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Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 ansiolíticos benzodiazepínicos, barbitúricos e outros Ansiedade – classificação: • Transtorno de pânico sem agorafobia: ataques de pânico recorrentes e inesperados, gerando preocupação persistente. Falta de ar, palpitações, dor ou desconforto torácico, asfixia ou sufocação, medo de ficar louco ou de perder o controle. • Transtorno de pânico com agorafobia: combinação de ataques de pânico e agorafobia (medo ou esquiva de lugares ou situações em que a fuga é difícil ou embaraçosa). • Agorafobia sem ataques de pânico: presença de agorafobia e sintomas do tipo pânico, porém sem história de ataques de pânico inesperados. • Fobia simples: medo intenso provocado pela exposição a objeto ou situação definidos, frequentemente levando a comportamento de esquiva (acrofobia, claustrofobia, eritrofobia, etc.). • Fobia Social Ansiedade: clinicamente significativa provocada pela exposição a certos tipos de situação social ou de desmpenho (falar em público), frequentemente levando a comportamento de esquiva. • Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): caracterizado por obsessões – pensamentos recorrentes que causam ansiedade e desconforto acentuados. • Transtorno de Estresse Pós-traumático: revivência de acontecimento extremamente traumático (acidentes) acompanhada de hipervigilância e esquiva de estímulos associados ao trauma. • Transtorno de Estresse Agudo: sintomas semelhantes ao anterior, porém ocorrendo imediatamente após o trauma. • Transtorno de Ansiedade Generalizada: ansiedade ou preocupação excessiva e persistente durante mais de seis meses. • Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Clínica Inespecífica: sintomas proeminentes de ansiedade resultantes de doença orgânica. • Transtorno de Ansiedade não-Específico: ansiedade intensa ou esquiva fóbica que não se enquadra em nenhuma classificação anterior. Drogas de ação GABAérgica: benzodiazepínicos. Drogas de ação serotoninérgica: azaspironas e antidepressivos. -Azapirone (buspirona): 5-HT1A agonista parcial. Agudo: descarga no núcleo dorsal da rafe. Crônico: dessensibilização receptor → atividade. Drogas de ação noradrenérgica: beta-bloqueadores. Farmacodinâmica dos ansiolíticos: diminuição da atividade serotoninérgica, por facilitação da atividade gabaérgica inibitória, atuando em receptores “próprios”, particularmente no sistema límbico. Resumo do que entendi do capítulo 11 Golan: Neurotransmissão GABAérgica e glutamatérgica: SNC possui altas concentrações de aminoácidos que se ligam a receptores pós-sinápticos, sendo neurotransmissores inibitórios ou excitatórios. ÁCIDO GAMA-AMINUBUTÍRICO (GABA) – principal aminoácido INIBITÓRIO. GLUTAMATO – principal aminoácido excitatório. → Respostas inibitórias ou excitatórias produzidas através da alteração da condutância de um ou mais canais iônicos seletivos. GABA: deflagra corrente de saída seletiva – podem abrir canais de K+ ou Cl- para induzir efluxo de K+ ou influxo de Cl- (a perda de cátions e ganho de íons intracelulares resultam em hiperpolarização da membrana e diminuição da resistência → diminuição da excitabilidade neuronal). Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 GLUTAMATO: corrente de entrada – abertura de canal específicos de cátions, como canal de Na+, gerando influxo de íons de Na+ que despolariza a membrana. Observa-se resposta excitatória (despolarizante) quando neurotransmissor causa o fechamento de canais de vazamento de K+ para reduzir a saída de íons de K+. Neurotransmissão GABAérgica: GABA: principal neurotransmissor inibitório do SNC. As membranas celulares da maioria dos neurônios e astrócitos expressam receptores de GABA, que DIMINUEM A EXCITABILIDADE NEURONAL através de vários tipos de mecanismos. Receptores GABA: 2 tipos: GABA ionotrópicos (GABAa e GABAc) – abrem canal iônico de cloreto. GABA metabotrópicos (GABAb) – aclopados à proteína G; afetam as correntes iônicas neuronais através de 2ºs mensageiros. Classes e agentes farmacológicos que afetam a neurotransmissão GABAérgica: Agentes farmacológicos atuam sobre a neurotransmissão GABAérgica afetando o metabolismo do GABA ou afetando a atividade do seu receptor. A maioria atua sobre o receptor GABAa iônotrópico e são utilizados para sedação, ansuólise, hipnose, neuroproteção (após AVE, ou TCE) e controle de epilepsia. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 Inibidores do metabolismo do GABA: →Tiagabina: inibidor competitivo dos transportadores de GABA nos neurônios/glia. Principal indicação: tratamento da epilepsia. Ao inibir recaptação de GABA, tiagabina aumenta [ ] de GABA nas fendas sinápticas e extra-sinápticas – agonismo inespecífico dos receptores, principalmente GABAa. →Vigabatrin (gama-vinil GABA): “inibidor suicida” da GABAtransaminase – bloqueia a conversão do GABA em semi- aldepido succinico: aumento da concentração intracelular de GABA, aumentando liberação sináptica de GABA. Utilizado para epilepsia (investigado para tto de adicção de drogas, transtorno de pânico e TOC). Agonistas e anatagonistas receptores GABA: em estudo MODULADORES DOS RECEPTORES GABAa: Benzodiazepínicos e Barbitúricos – atuam em sítios de ligação aloestéricos, aumentando a neurotransmissão GABAérgica. Benzodiazepínicos: efeitos sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares, amnésicos e ansiolíticos. Barbitúricos: controle a epilepsia, indutores de anestesia e controle de HIC. Anotações AULA: Depressores do SNC: depressores gerais do SNC interagem com as funções do sistema ativante reticular (+centro do sono/ - centro do despertar). Seu uso é para reduzir a inquietação e tensão emocional e induzir o sono. Fisiologia do sono – estágios: 1) estado de alerta. 2) ondas lentas – NREM (4 estágios). 3) Sono paradoxal (REM). • BENZODIAZEPÍNICOS: Os benzodiazepínicos (BZD) aumentam a duração do sono, estágios 3 e 4 – NREM, supressão leve do sono REM) e diminuem a latência do sono. Em geral, apresentam atividade sedativa comparável. → Sedação, hipnose, anestesia, anticonvulsivante, relaxante muscular. Possuem a vantagem de serem relativamente seguros. Mecanismo de ação (2): Sítios de ligação dos BZD: potencialização dos efeitos do GABA. ▪ concentrados no córtex, hipocampo, amígdala; ▪ correlação com efeitos ansiolíticos; ▪ relacionados com os receptores GABA. Mecanismo de ação do GABA: Ligação do BZD em sítio de ligação aloestérico → aumento da interação GABA-receptor → efeitos GABA-receptor: aumento do influxo de Cl- no neurônio, que leva a hiperpolarização e, por consequência, a INIBIÇÃO neuronal. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 Indicações clínicas: BZD mais usados como ansiolíticos: diazepam (protótipo), alprazolam, bromazepam BZD mais usados como hipnóticos: nitrazepam, flurazepam, midazolam flunitrazepam, temazepam, triazolam, estazolam. Nomes comerciais: Farmacocinética dos BZD: OS BZD são bem absorvidos pelo TGI, são compostos com alta lipossolubilidade, atravessam mais rapidamente a BHC e o início de ação é mais rápido. Ligam-se a depósitos de gordura, permanecendo mais tempo no organismo; maior potencial de abuso. Atravessam a barreira placentária – podem sedar o feto. A ligação às proteínas plasmáticas é cerca de 82 a 98%. Características farmacocinéticas dos BZD. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 5 Biotransformação dos BZD: Efeitos: redução da ansiedade, indução ao sono, sedação, incoordenação motora, relaxamento muscular, redução do estado de alerta. Toxicidade: sonolência (uso de máquinas**), incoordenação motora, sedação, confusão, fraqueza, prejuízo de aprendizagem, interação com álcoolpode levar a depressão respiratória e coma. Em idosos e adolescentes (+comum): efeito desinibidor – excitação, raiva, hostilidade – efeito paradoxal. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 6 Potencial de abuso e dependência, síndrome de retirada – confusão ansiedade, agitação, insônia, alucinações. Efeito rebote: aumento dos sintomas originais. FLUMAZENIL → antagonista de receptor benzodiazepínico! Tratamento de intoxicação. Uso prolongado de BZDs (12 meses ou mais): Risco aumentado de acidentes: no tráfego, em casa, no trabalho; Risco aumentado de overdose – interação com outras drogas (álcool, depressores); Risco de tentativas de suicídio (depressão); Risco de atitudes anti-sociais; Problemas na interação interpessoal; Redução da capacidade de trabalho, desemprego; Comportamento do dependente de benzodiazepínicos: Estratégias para obter o fármaco: Pressão sobre o médico p/ prescrição sem indicação clínica - relação médico-paciente tensa e desagradável. Adulteração e falsificação de receitas médicas. Poliqueixas somáticas, vagas e de origem indefinida, envolvendo sintomas ansiosos e insônia; Supervalorização dos sintomas para necessidade de aumento da dosagem; Insistência de que nenhum outro medicamento faz efeito; Procura por 2 ou + médicos com o objetivo de obter quantidade razoável de medicamento. → Importância da habilidade médica para condução dessas situações. • OUTROS ANSIOLÍTICOS: Buspirona: - não induz sedação; - não potencializa efeito álcool; - não induz dependência; - agonista 5-HT1A (pré-sináptico); - 3 semanas para efeito ansiolítico. Efeitos adversos: náuseas, cefaleia, insônia, nervosismo, cansaço, fotofobia. Anti-histamínicos (difenidramina – dramin), melatonina, valeriana... • BARBITÚRICOS: Prolongam os efeitos do GABA. Reduzem a excitabilidade neuronal ao aumentar a inibição mediada pelo GABA através dos receptores GABAa. A transmissão GABAérgica aumentada pelos barbitúricos no tronco encefálico, suprime o sistema de ativação reticular → sedação, amnésia, perda de consciência. Aumento da transmissão GABAérgica nos neurônios motores da medula espinal → relaxamento muscular e supressão de reflexos. Os barbitúricos anestésicos tiopental, pentobarbital e metoexital atuam como AGONISTAS nos receptores GABAa e também aumentam as respostas dos receptores ao GABA. Farmacoterapia II – Prof. Dr. Wilson Malfará Pamela Barbieri – T23 – FMBM 7 Os barbitúricos anticonvulsivantes, como o fenobarbital, produzem agonismo muito menos direto sobre os receptores GABAa nativos. A principal ação dos barbitúricos é: INTENSIFICAR A EFICÁCIA DO GABA AO AUMENTAR O TEMPO DE ABERTURA DOS CANAIS DE Cl- → MAIOR INFLUXO DE Cl- → MAIOR HIPERPOLARIZAÇÃO → REDUÇÃO DA EXCITABILIDADE NEURONAL. Os barbitúricos também atuam nos receptores de neurotransmissão excitatória: diminuem a ativação do receptor AMPA pelo glutamato → redução da despolarização da membrana e consequentemente da excitabilidade neuronal. (Golan) Desvantagens dos barbitúricos: tolerância; estreita “margem de segurança” entre efeitos clínicos e tóxicos – substituição do uso clínico pelos benzodiazepínicos.
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