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Conceito Escravidao

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ – 
Cametá 
 
Prof. Dr. Josias Sales 2º ANO 
Discente: 2021 
Escravidão 
 
Não é simples oferecer uma conceituação para a escravidão. (...) Porém, qualquer definição de 
escravidão deve ser suficientemente flexível para conter os significados diversos que os agentes históricos 
de uma dada época lhe confeririam. Ou seja, por mais que a escravidão ao longo da história humana tenha 
assumido alguns traços mais ou menos universais, seus significados variaram em larga medida ao longo 
do tempo. Daí decorre que o conceito de escravidão precisa se fundamentar a sua própria historicidade, 
ou seja, nas diferentes formas que assumiu e nos significados que cada sociedade e época lhe atribuíram. 
De qualquer modo, uma definição de escravidão que nos parece bastante aplicável a seus diversos 
contextos históricos é a proposta por Claude Meillassoux. Segundo ele, a escravidão é um modo 
exploração que toma forma quando uma classe distinta de indivíduos se renova continuamente a 
partir da exploração de outra classe. Ou seja, a escravidão aparece quando todo um sistema social 
se estrutura com base na exploração e na perpetuação de escravos continuamente reintroduzidos 
seja por comércio ou reprodução natural. O autor ainda afirma que para a escravidão existir é preciso 
uma rede de relações entre diferentes sociedades: há aquelas nas quais os escravos são capturados, 
aquelas que dispõe de uma estrutura militar para capturar os cativos das primeiras, aquelas 
sociedades ditas mercantis que controlam o escoamento dos escravos e, por fim, há sociedades 
mercantis consumidoras de escravos. Essa definição demonstra o quanto a escravidão mobiliza um 
conjunto econômico e social geograficamente extenso. 
O senso comum, em nossa sociedade, faz uso da expressão escravo para diversos tipos de situações 
relativas a formas degradantes de trabalho, ou a um tipo de sujeição considerado humilhante. Isso se dá 
porque as condições de sobrevivência da maioria da humanidade ao longo da história e os diversos modos 
de subordinação e exploração adquiriram formas tão humilhantes e grotescas que os indivíduos tendem, 
vulgarmente, a atribuir o termo escravo para qualquer situação em que essas condições se apresentem. 
Mas é fundamental distinguir a escravidão de outras formas de opressão. A escravidão, antes de mais 
nada, define o escravo a partir de seu status jurídico. A principal distinção entre o escravo e o servo, e 
entre os cravos e outras pessoas submetidas a trabalhos compulsórios, nesse sentido, está no fato jurídico 
de o escravo ser propriedade do senhor, não sendo, portanto, definido como pessoa. Mas esse aspecto 
jurídico que regulamenta e define o escravo foi sempre problemático, segundo David Brion Davis, uma 
vez que o escravo definido como propriedade (coisa) não deixava de ser também uma pessoa, um homem. 
 
(SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 110-11)

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