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Resenha: "Princípios Básicos de Análise do Comportamento", Carlos Medeiros e Marcos Moreira (Caps. 2, 3 e 4)

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Princípios Básicos de Análise do Comportamento
	O livro chamado “Princípios Básicos de Análise do Comportamento” é um livro extremamente didático que apresenta a psicologia comportamental desde suas bases históricas e teóricas. Nessa resenha, veremos os capítulos 2, 3 e 4 do livro, escrito por Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Macedo.
	O capítulo 2 do livro chama-se “O reflexo aprendido: condicionamento pavloviano” e, como o nome sugere, trata, principalmente, do método de condicionamento do comportamento descoberto por Ivan Pavlov ou, fundamentalmente, de aprendizagem de reflexos. A descoberta do reflexo aprendido se deu no laboratório de reflexologia de Pavlov, no qual o fisiologista russo observou pela primeira vez que era possível fazer com que estímulos que não eliciassem determinada respostas passassem, através do condicionamento, a eliciá-las.
	Em seu experimento mais famoso, Pavlov media a salivação dos cães em resposta à apresentação de carne, mediante o emparelhamento de dois estímulos. Basicamente, o fisiologista, ao apresentar a carne ao cão, tocava uma sineta simultaneamente (emparelhamento). Após se repetir isso por aproximadamente 60 vezes, o cão passou a responder com salivação apenas à sineta, mesmo sem a presença da carne. Para que haja condicionamento pavloviano, portanto, é preciso que um estímulo que não produz uma determinada resposta seja emparelhado a um que produza.
	Nesse momento do capítulo, o autor nos traz um “Vocabulário do condicionamento pavloviano”, no qual apresentam-se alguns dos principais termos da teoria de Pavlov. São eles: estímulo neutro (NS), um estímulo que não elicie determinada resposta desejada, como a sineta em relação a salivação; estímulo incondicionado (US), que produz um reflexo incondicionado, um estímulo inato que produz uma resposta natural, como a carne com relação a salivação; o reflexo incondicionado vai ser a relação entre um estímulo condicionado (CS) e uma resposta condicionada, no caso a sineta que produz a salivação. Outro nome dado a comportamentos reflexos na psicologia é comportamento respondente, que consiste na relação entre um estímulo e uma resposta. Isso faz com que o uso desse termos seja neutro, pois sempre temos que ter em vista uma resposta específica desejada.
	Partimos, então, para o estudo das emoções. Em 1920, John Watson fez um experimento comumente conhecido como o “caso do pequeno Albert e o rato”. Basicamente, o experimento consistia em emparelhar um estímulo incondicionado que eliciasse uma resposta de medo – um barulho alto e estridente, produzido ao martelar uma haste de metal – e um estímulo neutro, no caso um rato. Após alguns emparelhamentos, a hipótese de Watson, então, sobre o aprendizado de emoções, se confirmou: o bebê aprendeu a ter medo do rato.
	Com isso, vemos que nossas emoções, na verdade, estão na história do condicionamento de cada um de nós, por termos todos passado, em algum momento, pelo emparelhamento de estímulos incondicionados que nos causassem alguma resposta que denominamos emocional com estímulos neutros. O medo de altura, por exemplo, que é tão comum, pode muitas vezes ser gerado pelo emparelhamento do estímulo neutro da visão da altura com o estímulo incondicionado da dor de uma eventual queda.
	Outra descoberta feita no experimento com o pequeno Albert foi chamada por Pavlov de generalização respondente – que consiste na generalização de uma determinada resposta eliciada por um estímulo condicionado a partir das semelhanças entre os estímulos. Foi isso que fez, por exemplo, que o medo de Albert extrapolasse o estímulo do rato e fosse gerado também por barbas brancas, pequenos animais de pelúcia brancos, etc. Temos também o gradiente de generalização: dependendo do grau de semelhança entre os estímulos, a resposta eliciada será mais ou menos intensa.
	No entanto, é possível que desapareça uma resposta reflexa condicionada se um determinado estímulo condicionado for apresentado sem a presença do estímulo incondicionado. A esse processo, chamamos extinção respondente. É interessante nos atentarmos, porém, que após a extinção ter se dado, é possível que a força de reflexo volte espontaneamente, em menor grau, em episódios esparsos, o que é chamado de recuperação espontânea.
	A extinção respondente pode se dar de duas formas: o contracondicionamento e a dessensibilização sistemática. O contracondicionamento consiste no aparelhamento de um estímulo que elicie uma resposta contrária a resposta condicionada – como emparelhar um estímulo condicionado ansiogênico a um estímulo que elicie respostas de relaxamento. Já a dessensibilização sistemática é a divisão do processo de extinção em pequenos passos. Com base na generalização respondente, essa técnica consiste na apresentação de estímulos que eliciem a resposta condicionada da forma mais branda possível, aumentando o grau de intensidade dos estímulos com o tempo. A uma pessoa que tem medo de cães, por exemplo, um psicólogo poderia apresentar a foto de um cão, depois dá-la um bicho de pelúcia, depois fazê-la observar cães de longe, tocá-los, e assim por diante. É importante dizer que normalmente as técnicas do contracondicionamento e da dessensibilização sistemática são postas em prática simultaneamente.
	Os autores, então, em dois parágrafos, nos mostram como nossa linguagem também está sucinta ao condicionamento pavloviano. Algumas palavras, portanto, ao serem emparelhadas com situações agradáveis ou desagradáveis, podem passar posteriormente a eliciar respostas semelhantes às eliciadas pelas situações nas quais as palavras foram ditas. Por exemplo, quando tempos o emparelhamento da palavra “bife” com a apresentação de um bife de verdade e, com o tempo, percebemos as respostas eliciadas pelo próprio bife sendo eliciadas pela palavra.
	Temos também o condicionamento de ordem superior – basicamente, um processo de emparelhamento de um estímulo condicionado a um estímulo neutro. No caso dos cães de Pavlov, por exemplo, seria o emparelhamento de um quadro-negro (estímulo neutro) ao som da sineta, fazendo assim com que o quadro-negro também gerasse salivação. Chamamos esse novo reflexo de reflexo condicionado de segunda ordem. A cada nova ordem, no entanto, é importante ressaltar que a força do reflexo condicionado diminui.
	Os autores também tratam um pouco do condicionamento pavloviano em propagandas, dando exemplos de emparelhamentos de estímulos agradáveis a certos produtos.
	Por fim, temos alguns fatores que influenciam o condicionamento pavloviano. São eles: a freqüência dos emparelhamentos, o tipo do emparelhamento, a intensidade do estímulo incondicionado e o grau de predição do estímulo condicionado. O capítulo termina com a definição dos principais conceitos apresentados, dos quais tratamos anteriormente.
	O Capítulo 3 chama-se “Aprendizagem pelas consequências: o reforço”, e avança um pouco na discussão sobre o condicionamento, histórica e conceitualmente. Apesar de o comportamento respondente nos ajudar a compreender parte do processo de aprendizagem do ser humano, principalmente sobre as emoções, ele sozinho não consegue abranger toda a complexidade do comportamento humano. Este capitulo busca discutir um comportamento que engloba a maioria dos comportamentos dos organismos: o comportamento operante, ou seja, o comportamento que causa modificações no ambiente e é modificado por ele. Da mesma forma que aprendemos que o comportamento respondente é aprendido através de condicionamento respondente, o comportamento operante é aprendido através de condicionamento operante.
	A maioria dos nossos comportamentos produzem alterações no ambiente, como por exemplo estender a mão - pegar um copo de água; girar uma torneira - pegar água; estudar -aprender e etc. Porém é bom sempre lembrar a diferença entre resposta (o que o individuo sente, fala e faz) das conseqüências provocadas por seu comportamento.
	As conseqüências do comportamento são decisivas para determinar se esse comportamento voltará a ocorrer, por exemplo, se você tenta subirem algum lugar alto e consegue, é muito mais provável que você tente subir em mais lugares, porém se você não consegue esse comportamento tem menos chances de se repetir, as conseqüências dos comportamentos estão tão presentes no nosso dia a dia que na maioria das vezes não nos damos conta de que elas estão acontecendo conscientemente .
	Nesta lógica, chamamos então de reforço (positivo), as conseqüências do comportamento que aumentam as probabilidades deste comportamento voltar a ocorrer, já o reforço negativo seriam as conseqüências que diminuem as probabilidades do comportamento voltar a ocorrer, podemos dar exemplos de reforço positivo a entrega de estrelas pras crianças que fizeram o dever de casa, e reforço negativo a diminuição de pontos pra cada falta na aula. os seja, fazemos o mesmo exercício para observar no comportamento respondente se um estimulo é neutro, condicionado ou incondicionado.
	Existem reforçadores naturais, ou seja, aqueles que são produtos do próprio comportamento do individuo e existem reforçadores arbitrários, os que não são causados pelo próprio comportamento. Um bom exemplo de reforçador natural seria um musico tocando seu instrumento sozinho e sendo reforçado pelo próprio som que ele produz, porem se ele toca em algum evento por dinheiro, o reforço está sendo indireto, um bom exemplo de reforço arbitrário.
	Além de aumentar a freqüência de determinados comportamentos, o reforço também pode fazer com que diminuam a freqüência de outros comportamentos diferentes, além de diminuir a variabilidade do comportamento, fazendo com que o comportamento reforçado seja cada vez mais parecido
	Dito tudo isto, uma pergunta aparece: como um novo comportamento passa a fazer parte do nosso repertório comportamental? Sabemos que já nascemos com a habilidade de interagir com o ambiente, isto significa que os comportamentos novos que aprendemos surgem dos comportamentos que já existem em nosso repertório.
	No capítulo 4 o autor discorre sobre o conceito de controle aversivo. Este composto por três possibilidades: reforço negativo (comportamentos de fuga ou esquiva), punição positiva e punição negativa. Assim como seus efeitos colaterais, que são diversos, e apontam para a necessidade de busca por medidas alternativas tendo em vista suas consequências negativas em razão de sofrimento psicológico.
 Ao longo do texto o autor percorre exemplos de comportamentos indesejados e suas possíveis respostas, mostrando como os organismos podem aprender diante de um estímulo aversivo. É ressaltada a eficácia dessa abordagem tendo em vista a maior dificuldade de favorecer uma aprendizagem balizada em reforço positivo já que esta opção é definitivamente mais trabalhosa. Apesar disso é notado que exercer controle do comportamento por meio de estímulos aversivos traz consigo efeitos colaterais nocivos para os organismos. Um pai, por exemplo, que oferece uma criação a partir dessa ótica pode tornar-se uma figura de temor para seu filho. Diante disso é notada a necessidade de incentivar uma educação que se dê por reforço positivo, extinção e reforçamento diferencial. Estes três conceitos carregam as ideias de troca da punição por atenção e reconhecimento aos comportamentos desejados, certa ausência no momento de intervenção do comportamento indesejado aliado ao ponto anterior e ao reforçamento de outros elementos conquistados pela pessoa.
 Conseguintemente é compreendido que organismos que têm sua aprendizagem condicionada por meio de reforços positivos são mais saudáveis do que aqueles que em seu ambiente mental carregam histórias de controle aversivo.
	Não podemos deixar de nos posicionar em relação ao texto que em vários momentos gerou desconforto pelo modo como o autor trata os pontos negativos do que se diz controle aversivo. Ao falar de pessoas ele usa o termo organismo controlado, o que parece reduzir a experiência humana. Não podemos deixar de lado que o livro serve de instrumento para profissionais de saúde que lidam com sujeitos e suas implicações subjetivas no mundo. Isso exige prática sensível e não distanciada como o autor parece propor. O trabalho do psicólogo não deveria ser norteado por implicação subjetiva e ética? Tratar a complexidade da existência a partir de um emaranhado de reforços sobre um organismo controlável é de certa forma reduzir/retirar a possibilidade de criação da própria vida. Não há em nenhum momento menção a uma prática clínica que busque a autonomia, implicação e questionamento do sujeito em relação sua própria existência, o que mostra claramente certo posicionamento político.

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