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A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM EMPRESAS PRIVADAS: NOTAS SOBRE A 
PRODUÇÃO DA CATEGORIA. 
 
Alessandra Ribeiro de Souza1 
Eliza Ribeiro Chaves2 
 
 
 
Resumo 
 
O presente texto resulta da revisão da produção acerca do 
trabalho do assistente social em empresas privadas. A revisão 
empreendida abarcou a produção mais recente expressa em 
revista e em congressos da categoria e indica as tendências 
mais gerais das condições de trabalho e das demandas 
apresentadas ao profissional. As tendências evidenciadas 
situam como a profissão tem sido impactada pela 
reestruturação produtiva neste espaço ocupacional. 
 
Palavras-chave: “Reestruturação Produtiva,” ; “Serviço 
Social,”; “Empresa”. 
 
 
 
Abstract 
 
The present text results from the revision of the production about 
the work of the social worker in private companies. The revision 
undertaken included the most recent production in magazine 
and category conferences and indicates the more general 
tendencies of the working conditions and the demands 
presented to the professional. The evidenced trends show how 
the profession has been impacted by the productive 
restructuring in this occupational space. 
. 
 
Keywords: “Productive Restructuring,”; “Social Work,”; 
“Company” 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Assistente Social. Mestre. Universidade Federal de ouro Preto – UFOP. 
alessandra.rsouz@gmail.com 
2
 Estudante. Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. eliza.chaves26@gmail.com 
mailto:alessandra.rsouz@gmail.com
 
 
 
I. INTRODUÇÃO 
 
O presente artigo que resulta da pesquisa intitulada “O Trabalho do Assistente Social 
nas empresas privadas da Região dos Inconfidentes3“ parte da compreensão de que as 
mudanças na dinâmica capitalista empreendidas à partir da década de 1970 impuseram 
como resposta à crise do capital a reestruturação produtiva que promove alterações 
substancias no interior das empreses. A complexificação da sociedade capitalista associada 
às mudanças no mundo do trabalho, ao protagonismo dos organismos internacionais e à 
pressão do empresariado imprime a redefinição do processo de produção de mercadorias 
que objetiva potencializar o desenvolvimento da dinâmica de acumulação. 
Nas ultimas décadas a atuação do assistente social nas empresas privadas também passa 
por alterações e se torna objeto de novas exigências e qualificações assumindo, nesses 
espaços, uma configuração e um estatuto bastante distintos daqueles expressos nas ações 
problematizadoras do projeto profissional dos anos de 1980. Nesse contexto o Assistente 
Social passa por uma reatualização de sua intervenção incorporando a prevenção de 
acidentes e doenças, bem como uma revalorização das atividades desportivas e recreativas 
voltadas para o combate ao “stress” além da responsabilidade social. Conhecer e 
problematizar as novas demandas dirigidas ao trabalho do Assistente Social nessa área de 
atuação é primordial para a qualificação tanto do exercício profissional quanto da formação. 
Nesse sentido consideramos importante analisar a produção desenvolvida acerca desse 
espaço ocupacional e indicar as tendências gerais das condições de trabalho do profissional 
bem como das demandas apresentadas ao mesmo. 
 
II. DESENVOLVIMENTO 
 
Á partir da década de 1970 o capitalismo entra em nova crise e as respostas 
construídas naquela conjuntura se diferem das elaboradas no contexto do Segundo Pós 
Guerra. Tais respostas se fundamentaram no neoliberalismo, na reestruturação produtiva e 
na flexibilização, que irão incidir diretamente no pacto social responsável pelos chamados 
“30 anos gloriosos” do capitalismo. 
 
3
 A referida pesquisa é desenvolvida com apoio da FAPEMIG e busca analisar como tem ocorrido a inserção dos 
assistentes sociais em empresas privadas da região denominada Inconfidentes. 
 
 
A referida crise tem como principal determinação a estagnação das taxas de lucro e 
expressa num movimento convergente em que a crise de superprodução é administrada 
mediante expansão do credito para financiar tanto os déficits dos países hegemônicos como 
a integração funcional dos países periféricos ao processo de internacionalização do capital. 
De acordo com Netto, no que toca às exigências imediatas do grande capital, o projeto 
neoliberal restaurador viu se resumido no tríplice mote da “flexibilização” (da produção, das 
relações de trabalho), da “desregulamentação” (das relações comerciais e dos circuitos 
financeiros) e da “privatização” (do patrimônio estatal). Se esta última transferiu ao grande 
capital parcelas expressivas de riquezas públicas, especial mas não exclusivamente nos 
países periféricos, a “desregulamentação” liquidou as proteções comercial alfandegárias dos 
Estados mais débeis e ofereceu ao capital financeiro a mais radical liberdade de movimento, 
propiciando, entre outras consequências, os ataques especulativos contra economias 
nacionais. Quanto à “flexibilização”, embora dirigida principalmente para liquidar direitos 
laborais conquistados a duras penas pelos vendedores da força de trabalho, ela também 
afetou padrões de produção consolidados na vigência do taylorismo fordista. 
No Brasil, a década de 1980 é marcada pela redemocratização com o fim do regime militar. 
Trata se de um contexto em que a classe trabalhadora experimenta um massivo processo 
de organização política, a exemplo da fundação de partidos, sindicatos, comissões de 
fábrica, entre outras representações, imprimindo formas combativas na sua relação com o 
capital. Coincide com este cenário de alterações no âmbito das empresas no Brasil a 
expansão do mercado de trabalho do assistente Social. 
 Do ponto de vista da profissão, o serviço social ao longo da década de 1980 é marcado por 
um processo de renovação e de ruptura com o conservadorismo. Essa ruptura resultou no 
interior da direção hegemônica da categoria profissional na incorporação do pensamento 
crítico, organicamente articulado às necessidades sociais das classes subalternas, pautado 
em bases teóricas metodológicas, éticas e prático operativas assentadas na teoria social de 
Marx, capazes de compreender a realidade na trama das relações sociais contraditórias, 
determinada por condições históricas objetivas. (Netto, 1990, Iamamoto, 1998) 
Conforme indicam os estudos de Mota (1985), naquela década havia como uma 
particularidade da intervenção do assistente social na empresa uma ação voltada tanto à 
preservação da força de trabalho dos empregados como a necessidade de mediar 
conflitos/comportamentos que surgiam na relação entre capital e trabalho. A requisição 
profissional, portanto, atenderia, tanto às necessidades do capital – contratante dos serviços 
profissionais – como as do trabalho, pela via de uma intervenção voltada a considerar as 
necessidades básicas dos trabalhadores e de suas famílias. 
 
 Ao final dos anos de 1980 e início dos anos de 1990, parte do setor industrial 
brasileiro já tinha realizado os ajustes e reformas organizacionais como parte das 
estratégias de integração econômica à dinâmica capitalista mundial. Mas, é no trânsito da 
década de 1990 para os anos 2000 com a vitória do projeto neoliberal que vamos assistir 
profundas mudanças que reorganizam o processo de produção de mercadorias e realização 
do lucro. 
Nesse cenário, são evidenciados um extensivo programa de privatizações, fusões 
empresariais, drástico enxugamento de postos de trabalho que redefiniram a composição do 
mercado, intenso processo de concentração e descentralização de capitais e introdução de 
métodos “participativos”, em decorrência das imposições de competitividade das empresas 
transnacionais que instalaram suas subsidiárias no Brasil. De acordo com Antunes 
 
Combinando elementos herdeiros do fordismo (vigentes em vários ramos e setores 
produtivos) com uma nova pragmática pautada pela acumulação flexível,pela 
empresa enxuta (lean production), pela implantação de programas de qualidade total 
e sistemas just-in-time e kanban, além da introdução de ganhos salariais vinculados 
à lucratividade e à produtividade (como o PLR, programa de participação nos lucros 
e resultados), sob uma pragmática que se adequava fortemente aos desígnios do 
capital financeiro e do ideário neoliberal, tudo isso acabou possibilitando uma 
reestruturação produtiva de grande intensidade no Brasil, que teve como 
consequências a ampliação da flexibilização, da informalidade e da precarização da 
classe trabalhadora. (Antunes, 2014:40) 
 
De acordo com Antunes as mudanças empreendidas decorreram em uma nova fase 
no Brasil com características emblemáticas no caso da indústria metalúrgica, da 
agroindústria e do setor de serviços de telemarketing e call center. Destes setores 
destacamos as análises do autor que indicam que no setor da indústria metalúrgica assiste 
se a uma clara articulação entre as diferentes formas de exploração do trabalho causadas 
pela aceleração intensa dos ritmos e pela intensificação da atividade laborativa, acarretando 
na alta incidência de acidentes e de adoecimentos do trabalho. No que tange ao setor de 
serviços evidencia se uma significativa expansão da inserção da classe trabalhadora partir 
do call center e telemarketing. De acordo com dados explicitados por Antunes (2014), o 
telemarketing é composto em mais de 70% por mulheres que ficam de 85% a 90% de sua 
carga horária diária sentadas e com atenção total ao visor do microcomputador, ao teclado e 
ao headset (fone de ouvido). Os processos de trabalho implementados quase anulam as 
possibilidades de relações interpessoais entre os trabalhadores e são marcados por um alto 
controle do tempo de desenvolvimento das operações. 
Tais transformações afetam, sobremaneira, a intervenção profissional, nos seus 
aspectos técnico operativos e também no arsenal de conhecimentos acumulados e 
consolidados no caldo cultural da profissão na década de 1980. O processo de 
reestruturação produtiva inflexiona as políticas de recursos humanos, no Brasil, 
 
principalmente no que tange ao crescimento dos investimentos empresariais com a 
qualificação da força de trabalho; introduz técnicas e métodos de gerenciamento 
participativo, com forte apelo ao envolvimento dos trabalhadores com as metas 
empresariais; combina o sistema de benefícios e serviços sociais com as políticas de 
incentivo à produtividade do trabalho; e adota práticas de avaliação e monitoramento do 
ambiente interno. 
Nesse contexto, o trabalho do assistente social ainda é requisitado para atuar nas 
situações de trabalho que interferem na produtividade das empresas e nas suas 
necessidades de reprodução material e de sua família, mas, agora, também são chamados 
para intervir em novos projetos, mais amplos e “extra muros” da empresa, que requerem 
uma ação “colada” à filosofia e às práticas empresariais modernas de gestão do trabalho. 
Acerca das novas demandas postas ao trabalho do Assistente Social destacamos a 
participação nos programas Participativos que são pautados pela Qualidade Total, de 
Qualidade de Vida, de Treinamento e Programas de Clima ou Ambiência Organizacional. 
(cf. Amaral e César 2009) 
Nossas análises tem indicado até aqui os contornos assumidos pela dinâmica de 
acumulação do capital no contexto da reestruturação flexível e os impactos nas condições 
de trabalho dos assistentes sociais. Ressaltamos que a atuação profissional nas empresas 
passa a requerer cada vez mais habilidades e a experimentar condições de trabalho 
diversificadas, neste sentido, é importante buscarmos aprofundar nossas análises acerca 
das requisições apresentadas pelas instituições empregadoras, as demandas apresentadas, 
bem como as condições de trabalho deste profissional. 
Com o objetivo de aprofundar tais analises, desenvolvemos uma revisão da 
produção acerca do tema presente nos anais dos principais eventos nacionais da profissão 
e à partir da revista Serviço Social e Sociedade 
A revista Serviço Social & Sociedade foi escolhida tendo em vista o reconhecimento 
de sua abrangência e longo tempo de existência (aproximadamente trinta anos). Para efeito 
dessa pesquisa definimos como recorte o período recente compreendido entre os anos de 
2010 até abril de 2016 totalizando 25 edições. A pesquisa foi desenvolvida através da busca 
em todas as edições pelos descritores “empresa privada”, “assistente social” e “empresa 
privada” que deveriam constar nos títulos dos artigos. A busca resultou na identificação de 
apenas quatro artigos que publicados em setembro de 2010, maio de 2011, junho de 2013 e 
abril de 2015. A revisão dos artigos indicou importantes elementos acerca das condições de 
trabalho do assistente social e das novas configurações assumidas nas empresas privadas 
que buscaremos apresentar e problematizar. 
 
O primeiro texto identificado, publicado na revista n.103, intitulado “O Serviço Social 
e a “responsabilidade social das empresas”: o debate da categoria profissional na Revista 
Serviço Social & Sociedade e nos CBAS” (Menezes, 2010) tem como objetivo analisar a 
chamada “responsabilidade social das empresas” (RSE). A autora destaca que as empresas 
tem incorporado a RSE concebendo a como uma alternativa para agregar valor à sua marca 
e que esta tem se constituído como um novo campo de atuação para os profissionais 
assistentes sociais sendo assim necessário conhecer quais são seus principais objetivos. A 
RSE facilita a ampliação dos níveis de acumulação adotando, de forma ideológica, os 
discursos de defesa dos direitos, da cidadania e de solidariedade e parceria para se 
enfrentar a “Questão Social”. 
Menezes em suas analises busca verificar o debate da categoria profissional sobre 
a responsabilidade social nas empresas e ressalta que o profissional ainda que ocupe este 
espaço, deve compreender sua natureza e objetivo: 
 
Mas não deve também nutrir ilusões quanto à possibilidade de as práticas sociais 
das empresas serem a solução para o pauperismo em que se encontra grande 
parcela da população e nem deve se enganar, acreditando que o mercado está 
comprometido realmente com a superação da desigualdade social. (MENEZES, 
2010: 525 e 526) 
 
À partir da identificação de que a RSE nas empresas é uma área que tem inserido 
assistentes sociais, é importante que se tenha nitidez acerca de seus objetivos e sua 
incapacidade no enfrentamento da questão social e ainda que se tenha compreensão de 
como a responsabilidade social se situa na logica do capital como uma estratégia de 
marketing e de isenção de impostos. 
O segundo artigo, publicado por Raichelis em 2011, na revista n.107, sob o título “O 
Assistente Social como trabalhador assalariado: desafios frente às violações de seus 
direitos” tem como finalidade problematizar algumas das dimensões do processo de 
precarização do trabalho do assistente social no contexto das transformações e redefinições 
do trabalho na contemporaneidade. Ou seja, a autora tem o objetivo de analisar o processo 
de precarização do trabalho do assistente social no contexto mais geral. Suas reflexões 
indicam a importância de compreendermos que o Assistente Social como trabalhador 
assalariado também sofre os impactos decorrentes do processo da reestruturação produtiva 
do capital que conforme já apontamos anteriormente, tem como características principais a 
superexploração do trabalho dada principalmente a redução do quantitativo de 
trabalhadores, o alto índice de adoecimento e a imposição da incorporação de novas 
tecnologias. Segundo a autora: 
 
Torna-se urgente, pois, a formulação de uma agenda de pesquisa que possa 
produzir conhecimentos sobre essas situações de sofrimento do assistente social, 
 
pois é daí que poderão resultar subsídios fundamentais para a continuidade das 
lutas e embasamento de novas reivindicações e direitos que particularizemas 
específicas condições de trabalho do assistente social no conjunto da classe 
trabalhadora. (RAICHELIS, 2011, p.435) 
 
A autora demonstra que é necessário aprofundar o conhecimento acerca da 
condição assalariada do assistente social em seu campo de atuação e os impactos que tal 
dinâmica institucional desencadeia. No que tange à atuação em empresas privadas, 
compreendemos que é de suma importância analisar como tem se dado as relações de 
trabalho estabelecidas pelo profissional tendo em vista que este também está sujeito à 
vínculos precarizados, à terceirização e também à novas requisições institucionais 
decorrentes. 
O terceiro artigo identificado é de autoria de Giampaoli publicado em 2013, na 
revista n.114, intitulado “Serviço Social em empresas: consultoria e prestação de serviços”. 
O referente artigo apresenta a analise acerca do trabalho do assistente Social em duas 
empresas de consultoria, relatando o papel do assistente social neste espaço. 
 A autora indica elementos importantes acerca das condições de trabalho dos 
Assistentes Sociais como a utilização de nomes genéricos em seus cargos como 
“consultores em Serviço Social” e “consultores de atendimento”; relações autônomas de 
trabalho em relação à empresa a qual se vincula e também contratos celetistas; banco de 
cadastro de profissionais em todo o território brasileiro e também na América Latina; os 
atendimentos demandados pelas empresas para os trabalhadores são realizados 24 horas a 
partir de central telefônica ou a partir de atendimento móvel e os profissionais são 
considerados consultores externos para as empresas clientes, uma vez que não as integram 
legal e administrativamente seus quadros. 
Os elementos apontados indicam como a precarização do trabalho atinge o 
assistente social. A utilização do subterfúgio de cargos genéricos tem representado tanto no 
setor público quanto no privado a tentativa de negar atribuições privativas e as condições 
éticas e técnicas que cada profissão possui como carga horária reduzida, garantia de 
espaço sigiloso para atendimento, etc. Os vínculos de trabalho terceirizados que também 
constituem característica da reestruturação produtiva que elimina direitos trabalhistas como 
férias e descanso remunerado e dispersa a organização coletiva do trabalhador. Apesar 
desses apontamentos, um aspecto que chama atenção na pesquisa da autora é o fato dos 
profissionais afirmarem que não se sentem desprotegidos com esta situação de trabalho. 
No que tange às requisições apresentadas ao assistente social a autora destaca: 
atendimento 24 horas para situações de emergência; entrevista social; visitas domiciliar e 
hospitalar; captação de recursos públicos; suporte social aos gestores, funcionários e 
familiares; orientação em casos de falecimento, nos âmbitos nacional e internacional; apoio 
 
a incidente crítico (violência urbana, acidente de trabalho, entre outros); orientação e 
acompanhamento decorrentes de desequilíbrio orçamentário; dependência química; práticas 
vinculadas às relações de trabalho e problemas pessoais que interferem na produtividade. 
É possível identificar que as requisições das instituições ao assistente social 
mantém traços históricos de atendimentos a situações individualizadas que interferem na 
produtividade, porém, tem se a ausência da explicitação das demandas apresentadas pelos 
trabalhadores ao profissional. Acreditamos que é importante diferenciar o que são 
requisições da instituição do que são as demandas ao trabalho do assistente social e neste 
sentido é importante indicar a necessidade de aprofundar as reflexões sobre tais demandas. 
O quarto artigo em análise, publicado por Gomes em 2015 na revista n. 122, 
intitulado “Consultoria social nas empresas: entre a inovação e a precarização silenciosa do 
Serviço Social” tem como propósito refletir sobre o trabalho desenvolvido pelo assistente 
social em empresas de consultoria e assessoria. Gomes (2015) assim como Giampaoli 
(2013), indica que as empresas de consultorias são contratadas por outras empresas, na 
maioria das vezes, privadas com o objetivo de fazer com que, tanto o trabalhador quanto a 
empresa tenham benefícios. Os serviços dessas consultorias são prestados 24 horas por 
dia, fazendo com que no lugar da conquista de um direito o trabalhador passe a ter um 
benefício cedido pelo empregador. 
Cabe destacar que a autora indica as principais características valorizadas pelas 
profissionais que atuam em consultorias: 
1) autonomia, dinamicidade, inovação e criatividade, 2) ética entendida como sinônimo 
de sigilo profissional e suposta neutralidade, 3) capacidade de quantificação dos 
serviços prestados. Essas aparentes inovações das “consultorias”, entre outros 
aspectos, têm revelado nas empresas o oposto dos seus reais objetivos, tornando-se 
obscurecedores da precarização silenciosa do trabalho do assistente social via 
trabalho terceirizado e por vezes informal com status de um trabalho moderno. 
(Gomes, 2015: 357) 
 
As analises empreendidas por Gomes se tornam ainda mais preocupantes quando 
associada ás indicações de Giampaoli de que os profissionais não se sentem desprotegidos 
pelas relações de trabalho estabelecidas pautadas pela flexibilização. 
Em linhas gerais a produção acerca do trabalho do assistente social em empresas indica 
que o atendimento do assistente social, necessita de alguns recursos como estrutura física 
que garanta condições éticas e técnicas de trabalho porém, o que vem acontecendo dentro 
dessas empresas de consultoria e assessoria é um trabalho, muitas das vezes, realizado 
por telefone na maioria das vezes realizado em suas próprias residências estando 
disponíveis durante 24 horas por dia, sem nenhum contato físico com o trabalhador que 
necessita desse atendimento. As relações de trabalho do profissional com as empresas tem 
seguido a tendência da terceirização das atividades consideradas “meio” e não finalidade e 
 
o trabalho realizado pelos profissionais seguem ligadas às requisições das empresas 
principalmente relacionadas à manutenção da produtividade do trabalhador. 
Com o objetivo de adensar nossas reflexões foi desenvolvido o levantamento da 
produção acerca da temática nos anais dos principais congressos da categoria que são o 
Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) e o Encontro Nacional de 
Pesquisadores em Serviço Social (ENPESS). Para efeito dessa pesquisa foram utilizados os 
anais dos CBAS’s realizados no período compreendido entre 2004 a 2016 e dos ENPESS’s 
compreendidos entre 2010 a 2012. 
Para identificação dos trabalhos relacionados à temática da atuação profissional no setor 
privado inicialmente foram aplicados como descritores os termos: “reestruturação produtiva”, 
“serviço social em empresas” e “assistentes sociais e empresas privadas” que deveriam 
constar nos títulos dos trabalhos. À partir desta busca fram identificados 72 artigos sobre a 
temática, porém, a partir da leitura destes foi identificado que apenas 33 estavam 
relacionados ao exercício profissional e indicavam algumas atribuições desenvolvidas na 
atualidade pelos profissionais. O numero de artigos foi novamente reduzido após o 
aprofundamento das leituras tendo em vista que alguns destes artigos tinham o objetivo de 
descrever condições especificas de algumas empresas e situações relacionadas a estágios. 
Assim, ao final da revisão o numero de artigos foi reduzido a 8 relacionados diretamente a 
atividade dos profissionais de Serviço Social nas empresas. 
A análise preliminar dos artigos nos permite observar como o assistente social cumpre o seu 
exercício profissional no âmbito privado, demonstrando as condições de trabalho que os 
trabalhadores estão inseridos; as demandas postas/colocadas aos profissionais de serviço 
social e também aos trabalhadores da empresa, relatando formas especificas de trabalho; 
os desafios postos ao Projeto ético político profissional;desafios e contradições da classe 
trabalhadora frente a reestruturação produtiva; resultados de práticas profissionais; atuação 
em consultoria e dificuldades relacionadas a impossibilidade de acesso ao trabalhador. 
 
III. CONCLUSÃO 
 
Este trabalho teve o objetivo de realizar uma revisão sobre a produção teórica que trata 
do trabalho dos assistentes sociais dentro das empresas privadas, e pode indicar o 
crescimento e a diversificação da demanda pelo profissional neste espaço desde os anos 
1980. Contudo algumas indagações foram construídas ressaltando que tanto na revista 
Serviço Social & Sociedade quanto nos trabalhos publicados nos anais dos Congressos 
CBAS e ENPESS há ainda uma produção pequena em termos quantitativos, mas que 
 
apresenta importantes elementos a serem problematizados pela categoria. Tais elementos 
se referem principalmente às novas demandas das empresas e dos trabalhadores nesta 
área de atuação, a incorporação de tecnologias e os impactos da reestruturação produtiva 
para os trabalhadores de forma geral e os contornos que atinge para a categoria dos 
assistentes sociais. A produção analisada indicou que novas demandas como a 
responsabilidade social atendimento 24 horas para situações de emergência, consultoria, 
captação de recursos públicos tem sido postos como requisições aos profissionais de forma 
conjugada com a histórica demanda pelo trabalho profissional de acompanhamento e 
orientação às situações que interferem na produtividade do trabalhador. Acreditamos que é 
importante diferenciar o que são requisições da instituição do que são as demandas ao 
trabalho do assistente social e neste sentido a analise da produção nos indicou a 
necessidade de aprofundar as reflexões sobre tais demandas. 
Outro aspecto importante evidenciado pela revisão se refere às condições de 
trabalho. Foi possível identificar uma tendência à terceirização da contratação do trabalho 
do Assistente Social e do desenvolvimento do trabalho em estruturas externas à empresa 
como, por exemplo, a partir de central telefônica ou a partir de atendimento móvel em 
sistemas de Call Center. 24 horas. Assim, os profissionais, considerados consultores 
externos para as empresas clientes, não as integram legal e administrativamente em seus 
quadros e compreendemos ser necessário refletir sobre a precarização nas condições de 
trabalho decorrentes dessa forma de inserção no trabalho. 
Por fim, é importante ressaltar que a produção indicou uma ampliação da inserção 
profissional nesse espaço e assim, consideramos ser fundamental conhecer tanto em 
termos quantitativos quanto no que tange às demandas e às respostas profissionais nesta 
área através de outros estudos. 
 
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