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A Atuação do Psicólogo na Instituição Hospitalar

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A Atuação do Psicólogo na Instituição Hospitalar
INTRODUÇÃO
O presente trabalho irá abordar a atuação do profissional psicólogo no ambiente hospitalar, assim como sua contribuição e desafios no suporte ao processo de minimização do sofrimento frente ao adoecimento, auxiliando o paciente a lidar com as questões emocionais decorrente do seu problema de saúde.
De acordo com Simonetti, a Psicologia Hospitalar corresponde ao “Campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento” (2004, p. 15 apud Guerra, 2019). É sabido que a experiência de adoecer e estar hospitalizado representa um momento de grande dificuldade, tanto para o paciente como para todos que estão ao seu redor. Estar inserido em um ambiente hospitalar, causa desconforto e muitas vezes são encontradas pessoas que estão sendo afetadas pela fragilidade que emerge da doença e do mal estar impactados pela ruptura do seu cotidiano.
O estudo contou com a entrevista semidirigida da psicóloga Tatiana de Oliveira Paes, Especializanda em Psicologia Clínica Hospitalar, pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 
Verifica-se a relevância sobre os aspectos emocionais dos pacientes com doenças cardiovasculares (DCV), pois ocupam o posto de principal causa de óbitos no Brasil e em nível mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008 mais de 17 milhões de pessoas morreram de DCV, o que representa um total de 30% de mortes no mundo. No Brasil, uma média de 33% dos óbitos é constituída por esta causa, sendo que um dos fatores que predispõem as DCV é ser do gênero masculino, ainda que a ocorrência de óbitos seja maior entre o feminino. Para 2030, a OMS (2011) estima que cerca de 25 milhões venham a óbito por DCV, mantendo-se assim, mundialmente reconhecidas como principal causa mortis.
Para o paciente que será submetido a um procedimento cirúrgico, o primeiro grande desafio é a aceitação da patologia que lhe traz a ameaça a vida. A iminência da morte, junto com a incerteza do prognóstico, é causa de grande fragilidade para a fase pré-cirúrgica (Bohachick, 1992 citado por Tavares, 2004).
Mediante a este contexto a psicologia pode intervir nas angústias do paciente, fazendo uma preparação para o procedimento cirúrgico e pós-operatório com o objetivo de trabalhar as demandas da nova etapa de vida do paciente.
Segundo Ruschel 2006 aponta:
A cirurgia é uma variável desconhecida na vida do indivíduo, a qual pode acarretar ansiedade e medos diversos. É comum que o paciente cardíaco com indicação para cirurgia passe por uma regressão a uma etapa anterior do seu desenvolvimento emocional, desencadeando, por exemplo, comportamento de dependência, angústias geradas pela patologia e mecanismos de defesa empregados contra o medo sentido, na tentativa de preservar a sua homeostase (Ruschel, 2006 apud).
É preciso considerar que a ansiedade é um sintoma frequente na hospitalização dos pacientes cardíacos cirúrgicos. É um estado de emoção que se caracteriza por elementos psicológicos e orgânicos, que fazem parte das experiências humanas, fazendo com que os sujeitos se movimentam para tomada de decisão (Andrade & Gorestein, 1998 apud).
Deste modo pode se tornar patológica quando é desproporcional ao episódio que a desencadeia, ou quando não é direcionada a um objeto específico. Segundos os autores Fighera & Viero, 2005; Torratti, Gois, & Dantas, 2010 apud “Se não for um sentimento expresso e conscientizado, pode afetar negativamente a saúde do paciente no processo pré e pós-cirúrgico”. 
De acordo com Nifa e Rudnicki (2010), torna-se fundamental a perspectiva do indivíduo que avalia como vê e sente a interferência da doença na sua vida pessoal, familiar e profissional. Os pacientes durante o tratamento da doença comumente podem apresentar perdas psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais e déficits cognitivos, além da perda da autonomia. Dessa forma é possível compreender que se faz necessário uma visão geral dos prejuízos causados pelo adoecer e é importante que o psicólogo não fixe somente na doença em si, mas sim vislumbrar como os pacientes reagem e lidam aos diversos fatores do tratamento.
É possível observar que o papel da psicologia hospitalar é buscar dar voz a subjetividade, aproximando-se do paciente em sofrimento, e favorecendo a elaboração simbólica do adoecimento, atravessando pelo tratamento necessário e atuando no sentido de validar sentimentos que estejam presentes, entrando assim em contato com as dificuldades dos momentos que podem parecer como algo insuportável e infinito.
MÉTODO
O método utilizado na pesquisa foi a entrevista para a coleta de dados a acerca do assunto estudado.
Para Bleger (1998, p.1) “a entrevista é um instrumento fundamental do método clínico e é, portanto, uma técnica de investigação científica em psicologia. Como técnica tem seus próprios procedimentos ou regras empíricas com os quais não só se amplia e se verifica como também, ao mesmo tempo, se aplica o conhecimento científico”.
Para esta pesquisa, o tipo de entrevista elegida como instrumento de análise foi a entrevista semiestruturada, que permite a verificação do tema através de questionamentos básicos relacionados ao objeto de estudo e que possibilitam respostas livres, não condicionadas a uma padronização de alternativas. 
De acordo com Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas da entrevista.
O roteiro da entrevista foi composto por 7 questões direcionadas e exploratórias sobre a atuação da psicologia no contexto hospitalar, com subseções dentro de cada questão para obtermos o máximo de informações dentro do assunto abordado.
A amostra utilizada para a entrevista foi com uma participante que atua na área para evidenciar como acontece na prática a atuação da psicologia na área da saúde.
A entrevistada Tatiana de Oliveira Paes, é formada em Psicologia desde julho de 2019 e atualmente é Especializanda em Psicologia Clínica Hospitalar pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 
A profissional atua na área de Psicologia Hospitalar desde 03/2020, trabalhando diretamente com o setor de pneumologia do hospital.  
A análise da entrevista serve como ponto comparativo com o referencial teórico sobre a atuação da Psicologia na área da saúde.
OBJETIVO 
O trabalho apresentado tem como objetivo elucidar o papel do psicólogo e sua atuação dentro do contexto hospitalar, sua interação com os demais profissionais da saúde que atuam neste ambiente, bem como seu trabalho com os pacientes que se encontram enfermos, necessitando não só dos tratamentos correspondentes à patologia apresentada por eles, assim como a redução dos prejuízos emocionais causados pelo estado de enfermidade, propiciando assim o trabalho de intervenção do psicólogo neste âmbito.
Trazemos aqui um apanhado de informações recebidas através da profissional entrevistada, que explica os detalhes de sua extensa rotina dentro do hospital, o seu trabalho para com os pacientes que não passa apenas pela modalidade de beira-leito como à própria menciona no decorrer da entrevista, bem como os obstáculos por ela atravessados no que tange ao diálogo com os profissionais, com os quais ela atua no processo interdisciplinar.
 As imposições colocadas ao psicólogo, que é visto muitas vezes como o responsável por estabelecer diálogos com os pacientes, em muitas das ocasiões em que esta tarefa haveria de ser desempenhada pelo médico propriamente dito, que durante a internação do paciente teoricamente deve servir como interlocutor para repassar as informações a respeito do paciente para seus familiares, fato que muitas vezes não ocorre, ficando com o psicólogo à função de estabelecer este vínculo com a família. 
 
ENTREVISTA
Apresentação do profissional:
Tatiana deOliveira Paes
Psicóloga CRP: 06/154747
Especializanda em Psicologia Clínica Hospitalar no Instituto do Coração – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo.
Psicóloga formada pela UNG – julho 2019, e Pós Graduanda no Instituto do Coração desde março de 2020.
Você poderia me explicar, à sua maneira, qual o seu trabalho?
O que você faz? Quais são as especificidades? Desafios e potencialidades? 
Atuo na psicologia hospitalar nas áreas da pneumologia, transplante de pulmão, cirurgia torácica, convênio e GOPA (Gerência Operacional de Programas da Assistência). Fazemos troca de área a cada três meses na especialização e atualmente atuo nessas. Por se tratar de um hospital de atenção terciária/quaternária, o Incor geralmente presta assistência à pacientes com histórico de saúde complexo, e a atuação psicológica busca compreender as vivências relacionadas ao adoecimento e a adaptação a internação, bem como favorecer o enfrentamento e os impactos do adoecer. Realizo atendimentos dos pacientes beira leito por busca ativa do Serviço de Psicologia, solicitação da família, solicitação do próprio paciente ou atendendo às solicitações das equipes de saúde, de maneira geral buscando explorar a compreensão do paciente acerca de seu quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prognóstico; impactos sociais e emocionais decorrentes do adoecimento e tratamento; postura adotada diante do adoecer e tratamento; adaptação frente às limitações e alterações na rotina; rede de suporte social e recursos de enfrentamento; expectativas relacionadas ao tratamento e prognóstico e possíveis fantasias acerca de seu adoecimento e tratamento. Ocorrem também atendimentos com os familiares dos pacientes hospitalizados de acordo com a necessidade sentida de cada caso.
No caso do transplante pulmonar a avaliação psicológica, é feita por meio de entrevista semidirigida com o paciente e com o candidato a cuidador, pode ocorrer tanto na hospitalização, quanto no ambulatório em consulta agendada, todas as semanas realizamos essas avaliações junto com os demais membros da equipe multidisciplinar, elaboramos o parecer e discutimos os casos para inserção ou não desse paciente na fila do transplante. Além disso, realizamos reuniões formalizadas da equipe na internação para discutirmos os casos. No convênio, eu atendo tanto pacientes com patologias da pneumologia quanto da cardiologia, o GOPA é o serviço responsável por fazer a distribuição dos leitos no hospital, por exemplo, se um paciente está na enfermaria, mas precisa de um leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o GOPA quem faz essa gerência, no caso da psicologia, acompanhamos esse paciente desde a admissão até ser alocado no leito necessário. Com a pandemia pela COVID 19, também foi inserido o teleatendimento aos pacientes que se encontram na Unidade de Terapia Intensiva Respiratória e seus familiares. Por conta da restrição da circulação de pessoas, a psicologia passou a realizar teleatendimentos com familiares de todas as áreas do hospital, além de visitas virtuais de pacientes que não possuem ou não podem por restrições da equipe médica ter celular próprio na hospitalização.
Todos os atendimentos demandam leitura prévia do prontuário, compreensão do quadro clínico com o médico para planejamento da nossa intervenção (tem previsão de alta, gravidade do adoecimento, coisas que impactam nosso processo), evolução no prontuário eletrônico, registro de procedimento, conduta e plano terapêutico, além de discussão do caso com a equipe nas reuniões. Diariamente também ocorre a elaboração do censo diário, onde ficam registrados todos os pacientes das unidades de internação. O ideal é que desde a admissão o paciente seja acompanhado pelo mesmo psicólogo, por exemplo, se ele está na enfermaria de pneumologia, mas tem agravamento de seu quadro e vai para UTI, existe uma comunicação com a psicóloga responsável por aquela área que aquele paciente já está sendo acompanhado, por isso, a todo o momento se faz necessário o contato com a equipe, pois esta última, nem sempre é a mesma.
Essa é a parte da assistência, a psicologia hospitalar é composta por um tripé: assistência, ensino e pesquisa. Então na parte do ensino, por exemplo, ao longo do ano fazemos elaboração de resenhas críticas, seminários, supervisões semanais, assistimos também aulas de conteúdos teóricos e no campo da pesquisa produzimos o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e apresentação de relatos de casos clínicos com embasamento teórico.
Os desafios começam a nível institucional como poucos psicólogos para grande quantidade de leitos, a psicologia hospitalar vem crescendo, mas muitas vezes é necessário explicar o papel da psicologia para a equipe, lidar com a impotência diante da morte e em situações de crise. Não dá para entrar na psicologia hospitalar para simplesmente “experimentar”, são vivências pesadas e, portanto, é imprescindível buscar desde a graduação, uma formação (...) seja em estágios, cursos extracurriculares etc. O mercado de trabalho é bem restrito e a especialização não te garante emprego. A psicologia hospitalar é muito mais do que atender os pacientes beira leito, há inúmeras possibilidades. Outro desafio é não patologizar sintomas esperados, se a pessoa descobriu um diagnóstico difícil, é esperado que ela chore, e que o humor se deprima... e, não, isso pode não ter nada a ver com o transtorno depressivo, transtornos de ajustamento/adaptação é muito comum nos hospitais. Por fim, e não menos importante, é o fato de, por um lado, a necessidade de uma contribuição dos relatos sobre os casos entre a equipe, e do outro, a não exposição das intimidades dos pacientes, nem de suas famílias, havendo neste cenário, um limiar muito tênue. 
Esta sua área de atuação, como percebe que é a inserção da Psicologia na prática?  Há espaço? Na sua percepção, como é percebida a sua atuação pelos profissionais de outra área? 
O psicólogo hospitalar, muitas vezes, é confundido como alguém que está ali, simplesmente, “para conversar”, e é muito comum ouvirmos “esse paciente é difícil, tenta lá dar um jeito”, “dá uma conversadinha pra ver se ele parar de chorar” (...), “a família quer informações toda hora, você pode acalmar eles?”. É preciso adaptar-se a todo o momento, teimar em mostrar que ali tem um ser humano, com dignidade, necessidades, história, sentimentos, emoções, e isso só acontece quando sabemos o que estamos fazendo, por exemplo, conhecer as doenças, e a multidisciplinaridade, é caracterizada em não dominar todas as áreas, mas sim, a conhecê-las; isso faz com que a gente entenda a importância da nossa disciplina, neste caso, a psicologia. Essa curiosidade deve prover desde a graduação, em não se contentar apenas com as informações recebidas. É necessário que os psicólogos sejam críticos o suficiente para avaliar quando é pertinente aceitar a argumentação dos demais profissionais, e quando realçar a especificidade de nossa atuação.
Como você compreende o trabalho interdisciplinar ou em equipe multiprofissional? 
Atuando diretamente são: Médicos, (na maioria: cardiologistas, pneumologistas cirurgiões e psiquiatras via interconsulta Instituto de Psiquiatria, este último, quando necessário), enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dentistas e farmacêuticos. 
Compreendo que é essencial que o psicólogo seja membro ativo e discuta o caso com os demais visando uma conduta mais adequada. Isso facilita a integração da equipe, assim como uma comunicação mais eficiente proporcionando, de fato, uma visão biopsicossocial do sujeito instrumentalizando-o para lidar de forma mais assertiva e autônoma com as situações. Atuar em equipe não é fácil, é necessário saber qual o papel da psicologia nesse contexto e, se necessário, pontuar isso para a equipe “nem sempre é nosso papel fazer o paciente parar de chorar” ou “fazer que ele aceite realizar determinado procedimento”. Outro ponto, por diversas vezes, eles interrompemo atendimento e dizem “podem continuar conversando” (...) neste caso, é sempre importante sinalizar que nós também estamos realizando um procedimento e que o atendimento é sigiloso, pois faz parte da nossa ética profissional; então o ideal é conversar com os profissionais antes de atender, e saber se naquele momento existe alguma programação, costuma auxiliar bastante.
Além disso, é necessário sempre analisar o motivo da solicitação, entender a demanda e de quem é essa demanda, se é do paciente mesmo, ou é uma angústia do profissional solicitante. Quando a equipe não tem experiência com a psicologia, ela dificilmente saberá quando solicitar, sendo essencial sinalizar isso por meio de alguma ação psicoeducativa. Quando percebemos solicitações que não são da ossada da psicologia, é preciso conversar com a equipe, e novamente mostrar seu papel ali; desta forma, vai se delineando quais as nossas atribuições, e o que esperar do psicólogo nesse contexto. Além de um fazer sistemático que mensure empiricamente os benefícios do nosso trabalho.
Você acredita que a Psicologia é uma ciência que consegue oferecer subsídios técnicos e práticos, para sua atuação em contexto interdisciplinar, ou multiprofissional? Explique.
Sim, oferece; desde que o profissional busque, o que vemos na prática, são alunos esperando da faculdade a oportunidade, e o psicólogo esperando formação da instituição em que trabalha (...) a prática é muito diferente da teoria. Não vemos todos os casos na graduação, e nem na especialização; todos os dias aparecem casos que não encontramos na literatura, e sabemos que, na maioria das vezes, somos formados para uma psicologia tradicional, no modelo clínico, por isso é tão importante o contato com a prática, ainda na graduação. Na prática, vemos que cada instituição faz a sua “psicologia hospitalar” não existe um modelo definido, isso atrapalha bastante, pois sempre somos questionados “Ah, mais o psicólogo do hospital X fazia dessa forma, porque você não faz?”. Reafirmar a todo o momento nosso papel, por vezes, é exaustivo, e esse movimento faz com que a gente precise buscar formação e conhecimento o tempo todo para sustentar e argumentar a nossa posição, pois muitas mudanças ocorrem, como vimos este ano com a pandemia, em um processo de desconstrução para reconstrução, ao mesmo tempo, surgiram novos caminhos para a psicologia hospitalar, como por exemplo, a telepsicologia.
Assim como no hospital, também existem as “sub especialidades” como oncologia, pediatria, cardiologia etc. Que exige de nós uma atualização constante. Lembrando que isso faz parte dos aspectos éticos fundamentais do ser psicólogo, é nossa a responsabilidade de zelar pelo interesse e bem estar do outro, reconhecendo que existe uma relação assimétrica e é de nossa atribuição dominar a técnica e a complexidade do conhecimento utilizado. É preciso também reforçar a importância da supervisão para consolidação da aprendizagem e compreensão dos movimentos de transferência e contratransferência, além da psicoterapia, para afastar-se de questões pessoais para manejar o que se escuta a fim de que não seja uma fala vazia, mas coerente a uma classificação diagnóstica.
Do seu ponto de vista, como você enxerga a atuação da Psicologia na área em que você está inserida? 
O ambiente hospitalar nos ensina que a rotina pode mudar a qualquer momento, a flexibilidade do setting terapêutico, a oportunidade de conhecer o ser humano de fato como um ser biopsicossocial, conhecer histórias tão diferentes, porém infelizmente ainda vemos discursos diversos nesse meio, talvez pela recente regulamentação, ainda existem muitas dúvidas do que se espera do psicólogo neste cenário, por conta de, muitas vezes, tentarmos transpor o modelo clínico para o hospital, tratando o sujeito de forma desvinculada do seu contexto social e cultural. Não podemos deixar de lado temáticas relacionadas à saúde pública e às questões macrossociais, isso precisa ocorrer desde a formação.  Dessa forma, o psicólogo se insere na equipe de saúde, evidenciado pela hierarquia do saber médico, tentando transpor sua prática na clínica aprendida na faculdade, sem a compreensão da complexidade desse campo. O atendimento individual, clínico, priorizado na graduação, é substituído pelas ações integradas com a equipe.
Qual era o seu nível de conhecimento sobre esta área de atuação, antes da sua inserção? 
Meu primeiro contato com a psicologia hospitalar, em 2018, foi através da disciplina e estágio obrigatórios pela Universidade, no Hospital Padre Bento, em Guarulhos, lá pude ter contato com a teoria e ver a atuação dos profissionais neste ambiente; o que fizeram despertar em mim, o desejo de buscar mais conhecimento na forma como a profissão se insere neste contexto. De lá para cá, minha trajetória foi de cursos teóricos e práticos, palestras, núcleos de pesquisas, grupos de estudos, congressos e apresentações de trabalhos, me motivando a buscar ainda mais conhecimento. O que nos diferencia, é o que buscamos além da sala de aula, além do despertar do desejo, é preciso muito esforço, dedicação, estudo, abdicação de outras coisas; jamais deve cessar as dúvidas e os questionamentos (...) com isso, também fui conhecendo pessoas que estavam na área, e me apropriando deste saber. Ao chegar o momento de tentar a vaga, já conhecia a instituição, o que o psicólogo fazia ali e a confiança na minha trajetória, pois havia me preparado, o que foram fundamentais para minha aprovação em todo o processo seletivo. Estudem, estudem mais um pouco a teoria, mas tenham contato com a área, façam networking e tenham sempre uma postura curiosa e investigativa. 
Escolhi uma instituição que é referência, não só no tratamento de doenças cardiorrespiratórias, mas, também, um local em que teria certeza de que aprenderia a verdadeira psicologia hospitalar: assistência, ensino e pesquisa. A excelência do InCor é um grande diferencial no desenvolvimento da minha carreira. Além de compartilhar da experiência com aqueles que são pioneiros e estruturaram este serviço no país. É importante ressaltar também que este será mais um passo, tendo em vista que esta profissão nos leva ao estudo de forma permanente e contínuo. Todos os dias eu espero poder agregar o máximo de conhecimento possível e tudo que eu disse sobre despertar na graduação não é esperar que a instituição ofereça esse suporte, não faça o obrigatório, mas busque por você. A psicologia é uma área que permite muitas possibilidades, mas para isso, é preciso conhecer, investir, buscar, sair da posição passiva de receber apenas aquilo que o professor indica e buscar construir o seu próprio conhecimento, esse é o diferencial.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
A Psicologia vem crescendo como um campo digno de expansão, o que se pode notar dentro e fora de um setting terapêutico, como comumente é conhecimento, uma sala de psicoterapia. Os resultados no presente trabalho, nos mostrou que a nossa futura profissão vem rompendo com uma visão reducionista da Psicologia, da qual vem se inserindo nas instituições, pois é uma disciplina que outrora era referenciada apenas com a noção de uma ciência clássica, e clínica. 
O relato da Psicóloga, Especializanda em Psicologia Clínica Hospitalar, Tatiana de Oliveira Paes, nos evidenciou de que, trabalhar em uma equipe interdisciplinar, é um desafio para o Profissional, do qual é exigido vigilância acerca dos tabus ainda existentes entre a equipe sobre o seu fazer psicológico dentro de um hospital, sendo este último, um ambiente repleto de diálogos necessários para uma maior compreensão dos pacientes, como seres biopsicossociais, que precisam de cuidados.
Neste campo de atuação, através da entrevista, percebe-se o profissional dentro de uma equipe interdisciplinar, todos visando a promoção da saúde, onde precisam trabalhar em sintonia e exercendo com ética os seus conhecimentos e técnicas, exigindo que o profissional da saúde mental, tenha uma constante aprimoração da sua prática enquanto um profissional que cuida da alma humana, necessitando,assim, se envolver em “cursos teóricos e práticos, palestras, núcleos de pesquisas, grupos de estudos, congressos e apresentações de trabalhos.” 
A Psicóloga nos detalha o diferencial de ter conseguido ingressar nesta área, com a sua busca e determinação, saindo de uma posição passiva, para ir de encontro com a especialização, além da importância de ter um bom relacionamento com os futuros colegas de profissão, fazendo networking e preparando, durante a graduação, um caminho para seguir em um futuro próximo; incluindo a questão de uma postura de pesquisador, que enxerga o que quer fazer e onde almeja estar atuando, quando concluir a graduação. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GUERRA, D. J. et al. Referências Técnicas para atuação de psicólogas (os): Nos Serviços Hospitalares do SUS. Conselho Federal de Psicologia. Brasília: Crepop, 1ª ed. 2019. pp.43-89.
GRISA, Gabrielle Hennig; MONTEIRO, Janine Kieling. Aspectos emocionais do paciente cardíaco cirúrgico no período pré-operatório. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Juiz de fora, v. 8, n. 1, p. 111-130, jun.  2015.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202015000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  21  set.  2020.
BLEGER, J. Temas de Psicologia: entrevista e grupos. Trad. Rita Maria M. de Moraes. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 1990/1991.
MANZINI, E. J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PESQUISAS E ESTUDOS QUALITATIVOS, 2, 2004. Bauru. A pesquisa qualitativa em debate. Anais...Bauru: USC, 2004.

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