigo ser considerado ultrapassado nos dias atuais, não se pode 
declara-lo como inconstitucional, visto que ele é uma norma constitucional. 
A Resolução n. 175 de 14/05/2013 feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
deu a possibilidade aos casais homoafetivos de casarem civilmente. Essa 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
resolução surgiu de decisão do Supremo e também exprime um conceito de 
família 
Art. 1 da Lei n. 8.009/90: O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade 
familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, 
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou 
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas 
hipóteses previstas nesta lei. 
A jurisprudência não admite a penhora da casa de um indivíduos que moram 
sozinhos, pois nessa interpretação ele está protegido pela impenhorabilidade do 
bem de família, mesmo contradizendo a constituição. 
O casamento com alguém casado é crime seguindo o artigo 235 do Código Penal. 
Entretanto, a união estável com alguém casado não é tipificada como crime, 
podendo haver um relacionamento poligâmico ser considerado entidade familiar 
nessa hipótese. 
 
Tudo que está na Constituição Federal é Direito Constitucional? 
Para uma norma ser considerada Direito Constitucional é necessário que 
essa seja regra de estruturação do Estado. Os artigos seguintes, por exemplo, 
apesar de serem normas constitucionais, não podem ser considerados de 
Direto Constitucional. 
 Art. 242 da CF § 2º: O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, 
será mantido na órbita federal. 
 Art. 220 da CF § 4º: A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, 
agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos 
do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência 
sobre os malefícios decorrentes de seu uso. 
Já os artigos seguintes são de Direito Constitucional por serem regras 
de estruturação do Estado. 
 Art. 2 da CF: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 Art. 44 da CF: O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se 
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
 Art. 76 da CF: O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, 
auxiliado pelos Ministros de Estado. 
 Art. 92 da CF: São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-
A - o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o 
Tribunal Superior do Trabalho; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes 
Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes 
Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos 
Estados e do Distrito Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o 
Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital 
Federal. § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição 
em todo o território nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Constituição Federal Brasileira Lei fundamental 
do Estado da Cidade do Vaticano 
 
Art. 44, 76 e 92. 
Art. 1: O Sumo Pontífice, Soberano do 
Estado da Cidade do Vaticano, tem a 
plenitude dos poderes legislativo, 
executivo e judicial. 
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso 
de impedimento, e suceder-lhe-á, no de 
vaga, o Vice-Presidente. 
Art. 80. Em caso de impedimento do 
Presidente e do Vice-Presidente, ou 
vacância dos respectivos cargos, serão 
sucessivamente chamados ao exercício 
da Presidência o Presidente da Câmara 
dos Deputados, o do Senado Federal e o 
do Supremo Tribunal Federal. 
Art. 1- II: Durante o período de Sede 
vacante, os mesmos poderes pertencem 
ao Colégio dos Cardeais, o qual todavia 
poderá emanar disposições legislativas 
só em caso de urgência e com eficácia 
limitada ao período de vacância, a não 
ser que elas sejas confirmadas pelo 
Sumo Pontífice sucessivamente eleito 
segundo a norma da lei canónica. 
 
 
No Brasil, toda norma que está na Constituição Federal é constitucional, 
porém, nem todas serão de Direito Constitucional. A constituição não apresenta 
a diferença entre as normas que são de estruturação do Estado e as que não 
são, e todas elas se modificam com a Proposta de Emenda 
Constitucional (PEC). Esta tem como objetivo mudar algumas partes do texto 
constitucional sem precisar convocar uma nova assembleia constituinte. 
 
Qual a força normativa da Constituição Federal? 
Não há hierarquia entre qualquer dos dispositivos da Constituição, 
independentemente se for de Direito constitucional ou não. Por exemplo, não 
há hierarquia entre o direito à vida e a questão do colégio Pedro II para fins 
constitucionais. Tanto a PEC relacionada ao direito a vida quanto à relacionada 
ao colégio Pedro II terá o mesmo rito e procedimento. 
Não existe uma hierarquia prática, mas há uma pseudo-hierarquia. Seja 
norma "materialmente" constitucional (de matéria constitucional) ou norma 
"formalmente" constitucional (não são de estruturação), para fins 
constitucionaiselas serão iguais. 
Quanto ao modo de alteração, elas serão flexíveis, semirrígidas ou 
rígidas. A Constituição Federal é rígida desde 1891, por possuir apenas uma 
forma de alteração de qualquer de seus dispositivos. Quando ela entrou em 
vigor havia dois modos de altera-la, a partir de revisão e PEC. Atualmente 
permite-se apenas o uso da PEC (art. 60 da CF). 
A atual constituição poderia se tornar semirrígida através de uma 
emenda constitucional, possibilitando a criação de um sistema complexo para 
alterar regras de estruturação e de direitos fundamentais e outra regra menos 
complexa para possibilitar a alteração de normas que não sejam de direito 
constitucional. Por exemplo: 
Art. 60 CF: A Constituição poderá ser emendada, em casos de normas de 
estruturação e direitos fundamentais, mediante proposta: [...]. Art 60- A: Nos demais 
casos a constituição poderá ser emendada na seguinte forma. 
Dessa forma, seria criada uma hierarquia das normas da constituição. 
 
Pode haver proposta de emenda buscando alterar direitos 
fundamentais? 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Art. 60 § 4º CF: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal 
e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 
Sim, o artigo 60 diz que não poderá ser objeto de deliberação a proposta 
de emenda tendente a abolir, portanto para aumentar pode. O artigo 6 caput, 
por exemplo, sofreu PEC para incluir o direito a moradia. 
 
Tudo que está na Constituição Federal é norma? 
Nem tudo que está da Constituição Federal é norma, o preâmbulo não é 
apenas do 1º até o ultimo artigo da constituição tudo é norma. Quando a 
constituição entrou em vigor a doutrina de forma majoritária entendia que o 
preâmbulo não possuía força normativa. As interpretações quanto a este 
assunto podem ser feitas de maneira autêntica (pelos legisladores), doutrinária 
e jurisprudencial, sendo a ultima palavra a do STF, que necessita ser 
provocado para atuar. 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. 
O STF então determinou: 
Art. 11 da ADCT: Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, 
elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. 
O Estado do Acre criou a sua constituição, entretanto, gerou discussões. 
A ASSEMBLEIA ESTADUAL CONSTITUINTE, usando dos poderes que lhe 
foram outorgados pela CONSTITUIÇÃO FEDERAL, obedecendo ao ideário 
democrático, com o pensamento voltado para o POVO, inspirada nos HERÓIS DA 
REVOLUÇÃO ACREANA, promulga a seguinte CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO 
ACRE. 
Não há neste preâmbulo o termo "sob a proteção de Deus" e diante 
desta ausência o PSL promoveu uma ADI (2.076-5/AC) contra a Constituição 
Estadual do Acre alegando violação do preâmbulo da CF. O STF julgou essa 
ação improcedente, pois não cabe ADI tendo como base de fundamentação 
violação do preâmbulo, pois este não possui força normativa, logo não é 
norma, trata-se de dispositivo da CF sem força normativa, mas sim força 
filosófica e sociológica. 
Acrescentaram “sob a proteção de Deus” na redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 19/2000: 
A ASSEMBLEIA ESTADUAL CONSTITUINTE, usando dos poderes que lhe 
foram outorgados pela CONSTITUIÇÃO FEDERAL, obedecendo ao ideário 
democrático, com o pensamento voltado para o POVO, inspirada nos HERÓIS DA 
REVOLUÇÃO ACREANA e SOB A PROTEÇÃO DE DEUS, promulga a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ACRE. 
Apesar de não ter força normativa, o preâmbulo somente pode ser 
alterado por norma ou projeto de emenda, porque é Constituição Formal. 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Qual foi a intenção do constituinte ao acrescentar no preâmbulo o termo 
"sob a proteção de Deus"? Está ele se referindo a alguma religião? Como fica o 
estado laico? Essa frase demonstra que o povo brasileiro é formado por 
pessoas que creem em um ser superior ou supremo. 
Se houver conflito entre o que está no preâmbulo e o que está dentro 
dos artigos da CF, como solucionar? Deve prevalecer sempre o texto 
normativo, prevalecendo no caso da questão religiosa o art. 5º que descreve 
que "todos são iguais perante a lei". 
Desde 1891 o Brasil rompeu laços com a igreja. Existem três tipos de 
laços entre igreja e Estado, situação de “confusão”, como no Vaticano e Irã no 
qual esses são inerentes; situação de “união”, no qual esses estão juntos e a 
religião muitas vezes ocupa cargos no governo, como na Argentina 
(catolicismo) e Israel (câmara de magistrado que analisa os casos conforme 
determina o Torá); e situação de “separação” no qual esses não mantém 
qualquer relação e vinculo como no Brasil. 
 
Aplicabilidade das normas 
 
José Afonso da Silva (Direito Constitucional positivo), sobre a 
aplicabilidade das normas, as dividiu em: normas de aplicabilidade plena, 
normas de aplicabilidade contida, normas de aplicabilidade limitada 
(programáticas ou constitutivas). 
Normas constitucionais de aplicabilidade plena são aquelas que 
desde o momento em que a constituição entrou em vigor possuem 
aplicabilidade imediata e total. 
Art. 5 CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante. 
As normas plenas, apesar de não necessitarem de dispositivo 
infraconstitucional, poderão ter uma lei para tratar do assunto com o objetivo de 
reforçar a intenção do constituinte, podendo ser atingido através de imposição 
de sanção, caráter sancionatório. Por exemplo, a Lei n. 9.455, de 7 de abril de 
1997 que define os crimes de tortura e pune; a Lei n. 9029/95 que pune a 
discriminação no trabalho; e as Leis n. 8.078/90 (CDC) que garantem os 
direitos do consumidor. 
 
Normas constitucionais de aplicabilidade contida possuem 
semelhança com as plenas no sentido de que elas também possuem 
aplicabilidade imediata desde o momento em que a constituição entrou em 
vigor no ordenamento jurídico. 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Por sua vez as normas contidas necessitam e pedem a criação de um 
dispositivo infraconstitucional para regulamentá-la (a constituição pede 
expressamente). Por exemplo: “A lei desposará sobre...”, “nos termos da lei...” 
e “... conforme a lei”. 
Enquanto não sobrevier a norma infraconstitucional determinada pela 
constituição, não pode o agente ser impedido de exercer esse direito, e caso 
venha a ocorrer, poderá o agente se socorrer do poder judiciário, através de 
ação judicial. A ausência da norma infraconstitucional não impede que o agente 
possa fazer. 
Art. 5 XIII da CF: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
 Caso um moto taxista ou motorista de moto de entrega seja impedido 
de trabalhar, ele deve procurar a cessação do ato através do poder judiciário, 
pedindo a liberação da moto, dos documentos e que o poder públiconão o 
impeça de trabalhar até que venha a norma regulamentadora. Hipoteticamente, 
com o surgimento da lei (dispositivo infraconstitucional) que passe a 
regulamentar a profissão do moto taxista, por exemplo, criando deveres e 
obrigações, ele deve se enquadrar realizando tudo o que a lei propõe a partir 
do momento em que a lei entrar em vigor. Caso não tenha o agente se 
enquadrado nesta lei a partir deste momento, ele poderá ser impedido de 
exercer a sua profissão. 
O direito de trabalhar é um direito fundamental que para ser exercido 
deve o agente preencher os requisitos que a lei impor. 
Normas constitucionais de aplicabilidade limitada são aquelas que 
dependem expressamente de um dispositivo infraconstitucional. Nelas, 
enquanto não vier o dispositivo infraconstitucional o agente não pode valer o 
seu direito (não pode exercer), se cria uma “expectativa de direito”. A 
constituição diz para criar essa lei, mas o legislador não à cria. Exemplo: 
Art. 7 da CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: XI - participação nos lucros, ou 
resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na 
gestão da empresa, conforme definido em lei. 
Devido à ausência da lei, ficariam alguns questionamentos em relação 
ao artigo 7 XI, como: Quanto deveria ser pago aos empregados? Se pago, 
todos deveriam receber o mesmo valor? Como deveria ser pago? A prestação 
seria única ou continuada? Incidiria sobre o valor pago no imposto de renda? 
Poderia receber "in natura"? 
Este dispositivo foi regulamentado apenas em 2001. Caso a lei que 
define não existisse, uma ação exigindo esse pagamento deveria ser julgada 
improcedente, sendo permitido nesse caso o ativismo judicial. 
Art. 8 § 3º do ADCT: Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida 
civil, atividade profissional específica, em decorrência das Portarias Reservadas do 
Ministério da Aeronáutica n. S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e n. S-285-GM5 será 
concedida reparação de natureza econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa 
do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar da 
promulgação da Constituição. 
Durante esse ano muitas pessoas foram impedidas de exercer suas 
atividades civis lhe causando prejuízos, portanto foi concedida a reparação de 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
natureza econômica. Ficariam alguns questionamentos que a lei deveria 
apresentar, como: Quem são as pessoas que teriam direito a indenização? 
Quanto seria pago? De que forma seria pago? Incidiria sobre o valor pago no 
imposto de renda? A prestação seria única ou mensal? Entraria em precatório? 
Essa lei que regulamenta o artigo 8 do ADCT surgiu como medida 
provisória n. 65 de 2002 que foi convertida como a Lei n. 10.559 de 13 de 
novembro de 2002. 
Art. 2 da Lei n. 10.559/02: São declarados anistiados políticos aqueles que, no 
período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, por motivação 
exclusivamente política, foram: I - atingidos por atos institucionais ou complementares, 
ou de exceção na plena abrangência do termo; II - punidos com transferência para 
localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se 
mudanças de local de residência; III - punidos com perda de comissões já 
incorporadas ao contrato de trabalho; V - impedidos de exercer, na vida civil, atividade 
profissional específica em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da 
Aeronáutica no S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e no S-285-GM5. 
Art. 3 A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1o desta Lei, nas 
condições estabelecidas no caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias, correrá à conta do Tesouro Nacional. 
Art. 4 A reparação econômica em prestação única consistirá no pagamento de 
trinta salários mínimos por ano de punição e será devida aos anistiados políticos que 
não puderem comprovar vínculos com a atividade laboral. § 2o Em nenhuma hipótese 
o valor da reparação econômica em prestação única será superior a R$ 100.000,00 
(cem mil reais). 
Art. 5 A reparação econômica em prestação mensal, permanente e 
continuada, nos termos do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
será assegurada aos anistiados políticos que comprovarem vínculos com a atividade 
laboral, à exceção dos que optarem por receber em prestação única. 
Art. 6 O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual ao da 
remuneração que o anistiado político receberia se na ativa estivesse, considerada a 
graduação a que teria direito, obedecidos os prazos para promoção previstos nas leis 
e regulamentos vigentes, e asseguradas as promoções ao oficialato, 
independentemente de requisitos e condições, respeitadas as características e 
peculiaridades dos regimes jurídicos dos servidores públicos civis e dos militares, e, se 
necessário, considerando-se os seus paradigmas. 
Comissão da verdade, indenizando a família de Vladimir Herzog e 
Marcelo Rubens Paiva, por exemplo. 
Art. 6 São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. 
As normas limitadas são divididas em programáticas e constitutivas. As 
normas programáticas são normas constitucionais de aplicabilidade limitada 
programática, aquelas que visam à criação de programas de governo. 
A Lei n. 11.977, de 7 de julho de 2009 que surgiu a partir da Medida 
Provisória n. 459, de 2009 dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida. 
Para garantir o direito à moradia do artigo 6 para famílias com renda mensal de 
até R$ 4.650,00. A Lei n. 14.118, de 12 de janeiro de 2021 institui o Programa 
Casa Verde e Amarela para famílias residentes em áreas urbanas com renda 
mensal de até R$ 7.000,00 e a famílias residentes em áreas rurais com renda 
anual de até R$ 84.000,00, associado ao desenvolvimento econômico, à 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#DT8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#DT8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#DT8
 
8 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
geração de trabalho e de renda e à elevação dos padrões de habitabilidade e 
de qualidade de vida da população urbana e rural. 
Há um entendimento moderno, feito por Vlater Foleto Santin, Vidal 
Serrano Nunes Júnior e Ingo Wolgang Sarlet, de que há direitos sociais 
chamado de “mínimo vital” que, apesar de serem normas limitadas, deve o 
Estado resguardar. São elas as normas limitadas assecuratórias. 
 
Normas constitucionais de aplicabilidade limitada constitutiva são 
aqueles que para criar (constituir, fazer nascer) algo há a necessidade de uma 
prévia lei autorizando tal medida. 
Art. 18 § 3º da CF: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou 
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de 
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
Trata da criação de Estados. 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, 
far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar 
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos 
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, 
apresentados e publicados na forma da lei. 
Trata da criação de municípios. 
Requisitos para que se possa criar um novo município no Brasil: 
Divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal; Consulta prévia, mediante 
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos; Lei Complementar 
Federal autorizando os Estados a criarem novos municípios e; Lei Estadual 
autorizando a criaçãodo município. 
Art 37 XIX da CF: Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e 
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de 
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação. 
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso a criação de 
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação 
de qualquer delas em empresa privada. 
Para a criação de algo que envolva dinheiro público, somente pode 
ocorrer mediante lei. 
 
Normas constitucionais de aplicabilidade exaurida (Prof. Ricardo 
Cunha Chimenti – Apontamento de Direito Constitucional) tratavam de algum 
determinado assunto, questão, muitas delas prevendo datas que estes previam 
a acontecer. Com a vinda do acontecimento o assunto perdeu a importância no 
ponto de vista político por não se usar mais. 
Art. 2 do ADCT: No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de 
plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo 
(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. 
Esta norma se exauriu em 7 de setembro de 1993. 
Art. 3 A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
Art. 4 O mandato do atual Presidente da República terminará em 15 de março 
de 1990. 
 
9 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Estas normas não possuem nenhuma aplicabilidade, simplesmente se 
exauriram. É possível modificar uma norma exaurida, criar outra regra nela, 
através de emenda. 
 
Eficácia e aplicabilidade 
 
Aplicabilidade vem do verbo aplicar, significando usar, utilizar, poder 
fazer valer o dispositivo constitucional ou não. 
Exemplo: Em 1977 foi criada uma lei (Lei n. 001/77) que vedava 
expressamente o direito a participação dos empregados nos lucros da 
empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso quer dizer que no dia da entrada em vigor da CF o empregado já 
poderia pedir a participação nos lucros da empresa? Não, ele tinha apenas o 
direito, sem poder aplicá-lo. Apesar do inciso XI, art. 7º não ter aplicabilidade 
imediata, ele produziu efeito imediato (eficácia, irradiou efeitos ao passado) de 
dizer que a lei 001/77 deveria deixar o ordenamento jurídico. 
Mesmo não tendo aplicabilidade, uma norma limitada gera efeitos ao 
passado para possibilitar a retirada do ordenamento jurídico de dispositivos que 
com ela venham a contrariar, sob pena de inconstitucionalidade. Mesmo sendo 
limitada ela possui eficácia. 
Todos os dispositivos infraconstitucionais de contrariavam com a sua 
entrada em vigor, com qualquer de seus dispositivos (plenos, contidos e 
limitados) não foram recepcionados. 
Uma norma constitucional, ainda que limitada, gera efeitos ao futuro, 
pois determinará ao legislador que crie uma lei dentro do que ela especificou, 
não podendo ser contrariada. Caso contrário, ela será inconstitucional. 
Todas as normas, não só as constitucionais como as 
infraconstitucionais, são eficazes. Assim que uma lei nova entra em vigor, ela 
revoga as anteriores. 
Uma norma declarada inconstitucional terá declarada a perda da sua 
eficácia (ineficaz). Perdendo esta, ela perde simultaneamente a vigência, 
aplicabilidade e funcionalidade. Perdendo a vigência ela vale efeito a tudo que 
foi feito antes, ou seja, foi eficaz. Nem toda norma tem aplicabilidade, mas 
todas as normas tem eficácia. 
Se tornando ineficaz volta ao ordenamento a norma que ela revogou, 
como se fosse natimorto (já nasceu morta). 
 
 
 
 
 
1977: Lei n. 001/77 que vedava expressamente o direito a participação dos 
empregados nos lucros da empresa. 
1988: Art. 7 XI da CF/88 que permite a participação dos empregados nos 
lucros da empresa. 
2021: Suposição de art. Z que veda expressamente o direito a participação 
dos empregados nos lucros da empresa. 
 
10 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
 Vigência: Quando entra em vigor, passa a existir. 
 Aplicabilidade: Não basta existir, pode ser usada? 
 Funcionalidade: A norma já existe, mas ela soluciona o problema? Dependerá de 
outra norma ainda, em regra um decreto. Possui funcionalidade discriminada em 
lei, para determinadas hipóteses. 
 Eficácia: Ela gera algum efeito? 
 Sobre festas clandestinas durante a pandemia: Regras de vulnerabilidade, infração 
de medida sanitária preventiva. 
Art. 268 CP - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir 
introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a 
um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente 
é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, 
dentista ou enfermeiro. Omissão de notificação de doença. 
Art. 288 CP - Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes: (Redação dada pela Lei n. 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - 
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei n. 12.850, de 2013) 
(Vigência) Parágrafo único - A pena aumenta-se até a metade se a associação é 
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada 
pela Lei n. 12.850, de 2013) (Vigência). 
 O presidente da república não pode ser preso de forma provisória. 
Art. 86 CF - § 3º enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações 
comuns, o presidente da república não estará sujeito à prisão. 
 Se RS legisla para autorizar a corrida de cachorros com maus tratos, há no mínimo 
duas violações, da lei ambiental que proíbe os maus tratos e a que impede jogos 
de azar. 
 Ministro Alexandre de Moraes suspendeu uma lei do estado de Roraima que 
autorizada o uso de mercúrio na busca de ouro. O governador de Roraima, 
Antonio Denarium sancionou a Lei n. 1.453/2031, que regulamenta o licenciamento 
ambiental para garimpo no estado, ação para resguardar os direitos constitucionais 
de todos. 
Art. 225 CF - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações.

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