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1 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online NEXO DE CAUSALIDADE TIPOS DE CAUSAS Causas relativamente independentes Causas relativamente independentes, também denominadas concausas, porque são causas conjuntas que levam a um resultado. As causas relativa- mente independentes podem ser: • Causa preexistente relativamente independente (anterior); A regra geral da concausa é que o agente responde pelo resultado. Exemplo de causa preexistente relativamente independente: a hemofilia. A pretende matar B. A esfaqueia B e B sangra. B morre em virtude da facada somada à hemofilia que ele já tem. Se não fosse hemofílico, não morreria. Somente a hemofilia não o mataria. A facada não o mataria. A soma da facada da facada resultou na morte. A conduta do agente é causa? Pela teoria da equivalência dos antecedentes causais, aplicando o processo hipotético de eliminação de Thyrén, se do mundo dos fatos for retirada a facada, o agente B não morre. Logo, a facada é causa e o agente A responderá pelo resultado. Há doutrinadores que consideram que na causa relativamente independente ocorre o desdobramento da conduta. A causa relativamente independente é outra causa que, somada à do agente, chega a um resultado. Com relação ao desdobramento natural da conduta, esta é parte do nexo causal, a consequência da sua conduta. Doutrinariamente de forma mais moderna, ou seja, no entendimento mais moderno para que o agente responda pelo resultado, a hemofilia necessita estar no seu dolo, o agente precisa saber dessa hemofilia. • Causa concomitante relativamente independente (ao mesmo tempo); A causa relativamente independente concomitante à conduta do agente que quando somada leva a um resultado. 2 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online • Causa superveniente relativamente independente. Essa é a exceção à regra geral. Na concausa superveniente relativamente independente, a conduta de A leva à causa B e chega ao resultado. Se do mundo dos fatos for retirada a conduta de A, a causa B também sairá do mundo dos fatos, porque ela é uma consequência e o resultado igualmente desaparece. Logo, a conduta de A é causa. Em regra, responde pelo resultado. Com relação à causa B, esta pode ser de duas espécies: “não por si só” pro- voca o resultado e “por si só” provoca o resultado. A espécie “não por si só” provoca o resultado segue a regra geral, ou seja, A responderá pelo resultado. A espécie “por si só” provoca o resultado constitui-se numa exceção: A não responde pelo resultado. Exemplos: 1) A deu um tiro em B e B é colocado numa ambulância para ser conduzido ao hospital. B acaba morrendo porque a ambulância demorou para chegar ao hospital. Essa demora da ambulância por si só causou o resultado ou foi não por si só? Não por si só. Foi somada à conduta do agente: os tiros + a demora. O agente responde pelo resultado. A vítima sofre facadas com dolo de matar e é conduzida ao hospital, onde morre em decorrência de uma infecção. Essa infecção é uma concausa super- veniente relativamente independente, pois o agente só sofreu a infecção porque levou as facadas, é uma decorrência. Se as facadas forem retiradas do mundo dos fatos, não ocorre a infecção nem a morte. A infecção causou, sozinha, a morte? Não, logo o agente responde pelo resul- tado. Também no caso de um erro médico, o agente responde pelo resultado. 2) O agente A dispara tiros em B, que é colocado numa ambulância a qual, no trajeto para o hospital, sofre um acidente, e B vem a falecer em decorrência. Nesse caso, a morte ocorreu devido ao acidente. O acidente causou, por si só, a morte. A conduta do agente A é causa porque, se os tiros forem retirados do mundo dos fatos, B não entraria na ambulância e não sofreria o acidente. Nesse caso, não se aplica a regra geral, aplica-se o artigo 13, § 1º, do Código Penal: 3 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Art. 13, § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a im- putação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 3) O agente A deu muitos socos em B, que foi levado ao hospital. No meio do caminho ,a ambulância sofre um acidente e B morre em decorrência do acidente. Os socos são causa, mas uma causa superveniente relativamente independente que, por si só, causou o resultado. O agente A responderá pelos fatos já pratica- dos (socos, lesão leve ou grave). 4) O agente A dá facadas em B, que é conduzido ao hospital e morre em decorrência de um incêndio no local. Nesse caso, B só chegou ao hospital porque levou as facadas, portanto a conduta do agente é causa. A causa super- veniente relativamente independente é o incêndio que, por si só, causou o resul- tado (morte). O agente A responderá pelos atos já praticados. 2 – TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA (VON KRIES OU VON BAR) Art. 13, § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a im- putação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Prevalece na doutrina que, em relação ao artigo 13, § 1º, não se aplica a teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non. No artigo 13, caput, a causalidade é simples e no § 1º há uma exceção ao caput, uma causalidade adequada. Direto do concurso 1. (2014/CESPE/TJ-SE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA). A res- peito do princípio da legalidade, da relação de causalidade, dos crimes con- sumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue o item seguinte. Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de suicidar-se, tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por 4 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Paulo, que desejava matá-lo. Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em razão da ingestão do veneno. Nessa situação, o resultado morte não pode ser imputado a Paulo. Comentário Em primeiro o veneno, a seguir o disparo e a morte. Há uma causa absolutamente independente que é preexistente. 2. (2011/CESPE/TJ-PB/JUIZ). A respeito da relação de causalidade, assinale a opção correta. Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, conduzida imediatamente ao hospital, faleça em consequência de infecção hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse caso, Márcia responderá por tentativa de homicídio. Comentário Em primeiro facada e em segundo infecção hospitalar seguida de morte. A infecção surgiu devido a facada, logo a infecção é uma concausa superveniente relativamente independente. A infecção, por si só, não mataria. 3. (2011/FCC/TJ-AP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS) João, com a intenção de matar, golpeou José com uma faca, ferindo-o. Em condições normais, o ferimento teria configurado apenas lesão corporal leve. No entanto, por ser a vítima diabética, a lesão se agravou e esta veio a fale- cer em razão do ocorrido. Nesse caso, João responderá por: a. homicídio doloso. b. tentativa de homicídio. c. lesões corporais graves. d. lesões corporais leves. e. homicídio culposo. 5 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Comentário A causa é relativa. A conduta de João, com intenção de matar, ao golpear com uma faca, e a diabetes preexistente levaram ao resultado. 4. (2009/CESPE/MPE-RN/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Em uma festividade na- talina que ocorria em determinado restaurante, o garçom, ao estourar um champanhe, afastou-se do dever de cuidado objetivo a todos imposto e le- sionou levemente o olho de uma cliente,embora não tivesse a intenção de machucá-la. Levada ao hospital para tratar a lesão, a moça sofreu um aci- dente automobilístico no trajeto, vindo a falecer em consequência exclusiva dos ferimentos provocados pelo infortúnio de trânsito. Com referência a essa situação hipotética e ao instituto do nexo causal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta. a. O garçom deverá responder pelo delito de homicídio culposo; b. O garçom poderá responder apenas pelo delito de lesão corporal culposa; c. O garçom não deverá responder por nenhum delito; d. Em regra, o CP adotou a teoria da causalidade adequada para identificar o nexo causal entre a conduta e o resultado; e. Segundo a teoria da imputação objetiva, o garçom, por ter criado um risco absolutamente proibido pela sociedade, deveria responder pelo delito de homicídio doloso. Comentário A morte foi causada pelo acidente, mas a vítima foi parar na ambulância porque sofreu uma lesão anterior. Trata-se de uma concausa relativamente independente superveniente que, por si só, causou resultado. Vai responder pelo artigo 13, § 1º, do Código Penal. d) Em regra, o CP adotou a teoria da causalidade simples. 6 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online NEXO DE CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS Nos crimes omissivos, há omissão e resultado. A omissão é um não fazer. Retirada a omissão do mundo dos fatos, sem colocar nenhuma ação, o resultado continua aparecendo. Não há nexo entre omissão e resultado, logo o próprio Código acaba criando esse nexo, que é denominado de nexo normativo. É um nexo criado pela norma, é a lei criando um nexo. No mundo dos fatos, só a conduta leva ao resultado. Nos crimes omissivos, o nexo é chamado de nexo causal normativo. Ou a lei cria um tipo penal, omis- são própria (por exemplo, artigo 135 do CP) ou a lei cria um garante, omissão imprópria. Nos crimes omissivos impróprios (crime comissivo por omissão), dá-se o caso do garante. A lei cria o garante, o dever específico de evitar o resultado: alguém que se omite, responde pelo resultado. A conduta não criou o resultado, daí ser um crime comissivo por omissão: a omissão permitiu que o resultado acontecesse. CP Art. 13, § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem (...) Os requisitos para o agente responder pelos resultados na omissão impró- pria, na figura de garante, é que ele PODIA AGIR e DEVIA AGIR . Os pressupostos dos crimes comissivos por omissão: a) dever jurídico específico; b) evitabilidade do resultado; c) possibilidade de o agente agir; d) Produção do resultado. Deveres específicos: a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com seu comportamento anterior, criou o risco de ocorrência do resultado. 7 Nexo de Causalidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online GABARITO 1. C 2. E 3. a 4. b ��������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Wallace França.
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