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Trabalho de Pesquisa 2 – TP2 Profa. Coord. Marina Cordeiro Disciplina: Seminário Temático III Nome da Atividade: TP2 Nome do aluno: Fábio Guimarães Chaves / Juliana Cristina Ribeiro Pólo: VRE – Volta Redonda Matrícula: 17113110174 / 17113110247 REFERÊNCIA: ENGELMANN, Fabiano; MADEIRA, Lígia Mori. A causa e as políticas de direitos humanos no Brasil. Cad. CRH, Salvador, vol.28, n.75, pp. 623-637, set./dez. 2015. O artigo “A causa e as políticas de direitos humanos no Brasil” de Fabiano Engelmann e Lígia Mori Madeira, publicado no Caderno CRH no ano de 2015, é objeto desta resenha crítica. Fabiano Engelmann possui doutorado em Ciência Política. Atualmente é professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. O autor também bolsista de Produtividade do CNPq e pesquisador do Núcleo de Estudos em Justiça e Poder Político da UFRGSNEJUP, nas áreas de pesquisa: Instituições Judiciais e Política, Elites e poder político e Sociologia Política. Lígia Mori Madeira possui doutorado em Sociologia. Atualmente é professora adjunta do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Suas pesquisas enfocam os temas: instituições jurídicas comparadas, políticas sociais e desenvolvimento, violência, criminalidade e políticas públicas de segurança. Recentemente realizou estágio de pós-doutorado como Visiting Senior Fellow no Departamento de Política Social da London School of Economics and Political Science. Bolsista da CAPES. O texto de Engelmann e Madeira (2015) é constituído de quinze páginas e de quatro tópicos que tem por objetivo analisar as causas do despertar acerca do tema dos direitos humanos no Brasil, percorrendo o final da ditadura militar, redemocratização e os Governos Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O texto justifica-se em seu contexto, por permitir que se entenda o surgimento dos direitos humanos, desde o seu processo de formação nos anos 80 passando pela década de 90, onde apresentou uma diversificação nas políticas de direitos humanos, evidenciando-se a partir da maior articulação entre movimentos militantes e a burocracia governamental, resultando na expansão regional de programas específicos ancorados na esfera estatal, chegando ao patamar que hoje se encontra. Primeiramente, os autores expõem a análise sociopolítica das bases dos direitos humanos no país, dimensionando o panorama favorável ao ativismo internacional e aos artifícios utilizados para a passagem pela ditadura militar. Os autores continuam seu pensamento, informando que o artigo se delimitará com a contextualização da ordem jurídico-política que legalizou o Golpe de 64 e como a política, à época, fortaleceu os movimentos sociais, objeto de estudo. Em seu primeiro tópico, os autores discutem as consequências dos Atos Institucionais no Brasil, que buscaram legitimar a atuação política dos militares e restringir direitos. Aprofunda a análise narrando à intervenção no Poder Judiciário - ignorando, assim, a repartição constitucional dos poderes, com a restrição das garantias dos magistrados, bem como as prerrogativas advocatícias e o fortalecimento da Justiça Militar, estreitando o espaço político e jurídico. Os autores descrevem o importante papel da sociedade civil, que se organizou perante entidades religiosas, grupos políticos e jurídicos contra o regime ditatorial, com a finalidade de se restabelecer os direitos. Segundo os autores, quanto à primeira entidade, destaca-se a composição da Comissão de Justiça e Paz, devidamente disfarçada como uma subseção da comissão de Roma, para fins de se evitar desconfianças do Governo Militar. E que tal fato trouxe o grupo jurídico para próximo da Igreja Católico, apontando-se como expoentes os advogados Hélio Bicudo, Dalmo de Abreu Dallari, Fábio Konder Comparatto e José Carlos Dias. Realizado o contorno político e jurídico, partem os autores para a análise das décadas pós ditadura militar, iniciando, porém, com fatos ocorridos na década de 70, uma vez que as atrocidades ocorridas à época contribuíram para questionamentos sobre a preservação de direitos coletivos, em especial a violência policial, o saneamento básico, a educação infantil, a orientação trabalhista e a organização de grupos e saúde. Nos anos 80, os autores mencionam a criação de Comissões de Direitos Humanos no Poder Legislativo e a fundação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), em 1982, que auxiliaram na responsabilização do Estado pela competência acerca do tema, o que optaram, os autores, a chamar de "causa de Estado". Para os autores, após a redemocratização, com a diminuição da repressão militar, o foco da política humana tornou-se o combate às altas taxas de criminalidade e medidas de segurança pública, o que encontrou grande resistência dos setores mais conservadores, que apoiaram a ideia de que tais direitos protegem o criminoso - pensamento habitual até os dias mais atuais. Em 1996, lançou-se o I Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), fortemente ligado às previsões constitucionais de 1988, sepultando o fato de que a temática é um "assunto de Estado", na linguagem trazida pelos autores. O PNDH reconhece, claramente, o papel e a obrigação do Estado como órgão promotor dos direitos humanos, bem como a universalidade e indivisibilidade desses direitos. Privilegiou-se, aqui, a preocupação com a redução da violência e do crime através de medidas ligadas à segurança pública. Em 2002, no entanto, já mais experiente sobre o tema, o Governo Fernando Henrique Cardoso lança o II PNDH, reforçando o disposto no primeiro programa e ampliando a atuação, alcançando os direitos de identidade de gênero, enfatizando a violência intrafamiliar, o combate ao trabalho infantil e a luta pela inclusão de pessoas com deficiência. Os autores destacam ainda, a criação das políticas afirmativas de inclusão de afrodescendentes, indígenas e outros grupos minoritários. Por fim os autores concluem o referido tópico histórico, com a análise dos avanços realizados nos governos Lula e Dilma Rousseff, observando-se a mudança no perfil dos dirigentes das políticas, e os avanços, como a descriminalização do aborto, a união civil de pessoas do mesmo sexo, o direito à adoção por casais homoafetivos e a efetivação da laicidade do Estado, além da criação da Comissão Nacional da Verdade, alvo de críticas dos grupos conservadores do país. Ultrapassado tal tópico, os autores realizam um comparativo das políticas de direitos humanos nas regiões Sudeste, Sul e Norte, apontando características regionais e diferenças observadas quando da pesquisa. Na região sudeste, os autores observaram que, e regiões com tradição em políticas e programas de direitos humanos, a União deixa de atuar diretamente, apontando o crescimento da atuação dos entes municipais e da sociedade civil. Aponta-se, como exemplo de políticas desta região, a prevenção, capacitação de agentes e implementação de programas voltados ao público em vulnerabilidade criminal. Aponta-se, também, o investimento em políticas que atendam à criança e ao adolescente, bem como a violência contra as mulheres, mas apontam deficiência naquelas voltadas ao público idoso. Já na região sul, que possui tradição mais recente do que a região sudeste, verifica-se maior diversidade nas políticas, que orbitam ações para indígenas e quilombolas, idosos e mulheres vítimas de violência, além de enfocar direitos sexuais e reprodutivos. Por fim, na região norte, constata-se que a União possui amplo controle sobre as políticas efetuadas, sendo, praticamente, zero o número de organizações da sociedade civil que atuam em tal área. Aqui, destacam-se as políticas de cidadania, especialmente voltadasa erradicar o sub-registro civil, bem como o combate ao tráfico de pessoas e a falta de vagas prisionais às mulheres. Ao longo do texto, Engelmann e Madeira (2015), apresentou o histórico das políticas de direitos humanos no Brasil, apontando as dificuldades e os revezes históricos que retardam o seu desenvolvimento. A obra é indicada aos estudantes de Administração Pública, aos funcionários públicos, e a todos os cidadãos que de alguma forma se interessam pelo surgimento dos direitos humanos no Brasil e na América Latina. Conforme o artigo “A causa e as políticas de direitos humanos no Brasil”, é notório que as políticas de direitos humanos são de responsabilidade de todos os integrantes da sociedade, não devendo se restringir ao Estado, despertando a possibilidade de se realizar trabalhos para o fortalecimento das políticas. Hoje, é cediço que os traços conservadores da sociedade brasileira atrapalham e atrasam a aplicação das políticas públicas de direitos humanos no país, com traços extremamente conservadores e retrógrados no Poder Judiciário e em grupos da sociedade civil, como os religiosos. Portanto, é possível concluir que embora muitas mudanças ocorreram a partir da reforma administrativa e da Constituição Federal, ainda há muito o que evoluir no que tange a gestão pública municipal para que se possa atender todos os grupos da sociedade a fim de promover os direitos humanos.
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