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Anatomia do tórax Pleuras, pulmões e árvore traqueobrônquica • Pleuras: - Cada pulmão é revestido por um saco pleural seroso formado por duas membranas contí- nuas: i. Pleura visceral: reveste toda a superfí- cie pulmonar, formando sua face ex- terna; ii. Pleura parietal: reveste as cavidades pulmonares. - A cavidade pleural (espaço virtual entre as ca- madas de pleura) contem uma camada de li- quido pleural seroso, que lubrifica as superfí- cies pleurais e permite que as duas camadas deslizem uma sobre a outra. - A tensão superficial desse liquido também propicia a coesão que mantem a superfície pul- monar em contato com a parede torácica. • Pleura visceral: - Está aposta ao pulmão e aderida a todas as suas superfícies, inclusive as fissuras do pul- mão; - Torna a superfície do pulmão lisa e escorrega- dia, permitindo o livre movimento sobre a pleura parietal; - A pleura visceral é continua com a pleura pari- etal no hilo do pulmão. • Pleura parietal: - Reveste as cavidades pulmonares, aderindo à parede torácica, ao mediastino e ao diafragma; - A pleura parietal possui três partes: i. Pleura costovertebral: cobre as faces internas da parede torácica. Está sepa- rada da face interna da parede torácica (esterno, costelas e cartilagens, múscu- los e membranas intercostais e faces la- terais das vertebras torácicas) pela fás- cia endotorácica. ii. Pleura mediastinal: cobre as faces late- rais do mediastino, a divisória de teci- dos e órgãos que separam as cavidades pulmonares e seus sacos pleurais. Con- tinua superiormente até a raiz do pes- coço na forma da cúpula da pleura. É contínua com a pleura costal anterior e posteriormente e com a pleura diafrag- mática na parte inferior. No hilo do pul- mão, é a parte mediastinal que se re- flete lateralmente sobre a raiz do pul- mão e torna-se contínua com a pleura visceral. iii. Pleura diafragmática: cobre a face su- perior do diafragma de cada lado do mediastino, exceto ao longo de suas in- serções costais e no local onde o dia- fragma está fundido ao pericárdio. Uma camada fina e elástica da fáscia endoto- rácica, a fáscia frenicopleural, une a parte diafragmática da pleura às fibras musculares do diafragma. iv. Cúpula da pleura: cobre o ápice do pul- mão. É reforçada por uma extensão fi- brosa da fáscia endotorácica, a mem- brana suprapleural (fáscia de Sibson). A membrana fixa-se à margem interna da costela 1 e ao processo transverso da vértebra C VII. • Linhas da reflexão pleurais - As linhas ao longo das quais a pleura parietal muda de direção quando passa (reflexão) de uma cavidade para outra são as linhas de refle- xão pleurais. - Três linhas de reflexão pleurais delimitam a extensão das cavidades pulmonares de cada lado: esternal, costal e diafragmática. i. Linhas esternais: as linhas de reflexão esternais direita e esquerda começam superiormente às cúpulas e seguem em sentido inferomedial, posteriormente às articulações esternoclaviculares para encontrarem-se na linha mediana ante- rior (LMA), posteriormente ao esterno, no nível de seu ângulo. Entre os níveis da 2º e 4º cartilagens costais, as linhas direita e esquerda descem em contato. A linha esternal do lado direito segue inferiormente na LMA até a face poste- rior do processo xifoide, onde se volta lateralmente. A linha esternal do lado esquerdo, porém, desce na LMA ape- nas até o nível da 4º cartilagem costal, passa para a margem esquerda do es- terno e continua descendo até a 6º car- tilagem costal, deixando uma impressão na superfície enquanto se- gue lateralmente a uma área de con- tato direto entre o pericárdio e a pa- rede torácica anterior. ii. Linhas costais de reflexão pleural: são continuação agudas das linhas ester- nais, ocorrem no local onde a pleura costal torna-se continua com a pleura diafragmática inferiormente. A linha costal direita prossegue lateralmente, a partir da LMA. No entanto, por causa da área nua do pericárdio no lado es- querdo, a linha costal esquerda tem iní- cio na linha medioclavicular. Fora isso, as linhas costais direita e esquerda são simétricas. iii. Linhas vertebrais: são reflexões muito mais arredondadas e graduais, que ocorrem no local onde a pleura costal torna-se contínua com a pleura medi- astinal posterior. - Os pulmões não ocupam por completo as ca- vidades pulmonares durante a expiração; as- sim, a pleura diafragmática periférica está em contato com as partes mais inferiores da parte costal. • Pulmões - Órgãos vitais da respiração. - Sua principal função é oxigenar o sangue colo- cando o ar inspirado bem próximo do sangue venoso nos capilares pulmonares - Cada pulmão tem: i. Um ápice: extremidade superior arre- dondada do pulmão que ascende acima do nível da costela 1 até a raiz do pescoço; o ápice é recoberto pela cú- pula da pleura; ii. Uma base: face inferior côncava do pul- mão, oposta ao ápice, que acomoda a cúpula ipsilateral do diafragma e se apoia nela; iii. Dois ou três lobos, criados por uma ou duas fissuras; iv. Três faces: costal, mediastinal e dia- fragmática; v. Três margens: anterior, inferior e poste- rior. • Pulmão direito: - Apresenta fissuras obliqua e horizontal, que dividem em três lobos direito: superior, médio e inferior. - O pulmão direito é maior e mais pesado do que o, porem é mais curto e mais largo, porque a cúpula direita do diafragma é mais alta e o co- ração e pericárdio estão voltados para a es- querda. • Pulmão esquerdo: - Possui uma única fissura obliqua esquerda, que o divide em dois lobos esquerdos: superior e inferior. - A margem anterior do pulmão esquerdo tem a incisura cardíaca profunda, uma impressão deixada pelo desvio do ápice do coração para o lado esquerdo. - Essa endentação molda a parte mais inferior e anterior do lobo superior, transformando-a em um prolongamento estreito e linguiforme, a lín- gula, que se estende abaixo da incisura cardíaca e desliza para dentro e para fora do recesso costomediastinal durante a expiração e inspira- ção. • Relações: 1. A face costal do pulmão: - É grande, lisa e convexa. Está relacio- nada à parte costal da pleura, que a se- para das costelas, cartilagens costais e dos músculos intercostais íntimos. - A parte posterior da face costal está relacionada aos corpos das vértebras torácicas e, às vezes, é denominada parte vertebral da face costal 2. A face mediastinal do pulmão: - É concava porque está relacionada com o mediastino médio, que contém o pericárdio e o coração. - A face mediastinal compreende o hilo, que recebe a raiz do pulmão. - Com 2/3 do coração à esquerda da li- nha media, a impressão cardíaca na face mediastinal é muito maior no pul- mão esquerdo. - Essa face do pulmão esquerdo tam- bém tem um sulco continuo e proemi- nente para o arco da aorta e a parte descendente da aorta, e uma área me- nor para o esôfago. 3. A face diafragmática do pulmão: - Também é concava, forma a base do pulmão, apoiada sobre a cúpula do dia- fragma. - A concavidade é mais profunda no pulmão direito em vista da posição mais alta da cúpula direita do dia- fragma. - Nas partes lateral e posterior, a face diafragmática é limitada por uma mar- gem fina e aguda (margem inferior) que se projeta no recesso costodiafrag- matico da pleura. 4. Margem anterior do pulmão: - É o ponto de encontro anterior entre as faces costal e mediastinal, que reco- brem o coração. - A incisura cardíaca deixa uma impres- são nessa margem do pulmão es- querdo. 5. Margem inferior do pulmão: - Circunscreve a face diafragmática do pulmão, separando-a das faces costal e mediastinal. 6. Margem posterior do pulmão: - É o ponto de encontro posterior das faces costal e mediastinal. - Os pulmões estãofixados ao mediastino pelas raízes dos pulmões, isto é, os brônquios (e va- sos), artérias e veias pulmonares superior e in- ferior, plexos pulmonares de nervos e vasos lin- fáticos. • Raiz do pulmão: - Sua configuração geral é: i. Artéria pulmonar: no extremo superior à esquerda ii. Veias pulmonares superior e inferior: nas extremidades anterior e inferior, respectivamente. iii. Brônquio principal: aproximadamente no meio do limite posterior, e os vasos brônquicos seguem em sua face ex- terna. - O hilo do pulmão é uma área cuneiforme na face mediastinal de cada pulmão através da qual entram ou saem do pulmão as estruturas que formam sua raiz. - Medialmente ao hilo, a raiz está encerrada na área de continuidade entre as lâmina parietal e visceral da pleura, a bainha pleural. - Inferiormente à raiz do pulmão, essa continui- dade entre pleuras parietal e visceral formam o ligamento pulmonar, que se estende entre o pulmão e o mediastino, imediatamente ante- rior ao esôfago. - O ligamento pulmonar é formado por uma ca- mada dupla de pleura separada por uma pe- quena quantidade de tecido conjuntivo. • Árvore traqueobrônquica: - As vias respiratórias sublaríngeas formam a árvore traqueobrônquica. - A traqueia é o tronco da arvore. Ela se bifurca no ângulo do esterno em brônquios principais, um para cada pulmão. 1. Brônquio principal direito: é mais largo, mais curto e mais vertical do que o es- querdo porque entre diretamente no hilo do pulmão. 2. Brônquio principal esquerdo: segue in- ferolateralmente, inferiormente ao arco da aorta e anteriormente ao esô- fago a à parte torácica da aorta, para chagar ao hilo do pulmão. - Nos pulmões, os brônquios ramificam-se de modo constante e dão origem à árvore tra- queobrônquica. - Cada brônquio principal divide-se em brôn- quios lobares secundários, dois à esquerda e três à direita, e cada um deles supre um lobo do pulmão. - Cada brônquio lobar divide-se em vários brôn- quios segmentares terciários, que suprem os segmentos broncopulmonares, que são : 1. As maiores subdivisões de um lobo 2. Separados dos segmentos adjacentes por septos do tecido conjuntivo 3. Supridos independentemente por um brônquio segmentar e um ramo arterial pulmonar terciário 4. Drenados por partes intersegmentares das veias pulmonares que estão no te- cido conjuntivo interposto e drenam segmentos adjacentes 5. Geralmente, 18 a 20 (10 no pulmão di- reito; 8 a 10 no esquerdo) - Além dos brônquios segmentares terciários, há 20 a 25 gerações de bronquíolos condutores ramificados que terminam como bronquíolos terminais, os bronquíolos condutores. - A parede dos bronquíolos não tem cartilagem. - Os bronquíolos condutores transportam ar, mas não tem glândulas nem alvéolos. - Cada bronquíolo terminal dá origem a diver- sas gerações de bronquíolos respiratórios, ca- racterizados por alvéolos de paredes finas e dispersos, que se originam dos seus lumens. - O alvéolo pulmonar é a unidade estrutural bá- sica de troca gasosa do pulmão. - Graças à presença dos alvéolos, os bronquío- los respiratórios participam tanto do transporte ar quanto da troca gasosa. - Cada bronquíolo respiratório origina 2 a 11 ductos alveolares, e cada um desses dá origem a 5 a 6 sacos alveolares. - Os ductos alveolares são vias respiratórias alongadas, densamente revestida por alvéolos, que levam a espaços comuns, os sacos alveola- res, nos quais se abrem grupos de alvéolos. • Vascularização dos pulmões e das pleuras - Cada pulmão tem uma grande artéria pulmo- nar para irrigação e duas veias pulmonares para drenagem. - As artérias pulmonares direita e esquerda ori- ginam-se do tronco pulmonar no nível do ân- gulo do esterno e conduzem sangue pouco oxi- genado aos pulmões para oxigenação. - Cada artéria pulmonar torna-se parte da raiz do pulmão correspondente e divide-se em arté- rias lobares secundarias. - As artérias lobares superiores direita e es- querda, que irrigam os lobos superiores, sur- gem antes da entrada do hilo. - Entrando no pulmão, a artéria desce postero- lateralmente ao brônquio principal, como a ar- téria lobar inferior do pulmão esquerdo. - E como uma artéria intermediaria, que se di- vide em artérias lobares media e inferior do pulmão direito. - As artérias lobares dividem-se em artérias segmentares terciarias. - Cada lobo é servido por uma artéria lobar se- cundaria pareada e brônquio. - Cada segmento broncopulmonar é suprido por uma artéria segmentar terciaria pareada e um brônquio. - Duas veias pulmonares de cada lado, uma su- perior e uma inferior, conduzem sangue rico em oxigênio dos lobos correspondentes de cada pulmão para o átrio esquerdo do coração. - A veia do lobo médio é uma tributaria da veia pulmonar direita superior. - As artérias bronquiais levam sangue para a nutrição das estruturas que formam a raiz dos pulmões, os tecidos de sustentação dos pul- mões e pleura visceral. - As duas artérias bronquiais esquerdas origi- nem-se diretamente da parte torácica da aorta. - A artéria bronquial direita pode-se originar di- retamente da aorta, na parte proximal de uma das artérias intercostais posteriores superiores ou de um tronco comum com a artéria bron- quial superior esquerda. - As pequenas artérias bronquiais emitem ra- mos para a parte superior do esôfago. - As veias bronquiais drenam apenas parte do sangue levado aos pulmões pelas artérias bron- quiais, principalmente o sague distribuído para a parte mais proximal das raízes dos pulmões ou para a região próxima. - O plexo linfático superficial situa-se profun- damente à pleura visceral e drena o parên- quima pulmonar e a pleura visceral. - Os vasos linfáticos desse plexo superficial dre- nam para os linfonodos broncopulmonares no hilo do pulmão. - O plexo linfático profundo está localizado na tela submucosa dos brônquios e no tecido conjuntivo peribronquico. Drena as estruturas que formam as raízes do pulmão. • Nervos dos pulmões e pleuras - Os nervos dos pulmões e da pleura visceral são derivados dos plexos pulmonares anterio- res e posteriores às raízes dos pulmões. - Essa rede de nervos contém fibras aferentes parassimpáticas, simpáticas e viscerais. - As fibras parassimpáticas conduzidas ate o plexo pulmonar são fibras pré-ganglionares do nervo vago (NC X). - As fibras parassimpáticas são motoras para o musculo liso da arvore traqueobrônquica (broncoconstritoras), inibidoras para os vasos pulmonares (vasodilatadoras) e secretoras para as glândulas da arvore bronquial. - As fibras simpáticas dos plexos pulmonares são pós-ganglionares. s fibras simpáticas são inibidoras para o mus- culo brônquico (broncodilatadoras), motoras para os vasos pulmonares (vasoconstritoras) e inibitórias para as glândulas alveolares da ar- vore bronquial. - As fibras aferentes viscerais dos plexos pulmo- nares são reflexas (conduzem sensações sub- conscientes associadas aos reflexos) ou nocio- ceptoras. • Anatomia de superfície das pleuras e dos pul- mões: - As cúpulas da pleura e os ápices dos pulmões atravessam a abertura superior do tórax e en- tram profundamente nas fossas supraclavicula- res. - As margens anteriores dos pulmões situam-se adjacentes à linha anterior de reflexão da pleura parietal, entre as 2º e 4º cartilagens costais. - A incisura cardíaca deixa uma impressão mais profunda na margem anterior do pul- mão esquerdo. - Tanto as reflexões pleurais quanto as mar- gens anteriores do pulmão seguem lateral- mente nas 6º s cartilagens costais. Autor: Jáder Soares de Lima Filho Medicina FSM 2021.1 Referencias: NETTER, F, H. Atlas de anato- mia humana. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. MOORE, K, L.; DALLEY, A, F.; AGUR, A, M, R. Anatomia orientada para a clínica.8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
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