Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Camila M. @foconopbl SP2 - Imuno. 1- O que são os vírus? a) Estrutura geral; Camila M. @foconopbl I) Ácido nucleico Os vírus podem possuir tanto DNA como RNA, mas nunca ambos. O ácido nucleico dos vírus pode ser de fita simples ou dupla. Assim, existem vírus que apresentam o familiar DNA de dupla-fita, DNA de fita simples, RNA de dupla-fita e RNA de fita simples. Dependendo do vírus, o ácido nucléico pode ser linear ou circular. Em alguns vírus (como o vírus da gripe), o ácido nucleico é segmentado II) Capsídeo e envelope O ácido nucleico de um vírus é protegido por um revestimento protéico, chamado de capsídeo (Figura 13.2a). A estrutura do capsídeo é determinada basicamente pelo ácido nucleico do vírus e constitui a maior parte da massa viral, sobretudo dos vírus menores. Cada capsídeo é composto de subunidades protéicas, denominadas capsômeros. Em alguns vírus, as proteínas que compõem os capsômeros são de um único tipo; em outros, vários tipos de proteínas podem estar presentes. Os capsômeros, em geral, são visíveis nas micrografias eletrônicas (ver exemplo na Figura 13.2b). A organização dos capsômeros é característica para cada tipo de vírus. Em alguns vírus, o capsídeo é envolto por um envelope (Figura 13.3a), que geralmente consiste em uma combinação de lipídeos, proteínas e carboidratos. Camila M. @foconopbl Alguns vírus animais são liberados da célula hospedeira por um processo de extrusão, no qual a partícula é envolta por uma camada de membrana plasmática celular que passa a constituir o envelope viral. Em muitos casos, o envelope contém proteínas codificadas pelo genoma viral juntamente com materiais derivados de componentes normais da célula hospedeira. Dependendo do vírus, os envelopes podem ou não apresentar espículas, constituídas por complexos carboidrato-proteína que se projetam da superfície do envelope. Alguns vírus se ligam à superfície da célula hospedeira através das espículas, que são características tão marcantes de alguns vírus que podem ser utilizadas para a identificação. A capacidade de determinados vírus, como o influenza (Figura 13.3b), de agregar hemácias está associada à presença das espículas. Esses vírus se ligam aos hemácias, formando pontes entre eles. A agregação resultante, chamada de hemaglutinação, é a base de diversos testes laboratoriais úteis. (Ver Figura 18.7, p. 505.) Os vírus cujos capsídeos não são envoltos por um envelope são conhecidos como vírus não envelopados (ver Figura 13.2). Nesse caso, o capsídeo protege o ácido nucleico viral do ataque das nucleases presentes nos fluidos biológicos e promove a ligação da partícula às células suscetíveis. Quando um hospedeiro é infectado por um vírus, o sistema imune é estimulado a produzir anticorpos (proteínas que reagem com as proteínas de superfície do vírus). Essa interação entre os anticorpos do hospedeiro e as proteínas virais inativa o vírus e interrompe a infecção. Entretanto, muitos vírus podem escapar dos anticorpos, pois os genes que codificam as proteínas virais de superfície são suscetíveis a mutações. A progênie dos vírus mutantes apresenta proteínas de superfície alteradas, incapazes de reagir com os anticorpos. O vírus influenza frequentemente sofre alterações em suas espículas. É por essa razão que se contrai gripe mais de uma vez. Apesar de termos produzido anticorpos contra um subtipo de vírus da gripe, se ele sofrer mutações pode nos infectar novamente. Morfologia geral Os vírus podem ser classificados em vários tipos morfológicos diferentes, com base na arquitetura do capsídeo. A estrutura do capsídeo tem sido elucidada por microscopia eletrônica e uma técnica conhecida como cristalografia de raios X. Vírus helicoidais Os vírus helicoidais assemelham-se a longos bastonetes que podem ser rígidos ou flexíveis. O ácido nucléico viral é encontrado no interior de um capsídeo oco e cilíndrico que possui uma estrutura helicoidal (Figura 13.4). Os vírus que causam raiva e a febre hemorrágica Ebola são helicoidais. Vírus poliédricos Camila M. @foconopbl Muitos vírus animais, vegetais e bacterianos são poliédricos, isto é, têm muitas faces. O capsídeo da maioria dos vírus poliédricos tem a forma de um icosaedro, um poliedro regular com 20 faces triangulares e 12 vértices (ver Figura 13.2a). Os capsômeros de cada face formam um triângulo equilátero. O adenovírus é um exemplo de um vírus poliédrico com a forma de um icosaedro (mostrado na Figura 13.2b). O poliovírus também é icosaédrico. Vírus envelopados Como mencionado anteriormente, o capsídeo de alguns vírus é coberto por um envelope. Os vírus envelopados são relativamente esféricos. Quando os vírus helicoidais e os poliédricos são envoltos por um envelope são denominados vírus helicoidais envelopados ou vírus poliédricos envelopados. Um exemplo de vírus helicoidal envelopado é o vírus influenza . Um exemplo de um vírus poliédrico (icosaédrico) envelopado é o vírus do herpes humano. Vírus complexos Alguns vírus, particularmente os vírus bacterianos, têm estruturas complicadas e são chamados de vírus complexos. Um bacteriófago é um exemplo de um vírus complexo. Alguns bacteriófagos possuem capsídeos com estruturas adicionais aderidas (Figura 13.5a). Nesta figura, observe que o capsídeo (cabeça) é poliédrico e a bainha da cauda é helicoidal. A cabeça contém o genoma viral. Outro exemplo de vírus complexo são os poxvírus, que não têm capsídeos claramente definidos, mas apresentam vários envoltórios em torno do ácido nucleico viral (Figura 13.5b). Camila M. @foconopbl b) Características gerais (falar também sobre mutação); Os vírus são entidades que: ● São especialmente muito pequenos (filtráveis) e parasitos intracelulares obrigatórios – isto é, eles necessariamente precisam de células hospedeiras vivas para a sua multiplicação. ● Contêm um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA. ● Contêm um revestimento proteico (às vezes recoberto por um envelope de lipídios, proteínas e carboidratos) que envolve o ácido nucleico. ● Multiplicam-se no interior de células vivas utilizando a maquinaria sintética da célula. ● Induzem a síntese de estruturas especializadas que podem transferir o ácido nucleico viral para outras células. Os vírus têm poucas ou mesmo nenhuma enzima própria para seu metabolismo.* Por exemplo, não têm enzimas para a síntese proteica e a geração de ATP. Os vírus devem assumir a maquinaria metabólica da célula hospedeira para a sua multiplicação. O espectro de hospedeiros de um vírus consiste na variedade de células hospedeiras que o vírus pode infectar. ● O espectro de hospedeiros de um vírus é determinado pela exigência viral quanto à sua ligação específica à célula hospedeira e pela disponibilidade de fatores celulares do hospedeiro em potencial necessários para a multiplicação viral. Para que ocorra a infecção da célula hospedeira, a superfície externa do vírus deve interagir quimicamente com receptores específicos presentes na superfície celular. Os dois componentes complementaressão unidos por ligações fracas, como ligações de hidrogênio. A combinação de muitos sítios de ligação e receptores resulta em uma forte associação entre a célula hospedeira e o vírus. Para alguns bacteriófagos, o receptor faz parte da parede da célula hospedeira; em outros casos, faz parte das fímbrias ou dos flagelos. No caso de vírus animais, os receptores estão na membrana plasmática das células hospedeiras. A possibilidade de utilização dos vírus para tratamento de doenças é intrigante devido ao seu estreito espectro de hospedeiros e sua capacidade de matar as células hospedeiras. A ideia de uma fagoterapia – utilizando bacteriófagos para o tratamento de infecções bacterianas – já existe há cerca de 100 anos. Avanços recentes no entendimento das interações vírus-hospedeiro têm possibilitado novos estudos no campo da fagoterapia. Camila M. @foconopbl Infecções virais induzidas experimentalmente em pacientes com câncer durante a década de 1920 sugeriram que os vírus podem ter atividades antitumorais. Esses vírus destruidores de tumor, ou oncolíticos, podem seletivamente infectar e matar células tumorais ou induzir uma resposta imune contra essas células. Alguns vírus infectam de forma natural as células tumorais e outros podem ser modificados geneticamente para infectá-las. Hoje, vários estudos estão em andamento para determinar o mecanismo de ação dos vírus oncolíticos e a segurança do uso da terapia viral. ● Uma espécie viral é um grupo de vírus que compartilham a mesma informação genética e o mesmo nicho ecológico (espectro de hospedeiros). c) ciclo lítico e lisogênico O ácido nucleico de um vírion contém somente uma pequena quantidade dos genes necessários para a síntese de novos vírus. Entre eles estão os genes que codificam os componentes estruturais do vírion, como as proteínas do capsídeo, e os genes que codificam algumas enzimas utilizadas no ciclo de multiplicação viral. Essas enzimas são sintetizadas e funcionam somente quando o vírus está dentro da célula hospedeira. As enzimas virais estão quase exclusivamente envolvidas na replicação e no processamento do ácido nucleico viral. As enzimas necessárias para a síntese de proteínas, os ribossomos, o tRNA e a produção de energia são fornecidos pela célula hospedeira e são usados na síntese de proteínas virais, incluindo enzimas virais. Embora os menores vírions não envelopados não contenham nenhuma enzima, os vírions maiores podem possuir uma ou mais enzimas que auxiliam no processo de penetração do vírus na célula hospedeira ou na replicação do ácido nucleico viral. Assim, para que um vírus se multiplique, ele precisa invadir a célula hospedeira e assumir o comando da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode dar origem, em uma única célula hospedeira, a algumas ou mesmo milhares de partículas virais iguais. Esse processo pode alterar drasticamente a célula hospedeira, podendo causar sua morte. Em algumas infecções virais, a célula sobrevive e continua a produzir vírus indefinidamente. A multiplicação dos vírus pode ser demonstrada com uma curva de ciclo único (Figura 13.10). Os dados podem ser obtidos por infecção de todas as células de uma cultura e posterior teste do meio de cultura e das células quanto à presença de vírions, proteínas e ácidos nucleicos virais. Camila M. @foconopbl RESUMINDO Os vírus são formados por um agregado de moléculas, formando uma estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada virion. Este é constituído por diversos componentes estruturais: Ácido nucleico: molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral. Capsômeros: subunidades proteicas (monômeros), que agregadas constituem o capsídeo. Capsídeo: envoltório protéico que envolve o material genético dos vírus. Nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucleico. Envelope: membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente. Deriva de estruturas das células hospedeiras, como membrana plasmática. Peplômeros (espículas): estruturas proeminentes, geralmente constituídas de glicoproteínas e lipídios, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície viral. Multiplicação de bacteriófagos Embora a maneira pela qual um vírus penetra e é liberado da célula hospedeira possa variar, o mecanismo básico de multiplicação viral é similar para todos os vírus. Os bacteriófagos podem multiplicar-se por dois mecanismos alternativos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. O ciclo lítico termina com a lise e morte da célula hospedeira, ao passo que no ciclo lisogênico a célula hospedeira permanece viva. Camila M. @foconopbl O ciclo de multiplicação desses fagos, assim como o de todos os outros vírus, ocorre em cinco etapas distintas: adsorção, penetração, biossíntese, maturação e liberação. CICLO LÍTICO Adsorção (ou adesão): um sítio de adesão no vírus liga-se ao sítio do receptor complementar na célula. Os bacteriófagos T-pares possuem fibras na extremidade da cauda, que atuam como sítios de adesão.* Os receptores complementares estão na parede da célula bacteriana. Penetração: injetam seu DNA (ácido nucleico) dentro da bactéria. Para isso, a cauda do bacteriófago libera uma enzima, a lisozima fágica, que degrada uma porção da parede celular bacteriana. O capsídeo permanece do lado de fora da célula bacteriana. Portanto, a partícula do fago funciona como uma seringa hipodérmica, injetando o DNA dentro da célula bacteriana. Biossíntese: Assim que o DNA do bacteriófago alcança o citoplasma da célula hospedeira, ocorre a biossíntese do ácido nucléico e de proteínas virais. A síntese proteica do hospedeiro é interrompida pela degradação do seu DNA induzida pelo vírus, pela ação de proteínas virais que interferem com a transcrição, ou pela inibição da tradução. Inicialmente, o fago utiliza os nucleotídeos e várias enzimas da célula hospedeira para sintetizar muitas Camila M. @foconopbl cópias de seu DNA. Logo em seguida, inicia-se a biossíntese das proteínas virais. Os ribossomos, as enzimas e os aminoácidos da célula hospedeira são usados na tradução. Durante vários minutos após a infecção, os fagos completos não podem ser encontrados na célula hospedeira. Somente componentes isolados – DNA e proteína – podem ser detectados. O período da multiplicação viral no qual vírions completos e infecciosos ainda não são encontrados é chamado de período de eclipse. Maturação: A próxima sequência de eventos consiste na maturação.* Durante esse processo, vírions completos são formados a partir do DNA e dos capsídeos do bacteriófago. Liberação: O estágio final da multiplicação viral consiste na liberação dos vírions da célula hospedeira. O termo lise geralmente é utilizado para essa etapa da multiplicação dos fagos T-pares, pois, nesse caso, a membrana citoplasmática é rompida (lise). A lisozima, codificada por um gene viral, é sintetizada dentro da célula. Essa enzima destrói a parede celular bacteriana, liberando os novos bacteriófagos produzidos. Os bacteriófagos liberados infectam outras células vizinhas suscetíveis,e o ciclo de multiplicação viral se repete nestas células. CICLO LISOGÊNICO Fagos lisogênicos (também denominados fagos temperados) podem induzir um ciclo lítico, mas também são capazes de incorporar seu DNA ao DNA da célula hospedeira para iniciar um ciclo lisogênico. Na lisogenia, o fago permanece latente (inativo). As células bacterianas hospedeiras são conhecidas como células lisogênicas. Utilizaremos o bacteriófago λ (lambda), um fago lisogênico bem estudado, como exemplo de ciclo lisogênico. 1 Após a penetração em uma célula de E. coli, 2 O DNA do fago, originalmente linear, adota o formato de um círculo. 3a Esse círculo pode se multiplicar e ser transcrito, 4a levando à produção de novos fagos e à lise celular (ciclo lítico). 3b Alternativamente, o círculo pode se recombinar com o DNA bacteriano circular e se tornar parte dele (ciclo lisogênico). O DNA do fago inserido no cromossomo bacteriano passa a ser chamado de prófago. A maioria dos genes do prófago é reprimida por duas proteínas repressoras codificadas pelo genoma do prófago. Esses repressores interrompem a transcrição de todos os outros genes do fago ao ligarem-se aos operadores. Dessa forma, os genes fágicos que poderiam direcionar a síntese e a liberação de novos vírions são desligados, da mesma forma que os genes são são desligados por repressores. Sempre que a maquinaria celular replicar o cromossomo bacteriano, Camila M. @foconopbl 4b o DNA do prófago também será replicado. O prófago permanece latente na progênie celular. 5 Entretanto, um evento espontâneo raro, ou mesmo a ação da luz UV ou de determinadas substâncias químicas, pode levar à excisão (salto) do DNA do prófago e ao início do ciclo lítico. A lisogenia apresenta três consequências importantes: ● as células lisogênicas são imunes à reinfecção pelo mesmo fago ● conversão fágica; isto é, a célula hospedeira pode exibir novas propriedades ● torna possível a transdução especializada; Genes bacterianos podem ser empacotados em um capsídeo fágico e transferidos para outra bactéria em um processo chamado de transdução generalizada Certos vírus animais podem sofrer processos muito semelhantes à lisogenia. Os vírus animais que permanecem latentes por longos períodos dentro das células, sem se multiplicarem ou sem causarem doenças, podem inserir-se no cromossomo da célula hospedeira ou permanecer separados do DNA hospedeiro em um estado reprimido (como alguns fagos lisogênicos). Os vírus que causam câncer também podem estar latentes, ***** Multiplicação de vírus animais A multiplicação dos vírus animais segue o padrão básico da multiplicação dos bacteriófagos, contudo apresenta várias diferenças, resumidas na Tabela 13.3. Os vírus animais diferem dos fagos no seu mecanismo de penetração na célula hospedeira. Além disso, uma vez dentro da célula, a síntese e a montagem de novos componentes virais são ligeiramente diferentes, em parte devido às diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas. Os vírus animais têm determinados tipos de enzimas não encontrados nos fagos. Finalmente, os vírus animais e os fagos diferem quanto aos mecanismos de maturação e liberação, e quanto aos efeitos de sua multiplicação na célula hospedeira. Um vírus necessita de células hospedeiras vivas para a sua multiplicação, mas precisa interromper a síntese de proteínas do hospedeiro, para que os genes virais sejam traduzidos. Pesquisas recentes indicam que os vírus utilizam diversos mecanismos para inibir a expressão dos genes da célula hospedeira. Proteínas precoces virais podem bloquear a transcrição, mRNA circulante ou uma tradução em andamento. Na discussão seguinte sobre a multiplicação de vírus animais, consideraremos os processos comuns aos vírus de DNA e de RNA. Esses processos são adsorção, penetração, desnudamento e liberação. Examinaremos também as diferenças entre os dois tipos de vírus (de DNA e RNA), com relação aos processos de biossíntese. Camila M. @foconopbl Adsorção: Os receptores das células animais são proteínas e glicoproteínas da membrana plasmática. Além disso, os vírus animais não têm apêndices, como as fibras da cauda de alguns bacteriófagos. Os sítios de ligação dos vírus animais estão distribuídos ao longo de toda a superfície da partícula viral, e os sítios em si variam de um grupo de vírus para outro. Nos adenovírus, que são vírus icosaédricos, os sítios de ligação são pequenas fibras nos vértices do icosaedro. Na maioria dos vírus envelopados, como o vírus influenza, os sítios de adesão são espículas localizadas na superfície do envelope. Logo que uma espícula se liga ao receptor da célula hospedeira, sítios receptores adicionais da mesma célula migram em direção ao vírus. A ligação de muitos sítios completa o processo de adsorção. Os sítios receptores são proteínas da célula hospedeira. As proteínas desempenham funções normais para o hospedeiro e são sequestradas pelo vírus. Isso pode explicar as diferenças individuais na suscetibilidade a um vírus em particular. Por exemplo, pessoas que não possuem o receptor celular para o parvovírus B19 (denominado antígeno P) são naturalmente resistentes à infecção e não desenvolvem a “quinta doença”, causada por esse vírus (ver p. 595). A compreensão da natureza do processo de adsorçãopode levar ao desenvolvimento de fármacos que previnem as infecções virais. Anticorpos monoclonais (discutidos no Capítulo 18) que se ligam ao sítio de adesão de um vírus ou a receptores celulares talvez possam, em breve, ser utilizados no tratamento de algumas infecções virais. Penetração Após a adsorção, ocorre a penetração. Muitos vírus penetram nas células eucarióticas por endocitose mediada por receptor (Capítulo 4, p. 97). A membrana plasmática celular está constantemente sofrendo invaginações para formar vesículas. Essas vesículas contêm elementos originados do exterior da célula e que são levados para o seu interior para serem digeridos. Se um vírion se liga à membrana plasmática de uma potencial célula hospedeira, a célula envolverá o vírion e formará uma vesícula (Figura 13.14a). Os vírus envelopados podem penetrar por um processo alternativo, chamado de fusão, no qual o envelope viral se funde à membrana plasmática e libera o capsídeo no citoplasma da célula (Figura 13.14b). Desnudamento Durante o período de eclipse da infecção viral, os vírus são desmontados e não são observadas partículas virais dentro da célula. O desnudamento é a separação do ácido nucleico viral de seu envoltório proteico. Esse processo varia de acordo com o tipo de vírus. Alguns vírus animais concluem o processo de desnudamento por ação de enzimas lisossomais da célula hospedeira. Essas enzimas degradam as proteínas do capsídeo viral. A biossíntese dos vírus de DNA Camila M. @foconopbl Em geral, os vírus de DNA replicam seu genoma no núcleo da célula hospedeira, usando enzimas virais, e sintetizam as proteínas do capsídeo e outras proteínas no citoplasma, usando enzimas do hospedeiro. As proteínas migram, então, para o núcleo e são reunidas ao DNA recém-sintetizadopara formar os novos vírions. Os vírions são transportados pelo retículo endoplasmático para a membrana da célula hospedeira e são liberados. Os herpes-vírus, os papovavírus, os adenovírus e os hepadnavírus seguem esse padrão de biossíntese (Tabela 13.4). Os poxvírus são uma exceção, pois todos os seus componentes são sintetizados no citoplasma. Como exemplo da multiplicação de um vírus de DNA, a sequência de eventos dos papovavírus é mostrada na Figura 13.15. 1 - 2 Após a adsorção, a penetração e o desnudamento, o DNA viral é liberado no núcleo da célula hospedeira. 3 Ocorre a transcrição de uma porção do DNA viral que codifica os genes “precoces”, seguida da sua tradução. Os produtos desses genes são enzimas requeridas para a multiplicação do DNA viral. Na maioria dos vírus de DNA, a transcrição precoce é realizada pela transcriptase do hospedeiro (RNA-polimerase); os poxvírus, no entanto, possuem sua própria transcriptase. 4 Algum tempo após o início da replicação do DNA, ocorre a transcrição e a tradução dos genes “tardios”. As proteínas tardias incluem as proteínas do capsídeo e outras proteínas estruturais. 5 Isso leva à síntese das proteínas do capsídeo, que ocorre no citoplasma da célula hospedeira. RESUMINDO 1. ADSORÇÃO- Uma etapa essencial à reprodução viral é a adsorção (ligação) do vírion a uma célula suscetível. (interação entre proteínas virais e receptores celulares) 2. PENETRAÇÃO - entrada do vírus no citosol [endocitose, fusão e translocação] 3. DESNUDAMENTO - Após o processo de penetração, para que o genoma possa ser transcrito, traduzido, e replicado, o material genético do vírus deve ser liberado e exposto no ambiente intracelular. A este processo dá-se o nome de desnudamento (ou decapsidação), um procedimento no qual o capsídeo é desmontado completamente ou parcialmente. Classificação de Baltimore é um modo de classificação que reúne os vírus em sete grupos, com base na característica do genoma viral e na forma como este é transcrito. Neste sistema, os vírus são agrupados da seguinte maneira: Camila M. @foconopbl Grupo I: Vírus DNA dupla fita (dsDNA) Grupo II: Vírus DNA fita simples (ssDNA) Grupo III: Vírus RNA dupla fita (dsRNA) Grupo IV: Vírus RNA fita simples senso positivo ((+)ssRNA) Grupo V: Vírus RNA fita simples senso negativo ((-)ssRNA) Grupo VI: Vírus RNA com transcrição reversa (ssRNA-RT) Grupo VII: Vírus DNA com transcrição reversa (dsDNA-RT) 2- Quais os tipos de vírus da dengue? O vírus da dengue se divide em quatro tipos, denominados Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Todos podem causar tanto a forma clássica da doença quanto a dengue hemorrágico. Contudo, o Den-3 parece ser o tipo mais virulento, isto é, o que causa formas mais graves da moléstia, seguido pelo Den-2, Den-4 e Den-1. Já o tipo 1 é o mais explosivo dos quatro, ou seja, causa grandes epidemias em curto prazo e alcança milhares de pessoas rapidamente. Recentemente, anunciou-se a descoberta de um novo tipo de vírus da dengue - o Den-5. O vírus foi isolado de uma amostra de um caso grave de dengue (classificada incialmente como Denv-4), coletada durante um surto em Sarawak, Malásia, em 2007. Acredita-se que o vírus esteja circulando entre macacos das florestas de Bornéu. O vírus Dengue (ou DENV) pertence à família Flaviviridae, uma família de vírus que inclui o vírus da febre amarela, o vírus da encefalite japonesa, o vírus da Febre do Nilo Ocidental (FNO) e o vírus da encefalite do carrapato (TBE). É classificado como um arbovírus, isto é, aquele que é transmitido por insetos ou outros artrópodes. O DENV é composto por uma fita única de ácido ribonucléico (RNA) de polaridade positiva, revestida por um envelope de proteína em formato icosaédrico. Esta fita de RNA contém o código para uma única proteína, bem longa, que depois da tradução vai ser cortada em proteínas que vão fazer parte da estrutura do vírus e outras que estão envolvidas na replicação, na secreção e no empacotamento do vírus. a) sorotipagem e subtipos Os subtipos diferem por causa de certas proteínas localizadas na superfície do vírus (as proteínas hemaglutinina [HA] e neuraminidase [NA]). Existem 16 subtipos diferentes de HA e 9 subtipos diferentes de NA nos vírus influenza A. Como diferentes combinações de proteínas H e N são possíveis? Cada combinação corresponde a um subtipo diferente. Quando falamos de “vírus da gripe humana”, nos referimos àqueles subtipos amplamente disseminados entre seres humanos. Existem apenas três subtipos conhecidos de vírus influenza humano (H1N1, H1N2 e H3N2). Camila M. @foconopbl O genoma do vírus influenza é composto por oito segmentos. Um genoma segmentado permite o rearranjo dos genes virais e a criação de novos vírus influenza A se partículas virais de duas espécies diferentes infectarem a mesma pessoa ou animal (ver figura). Isso é conhecido como rearranjo antigênico (do inglês, antigenic shift). 3- Qual o mecanismo de agressão da dengue? (patogencidade) Parte I O virus da dengue é um RNA vírus do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos diferentes do virus da dengue: DENV-1, -2, -3, e -4. A infecção com um tipo de DENV promove imunidade permanente contra este tipo e imunidade fugaz, de curta duração (geralmente de meses) contra a infecção causada pelos demais tipos de DENV. Cada um dos quatro sorotipos tem variantes genéticas, existindo uma associação entre determinadas variantes genéticas dos sorotipos com maior gravidade da infecção. Entre essas variantes associadas à doença mais grave em infecções secundárias, destacam-se os genótipos “Asiáticos” dos DENV-2 e DENV-3. A patogênese da dengue é multifatorial, resultante de interações complexas entre características do hospedeiro e do agente viral. Depois de inoculado em humanos, através da picada de vetor artrópode, a população viral inicial multiplica-se dentro de linfonodos regionais e subseqüentemente entra na circulação sangüínea. Aumento na temperatura corporal com duração de cinco a oito dias pode ser observado. Geralmente, o clearance do vírus acontece a partir desse período, entrando o indivíduo na fase de convalescença que dura de poucos dias até algumas semanas. O vírus tem um segundo ciclo de replicação, nesse momento dentro de monócitos circulantes. Seu tropismo, principalmente para monócitos, macrófagos e células musculares, explica a intensa mialgia que pode ser observada durante o curso da moléstia. A produção de citocinas pelos macrófagos é diretamente estimulada pela replicação viral. A liberação de fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e interleucina (IL) 6 relaciona-se provavelmente ao desenvolvimento do quadro febril. A resposta imune mediada tanto por anticorpo quanto por célula está envolvida no processo de controle da infecção pelo organismo. Na primeira semana da doença, o sistema imune começa a responder ao processo infeccioso. Com a ajuda de anticorpos específicos, linfócitos citotóxicos CD 8+ podem destruir as células infectadas pelo vírus da dengue, num processo chamado de citotoxicidadedependente de anticorpos. Anticorpos IgM antidengue podem ser observados a partir do quarto dia da doença, com pico no final da primeira semana, mas podendo permanecer por meses. Os anticorpos IgG podem ser observados na primeira semana, e o pico pode ocorrer no final da segunda Camila M. @foconopbl semana. Os anticorpos IgG antiDEN podem continuar presentes no sangue por anos e são responsáveis pela imunidade contra determinado sorotipo do vírus. A dengue hemorrágica é em geral observada em pacientes que já apresentaram infecção por um dos sorotipos e, anos mais tarde, adquiriram outra infecção, nesse momento por um sorotipo diferente do vírus. Quando a segunda infecção é causada pelo DEN-2, o risco de o paciente apresentar dengue hemorrágico é ainda maior. A evolução de dengue clássico para dengue hemorrágica ocorre em pequena percentagem de indivíduos com a doença (0,3 a 4%). O DEN-2 é considerado o mais virulento, seguido pelo DEN-3, 4 e 1, em ordem decrescente. Durante a infecção primária, anticorpos neutralizadores são produzidos contra esse primeiro sorotipo inoculado e são capazes de proteger o organismo contra outros sorotipos durante curto período de tempo. Isso é conhecido como imunidade cruzada e tem a duração de alguns meses ou poucos anos. Baseia-se nessas observações a teoria mais importante relacionada à gênese da dengue hemorrágica, a teoria de Halstead. A teoria da “facilitação por anticorpos da penetração em monócitos” (antibody dependent enhancement, ADE), inicialmente formulada por Halstead na década de 1970, é uma hipótese para justificar a maior gravidade da dengue em infecções secundárias ou em lactentes filhos de mães infectadas que apresentam infecção por um tipo heterólogo no primeiro ano de vida. De acordo com esta teoria, os pacientes que sofrem uma segunda infecção, por um sorotipo diferente daquele responsável pela primo- -infecção, apresentam risco maior de desenvolver as formas graves de dengue. Os anticorpos heterólogos pré-existentes, não neutralizantes, reconhecem o novo vírus infectante, formando complexos antígeno-anticorpo, que penetram e multiplicam-se nas células do sistema fagocítico-mononuclear paradoxalmente com maior eficiência, aumentando assim o número de células infectadas e exacerbando a infecção. Ocorre ativação dos linfócitos T e liberação de citocinas (mediadores vasoativos – IL-2, TNFα, INFγ, FAP), resultando em aumento da permeabilidade vascular, extravasamento de plasma, destruição plaquetária e manifestações hemorrágicas que caracterizam as formas graves da dengue. A participação dos linfócitos T de memória ativados em uma infecção secundária com sorotipos heterólogos, além da ativação do sistema complemento, são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento das formas graves de dengue. Outro exemplo da presença de anticorpos subneutralizantes levando a manifestações do dengue hemorrágico é visto quando anticorpos IgG antiDEN da mãe passam pela via transplacentária para os lactentes. Já que esses anticorpos são passivos, eles tendem a diminuir sua quantidade durante os nove meses iniciais, alcançando níveis subneutralizantes. Nessa situação, os fenômenos da teoria de Halsted podem ser vistos Camila M. @foconopbl Assim, a possibilidade de desenvolvimento da dengue hemorrágica é bem maior quando um indivíduo previamente infectado por um sorotipo adquire nova infecção, dessa vez por outro sorotipo. As causas possíveis de trombocitopenia que podem ser vistas durante o curso da doença são: destruição periférica das plaquetas, causada pela ação de imunocomplexos ou pelo sistema complemento, e inibição da hematopoiese medular. Em relação às características genéticas do hospedeiro associadas à maior gravidade, destacamos a idade (mais frequente em crianças), sexo (feminino), raça (branca) e indivíduos com doenças crônicas (especialmente asma, diabetes, hemoglobinopatias). Parte II A infecção causada pelo vírus da dengue é iniciada pela picada do mosquito transmissor do vírus na pele, onde o vírus interage com as células dendríticas residentes, denominadas células de Langerhans. Essas células expressam DC-SIGN (dendritic cell specific ICAM-3 grabbing non-integrin receptor), o qual se liga à glicoproteína do envelope de todos os quatro sorotipos do vírus da dengue. Desse modo, o DC-SIGN é responsável por mediar a entrada do vírus, permitindo subseqüente infecção viral, o que leva à liberação de vírions dentro da célula. A migração de células de Langerhans para os nódulos linfóides permite a apresentação do vírus à célula T. Interessantemente, recentes trabalhos evidenciam que, enquanto as células dendríticas são imediatamente infectadas, as células de Langerhans não são e que o DC-SIGN somente concentra o vírus na superfície celular e que um outro co-receptor, ainda não identificado seria o responsável pela internalização do vírus. O vírus da dengue infecta predominantemente células do sistema reticuloendotelial (baço, fígado e medula óssea), incluindo monócitos, linfócitos, células de Kupffer e macrófagos alveolares. De modo geral os trabalhos apontam o fígado como órgão principal na infecção. No entanto, a imunopatogênese das formas graves da infecção não está totalmente esclarecida. A disfunção observada no fígado poderia ser por efeitos diretos nas células hepáticas ou conseqüências adversas na resposta imune desregulada do hospedeiro contra o vírus. Durante a infecção, células dendríticas, macrófagos, linfócitos B, linfócitos T, células NK e mastócitos estão envolvidos na resposta imune do hospedeiro contra o vírus. Outro fenômeno importante presente é a apoptose, que tem sido mostrada como um mecanismo pelo qual o vírus da dengue pode causar a morte celular. Devido a este fenômeno pode ocorrer disseminação do vírus para outras células vizinhas e diminuição da resposta imune. Camila M. @foconopbl A detecção de anticorpos IgM para o vírus da dengue é de extrema importância, tanto para o diagnóstico rápido dos casos clinicamente suspeitos como para o sistema de vigilância epidemiológica da dengue e dengue hemorrágica. Parte III Os mosquitos do gênero Aedes são os responsáveis pela transmissão da dengue ao homem. O vetor artrópode primário é o Aedes aegypti, havendo também, em menor escala, transmissão pelo Aedes albopictus e pelo Aedes polynesiensis em algumas regiões. Na África e no sudoeste da Ásia foi descrito um ciclo silvestre de transmissão do DENV para primatas não humanos, mas sem transmissão consistente para o homem. Além da transmissão pelo vetor artrópode, há raros relatos de transmissão em transplantes de órgãos, transfusão de sangue, e transmissão vertical, de uma mãe infectada para o feto. Os sintomas da dengue no homem, geralmente, se iniciam 4 a 7 dias após a picada do mosquito, podendo este período de incubação (conhecido como período intrínseco de incubação) variar de 3 a 14 dias. Para que a transmissão do DENV ocorra, o mosquito deve picar o indivíduo infectado durante a fase virêmica, que dura em geral 5 a 7 dias, iniciando-sejá desde 1 a 2 dias antes do início dos sintomas. Importante salientar que esta fase virêmica ocorre também em indivíduos assintomáticos, podendo, portanto, haver transmissão do DENV ao mosquito caso seja picado. No organismo do mosquito o DENV necessita de 8 a 12 dias para iniciar o processo de replicação e poder ser transmitido a outros humanos (período extrínseco de incubação), permanecendo potencialmente infectante pelo resto de sua vida. O mosquito macho não transmite a doença, pois alimenta-se de seiva de plantas, sendo que a fêmea age predominantemente de dia. 4- Quais os diferentes tipos de imunoglobulinas e suas formas de ação ? ESTRUTURA BÁSICA As imunoglobulinas são glicoproteínas compostas por cadeias polipeptídicas leves (L, light) e pesadas (H, heavy). Os termos leve e pesado referem-se ao peso molecular de cada uma; ● As cadeias L e H são divididas em regiões variáveis e constantes. ● As moléculas de anticorpo podem ser divididas em classes e subclasses distintas com base nas diferenças na estrutura das regiões C da cadeia pesada. As classes Camila M. @foconopbl de moléculas de anticorpo também são chamadas de isotipos e são nomeadas como IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS ● IgG A IgG é o anticorpo predominante durante a resposta secundária e constitui importante defesa contra vírus e bactérias. A IgG é o único anticorpo que cruza a placenta; apenas a sua porção Fc é capaz de se ligar a receptores na superfície das células placentárias. Assim, é a imunoglobulina mais abundante em recém-nascidos. Apenas IgG e IgM são tipos de anticorpos que podem ativar o sistema complemento. ● Sistema complemento O sistema complemento consiste em várias proteínas plasmáticas que trabalham juntas para opsonizar os microrganismos promover o recrutamento de fagócitos para o local de infecção e, em alguns casos, matar diretamente os microrganismos O sistema complemento é composto por proteínas séricas e de membrana que interagem de um modo altamente regulado para produzir produtos biologicamente ativos. As três principais vias de ativação do complemento são a via alternativa, que é ativada em superfícies microbianas em ausência de anticorpo; a via clássica, que é ativada por complexos antígeno-anticorpo; e a via das lectinas, que é iniciada por lectinas circulantes que se ligam a carboidratos presentes na superfície de patógenos. IgG é a imunoglobulina que opsoniza (processo que consiste em fixar opsoninas, por exemplo imunoglobulinas, em epítopes do antígeno, permitindo a fagocitose.) ● IgA A IgA é a principal imunoglobulina presente em secreções como colostro, saliva, lágrimas, além de secreções dos tratos respiratório, intestinal e genital. Essa imunoglobulina impede que microrganismos (p. ex., vírus e bactérias) se liguem às membranas mucosas. ● IgM Camila M. @foconopbl A IgM é a principal imunoglobulina produzida precocemente durante a resposta imune primária. Está presente na forma de monômeros na superfície de quase todas as células B, onde funciona como receptor de ligação a antígenos. É a imunoglobulina mais eficiente para os processos de aglutinação, fixação do complemento (ativação) e outras reações inerentes aos anticorpos, além de ser importante na defesa contra bactérias e vírus. Pode ser produzida pelo feto durante certas infecções. Apresenta a maior avidez entre as imunoglobulinas; sua interação ao antígeno pode envolver todos os seus 10 locais de ligação antigênica. ● IgD Essa imunoglobulina não apresenta funções de anticorpo, contudo, pode atuar como um receptor de antígenos; está presente na superfície de muitos linfócitos B, é encontrada em pequenas quantidades no soro. A região Fc (fragmento cristalizável) da IgE liga-se à superfície de mastócitos e basófilos. As IgEs ligadas funcionam como receptores para antígenos (alérgenos). Quando os locais de ligação a antígeno de IgEs adjacentes estão ligados cruzadamente pelos alérgenos, diversos mediadores são liberados pelas células, e reações de hipersensibilidade imediata (anafilática) ocorrem . ● IgE A IgE apresenta importância médica com base em duas razões: (1) ela medeia a hipersensibilidade imediata (anafilática) (2) participa na defesa do hospedeiro contra certos parasita Camila M. @foconopbl Embora a IgE esteja presente apenas em quantidades mínimas (traços) no soro normal , pessoas com reatividade alérgica apresentam quantidades grandemente aumentadas dessa imunoglobulina, e a IgE pode aparecer em secreções externas. A IgE não fixa o complemento e não cruza a placenta. A IgE constitui o principal mecanismo de defesa do hospedeiro contra algumas importantes infecções por helmintos (vermes). O nível sérico de IgE normalmente se encontra aumentado nessas infecções. Já que vermes são muito grandes para serem fagocitados, eles são mortos por eosinófilos que liberam enzimas que afetam esses parasitas. IgEs específicas para as proteínas dos vermes se ligam a receptores na superfície de eosinófilos, iniciando a resposta de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC). Camila M. @foconopbl 5- Compreender a resposta imunitária ao vírus. (Células Natural Killer, ação de citocinas, +) a) Como é feita essa resposta Resposta Imune Inata A maioria dos vírus infecta seus hospedeiros pelas mucosas, principalmente pelas vias aéreas, o trato gastrintestinal e o trato urogenital. Desse modo a primeira barreira contra a infecção é a queratina da pele, uma vez rompida essa barreira as células de Langherans presentes na derme podem capturar o agente invasor, dando inicio a resposta imune. Outro fator de proteção importante presente nas mucosas, são os ambientes ácidos existentes na mucosa gástrica e no ambiente vaginal os quais atuam como barreiras químicas contra a penetração dos vírus. Outro mecanismo de defesa contra os vírus são as defensinas, proteínas expressas por células epiteliais e neutrófilos. Esses polipeptídios formam poros em membranas ricas em fosfolipídios aniônicos como as dos vírus causando a destruição dos mesmos. Passadas essas primeiras barreiras os vírus tem como objetivo final penetrar nas células, normalmente essa ação é mediada por interação com receptores específicos expressos pelo tipo celular ao qual o vírus é específico, esse é o chamado tropismo celular, isto é, cada vírus tem uma especificidade para sua célula alvo. O mecanismo de interação com receptores pode explicar o tropismo dos vírus por determinadas espécies e até por determinadas células. Dentro da imunidade inata, deve-se destacar a importância dos receptores do tipo Toll (TLR). Esses receptores presentes em vários tipos de células do sistema imune são capazes de ativar essas células gerando uma potente resposta imune. Existem 7 tipos de TLR envolvidos na resposta contra vírus. Esses TLRs têm como principal alvo de reconhecimento os ácidos nucléicos. Devido à grande variação do tipo de ácido nucléico que os vírus podem conter, o sistema imune desenvolveu variações de TLRs específicas para cada tipo de DNA ou RNA presentenos mesmos. Toda essa variedade de TLRs é importante para que o sistema imune se mantenha informado e responda às infecções virais de maneira adequada. Vírus que possuem RNA de dupla fita são reconhecidos pelo TLR3 que leva a uma cascata de respostas que culmina na produção de IFN do tipo I principalmente pelas células dendríticas, outro tipo celular de grande importância na resposta imune. Já vírus que apresentam RNA de simples fita são reconhecidos pelos TLR7/8. Esse tipo de reconhecimento também leva a produção de IFN-α (Interferon Alfa) principalmente pelas células dendríticas plasmocitóides, como ocorre em infecções pelo vírus do Herpes simplex do tipo 1 causador de encefalite. Porém essas Camila M. @foconopbl vias de reconhecimento viral podem se somar, pois os vírus que contém DNA obrigatoriamente têm uma fase de seu desenvolvimento intracelular em que a produção de RNA de simples fita é necessária para a produção de suas proteínas, o que também ocorre com os vírus que contém RNA de dupla fita (BARBER et al., 2001). Parte II A defesa antiviral é composta por alterações nas células que impedem a replicação viral e aumenta a suscetibilidade à morte por linfócitos, eliminando assim os reservatórios de infecção viral. ● A principal forma utilizada pelo sistema imune inato no combate às infecções virais é a indução da expressão de interferons do tipo I, cuja ação mais importante é a inibição da replicação viral. ● Os interferons do tipo I (α e β) são uma grande família de citocinas estruturalmente similares que medeiam o início da resposta imune inata a infecções virais. ● O termo interferon é derivado da sua capacidade de interferir na proliferação viral Existem muitos interferons do tipo I, sendo os mais importantes na defesa antiviral o alfa (IFN-α) e o beta (IFN-β) IFN-α: produzida por células dendríticas e macrófagos/monócitos IFN-β: produzida por uma ampla gama de células IFN-β: produzida por uma ampla gama de células Os estímulos mais importantes na síntese de IFN são os ácidos nucleicos virais (a presença desse ácidos nucleicos virais no interior da célula induzem a expressão gênica de interferons do tipo I) Receptores no citosol(TLR 3, 7, 8 e 9) reconhecem ácido nucleico viral em vesículas endossômicas e iniciam vias de sinalização que ativam fatores de transcrição (fator regulador de interferon –IRF), que induzem a expressão gênica dos interferons do tipo I. O receptor de interferonsdo tipo I, que se liga a IFN-αe IFN-β, é um heterodímero formado por dois polipeptídeos estruturalmente semelhantes (IFNAR1 e IFNAR2), expressos por todas as células nucleadas. A ligação a estes receptores ativam os fatores de transcrição STAT1, STAT2 e o IRF9, que induzem a expressão de diferentes genes que têm os seguintes efeitos antivirais: Os interferons do tipo I, através de sua interação com o receptor de interferon do tipo I, ativam a transcrição de diversos genes que conferem às células resistência à infecção viral, chamada de ESTADO ANTIVIRAL. Camila M. @foconopbl Os genes induzidos pelo interferondo tipo I expressam serina/treonina e proteína cinase(ativados por RNA de dupla fita viral), que bloqueiam a transcrição e tradução viral. Induzem também a expressão de oligoadenilato sintetase e Rnase que promovem a degradação do RNA viral. A ação antiviral do interferon do tipo I é principalmente parácrina, em que a célula infectada secreta interferon para proteção das células vizinhas que ainda não estão infectadas. O interferon secretado por uma célula infectada pode também atuar de forma autócrina, inibindo a replicação viral naquela célula. efeito do interferon do tipo I Os interferons do tipo I sequestram os linfócitos nos gânglios linfáticos, maximizando assim a oportunidade de encontro com antígenos microbianos. Também aumentam a citotoxicidade das células NKe dos Linfócitos TCD8+. Promovem a diferenciação de Linfócitos TCD4+ subtipo TH1. Os interferons do tipo I regulam positivamente a expressão das moléculas de MHC de classe I e, portanto, aumentam a probabilidade de que as células infectadas sejam reconhecidas e mortas por Linfócitos TCD8+(ocorre a mesma situação em células expressando oncogenes). Assim, as principais atividades do interferon do tipo I são trabalhar em conjunto no combate a infecções virais. O IFN-αé clinicamente utilizado como agente antiviral em certas formas de hepatites virais. O IFN-αtambém é utilizado no tratamento de alguns tumores. O IFN-β é utilizado no tratamento da esclerose tratamento de alguns tumores. O IFN-β é utilizado no tratamento da esclerose múltipla. A proteção contra vírus também é modulada por apoptose da célula infectada e o aumento da sensibilidade a indutores extrínsecos de apoptose. A célula infectada por um vírus podem perceber replicação anormal de DNA e/ou síntese anormal de glicoproteínas, dessa forma a mesma inicia os mecanismos de apoptose dela de glicoproteínas, dessa forma a mesma inicia os mecanismos de apoptose dela mesma. As células infectadas por vírus são à apoptose induzida pela liberação de Fator de Necrose Tumoral –TNF. O TNF é liberado abundantemente em infecções virais por células dendríticas e macrófagos em resposta às infecções virais. A ligação do TNF ao TNFR ativa as vias pró-apoptóticas. b) Tipos de infecções virais Padrões de infecção viral podem ser divididos em: Camila M. @foconopbl • Infecção Abortiva: ocorre quando um vírus infecta uma célula (ou hospedeiro), mas não completa o ciclo replicativo totalmente. Resulta em infecção não-produtiva. • Infecção Aguda: muitas infecções virais comuns (ex. “resfriados”) – infecções breves, onde os vírus são geralmente eliminados completamente pelo sistema imune. • Infecção Crônica: o contrário das infecções agudas, isto é prolongadas & teimosas. Há constante replicação e excreção dos vírus. Exemplo: alguns casos de hepatite B. • Infecção Latente: persistem pelo resto da vida do hospedeiro, ex. vírus herpes simplex (HSV). c) Definir o que é fase de incubação, latência e convalescença Período de incubação - tempo entre a exposição ao bioagente e o início das primeiras manifestações clínicas. Período prodrômico - é o período inicial das manifestações clínicas, com sinais e sintomas inespecíficos. Período de estado - período em que as manifestações clínicas são características da doença. Período de convalescença - período da remissão das manifestações clínicas em direção à cura. 6- Compreenda o processo de memória imunológica ao vírus (por adquirir o vírus ou por intermédio de vacinas); compreensão adequada da memória imunológica ou das funções dos linfócitos Finalmente, o mecanismo-chave foi esclarecido com a teoria da seleção clonal de Burnet (1957) e a descoberta dos linfócitos T e B (1965). Em qualquer resposta imune, o(s) antígeno(s) induz(em) expansão clonal de células T e/ou B específicas, deixando para trás uma população de células de memórias. Estas permitem que o próximo encontro com o(s) mesmo(s) antígeno(s) induza uma resposta secundária, a qual é mais rápida e eficaz que a resposta primária normal. Enquanto em muitas infecções a respostaprimária pode ser muito lenta para evitar uma doença grave, caso o indivíduo tiver sido exposto a antígenos do organismo em uma vacina Camila M. @foconopbl antes de encontrar o organismo patogênico, a expansão da população de células de memória e elevação dos níveis de anticorpos específicos são capazes de proteger contra a doença. Os princípios de vacinação podem ser resumidos em: • sensibilização de linfócitos específicos para expandir as reservas e células de memória; • uso de formas inofensivas de imunógenos – organismos atenuados, fragmentos subcelulares, toxoides ou vetores; • uso de adjuvantes para aumentar as respostas imunes; e • produção de vacinas seguras e acessíveis para promover imunidade coletiva.
Compartilhar