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Livro Eletrônico Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 Renan Araujo, Time Renan Araujo 1 42 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS (LEI 9.296/96) 1 LEI DE INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS .................................. 2 1.1 Finalidade e natureza ............................................................................................................. 2 1.2 Requisitos ............................................................................................................................... 5 1.3 Legitimados a requerer a medida .......................................................................................... 6 1.4 Prazo e prorrogação ............................................................................................................... 7 1.5 Condução dos procedimentos ................................................................................................ 8 1.6 Inutilização do material irrelevante ....................................................................................... 8 1.7 Degravação e perícia .............................................................................................................. 9 1.8 Tipo penal específico .............................................................................................................. 9 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ..................................................................... 9 3 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ............................................................................. 11 4 LISTA DE EXERCÍCIOS ........................................................................................... 12 5 EXERCÍCIOS COMENTADOS .................................................................................. 22 6 GABARITO ........................................................................................................... 41 Olá, meus amigos! Hoje vamos estudar a Lei de Interceptação das Comunicações Telefônicas (Lei 9.296/96). Trata-se de uma lei pequena, com poucos artigos, mas que possui algumas polêmicas sobre as quais o STF e o STJ já se manifestaram e que podem cair na prova! Bons estudos! Prof. Renan Araujo Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 2 42 1 LEI DE INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS 1.1 FINALIDADE E NATUREZA A primeira coisa que temos que ter em mente quando iniciamos o estudo desta lei é que ela tem por finalidade regulamentar um dispositivo da Constituição Federal que é um dos pilares de um Estado verdadeiramente Democrático de Direito: O direito à privacidade. Vejamos o que diz o artigo 5º, XII da CRFB/88: Art. 5º (...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) Por sua vez, o art. 1º da Lei 9.296/96 estabelece que: Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. No entanto, o que seria “interceptação de comunicações telefônicas”? Esse termo significa a captação de conversas realizadas por meio telefônico, entre TERCEIROS, e ocorre quando NENHUM DOS INTERLOCUTORES TEM CIÊNCIA DA GRAVAÇÃO DA CONVERSA.1 Não podemos confundir “interceptação de comunicações telefônicas” com escuta telefônica e gravação telefônica. A primeira é medida de exceção, mas autorizada em alguns casos. As duas últimas seguem regramentos distintos. Quanto à ESCUTA TELEFÔNICA, é a modalidade na qual um dos interlocutores tem ciência da gravação, que é feita por TERCEIRA PESSOA. À semelhança da interceptação telefônica, só é admitida mediante autorização judicial. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais comentadas. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2014, p. 478/479 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 3 42 Já a GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é a modalidade na qual um dos interlocutores realiza a gravação da conversa, ou seja, não há a participação de terceiros.2 É considerada prova LÍCITA (STJ: RHC 19136/MG 2007, Rel. Min. Félix Fischer). Não se deve confundir, ainda, interceptação das comunicações telefônicas com quebra de sigilo de dados telefônicos. A interceptação das comunicações telefônicas tem por finalidade obter acesso ao conteúdo das comunicações telefônicas, ao teor das conversas. A quebra de sigilo de dados telefônicos tem por finalidade, apenas, obter informações a respeito das referidas chamadas (duração da chamada, terminal de partida e destino, horário da ligação, etc.). ⇒ Mas os requisitos para a quebra de sigilo de dados telefônicos são os mesmos da interceptação telefônica? Não, pois é possível que seja determinada a quebra de tal sigilo sempre que houver justa causa, ou seja, indicativos razoáveis de que os dados poderão auxiliar na investigação ou na instrução processual. Além disso, a Doutrina majoritária entende que Comissões Parlamentares de Inquéritos, o próprio MP e a autoridade policial poderão ter acesso a estes dados sem necessidade de autorização judicial, já que estes dados, a despeito de protegidos constitucionalmente, não possuem a mesma proteção conferida ao conteúdo das conversas telefônicas. Muito se questiona, ainda, a respeito das chamadas INTERCEPTAÇÕES AMBIENTAIS (Que incluem a interceptação ambiental stricto sensu, a gravação ambiental e a escuta ambiental). Primeiramente, temos que saber o que é uma “comunicação ambiental”. Uma comunicação ambiental é aquela realizada pessoalmente, e não através de qualquer aparelho de transmissão. Assim, uma gravação ambiental, por exemplo, seria uma gravação feita por um dos interlocutores da conversa, sem o conhecimento do outro. Os Tribunais Superiores aplicam as mesmas regras da interceptação telefônica às interceptações ambientais. Vejamos: (...) A gravação ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores, não se confunde com a interceptação, objeto cláusula constitucional de reserva de jurisdição. 2. É lícita a prova consistente em 2 Também chamada de captação direta. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais comentadas. Op. cit., p. 480 Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 4 42 gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. (AI 560223 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 12/04/2011, DJe-079 DIVULG 28-04-2011 PUBLIC 29-04-2011 EMENT VOL-02511-01 PP-00097 LEXSTF v. 33, n. 388, 2011, p. 35-40) CUIDADO: O STF já decidiu (HC 81154/SP) que interceptações telefônicas realizadas antes da vigência da Lei são PROVAS ILÍCITAS, e geram a nulidade do processo,se foram a única prova sobre a qual se fundamentou a sentença condenatória. É bom lembrar que a interceptação de comunicação telefônica é medida excepcional, por representar enorme invasão na esfera de privacidade das pessoas, de forma que todo processo em que haja esse tipo de prova deverá tramitar em SEGREDO DE JUSTIÇA. Os Tribunais, contudo, entendem que é possível a divulgação das conversas em alguns casos, notadamente quando houver “justa causa” (Que ninguém sabe precisar exatamente o que é). O art. 1º da Lei fala, ainda, em “Juiz Competente”. Juiz competente seria aquele que teria atribuição para, em tese, processar e julgar a ação penal futura ou em curso. Mas e se for autorizada por Juiz incompetente? Neste caso, teremos uma prova ilícita e, portanto, não poderá ser utilizada no processo. CUIDADO MASTER! O STF entende que se a incompetência do Juízo que decretou a medida somente foi reconhecida em razão de fatos cujo conhecimento é posterior à decisão judicial, aplica- se a TEORIA DO JUÍZO APARENTE, ou seja, o Juízo que decretou a medida não era, de fato, competente, mas considerando-se apenas os fatos conhecidos à época da decisão, ele era o Juízo aparentemente competente.3 3 (...) 7. Quanto à celeuma acerca da determinação da quebra de sigilo pelo Juízo Federal de Itaperuna/RJ, que foi posteriormente declarado incompetente em razão de ter sido identificada atuação de organização criminosa (art. 1º da Resolução Conjunta n. 5/2006 do TRF da 2ª Região), há de se aplicar a teoria do juízo aparente (STF, HC 81.260/ES, Tribunal Pleno, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 19.4.2002). 8. Ordem denegada, cassando a liminar deferida. (HC 110496, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 09/04/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-238 DIVULG 03-12-2013 PUBLIC 04-12-2013) Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 5 42 1.2 REQUISITOS O art. 2º da Lei estabelece algumas restrições à autorização de interceptações telefônicas. Vejamos: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Assim, presente qualquer das situações acima narradas, não se poderá admitir a interceptação telefônica. A contrario sensu, podemos dizer que as condições para a autorização de interceptações telefônicas são as seguintes (CUMULATIVAS): ⇒ Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal ⇒ A prova não puder ser feita por outros meios ⇒ O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão ⇒ A situação objeto da investigação deve ser descrita com clareza, com a qualificação dos suspeitos, SALVO SE ISSO FOR IMPOSSÍVEL Também não se admite a chamada “autorização genérica”, ou “carta branca”. Assim, não é possível, por exemplo, que o Judiciário autorize a interceptação telefônica de todos os moradores de uma favela, pois há suspeitas de que alguém esteja praticando tráfico de entorpecentes. Ora, essa autorização é genérica demais, não especifica exatamente qual é o fato, quem são os suspeitos, etc. Embora as interceptações telefônicas só possam ser autorizadas nestes casos expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida através de uma interceptação lícita (que obedeceu aos requisitos legais) possa ser utilizada como “prova emprestada” em outros processos criminais ou até mesmo procedimentos administrativos disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU DE OUTROS. Vejamos a seguinte decisão do STF: Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 6 42 (...) 1. Não é ilícita a prova obtida mediante interceptação telefônica autorizada por Juízo competente. O posterior reconhecimento da incompetência do Juízo que deferiu a diligência não implica, necessariamente, a invalidação da prova legalmente produzida. A não ser que “o motivo da incompetência declarada [fosse] contemporâneo da decisão judicial de que se cuida” (HC 81.260, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence). 2. Não há por que impedir que o resultado das diligências encetadas por autoridade judiciária até então competente seja utilizado para auxiliar nas apurações que se destinam a cumprir um poder-dever que decola diretamente da Constituição Federal (incisos XXXIX, LIII e LIV do art. 5º, inciso I do art. 129 e art. 144 da CF). Isso, é claro, com as ressalvas da jurisprudência do STF quanto aos limites da chamada prova emprestada 3. Os elementos informativos de uma investigação criminal, ou as provas colhidas no bojo de instrução processual penal, desde que obtidos mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por Juízo competente, admitem compartilhamento para fins de instruir procedimento criminal ou mesmo procedimento administrativo disciplinar contra os investigados. Possibilidade jurisprudencial que foi ampliada, na Segunda Questão de Ordem no Inquérito 2.424 (da relatoria do ministro Cezar Peluso), para também autorizar o uso dessas mesmas informações contra outros agentes. 4. Habeas corpus denegado. (HC 102293, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 24/05/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 16-12-2011 PUBLIC 19-12-2011) 1.3 LEGITIMADOS A REQUERER A MEDIDA Mas, quem pode requerer a autorização para realização de interceptação telefônica? A lei nos diz, em seu art. 3º: Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Assim, temos três hipóteses: ⇒ De ofício, pelo Juiz (Sem pedido de ninguém) ⇒ A requerimento da autoridade policial, durante a investigação criminal ⇒ A requerimento do MP, durante a investigação ou durante a instrução processual penal Mas, e no caso de crimes de ação penal privada? A Doutrina entende que a vítima tem legitimidade para requerer autorização para realização de interceptação telefônica. O art. 4º determina, ainda, que o pedido deverá cumprir determinadas formalidades (simples): Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 7 42 § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 1.4 PRAZO E PRORROGAÇÃO O art. 5º, por sua vez, estabelece que a decisão (que deferir ou indeferir o pedido) deverá ser fundamentada (em respeito ao art. 93, IX da Constituição Federal):Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. A parte final do artigo trouxe muitas polêmicas. Poderia ou não a interceptação ser renovada mais de uma vez? A redação legal é clara ao dizer apenas uma vez. No entanto, o STF firmou entendimento no sentido contrário, adotando a tese de que é possível a renovação por sucessivas vezes, desde que isso se mostre indispensável às investigações. Vejamos: (...) 2. A renovação da medida ou a prorrogação do prazo das interceptações telefônicas pressupõem a complexidade dos fatos sob investigação e o número de pessoas envolvidas, por isso que nesses casos maior é a necessidade da quebra do sigilo telefônico, com vista à apuração da verdade que interessa ao processo penal, sendo, a fortiori, “lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo e exija investigação diferenciada e contínua” (Inq. Nº 2424/RJ, relator Ministro Cezar Peluso, Dje de 25.03.2010). 3(...) (HC 106225, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 07/02/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-059 DIVULG 21-03-2012 PUBLIC 22-03-2012) Vejam que o STF, portanto, contraria o que está expressamente previsto na Lei. CUIDADO! O termo inicial para contagem do prazo de 15 dias é a data em que se efetiva a diligência, e não a data da decisão judicial: STJ, HC 135771: “(...) 2. Em relação às interceptações telefônicas, o prazo de 15 (quinze) dias, previsto na Lei nº 9.296⁄96, é contado a partir da efetivação da medida constritiva, ou seja, do dia em que se iniciou a escuta telefônica e não da data da decisão judicial. (...)” Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 8 42 1.5 CONDUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS Quem conduz o procedimento para a realização da interceptação é a autoridade policial, dando ciência de tudo ao MP, nos termos do art. 6º: Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. Após a realização dos trabalhos, a autoridade policial encaminhará o resultado ao Juiz, acompanhado de resumo das operações realizadas. Neste momento o Juiz determinará que os documentos relativos à interceptação sejam autuados em apartado, apensados aos autos principais, tramitando em segredo de justiça. Após, dará ciência ao MP: § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. (...) Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. 1.6 INUTILIZAÇÃO DO MATERIAL IRRELEVANTE É claro que durante este procedimento muitas das gravações obtidas serão completamente inúteis às investigações, motivo pelo qual deverão ser descartadas, mediante requerimento da parte interessada ou do MP, naquilo que se chama de “incidente de inutilização”: Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 9 42 1.7 DEGRAVAÇÃO E PERÍCIA Até mesmo em razão da existência de muito material irrelevante para as investigações, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que não é necessária a transcrição (degravação) de todo o conteúdo interceptado, mas apenas daquelas partes que sejam importantes à investigação.4 Embora não seja necessária a transcrição integral do áudio captado, é necessário que seja disponibilizado à defesa o conteúdo integral do áudio (através de CDs, etc.).5 Mas, professor, me surgiu uma dúvida: é necessária a realização de perícia para analisar se o material (conversas) é verdadeiro ou montagem? Em regra, não, mas nada impede que alguém, desconfiando da veracidade da prova, requeira a realização de perícia. Este é o entendimento do STJ.6 1.8 TIPO PENAL ESPECÍFICO A Lei, lá no final, ainda nos traz um tipo penal, que é o de realizar interceptação telefônica, de informática ou telemática, ou quebrar segredo de Justiça, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU COM OBJETIVOS NÃO AUTORIZADOS EM LEI: Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Vejam que a parte grifada é o que se chama de elemento normativo do tipo penal, pois estabelece uma situação que, se presente, torna a conduta prevista anteriormente em legal. Assim, se há autorização judicial, a quebra de segredo de Justiça, por exemplo, será um indiferente penal. Esse crime é de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, vez que a lei nada fala a respeito do tipo de ação penal. 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 4 (HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 02/05/2014) 5 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais comentadas. Op. cit., p. 491 6 (HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 02/05/2014) Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 10 42 LEI 9.296/96 Ä Arts. 1º a 10 do CPP – Regulamentam a interceptação das comunicações telefônicas: Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Art. 3° A interceptação das comunicaçõestelefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 11 42 § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 3 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA Ä STJ - HC 161.053/SP: O STJ entendeu que a posterior autorização de um dos locutores não convalida a interceptação realizada ilegalmente: “(...) 1. A interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem judicial, nos termos do inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal. 2. A escuta é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores, ao passo que a gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou a ciência do outro. 3. Na hipótese, embora as gravações tenham sido implementadas pelo esposo da cliente do paciente com a intenção de provar a sua inocência, é certo que não obteve a indispensável prévia autorização judicial, razão pela qual se tem como configurada a interceptação de comunicação telefônica ilegal. 4. O fato da esposa do autor das interceptações - que era uma interlocutora dos diálogos gravados de forma clandestina - ter consentido posteriormente com a divulgação dos seus conteúdos não tem o condão de legitimar o ato, pois no momento da gravação não tinha ciência do artifício que foi implementado pelo seu Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 12 42 marido, não se podendo afirmar, portanto, que, caso soubesse, manteria tais conversas com o seu advogado pelo telefone interceptado. (...) (HC 161.053/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 03/12/2012) Ä STJ - EDcl no MS 13.099/DF - Se a decisão que determinou a interceptação foi legal, a prova produzida na diligência pode ser utilizada para instruir PAD, ainda que em relação a fatos diversos ou outras pessoas. Esse foi o entendimento firmado pelo STF (Inq. 2424) e pelo STJ: “(...) 3. É de ser reconhecida a legalidade da utilização da interceptação telefônica produzida na ação penal nos autos do processo administrativo disciplinar, ainda que instaurado (a) para apuração de ilícitos administrativos diversos dos delitos objeto do processo criminal; e (b) contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais a prova foi colhida, ou contra outros servidores cujo suposto ilícito tenha vindo à tona em face da interceptação telefônica. 4. Embargos de declaração rejeitados.” (EDcl no MS 13.099/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2012, DJe 09/05/2012) Ä STF - HC 96156- O STF decidiu que se houve criação interna de terminal para efetuar desvios de chamada (desvio duplo), esse terminal criado, ainda que não expressamente abrangido pela decisão, é alcançado pela interceptação telefônica: “(...) O terminal telefônico criado internamente por operadora de telefonia, com o simples fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptação judicial, é alcançado pela medida constritiva incidente sobre este último. Ordem denegada. (HC 96156, STF) Ä STJ - HC 43.234/SP – O STJ decidiu que é possível realizar interceptação telefônica mesmo antes da instauração do IP: “(...) I. A interceptação telefônica para fins de investigação criminal pode se efetivar antes mesmo da instauração do inquérito policial, pois nada impede que as investigações precedam esse procedimento. “A providência pode ser determinada para a investigação criminal (até antes, portanto, de formalmente instaurado o inquérito) e para a instrução criminal, depois de instaurada a ação penal.” (...) (HC 43.234/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 03/11/2005, DJ 21/11/2005, p. 265) 4 LISTA DE EXERCÍCIOS 01. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 13 42 A interceptação telefônica (prevista na Lei no 9.296/96) será considerada ilegal quando (A) determinada de ofício pela Autoridade Judiciária. (B) o fato investigado for punido com pena de reclusão de até dois anos. (C) para executá-la, a Autoridade Policial requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. (D) a interceptação de comunicação telefônica ocorrer em autos apartados. (E) a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. 02. (VUNESP – 2013 – TJ-RJ – JUIZ) Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, assinale a alternativa correta de acordo com a Lei n.º 9.296/96. a) Não poderá exceder o prazo de cinco dias, renovável por igual tempouma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. b) A autoridade policial, na investigação criminal, poderá verbalmente solicitar sua realização ao juiz. c) O juiz não poderá determinar de ofício sua realização. d) Poderá ser realizada durante a investigação criminal e em instrução processual penal de qualquer crime, mas nunca de contravenções. 03. (VUNESP – 2014 – TJ-PA – JUIZ) No que concerne à interceptação telefônica, regulada pela Lei n.º 9.296/96, a) é admitida para investigação de infrações penais punidas com reclusão ou detenção, sendo vedada para aquelas que admitem apenas prisão simples e multa. b) a representação pela sua decretação deve ser feita por escrito, não se admitindo a forma oral. c) os trechos de conversas interceptadas que não interessarem à prova do crime deverão ser imediatamente destruídas pela autoridade policial d) não pode ser prorrogada por mais de um período de 15 (quinze) dias, de acordo com jurisprudência atual e dominante dos tribunais superiores. e) só será admitida se a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis. 04. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Determinada autoridade policial recebeu informações de vizinhos de Lucas dando conta de que ele possuía arma de fogo calibre .38 em sua casa, razão pela qual resolveu indiciá- lo pela prática de crime de posse de arma de fogo de uso permitido, infração de médio potencial ofensivo, punida com pena de detenção de 01 a 03 anos e multa. No curso das investigações, requereu ao Judiciário interceptação telefônica da linha do aparelho celular de Lucas para melhor investigar a prática do crime mencionado, tendo sido o pedido deferido. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 14 42 De acordo com a situação narrada, a prova oriunda da interceptação deve ser considerada A) ilícita, pois somente o Ministério Público tem legitimidade para representar pela medida. B) válida, desde que tenha sido deferida por ordem do juiz competente para ação principal. C) ilícita, pois o crime investigado é punido com detenção. D) ilícita, assim como as dela derivadas, ainda que estas pudessem ser obtidas por fonte independente da primeira. 05. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO) Durante a instrução de caso penal versando sobre crime doloso contra a vida, em desfavor de Bruno, além da prova oral e pericial, foram juntados aos autos, por meio de compartilhamento de provas judicialmente autorizado, áudios e transcrições de interceptação telefônica implementada em processo distinto, que investigava tráfico de drogas, e que indiciavam a conduta criminosa do réu. A decisão interlocutória de pronúncia foi fundamentada nos indícios oriundos dessa interceptação telefônica, deferida por Juiz de Direito diverso daquele competente para o crime doloso contra a vida. Nessa situação, a decisão de pronúncia: (A) deve ser anulada por usar elementos de prova coligidos fora da instrução processual própria; (B) pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes; (C) deve ser anulada pela violação do princípio da imediação processual penal; (D) pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos durante investigação de outros crimes, se corroborada pela prova plena do processo principal; (E) deve ser anulada pela violação do princípio da identidade física do juiz na colheita da prova da interceptação. 06. (FGV - 2013 - TJ-AM – JUIZ) A interceptação de comunicações telefônicas observará o disposto na Lei n. 9.296/96. A esse respeito, assinale a afirmativa incorreta. a) A interceptação dependerá de ordem do Juiz competente da ação principal, podendo ser determinada de ofício, ou a requerimento da autoridade policial ou do representante do Ministério Público b) A interceptação deve concretizar-se em segredo de justiça, podendo ser determinada durante as investigações ou durante o processo penal. c) Não será permitida a interceptação para se apurar crime apenado com detenção. d) Quando for possível ser a prova feita por outros meios disponíveis, a interceptação não pode ser deferida e) Segundo a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, o prazo da interceptação não poderá exceder de 15 dias, sendo permitida uma única renovação por igual prazo. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 15 42 07. (FGV – 2014 – DPE-RJ – TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO) Após demonstrar a inviabilidade de outros meios de prova em investigação criminal sobre tráfico de drogas, Delegado de Polícia Civil obteve, com parecer positivo do Ministério Público, no período compreendido entre outubro e dezembro de 2013, o deferimento e a prorrogação sucessiva de interceptações telefônicas contra desviante conhecido como “Fabio Aspira”, decorrente de juízo positivo do Magistrado competente. No curso da investigação, foram captados diálogos incriminadores de um terceiro agente, identificado como “Paulão B. Vulcão”, em conversa com “Fabio Aspira”, sem que seu terminal telefônico fosse interceptado. Posteriormente, em atividade de jornalismo investigativo, determinado repórter consegue gravar conversa com “Paulão B. Vulcão”, na qual este admite ser o líder da facção criminosa “Movimento Estratégico Independente de Entorpecentes Rústicos”, o que é posteriormente usado na persecução penal contra os desviantes. Por fim, quando finalizada a investigação, constata-se que “Fabio Aspira” ocupa cargo, por aprovação em concurso público, de Guarda Municipal, há seis anos. A prova angariada no Inquérito Policial, incluindo a interceptação telefônica, é, posteriormente, utilizada pela Administração Pública Municipal, em Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). À luz da hipótese formulada e dos conceitos e limites legais, é correto afirmar que: a) dados obtidos em interceptação telefônica, judicialmente autorizada para produção de prova em investigação criminal, podem ser usados em Procedimento Administrativo Disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. b) o terminal telefônico criado internamente por operadora de telefonia, com o fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptação judicial (chamado de “desvio duplo”), não é alcançado pela medida constritiva incidente sobre este último, contaminando a prova produzida. c) a interceptação realizada na linha telefônica do corréu “Fabio Aspira”, que captou diálogo com “Paulão B. Vulcão”, mediante autorização judicial, constitui prova ilícita em relação a este último, não podendo ser utilizada para subsidiar ação penal, pois dependeria de ordem judicial específica. d) não é lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo (períodos sucessivos de quinze dias), mesmo quando o fato seja complexo e, como tal, exija investigação diferenciada e contínua. e) para ser utilizada como prova judicial válida, a gravação de conversa presencial entre uma pessoa e seu interlocutor depende de autorização judicial prévia, enquadrando-se nas mesmas regras da interceptação telefônica. 08. (FCC – 2008 – MPE-PE – PROMOTOR DE JUSTIÇA) A interceptação telefônica, nos termos da lei, será admitida a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. b) quando houver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal. c) em infração penal punida com qualquer tipo de pena. Renan Araujo, Time Renan AraujoAula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 16 42 d) a pedido de qualquer pessoa que tenha interesse no fato a ser investigado. e) pelo prazo máximo de trinta dias, prorrogável por mais trinta. 09. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Com relação às questões e aos processos incidentes, à interceptação telefônica e à prisão temporária, julgue o item subsequente. A interceptação de comunicações telefônicas é admitida quando há indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal e não poderá exceder o prazo máximo de quinze dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período. 10. (CESPE – 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Situação hipotética: Arnaldo, empresário, gravou, com seu telefone celular, uma ligação recebida de fiscal ligado a uma autarquia a respeito da liberação de empreendimento da sociedade empresária da qual Arnaldo era sócio. Na conversa gravada, o fiscal exigiu para si vantagem financeira como condição para a liberação do empreendimento. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o STF, o referido meio de prova é ilícito por violar o direito à privacidade, não servindo, portanto, para embasar ação penal contra o fiscal. 11. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA) Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acusados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comunicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi executada pela polícia militar. No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da substância entorpecente para o exterior. O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção foram reproduzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do procedimento relativo às interceptações telefônicas, julgue os itens a seguir: Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefônicas conduzidas pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio constitucional do devido processo legal. 12. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA) Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acusados de Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 17 42 participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comunicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi executada pela polícia militar. No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da substância entorpecente para o exterior. O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção foram reproduzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do procedimento relativo às interceptações telefônicas, julgue os itens a seguir: Na situação considerada, ainda que o CD-ROM com o conteúdo das conversas telefônicas tenha sido juntado aos autos da ação penal, houve violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, dada a ausência de transcrição integral do conteúdo interceptado. 13. (CESPE – 2013 – PGDF – PROCURADOR) De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a intercepção das comunicações telefônicas poderá ser determinada a requerimento da autoridade policial, na fase de investigação criminal, ou a requerimento do MP, somente na fase de instrução criminal. 14. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO) Apesar de a lei prever o prazo máximo de quinze dias para a interceptação telefônica, renovável por mais quinze, não há qualquer restrição ao número de prorrogações, desde que haja decisão fundamentando a dilatação do período. 15. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO) Segundo o entendimento do STF, é permitido, em caráter excepcional, à polícia militar, mediante autorização judicial e sob supervisão do MP, executar interceptações telefônicas, sobretudo quando houver suspeita de envolvimento de autoridades policiais civis nos delitos investigados, não sendo a execução dessa medida exclusiva da autoridade policial, visto que são autorizados, por lei, o emprego de serviços e a atuação de técnicos das concessionárias de serviços públicos de telefonia nas interceptações. 16. (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO) Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 18 42 recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigação. Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles, tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico de influência. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito das interceptações telefônicas. A interceptação telefônica solicitada pelo delegado de polícia e autorizada judicialmente é nula, haja vista ter sido sucessivamente prorrogada pelo magistrado por prazo superior a trinta dias, o que contraria a previsão legal de que o prazo da interceptação telefônica não pode exceder quinze dias, renovável uma vez por igual período. 17. (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO) Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigação. Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar o inquéritopolicial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles, tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico de influência. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito das interceptações telefônicas. O fato de Kátia –– que era interlocutora dos diálogos gravados –– ter consentido posteriormente com a divulgação do conteúdo das gravações não legitima o ato nem justifica sua utilização como prova. 18. (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO) Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 19 42 Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigação. Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles, tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico de influência. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito das interceptações telefônicas. A interceptação telefônica realizada por Mílton é ilegal, porquanto desprovida da necessária autorização judicial. 19. (CESPE – 2013 – CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO) Admite-se que o juiz determine interceptação telefônica quando houver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal punida com detenção e a prova não puder ser feita por outros meios. 20. (CESPE – 2014 – TJ-DF – TITULAR NOTARIAL) Assinale a opção correta acerca de interceptação telefônica, segundo o STF, o STJ e a doutrina majoritária. a) Segundo o entendimento do STF, é impossível a prorrogação do prazo de autorização para a interceptação telefônica por períodos sucessivos. b) O juiz competente para determinar a interceptação é o competente para processar e julgar o crime de cuja prática se suspeita. No entanto, a verificação posterior de que se trata de crime para o qual o juiz seria incompetente não deve acarretar a nulidade absoluta da prova colhida. c) É válido o deferimento de interceptação telefônica promovido em razão de denúncia anônima desacompanhada de outras diligências. d) É indispensável prévia instauração de inquérito para a autorização de interceptação telefônica e) Consoante entendimento predominante nos tribunais superiores, faz-se necessária a transcrição integral do conteúdo da quebra do sigilo das comunicações telefônicas 21. (CESPE – 2014 – TJ-DF – JUIZ – ADAPTADA) Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 20 42 Segundo entendimento do STJ, é inadmissível a utilização de prova produzida em feito criminal diverso, obtida por meio de interceptação telefônica e relacionada com os fatos do processo-crime, ainda que seja oferecida à defesa oportunidade de proceder ao contraditório. 22. (CESPE – 2014 – TJ-DF – JUIZ – ADAPTADA) A Lei n.º 9.296/1996, que trata da interceptação das comunicações telefônicas, estipula o prazo de quinze dias para a interceptação de comunicações telefônicas, renovável uma vez por igual período, vedadas, de acordo com o entendimento jurisprudencial do STF e do STJ, as prorrogações por período superior a esse prazo. 23. (CESPE – 2014 – TJ-DF – JUIZ – ADAPTADA) O contraditório das provas obtidas por meio de interceptação telefônica é postergado para os autos da ação penal deflagrada, quando as partes terão acesso ao seu conteúdo e, diante desses elementos, poderão impugnar e contraditar as provas obtidas por meio da medida cautelar. 24. (CESPE – 2014 – MPE-AC – PROMOTOR DE JUSTIÇA – ADAPTADA) De acordo com a lei que rege as interceptações telefônicas, a competência para deferir esse procedimento no curso do inquérito policial é do promotor de justiça com atribuição para atuar na ação principal. 25. (CESPE – 2014 – MPE-AC – PROMOTOR DE JUSTIÇA – ADAPTADA) A ação penal padecerá de nulidade absoluta, por cerceamento de defesa, caso a defesa não tenha acesso à integralidade do teor das escutas telefônicas antes da colheita da prova oral. 26. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTIÇA) A respeito de prova criminal, de medidas cautelares e de prisão processual, julgue os itens que se seguem. A gravação decorrente de interceptação telefônica que não interessar ao processo deverá ser inutilizada por decisão judicial posterior, necessariamente, à conclusão da instrução processual. 27. (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL) Julgue o item a seguir, acerca da tentativa de violação do sigilo do voto, que é um crime eleitoral punível com detenção de até dois anos. Seria ilícita decisão judicial que autorizasse a interceptação de comunicações telefônicas no curso de investigação relativa à prática desse crime. 28. (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL) No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 21 42 Hugo é um agente de polícia civil que realizou interceptação de comunicação telefônica sem autorização judicial. Nessa situação, o ato de Hugo, apesar de violar direitos fundamentais, não constitui crime hediondo. 29. (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue o item a seguir, com base no entendimento do STF. Considere que, após realização de interceptação telefônica judicialmente autorizada para apurar crime contra a administração pública imputado ao servidor público Mário, a autoridade policial tenha identificado, na fase de inquérito, provas de ilícitos administrativos praticados por outros servidores. Nessa situação hipotética, considerando-se que a interceptação telefônica tenha sido autorizada judicialmente apenas em relação ao servidor Mário, as provas obtidas contra os outros servidores não poderão ser usadas em procedimento administrativo disciplinar. 30. (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue o item a seguir, com base no entendimento do STF. É possível a prorrogação do prazo de autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando se tratar de fato complexo que exija investigação diferenciada e contínua. 31. (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) A respeito da interceptaçãodas comunicações telefônicas, julgue o item a seguir, com base no entendimento do STF. Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que estes sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. 32. (CESPE – 2010 – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item. Constitui crime realizar interceptação de comunicações, sejam elas telefônicas, informáticas, ou telemáticas, ou, ainda, quebrar segredo da justiça sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. 33. (CESPE – 2002 – DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) No âmbito da jurisdição constitucional das liberdades, a proscrição da prova ilícita no processo é tema recorrente, seja porque o aparelho policial brasileiro ainda se entremostra arbitrário, seja porque há dificuldades, em certos casos, de avaliar-se a extensão dos efeitos que a inadmissão da Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 22 42 prova tida por ilícita acarreta para a investigação e persecução criminal. Na esteira da doutrina dominante e das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o item abaixo, relativo a esse assunto. Por não se tratar de hipótese de interceptação telefônica sem autorização judicial, a conversa informal mantida pelo indiciado com policiais, na delegacia, pode ser gravada por estes, e a eventual confissão de prática delituosa constante na gravação é tida por prova válida para sustentar pedido de prisão temporária do confesso. 34. (CESPE – 2007 – AGU – PROCURADOR FEDERAL) Julgue o item abaixo de acordo com as leis penais especiais. A interceptação das comunicações telefônicas somente pode ser autorizada se outros meios de prova mostrarem-se insuficientes para a elucidação do fato criminoso e se existirem indícios razoáveis de autoria ou participação em crime punido com reclusão. Entende o STF, todavia, que, uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. 5 EXERCÍCIOS COMENTADOS 01. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) A interceptação telefônica (prevista na Lei no 9.296/96) será considerada ilegal quando (A) determinada de ofício pela Autoridade Judiciária. (B) o fato investigado for punido com pena de reclusão de até dois anos. (C) para executá-la, a Autoridade Policial requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. (D) a interceptação de comunicação telefônica ocorrer em autos apartados. (E) a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. COMENTÁRIOS: A interceptação telefônica, na forma do 2º da Lei 9.296/96, só poderá ser decretada quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal punida com reclusão e a prova não puder ser alcançada por outros meios: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br ==12cf25== 23 42 III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Tal medida poderá ser decretada pelo Juiz, de ofício, ou por requerimento do MP ou representação da autoridade policial (esta última apenas na fase de investigação), conforme art. 3º da Lei. Estão erradas, portanto, as alternativas A e B. A alternativa E, como se vê, está correta, pois haverá ilegalidade caso a interceptação seja determinada neste caso. A alternativa C está errada porque o art. 7º da Lei expressamente autoriza a autoridade policial a requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. Por fim, a letra D está errada porque a interceptação corre, de fato, em autos apartados, não havendo que se falar em ilegalidade por conta disso, conforme art. 8º da Lei. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 02. (VUNESP – 2013 – TJ-RJ – JUIZ) Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, assinale a alternativa correta de acordo com a Lei n.º 9.296/96. a) Não poderá exceder o prazo de cinco dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. b) A autoridade policial, na investigação criminal, poderá verbalmente solicitar sua realização ao juiz. c) O juiz não poderá determinar de ofício sua realização. d) Poderá ser realizada durante a investigação criminal e em instrução processual penal de qualquer crime, mas nunca de contravenções. COMENTÁRIOS: A) ERRADA: O prazo é de 15 dias, renováveis por igual período, nos termos do art. 5º da Lei. B) CORRETA: A representação deve ser formulada por escrito, mas em casos excepcionais se admite verbalmente (art. 4º, §1º da Lei). C) ERRADA: Item errado, pois o Juiz pode determinar sua realização de ofício, nos termos do art. 3º da Lei. D) ERRADA: Item errado, pois não se admite em relação a crimes cuja pena seja, no máximo, de detenção (somente se admite, portanto, para crimes apenados com reclusão), nos termos do art. 2º, III da Lei. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 03. (VUNESP – 2014 – TJ-PA – JUIZ) No que concerne à interceptação telefônica, regulada pela Lei n.º 9.296/96, a) é admitida para investigação de infrações penais punidas com reclusão ou detenção, sendo vedada para aquelas que admitem apenas prisão simples e multa. b) a representação pela sua decretação deve ser feita por escrito, não se admitindo a forma oral. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 24 42 c) os trechos de conversas interceptadas que não interessarem à prova do crime deverão ser imediatamente destruídas pela autoridade policial d) não pode ser prorrogada por mais de um período de 15 (quinze) dias, de acordo com jurisprudência atual e dominante dos tribunais superiores. e) só será admitida se a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis. COMENTÁRIOS: A) ERRADA: Somente é admitida no caso de infração penal punida com reclusão, nos termos do art. 2º, III da Lei. B) ERRADA: Nos termos do art. 4º, §1º da Lei, em casos excepcionais, o Juiz poderá admitir o requerimento formulado verbalmente, devendo este seja, posteriormente, reduzido a termo. C) ERRADA: Nos termos do art. 9º da Lei, a inutilização de tais gravações dependerá de decisão judicial. D) ERRADA: O STF e o STJ possuem entendimento sólido no sentido de que a diligência pode ser prorrogada por sucessivas vezes, desde que o fato seja complexo e ainda haja necessidade de realização da medida. E) CORRETA: A interceptação das comunicações telefônicas, por se tratar de medida excepcional, somente poderá ser decretada quando a prova do fato não puder ser obtida por outros meios. Isso, inclusive, está previsto no art. 2º, II da Lei 9.296/96. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 04. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Determinada autoridade policial recebeu informações de vizinhos de Lucas dando conta de que ele possuía arma de fogo calibre .38 em sua casa, razão pelaqual resolveu indiciá- lo pela prática de crime de posse de arma de fogo de uso permitido, infração de médio potencial ofensivo, punida com pena de detenção de 01 a 03 anos e multa. No curso das investigações, requereu ao Judiciário interceptação telefônica da linha do aparelho celular de Lucas para melhor investigar a prática do crime mencionado, tendo sido o pedido deferido. De acordo com a situação narrada, a prova oriunda da interceptação deve ser considerada A) ilícita, pois somente o Ministério Público tem legitimidade para representar pela medida. B) válida, desde que tenha sido deferida por ordem do juiz competente para ação principal. C) ilícita, pois o crime investigado é punido com detenção. D) ilícita, assim como as dela derivadas, ainda que estas pudessem ser obtidas por fonte independente da primeira. COMENTÁRIOS: Tal prova deverá ser considerada ilícita, pois a interceptação das comunicações telefônicas, neste caso, não é permitida, já que se trata de crime cuja pena prevista é a de detenção, e não de reclusão, nos termos do art. 2º, III da Lei 9.296/96. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 25 42 05. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO) Durante a instrução de caso penal versando sobre crime doloso contra a vida, em desfavor de Bruno, além da prova oral e pericial, foram juntados aos autos, por meio de compartilhamento de provas judicialmente autorizado, áudios e transcrições de interceptação telefônica implementada em processo distinto, que investigava tráfico de drogas, e que indiciavam a conduta criminosa do réu. A decisão interlocutória de pronúncia foi fundamentada nos indícios oriundos dessa interceptação telefônica, deferida por Juiz de Direito diverso daquele competente para o crime doloso contra a vida. Nessa situação, a decisão de pronúncia: (A) deve ser anulada por usar elementos de prova coligidos fora da instrução processual própria; (B) pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes; (C) deve ser anulada pela violação do princípio da imediação processual penal; (D) pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos durante investigação de outros crimes, se corroborada pela prova plena do processo principal; (E) deve ser anulada pela violação do princípio da identidade física do juiz na colheita da prova da interceptação. COMENTÁRIOS: Não há qualquer vedação à utilização de tais elementos de prova. Vejamos o entendimento do STF: .(...) 5. Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. Do contrário, a interpretação do art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria ao absurdo de concluir pela impossibilidade de interceptação para investigar crimes apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes punidos com detenção. Habeas corpus indeferido. (HC 83515, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2004, DJ 04-03-2005 PP-00011 EMENT VOL-02182-03 PP-00401 RTJ VOL-00193-02 PP-00609) Com relação, especificamente, à fundamentação da decisão de pronúncia, nada impede que ela se fundamente em provas decorrentes de outro processo judicial, desde que tenham sido validamente transpostas para o processo em curso. O STJ possui decisão recente sobre o caso: (...) A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes no decorrer de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento da ação principal. (...) Precedente citado: RHC 32.525-AP, Sexta Turma, DJe 4/9/2013. REsp 1.355.432-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/8/2014. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 06. (FGV - 2013 - TJ-AM – JUIZ) A interceptação de comunicações telefônicas observará o disposto na Lei n. 9.296/96. A esse respeito, assinale a afirmativa incorreta. Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 26 42 a) A interceptação dependerá de ordem do Juiz competente da ação principal, podendo ser determinada de ofício, ou a requerimento da autoridade policial ou do representante do Ministério Público b) A interceptação deve concretizar-se em segredo de justiça, podendo ser determinada durante as investigações ou durante o processo penal. c) Não será permitida a interceptação para se apurar crime apenado com detenção. d) Quando for possível ser a prova feita por outros meios disponíveis, a interceptação não pode ser deferida e) Segundo a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, o prazo da interceptação não poderá exceder de 15 dias, sendo permitida uma única renovação por igual prazo. COMENTÁRIOS: A) CORRETA: Item correto, nos termos do que dispõe o art. 3º da Lei 9.296/96. B) CORRETA: Esta é a previsão do art. 1º da Lei 9.296/96. C) CORRETA: Item correto, pois o art. 2º, III da Lei 9.296/96 veda a utilização de tal meio de prova quando o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. D) CORRETA: A interceptação somente poderá ser decretada quando absolutamente indispensável às investigações, nos termos do art. 2º, II da Lei. E) ERRADA: Item errado, pois os Tribunais superiores firmaram entendimento no sentido de que é possível a prorrogação da medida por sucessivas vezes, desde que seja necessário, principalmente quando se trate de caso complexo. Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA E. 07. (FGV – 2014 – DPE-RJ – TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO) Após demonstrar a inviabilidade de outros meios de prova em investigação criminal sobre tráfico de drogas, Delegado de Polícia Civil obteve, com parecer positivo do Ministério Público, no período compreendido entre outubro e dezembro de 2013, o deferimento e a prorrogação sucessiva de interceptações telefônicas contra desviante conhecido como “Fabio Aspira”, decorrente de juízo positivo do Magistrado competente. No curso da investigação, foram captados diálogos incriminadores de um terceiro agente, identificado como “Paulão B. Vulcão”, em conversa com “Fabio Aspira”, sem que seu terminal telefônico fosse interceptado. Posteriormente, em atividade de jornalismo investigativo, determinado repórter consegue gravar conversa com “Paulão B. Vulcão”, na qual este admite ser o líder da facção criminosa “Movimento Estratégico Independente de Entorpecentes Rústicos”, o que é posteriormente usado na persecução penal contra os desviantes. Por fim, quando finalizada a investigação, constata-se que “Fabio Aspira” ocupa cargo, por aprovação em concurso público, de Guarda Municipal, há seis anos. A prova angariada no Inquérito Policial, incluindo a interceptação telefônica, é, posteriormente, utilizada pela Administração Pública Municipal, em Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). À luz da hipótese formulada e dos conceitos e limites legais, é correto afirmar que: Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 27 42 a) dados obtidos em interceptação telefônica, judicialmente autorizada para produção de prova em investigação criminal, podem ser usadosem Procedimento Administrativo Disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. b) o terminal telefônico criado internamente por operadora de telefonia, com o fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptação judicial (chamado de “desvio duplo”), não é alcançado pela medida constritiva incidente sobre este último, contaminando a prova produzida. c) a interceptação realizada na linha telefônica do corréu “Fabio Aspira”, que captou diálogo com “Paulão B. Vulcão”, mediante autorização judicial, constitui prova ilícita em relação a este último, não podendo ser utilizada para subsidiar ação penal, pois dependeria de ordem judicial específica. d) não é lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo (períodos sucessivos de quinze dias), mesmo quando o fato seja complexo e, como tal, exija investigação diferenciada e contínua. e) para ser utilizada como prova judicial válida, a gravação de conversa presencial entre uma pessoa e seu interlocutor depende de autorização judicial prévia, enquadrando-se nas mesmas regras da interceptação telefônica. COMENTÁRIOS: A) CORRETA: Este é o entendimento jurisprudencial: “(...) 3. É de ser reconhecida a legalidade da utilização da interceptação telefônica produzida na ação penal nos autos do processo administrativo disciplinar, ainda que instaurado (a) para apuração de ilícitos administrativos diversos dos delitos objeto do processo criminal; e (b) contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais a prova foi colhida, ou contra outros servidores cujo suposto ilícito tenha vindo à tona em face da interceptação telefônica. 4. Embargos de declaração rejeitados.” (EDcl no MS 13.099/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2012, DJe 09/05/2012) B) ERRADA: Este outro terminal, no caso, será abrangido pela medida judicialmente decretada, segundo o entendimento do STF: “(...) O terminal telefônico criado internamente por operadora de telefonia, com o simples fim de efetuar desvio de chamadas de um terminal objeto de interceptação judicial, é alcançado pela medida constritiva incidente sobre este último. Ordem denegada. (HC: 96156, STF) C) ERRADA: Item errado, pois uma vez decretada de forma legal a medida, as provas ali produzidas podem ser utilizadas para subsidiar outros processos criminais (e até processos administrativos), inclusive contra outras pessoas não abrangidas inicialmente pela medida. D) ERRADA: O STF e o STJ possuem entendimento sólido no sentido de que a diligência pode ser prorrogada por sucessivas vezes, desde que o fato seja complexo e ainda haja necessidade de realização da medida. E) ERRADA: Aqui temos o que se chama de gravação ambiental, que não se confunde com a interceptação de comunicação telefônica, sendo legítima mesmo sem ordem judicial: “(...) A gravação ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores, não se confunde com a interceptação, objeto cláusula constitucional de reserva de jurisdição. 2. É lícita a prova consistente em gravação Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 28 42 de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido. (AI 560223 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 12/04/2011, DJe-079 DIVULG 28-04-2011 PUBLIC 29-04-2011 EMENT VOL-02511-01 PP-00097 LEXSTF v. 33, n. 388, 2011, p. 35-40) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 08. (FCC – 2008 – MPE-PE – PROMOTOR DE JUSTIÇA) A interceptação telefônica, nos termos da lei, será admitida a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis. b) quando houver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal. c) em infração penal punida com qualquer tipo de pena. d) a pedido de qualquer pessoa que tenha interesse no fato a ser investigado. e) pelo prazo máximo de trinta dias, prorrogável por mais trinta. COMENTÁRIOS: A) ERRADA: Exige-se que a prova não possa ser obtida por outros meios, nos termos do art. 2º, II da Lei 9.296/96. B) CORRETA: Esta é uma das exigências do art. 2º, I da Lei 9.296/96. C) ERRADA: Exige-se que a infração seja punida com reclusão, nos termos do art. 2º, III da Lei. D) ERRADA: Somente pode ser determinada de ofício ou por representação da autoridade policial ou requerimento do MP, nos termos do art. 3º da Lei. E) ERRADA: O prazo máximo é de 15 dias, renováveis por mais 15, nos termos do art. 5º da Lei. Lembrando que o STF relativizou a quantidade de renovações. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 09. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Com relação às questões e aos processos incidentes, à interceptação telefônica e à prisão temporária, julgue o item subsequente. A interceptação de comunicações telefônicas é admitida quando há indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal e não poderá exceder o prazo máximo de quinze dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período. COMENTÁRIOS: Item errado, pois o STF possui entendimento pacífico no sentido de que são admitidas sucessivas prorrogações, desde a medida seja necessária, contrariando a própria literalidade do art. 5º da Lei 9.296/96, que admite apenas uma prorrogação. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 10. (CESPE – 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Situação hipotética: Arnaldo, empresário, gravou, com seu telefone celular, uma ligação recebida de fiscal ligado a uma autarquia a respeito da liberação de empreendimento da sociedade Renan Araujo, Time Renan Araujo Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-CE (Inspetor) Com videoaulas - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 29 42 empresária da qual Arnaldo era sócio. Na conversa gravada, o fiscal exigiu para si vantagem financeira como condição para a liberação do empreendimento. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o STF, o referido meio de prova é ilícito por violar o direito à privacidade, não servindo, portanto, para embasar ação penal contra o fiscal. COMENTÁRIOS: Item errado, pois neste caso não houve interceptação telefônica, o que configuraria prova ilícita, já que realizada sem autorização judicial. Neste caso houve gravação telefônica, que é aquela realizada por um dos interlocutores, sem o consentimento do outro. Tal gravação é VÁLIDA, de acordo com o STF, não se exigindo autorização judicial para tanto, eis que não se confunde com a interceptação telefônica (realizada por terceira pessoa sem o consentimento de qualquer dos interlocutores). Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 11. (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA) Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acusados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comunicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi executada pela polícia militar. No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da substância entorpecente para o exterior. O inquérito passou a tramitar na
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