Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA – PROFESSORA KLÁUDIA 1. INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA A farmacologia estuda o modo pelo qual a fun- ção dos sistemas biológicos é afetada por agentes químicos. A interação da droga com o sistema biológico re- sultará em efeitos benéficos (explorados no trata- mento de doenças, no diagnóstico e em sua profila- xia) e efeitos tóxicos (estudados na toxicologia). Sempre haverá efeito colateral, do mais brando ao mais grave. CONCEITOS BÁSICOS o Droga ou fármaco: substância ou matéria prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária. o Medicamento: produto farmacêutico, tecni- camente obtido ou elaborado, com finali- dade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. o Placebo: substância inativa cujo efeito tera- pêutico resulta da crença do paciente de que está a ser tratado. o Remédio: qualquer procedimento que possa ser usado para produzir efeito tera- pêutico. o Entorpecente: substância que pode deter- minar dependência física ou psíquica. o Forma farmacêutica: forma de apresenta- ção física do medicamento. o Fórmula: contém os componentes do me- dicamento. o Princípio ativo: responsável pela sua ação. Placebo não o possui. o Adjuvante: pode estar ou não pre- sente. o Veículo (líquidos) e excipiente (sóli- dos): onde estão contidos o princí- pio ativo e o adjuvante. o Dose: porção ou quantidade de um medica- mento que se administra ao paciente. Refe- rida em concentração, número de compri- midos, etc. o Dosagem: ato de dosar. o Posologia: indicação de como se deve utili- zar o medicamento. Pode ser por tempo ou por sintomas (“enquanto houver febre”). FARMACOLOGIA A interação entre o fármaco e o organismo é uma via de duas mãos. Dentro dela, há a farmacocinética e a farmacodinâmica. A primeira dá-se pelas ações do organismo sobre o fármaco e a segunda pelo exato oposto. A farmacocinética determina a concentração da droga no local de ação, que, por sua vez, determi- nará a farmacodinâmica. A farmacocinética com- preende a absorção, distribuição, metabolização e a excreção da droga. Já a farmacodinâmica é com- posta pelo seu mecanismo de ação e os efeitos far- macológicos. FARMACOCINÉTICA Absorção É a primeira etapa da farmacocinética, que com- preende a passagem do fármaco para a corrente sanguínea. Existem certos medicamentos que são feitos sem o objetivo de serem absorvidos, por te- rem já no trato gastrointestinal o seu sítio de ação, como os antiácidos. Fármacos administrados via intravenosa não passam pela etapa de absorção. Distribuição Consiste na passagem do fármaco da corrente sanguínea para o local de ação, o qual é dotado de receptores que atraem essa substância. Quase sempre as drogas atuam por especificidade a re- ceptores farmacológicos. Os locais de ação pos- suem uma capacidade de saturação, que orientam a posologia, ao exemplo dos intervalos de tempo entre as doses da medicação. Metabolização e Excreção A metabolização é realizada principalmente pelo fígado. Esse processo modifica o fármaco, facili- tando sua excreção, sobretudo pelos rins. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Vias Enterais Via oral. Fármaco pode destinar-se para a cor- rente sanguínea ou permanecer no próprio TGI, caso esse seja seu local de ação. É uma via segura, cô- moda e econômica. É utilizada para esquemas tera- pêuticos fáceis e possui boa área de absorção in- testinal. Pode apresentar efeito adversos, tais quais náuseas, vômitos e diarreia. A absorção do medica- mento administrado por essa via é variável, devido à ação de enzimas digestivas, à forma farmacêutica e ao pH. Uma desvantagem é a necessidade da co- operação do paciente para tomar a medicação cor- retamente. A droga sofre efeito de primeira passa- gem, isto é, parte de sua concentração absorvida passa no fígado antes de ir para a circulação sistê- mica, através da circulação enterohepática. Via sublingual. Possui alta absorção de subs- tâncias lipossolúveis, por tratar-se de uma área al- tamente vascularidade, com a vantagem da droga ir para a circulação de retorno, diretamente para o co- ração. Amplamente usada em emergências cardio- vasculares em virtude dessa característica. Droga não sofre efeito de primeira passagem. Essa via é imprópria para a administração de substâncias irri- tantes e de sabor desagradável. Via retal. Utilizada em pacientes com incapaci- dade de deglutição (inconscientes, com náusea e vômito). Sua absorção é irregular ou incompleta. Vias Parenterais Via intravenosa. Possui rápida obtenção de efeitos e permite a administração de grandes volu- mes, bem como de substâncias irritantes. Sua ado- ção permite que o profissional realize o controle das doses. Por outro lado, é possível que ocorra super- dosagem relativa quando feitas injeções rápidas. Há risco de embolia, flebite, infecções bacterianas e vi- rais e reações anafiláticas. Seu uso é impróprio para soluções oleosas e suspensões. Via intramuscular. Possui rápida absorção e permite administração da droga em pacientes in- conscientes ou com náuseas e vômitos. Via ade- quada para volumes moderados, veículos aquosos, oleosos e suspensões. Sua utilização pode causar dores, lesões musculares (substâncias irritantes ou de pH distante da neutralidade) e processos infla- matórios. Via subcutânea. Possui boa e constante absor- ção para soluções, porém lenta para suspensões. Causa rápida sensibilização do paciente e pode ge- rar dor e necrose por substâncias irritantes. Outras vias parenterais: o Intradermal: diagnóstico. o Intratecal ou subaracnoideana: diagnóstico radiológico; anestesia e outros. o Peridural: anestesia. o Intra-articular: obtenção de efeito anti-infla- matório localizado. o Intraperitoneal: grandes volumes de solu- ção; animais de laboratório. o Intracardíaca: eutanásia de pequenos ani- mais. FORMAS FARMACÊUTICAS Uso Enteral o Sólidos: o Pó o Grânulo o Comprimido: sem envoltório. o Pílula: nome faz referência ao tamanho pequeno, podendo ser tanto um compri- mido quanto uma drágea. o Drágea: com envoltório, normalmente açucarado, com o objetivo de proteger o princípio ativo e/ou a mucosa gástrica. o Cápsula: com envoltório gelatinoso. o Supositório: alto teor de gordura. o Líquidos: o Solução Simples Composta Xarope: princípio ativo estabilizado em açúcar. Elixir e tintura: princípio ativo estabili- zado em álcool. o Dispersão Suspensão: sólido não dissolvido. Emulsão: água e óleo. Uso Parenteral o Sólidos (implantes): o Pallets: principalmente hormônios. o Líquidos (injeções): o Solução aquosa: única possível de ser administrada por via intravenosa. o Solução oleosa o Suspensão Uso Tópico o Cutâneo: o Solução o Suspensão o Aerossol o Gel: sem óleo algum. o Loção: pouco óleo (emulsão). o Creme: mais óleo que a loção. o Pomada: mais óleo que o creme. o Unguento: solução bastante oleosa, cuja função também é tampar a lesão. o Pó o Oftálmico: o Solução aquosa: mais utilizada (colírios). o Gel o Pomada o Vaginal: o Creme o Geleia o Óvulo: pequenos ovos com envoltório gelatinosos, normalmente contendo lí- quido. 2. FARMACOCINÉTICA A farmacocinética é um estudo cronológico e quantitativo, uma vez que a intensidade do efeito de uma droga depende da presença duma concentra- ção apropriada da droga no local de ação em um determinado espaço de tempo. Compreende as eta- pas de absorção, distribuição, biotransformação ou metabolização e excreção. ABSORÇÃO Consiste na passagem da droga do local onde foi administrada para a corrente circulatória. Para al- cançar seu local de ação, a droga deve atravessar barreiras biológicas, tais quais o epitélio gastroin- testinal, o endotélio vascular, a barreira hematoen- cefálica e a membrana plasmática. Essa travessia depende de sua lipossolubilidade. A viaintravenosa “dispensa” essa etapa da farmacocinética. São fatores que interferem na absorção: o PH do meio: quanto maior for a diferença de pH entre o medicamento e o meio, maior será sua ionização, o que o torna menos lipossolúvel e diminui sua absorção. o PKa do medicamento: valor de pH no qual há o equilíbrio, estando metade da substância ioni- zada e a outra molecular. o Transporte transmembrana: depende da área da superfície de absorção, do porte da circula- ção no local de absorção e da via de adminis- tração utilizada. Medicamentos costumam ser ácidos ou bases fracas, pois esses encontram-se parcialmente ioni- zados em solução aquosa. Anestesias locais não “pegam” em locais inflamados, pois esses são meios ácidos, havendo grande diferença de pH. O transporte transmembrana dependem da tra- vessia da droga por membranas celulares, que são camadas duplas de lipídios anfipáticos com proteí- nas entremeadas. O transporte pode ocorrer por di- fusão passiva, por mediação de carreadores (difu- são facilitada ou processo ático) ou por endocitose (pinocitose ou fagocitose). Drogas que levam ao au- mento da concentração de ácido úrico o fazem por competirem com ele no transporte, por possuírem o mesmo carreador. Biodisponibilidade Diz respeito à quantidade de fármaco que chega íntegra na corrente circulatória, após administração. Seu valor depende da quantidade de droga absor- vida, da velocidade de absorção, da permanência do medicamento no compartimento líquido e da corre- lação com respostas farmacológica e/ou tóxica. É importante em estudos de bioequivalência, que visam descobrir se duas drogas possuem a mesma eficiência. Um genérico deve ser 100% bioequiva- lente ao original. A diferença entre eles é a forma de apresentação ou de obtenção do princípio ativo. Re- médios similares não necessitam de bioequivalên- cia completa, logo, a mesma dose não gera o mesmo efeito farmacológico. São fatores que interfere com a biodisponibili- dade a absorção, a forma farmacêutica, a dose (concentração e dose), fatores individuais e da es- pécie e o efeito de primeira passagem. Esse último está presente na via oral, onde parte da droga cai di- retamente no fígado e já é metabolizada. A concen- tração terapêutica, ideal para o tratamento, deve corresponder à concentração plasmática média. DISTRIBUIÇÃO É a passagem do medicamente da corrente san- guínea para o tecido-alvo. O principal de fator que interfere com a distribuição de drogas é o grau de ligação das drogas às proteínas plasmáticas. A prin- cipal proteína plasmática é a albumina e tal ligação é reversível, servindo de reservatório de drogas. Para atingir o local de ação a molécula de droga se desliga da proteína plasmática e liga-se a seu re- ceptor específico, pelo qual tem maior afinidade. As proteínas plasmáticas protegem a droga de ação enzimática, metabolização e filtração. Volume Aparente de Distribuição dos Fármacos É um valor virtual, é o volume líquido necessário para conter a quantidade total de fármaco no corpo, na mesma concentração presente no plasma. A ve- locidade e extensão da distribuição são determina- das pelo fluxo sanguíneo tecidual e pelas proprieda- des físico-químicas do medicamento. Meia Vida de Drogas É um valor real, é o tempo em que a concentra- ção plasmática inicial da droga se reduz à metade. Determinam esse valor: o Duração da ação após uma única dose o Tempo necessário para alcançar o equilíbrio o Tempo necessário para eliminação o Frequência da dose BIOTRANSFORMAÇÃO É a transformação química da droga dentro do organismo, visando favorecer a sua eliminação. Ocorre principalmente no fígado. Reações simples convertem as substâncias em metabólitos menos ativos. Há a formação de metabólitos mais polares, menos lipossolúveis e de menor peso molecular – exceto pró-fármacos, cuja ação depende da meta- bolização. Reações de Fase I Resultam na formação de metabólitos menos ativos que a molécula original ou inativos. Ocorrem no sistema microssomal hepático (REL). São rea- ções de oxidação, redução e hidrólise. Reações de Fase II Consistem no acoplamento da droga ou do seu metabólito a um substrato endógeno. Ocorre em al- guns medicamentos, como o paracetamol. As rea- ções de conjugação modificam os compostos atra- vés da ligação de grupos hidrofílicos, como o ácido glicurônico, sulfato, acetato, glicina e glutamina, cri- ando conjugados mais polares. Indutores enzimáticos (de enzimas hepáticas) aumentam a velocidade de metabolização, sendo o fenobarbital seu principal exemplo. Já os inibidores diminuem essa velocidade. o Quanto maior for a ingesta de álcool, maior será a velocidade da sua metabolização. EXCREÇÃO A droga inalterada ou seu metabólito polar e pouco lipossolúvel sofrem excreção renal, sendo submetidos a processos de filtração glomerular, se- creção tubular e reabsorção tubular. Depuração Renal (DR). É o volume de plasma que contém a quantidade de substância que é re- movida pelo rim na unidade de tempo (min). Ex- pressa a eliminação de um medicamento e é impor- tante para a determinação da dosagem. É a concen- tração urinária multiplicada pela velocidade do fluxo sanguíneo e dividida pela concentração plasmática. Drogas com peso molecular elevado passam por excreção hepática (biliar). Fármacos voláteis sofrem excreção pulmonar, via ar expirado. Compostos al- calinos são excretados pelo leite. 3. FARMACODINÂMICA A farmacodinâmica estuda os mecanismos pe- los quais uma droga atua sobre as funções bioquí- micas ou fisiológicas de um organismo vivo. MECANISMOS DE AÇÃO Drogas estruturalmente inespecíficas Seu efeito farmacológico não decorre direta- mente da estrutura química da molécula da droga sobre um determinado receptor. Provocam mudan- ças nas funções celulares decorrentes de altera- ções nas propriedades físico-químicas. Drogas estruturalmente específicas A ação biológica decorre essencialmente da es- trutura química. O receptor é a molécula-alvo pro- teica com a qual a droga deve combinar-se para produzir seu efeito específico. São proteínas res- ponsivas a substâncias endógenas, como neuro- transmissores, hormônio e autacóides. Sua ligação ao receptor pode ativar enzimas, moléculas trans- portadoras, canais iônicos e ácidos nucleicos. o Tipos de ligações químicas entre droga e re- ceptor: iônica, ponte de hidrogênio, Van der Waals e covalente. Os receptores são considerados integradores de informações extracelulares. A ativação de recepto- res acoplados ao canal iônico modifica a permeabi- lidade da membrana celular a íons específicos. Um outro mecanismo é a via de segundo mensageiro, que são receptores acoplados à proteína G. Ainda outra classe, são receptores não ligados a proteína G, que operam via quinases que se auto-fosforilam e promovem ativação de enzimas. Também há os receptores que regulam a transcrição de DNA, atu- ando como receptores intracelulares, ativado por substancia endógenas. AGONISTAS TOTAIS, PARCIAIS E ANTAGONIS- TAS Receptores ativos produzem maior resposta quando acoplados ao fármaco, porém também a produzem estando avulsos, embora em menor pro- porção. Receptores inativos não produzem res- posta. Na ausência de fármaco, ambos os recepto- res coexistem em equilíbrio. Fármacos possuem mais afinidade por receptores ativos, que geram efeito muito mais intenso na sua presença. o Agonista total: afinidade muito mais alta com o receptor ativo – efeito muito maior. o Agonista parcial: afinidade intermediária com ambos os receptores – efeito parcial. Quando na presença de um total, agem como antago- nistas, por diminuírem sua ação. o Antagonista: liga-se igualmente aos recepto- res ativos e inativos, impedindo a ação dos agonistas. o Agonista inverso: liga-se preferencialmente ao receptor inativo, gerandoefeito inverso – redução da atividade constitutiva. INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS E RECEPTO- RES Os fármacos que alteram a resposta agonista podem ativar o sítio de ligação agonista (A) ou com- petir com o agonista (inibidores competitivos, B), aumentar (C) ou diminuir (D) a resposta do agonista. Ativadores alostéricos podem aumentar a eficácia do agonista ou sua afinidade de ligação, aumen- tando sua eficácia e desviando a curva para a es- querda. O ativador alostérico é uma substância que se comporta como ajudante da ação do agonista, gerando uma resposta mais eficiente. Já o inibidor alostérico é uma substância que se comporta redu- zindo da ação do agonista, gerando uma resposta menos eficiente. o O antialérgico é um inibidor competitivo (ou antagonista) da histamina. Antagonismo Ocorre quando a integração entre duas drogas leva à diminuição ou anulação do efeito de uma de- las. Os tipos de antagonismo são os seguintes: o Farmacológico o Competitivo: uma droga liga-se ao re- ceptor da outra, impedindo sua ação, de maneira reversível ou irreversível. o Não competitivo: não há competição pelo receptor – o antagonista bloqueia em algum ponto a cadeia bioquímica de- sencadeada pelo receptor. o Fisiológico: entre duas substâncias que de- terminam efeitos opostos. o Químico: entre duas substâncias que se neu- tralizam. Sinergismo Ocorre quando o efeito de dois medicamentos ocorre na mesma direção, podendo haver: o Adição: o efeito combinado de dois medica- mentos resulta na soma dos efeitos isolados de cada um deles. Mais comum. o Potenciação: o efeito combinado de dois me- dicamentos é maior que a soma de seus efei- tos isolados. RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA Quanto menor a concentração da dose necessá- ria para desencadear determinado efeito, mais po- tente é essa droga. A potência refere-se à concen- tração de uma droga necessária para produzir 50% do efeito máximo. A eficácia máxima reflete o limite da alteração dose-resposta e depende do modo de interação da droga com o receptor, das características do sis- tema receptor/efetor envolvido e da possibilidade de a droga causar efeito tóxico. Latência é o período de temo decorrido entre a administração da droga e o início do efeito farma- cológico. O índice terapêutico determina a segu- rança da droga, ao relacionar a dose tóxica ou letal com a dose terapêutica ou efetiva. 4. INTRODUÇÃO AO SN O sistema nervoso é dividido em central e perifé- rico, esse último apresenta uma divisão aferente e outra eferente. A eferente divide-se ainda em somá- tico e autônomo, que por sua vez possui três com- ponentes: simpático, parassimpático e entérico. O sistema nervoso central é composto de encé- falo e medula espinhal e age no processamento e integração de informações. O sistema nervoso peri- férico é composto por nervos e gânglios, que atuma na condução de informações entre órgãos recepto- res de estímulos, o SNC e órgão efetuadores, como músculos esquelético, liso e cardíaco, vísceras e glândulas. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO SN Vegetativo, Visceral ou Involuntário Divisão do sistema nervoso que transporta todos os impulsos do SNC para o restante do corpo, regu- lando os processos corpóreos que não estão soba dependência do controle voluntário. Exerce controle sobre a musculatura lisa visceral e vascular, secre- ções exócrinas e algumas endócrinas, frequência e força de contrações cardíacas e alguns processos metabólicos. SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO ORIGEM Tóraco-lombar Crânio-sacral ANATOMIA DA FIBRA Pré curta e pós longa Pré longa e pós curta Nº DE SINAPSES 1:20 1:1 NT GANGLIONAR Acetilcolina Acetilcolina NT DA SINAPSE EFTORA Noradrenalina, adrenalina, acetil- colina e dopamina Acetilcolina RECEPTORES Alfa (1 e 2) e Beta (1 e 2) Nicotínicos e mus- carínicos (1, 2 e 3) SISTEMA Catabólico Anabólico Ação dos neurotransmissores nos receptores o Aumento da permeabilidade ao Na+ e Ca++: PEPS o Aumento seletivo da permeabilidade à ânions, Cl-: PIPS o Aumento da permeabilidade ao K+: PIPS. 5. DROGAS QUE ATUAM NO SNA Os medicamentos que atuam no simpático po- dem ser simpatomiméticos ou simpatolíticos e os que atuam no parassimpático podem ser parassim- patomiméticos e parassimpatolíticos. SIMPATOMIMÉTICOS Podem ser de ação direta ou indireta. Os de ação direta atuam como agonistas em receptores alfa e/ou beta, ao exemplo das catecolaminas e outros medicamentos. Simpatomiméticos de ação indireta podem ou aumentar a liberação de noradrenalina ou diminuir sua captação ou degradação. De Ação Direta Também chamados de agonistas adrenérgicos. As catecolaminas podem ser endógenas ou sintéti- cas. As endógenas são a noradrenalina (receptores alfa e beta), a adrenalina (receptores beta e alfa) e dopamina (receptores d1, beta e alfa). As catecola- minas sintéticas são, por exemplo, o isoproterenol e a dobutamina (receptores beta e alfa). Agonistas de alfa-1. Causam aumento da resis- tência periférica e da pressão arterial. São utilizados no tratamento de hipotensão, congestão respirató- ria e arritmias. Seus efeitos colaterais incluem irrita- ção da mucosa e congestão secundária. Uso como descongestionante respiratório. A parada do remé- dio leva a efeito rebote, com vasodilatação, etc. Agonistas de alfa-2. Causam diminuição da ati- vidade simpática no SNC e predomínio do tônus pa- rassimpático. Isso é explicado por sua ação no cen- tro vasomotor bloquear a liberação de neurotrans- missores, como a noradrenalina. Sua ação perifé- rica gera vasoconstrição e não vasodilatação como a central. Também inibe a liberação de insulina. São utilizados no tratamento de hipertensão sistêmica. Seus efeitos colaterais incluem hipertensão fugaz após administração intravenosa e sedação. Agonistas de beta-2. Causam vasodilatação e diminuição da pressão arterial. São utilizados no tratamento de asma e em trabalhos de parto pre- maturos. Seus efeitos colaterais incluem taquicar- dia por queda da pressão arterial, tremores, agita- ção, ansiedade e arritmias. Causam tolerância. De Ação Indireta São drogas que aumentam a liberação de nora- drenalina, reduzem sua captação ou diminuem sua degradação. São exemplos a efedrina, a anfetamina, a tiramina, o IMAO e antidepressivos tricíclicos. SIMPATOLÍTICOS De Ação Direta Também chamados de antagonistas adrenérgi- cos. Eles reduzem a atividade nervosa simpática por bloquear os receptores adrenérgicos. Antagonistas alfa adrenérgicos não seletivos (alfa 1 e 2). Causam diminuição da pressão arterial e aumento do débito cardíaco de frequência cardí- aca, pelo aumento da liberação de noradrenalina de- vido ao bloqueio de alfa-2 pré-sináptico. São utiliza- dos no tratamento de espasmos vasculares, feocro- mocitoma, hipertensão pulmonar persistente do re- cém-nascido. Antagonistas seletivos alfa-1 adrenérgicos. Causam diminuição da pressão arterial sem au- mento do débito cardíaco de frequência cardíaca, pois não há bloqueio de alfa-2 pré-sináptico. São utilizados no tratamento de hipertensão sistêmica primária e hipertensão prostática. Antagonistas beta-1 adrenérgicos. Causam di- minuição do consumo de oxigênio, diminuição do débito cardíaco e da PA inicialmente, com posterior estabilização e redução da liberação de renina (me- diada por beta-1 renal). Possuem efeito cronotró- pico e inotrópico negativo. São utilizados no trata- mento de arritmias cardíacas, angina, infarto do mi- ocárdio e glaucoma. De Ação Indireta São drogas que bloqueiam neurônios adrenérgi- cos ou depletam catecolaminas. PARASSIMPATOMIMÉTICOS Podem ser de ação direta ou indireta. Os de ação direta atuam como agonistas em receptores mus- carínicos ou em receptores nicotínicos. Parassim- patomiméticos de ação indireta são anticolinesterá- sicos. Agonistas colinérgicos Os de receptoresmuscarínicos são ésteres da colina, como a acetilcolina, ou outros tipos de medi- camentos, como a muscarina. São melhores para crianças e idosos. No olho, os agonistas colinérgicos agem produ- zindo miose, espasmo de acomodação e diminui- ção da pressão intraocular. No trato gastrointesti- nal, leva a aumento de secreções, aumento do pe- ristaltismo e relaxamento dos esfíncteres. Na be- xiga, há aumento do tônus muscular e relaxamento dos esfíncteres. No parelho cardiovascular, leva à bradicardia e à vasodilatação e consequente queda da pressão arterial. No aparelho respiratório, causa constrição brônquica e aumento de secreções. São utilizados no tratamento de glaucoma, para produzir miose durante uma cirurgia ocular, para estimular a produção lacrimal, para aumentar a mo- tilidade do TGI, para realizar o teste de hiper-reativi- dade brônquica e para atenuar a retenção urinária após anestesia. Seus efeitos colaterais consistem na exacerba- ção da atividade parassimpática: sudorese, cólicas abdominais, dificuldade de acomodação visual e aumento de secreções (salivar, lacrimal, brônquica). Seu uso é contraindicado em casos de obstrução in- testinal ou urinária, em portadores de arma, em ca- sos de insuficiência cardíaca, úlcera péptica ou gra- videz. Anticolinesterásicos Agem por bloqueio reversível ou irreversível da enzima acetilcolina esterase (AchE), responsável pela inativação da acetilcolina. Seus efeitos farma- cológicos são aqueles produzidos pela acetilcolina: o Contração de músculos lisos e de músculos esqueléticos o Relaxamento de esfíncteres o Bradicardia o Aumento de secreções (salivar, lacrimal, su- dorese) São utilizados no tratamento de glaucoma, mi- astenia grave, reversão do bloqueio neuromuscular, íleo paralítico, atonia de bexiga e intoxicação por drogas antimuscarínicas. Também são utilizados como antiparasitários (organofosforados). A intoxicação por organofosforados leva à sinais de exacerbação dos efeitos causados pela acetilco- lina, ou seja, há aumento de secreções, tremores musculares, bradicardia, defecação, micção e con- vulsão. O tratamento é feito via atropina e pralido- xima, um reativador da enzima AchE. A pralidoxima deve ser usada precocemente, antes do envelheci- mento da enzima. Não atravessa a barreira hema- toencefálica, não revertendo as ações centrais. PARASSIMPATOLÍTICOS São antagonistas colinérgicos, podendo ser an- timuscarínicos ou antinicotínicos. Os antinicotínicos ainda são separados em bloqueadores gangliona- res e bloqueadores neuromusculares. Antimuscarínicos Existem 5 tipos de receptores muscarínicos. M1 está presente em neurônios do SNC, em células pós-ganglionares parassimpáticas e nos sítios pré- sinápticos. M2 está presente no miocárdio, em ór- gãos dotados de musculatura lisa e nos sítios neu- ronais. M3 está presente em membranas de células efetoras ganglionares e nos músculos lisos. M4 e M5 encontram-se apenas no SNC. Os antimuscarí- nicos podem ser naturais, como a atropina, ou sin- téticos, como a homatropina. No SNC, causam sonolência, amnésia e fadiga. Doses tóxicas causam efeitos excitatórios. Tam- bém são utilizados na prevenção ou reversão dos transtornos vestibulares na cinetose. Causam au- mento da frequência cardíaca ao agirem no sistema cardiovascular. No olho, gera midríase, cicloplegia1 e redução da secreção de lágrimas. No TGI, causam diminuição da motilidade, dimi- nuição acentuada da secreção salivar e redução parcial da secreção gástrica. No trato respiratório, acarretam em diminuição das secreções brônqui- cas e broncodilatação. No TGU, leva ao relaxamento dos músculos lisos dos ureteres e da bexiga. Não possuem efeitos significativos sobre a musculatura lisa uterina. Agem sobre as glândulas sudoríparas pela supressão da sudorese termorreguladora, cau- sando febre atropínica. A atropina é utilizada como medicação pré- anestésica, pois leva à diminuição de secreções e de obstrução de vias aéreas, inibição da broncocons- trição reflexa e diminuição da motilidade do TGI. Também controla a bradicardia, porém aumenta os riscos de retenção urinária e hipomotilidade intesti- nal pós-cirúrgicos. São usados no tratamento de distúrbios do trato gastrointestinal caracterizados por hipermotilidade, de cinetose e de mal de Parkinson. Outros usos: o Olho: o Exame oftalmoscópico (cicloplegia e midríase) 1 Enfraquecimento da contração do músculo ciliar que leva a perda da capacidade de acomodação visual. o Prevenir formação de senéquias (aderências) na uveíte e irite. o Tratamento de distúrbios urinários o Alívio sintomático no tratamento da urgência urinária causada por infla- mações leves (não dispensa o uso de terapia antimicrobiana especí- fica) o Tratamento de bexiga hiperativa o Tratamento de asma o Tratamento de intoxicação colinér- gica São efeitos colaterais dos antimuscarínicos boca seca (acompanhada de dificuldade de degluti- ção), aumento da frequência cardíaca, visão turva, redução da motilidade do TGI e retenção urinária. A intoxicação por atropina causa boca seca, sede, ressecamento das mucosas, midríase, pele quente e avermelhada (febre atropínica), inquieta- ção, excitação e confusão. Com doses maiores, pode haver colapso circulatório. O tratamento é re- alizado com anticolinesterásico. 6. SEDATIVOS E HIPNÓTICOS TRANQUILIZANTES MENORES Também são conhecidos como ansiolíticos e sedativos. São classificados em benzodiazepínicos, hipnóticos mais recentes (eszopiclona, zaleplona e zolpidem) e buspirona. Reduzem ansiedade, cau- sam sedação, hipnose e relaxamento muscular e possuem efeito anticonvulsivante. Durante o efeito do fármaco, ocorre amnésia anterógrada. São classificados ainda pelo tempo de ação, po- dendo ser de ação ultracurta (menos de 6 horas), curta (12 a 18 horas), média (24 horas) e longa (24 a 48 horas). Mecanismo de Ação Receptor GABAA é um receptor inibitório ionotró- pico que abre canais de cloreto, permitindo o influxo deste íon. Sua importância fisiológica é que está presente em mais de 90% das sinapses inibitórias, principalmente encefálicas, e sua resposta é extre- mamente rápida. Os benzodiazepínicos são agonis- tas de sítios específicos nos receptores GABAA e au- mentam a afinidade do GABA pelo receptor. Benzodiazepínicos Administração via oral, intramuscular e intrave- nosa. São medicamentos que são amplamente dis- tribuídos. Possuem biotransformação hepática, onde eles sofrem dealquilação, hidroxilação e con- jugação. Sua excreção é renal, via sua conversão em glicuronídeos. Pode causar efeitos colaterais como ataxia, so- nolência e confusão, bem como tolerância e depen- dência. O flumazenil é um antagonista de benzodia- zepínicos. 1. Ação Ansiolítica: Grande afinidade dos re- ceptores de benzodiazepínicos na amigdala. 2. Ação Sedativa: Atuação na formação reticu- lar – diminuição da atenção. 3. Ação Hipnótica: Ativação de circuitos inibitó- rios da vigília. 4. Ação Relaxante Muscular: Inibição do neurô- nio motor alfa na medula espinhal. Modula- ção da contração muscular no neurônio mo- tor alfa da medula espinhal, não é tão efici- ente quanto o bloqueio de receptores nicotí- nicos. Por isso tem-se um efeito relaxante mais leve. Buspirona É uma droga agonista de receptores serotonér- gicos 5-HT1A – ligam-se a receptores pré-sinápti- cos. Enquanto os benzodiazepínicos agem no GA- BAA, a buspirona age no sistema modulatório sero- toninérgico favorecendo a liberação de serotonina. A buspirona ativa esse receptor e sua ativação constante dessensibiliza o receptor e, com isso, au- menta a liberação de serotonina a longo prazo. É eficaz no controle da ansiedade e da depres- são, todavia, não possui efeito anticonvulsivante. Não produz sedação ou dependência.Não causa efeito miorrelaxante, sedativo, nem comprometi- mento da vigília. Pode causar efeitos colaterais como ataxia, so- nolência e confusão, bem como tolerância e depen- dência. O flumazenil é um antagonista de benzodia- zepínicos. BARBITÚRICOS Os barbitúricos, ou derivados do ácido barbitú- rico, são produzidos através da condensação de de- rivados do ácido malônico e da ureia. Eles ligam-se ao receptor GABAA e aumentam o tempo de aber- tura dos canais de cloro, potencializando a atividade gabaérgica. Sua ação também reduz a condutância aos íons sódio, cálcio e potássio. Sofre redistribui- ção e indução enzimática. Pode causar tolerância e dependência. O tiopental é utilizado na indução de anestesia geral. O secobarbital é utilizado no tratamento de in- sônia e o fenobarbital em tratamento de crises con- vulsivas. Os efeitos colaterais ocorrem por extensão dos efeitos depressores sobre o SNC: sedação e alívio da ansiedade, amnésia, hipnose, anestesia, coma e depressão respiratória. RAMELTEONA Medicamento agonista dos receptores da melo- tonina MT1 e MT2 no SNC. Utilizado no tratamento de insônia. Pode causar tontura, fadiga e alterações endócrinas. ANTICONVULSIVANTES São medicamentos usados em pacientes que apresentam convulsões ou alterações cerebrais (agressividade, síndrome cerebral, entre outras). Define-se convulsão como a mudança súbita de comportamento provocada pelo excesso de ativi- dade elétrica no cérebro. Dependendo da região ce- rebral afetada, há uma grande variedade de sinto- mas em uma crise convulsiva, tais como desmaios, movimentos espasmódicos e tremores corporais. A epilepsia há a recorrência das crises convulsivas. A maior parte das causas das crises convulsivas é desconhecida. Elas podem ser ocasionadas por distúrbios metabólicos (hipoglicemia), distúrbios eletrolíticos (cálcio, magnésio ou sódio), diminuição da oxigenação cerebral (afogamento ou asfixia), he- morragias ou tumores cerebrais, trauma craniano, AVC, infecções cerebrais, abstinência ao álcool, fe- bre alta (especialmente em crianças), consumo de drogas (cocaína e outros estimulantes do SNC), in- toxicações e epilepsia. CRISES TIPOS CARACTERÍSTICAS GENERALIZADAS associadas à epi- lepsia idiopática, distúrbios meta- bólicos e tóxicos. Brandas Consciência, aura epilé- tica, alterações motoras, sialorréia, vômito. 1 a 10 min – até 1h. Severas Perda de consciência, contração mandibular e musculares tônicoclôni- cas dos membros, pes- coço e face, vocalização e feitos parassimpáticos. 1min a 1h. PARCIAIS L. frontal: fo- cal motora Contração muscular lado oposto ao do lobo frontal afetado. L. temporal: psicomotora Desorientação, agressivi- dade L. temporal ou occipital: psí- quica Alucinações L. parietal: au- tomutilação Automutilação esporá- dica de alguma região do corpo Convulsão do sistema lím- bico ou hipo- talâmica Vômitos e diarreia crô- nica Com generalização secundária OUTRAS Ausência Perda transitória e rápida da consciência Convulsões mioclônicas Contrações breves e re- pentinas de um ou mais músculos Convulsões clônicas Movimentos involuntá- rios Convulsões tônicas Aumento do tônus da musculatura esquelética Fenobarbital Farmacocinética. Quando administrada por via oral, alcança concentração sanguínea máxima entre 6 e 8 horas, quando intramuscular em cerca de 1h30. Possui metabolização hepática, em p-hidroxi- fenílico, com indução enzimática. Sua excreção é re- nal, via sua conversão em glicuronídeos. Indicações: uso no tratamento preventivo de convulsões generalizadas e focais. Efeitos colate- rais: sedação, hipereatividade paradoxal e hepato- patia. Primidona Farmacocinética. Quando administrada por via oral, alcança concentração sanguínea máxima entre 3 e 10 horas. Possui metabolização hepática, sendo convertido em fenobarbital e feniletilmalonamida. Logo, sua ação é realizada pelo fenobarbital e não pela substância em si. Sua excreção é renal, por ex- creção de seu metabólito conjugado ao ácido glicu- rônico. Indicações: uso no tratamento preventivo de convulsões generalizadas e focais. Efeitos colate- rais: sedação, hipereatividade paradoxal e hepato- patia. Fenitoína Farmacocinética. Quando administrada por via oral, alcança concentração sanguínea máxima em cerca de 3 horas. Possui metabolização hepática, em p-hidroxifenílico. Sua excreção é renal, por ex- creção de seu metabólito conjugado ao ácido glicu- rônico. Mecanismo de ação: diminui o influxo de sódio em células excitáveis (neurônios e músculo cardí- aco). Indicações: uso no tratamento do status epi- lepticus, convulsões generalizadas e focais. Efeitos colaterais: hepatotoxicidade, anemia e hiperplasia gengival. Carbamazepina Farmacocinética. Quando administrada por via oral, alcança concentração sanguínea máxima em cerca de 3 horas. Possui metabolização hepática, em p-hidroxifenílico. Sua excreção é renal, por ex- creção de seu metabólito conjugado ao ácido glicu- rônico. Mecanismo de ação: diminui o influxo de sódio em células excitáveis (neurônios e músculo cardí- aco) e inibe descargas de alta frequência do foco convulsivo e adjacências. Indicações: uso no trata- mento do status epilepticus, convulsões generaliza- das e focais. Efeitos colaterais: sedação, vômito e hepatopatia. Etossuximida Possui espectro de ação anticonvulsivante res- trito. Mecanismo de ação: bloqueio dos canais de cálcio, com consequente inibição do circuito tá- lamo-cortical, que está intimamente relacionado à geração das crises de ausência. Indicações: uso no tratamento de crises de au- sência em pacientes com 3 anos de idade ou mais e tratamento adjuvante de certos tipos de epilepsias mioclônicas. Valproato Farmacocinética. Quando administrada por via oral, alcança concentração sanguínea máxima entre 1 a 4 horas. Possui metabolização hepática, em ácido-2-propil-2-pentenóico (ativo). Sua excreção é renal, por excreção de seu metabólito conjugado ao ácido glicurônico. Mecanismo de ação: interação com canais de sódio voltagem-dependente, aumento de GABA. In- dicações: tratamento de convulsões generalizadas e focais e crises de ausência. Efeitos colaterais: se- dação e hepatopatia. BENZODIAZEPÍNICOS COM EFEITO ANTICONVULSIVANTE FÁRMACO METABOLISMO INDICAÇÃO Diazepam N-desmetildiazepam Oxazepam Status Epilepticus Crises generalizada focal, mioclônica e ausência Clonazepam Inativos Clorazepato N-desmetildiazepam O sucesso da terapia com anticonvulsivantes depende do tipo de convulsão, do uso da posologia adequada e da presença ou não de doenças pro- gressivas, metabólicas e desequilíbrios eletrolíticos. Ocorre indução enzimática com as drogas difenilhi- dantoína e fenobarbital. 7. TRANQUILIZANTES MAIORES Também chamados de neurolépticos – reduzem a atividade nervosa (-léptico) – antipsicóticos, ata- ráxicos e psicolépiticos. Atuam bloqueando recep- tores dopaminérgicos pré e pós-sinápticos. Tam- bém têm a capacidade de bloquear receptores peri- féricos alfa-adrenérgicos, mas é um efeito colateral, não seu objetivo. Buscam impedir a ação excessiva da dopamina, característica de certos distúrbios neurológicos. Efeitos farmacológicos: redução da atividade motora espontânea e da agressividade. Também são úteis para agir como antieméticos – evitar vô- mitos, devido sua relação com a dopamina. Bloqueio dopaminérgico no sistema mesocorti- cal produz atividade antipsicótica, atividade primá- ria dessas drogas. No sistema nigroestriatal, leva à síndrome extrapiramidal, semelhante às síndromes parkinsonianas pela diminuição da dopamina (tônus parassimpático se instala). No sistema tube- roinfundibular, leva à hipersecreção de prolactina e à baixa secreção de neurohormônios hipotalâmicos, tais quais TSH, ACTH, LH, FSH e ADH. Tudo que ocorre fora domesocórtex caracteriza-se como efeito colateral desses medicamentos. o Típicos: possuem efeitos extrapiramidais acentuados. o Atípicos: possuem menos efeitos extrapira- midais, são mais novos e possuem mais es- pecificidade pelos receptores dopaminérgi- cos do mesocórtex. EFEITOS COLATERAIS Depressão bulbar, levando à depressão dos cen- tros respiratório e cardiovascular. Bloqueio de re- ceptores noradrenérgicos e serotoninérgicos cen- trais. Bloqueio muito significativo de receptores alfa-1 adrenérgico periférico, causando vasodilata- ção e queda de pressão arterial. Bloqueio de recep- tores H1 histaminérgicos. Bloqueio de receptores muscarínicos. INDICAÇÕES CLÍNICAS Uso como antipsicótico, medicação pré-anesté- sica (início do processo de sedação) e antieméticos. Também útil na neuroleptoanalgesia, em associa- ção com opioides, que causam hipnose combinada à diminuição da agressividade pelo neuroléptico. CONTRAINDICAÇÕES Quando associado à adrenalina, uma vez que re- alizam o bloqueio de receptores alfa-1 adrenérgicos, possuindo ação contrária à dela. Em associação com anestésicos epidurais, por causa da hipoten- são pronunciada. Na epilepsia, por reduzir o limiar convulsivo. 8. HIPOANALGÉSICOS Analgésicos narcóticos ou fortes, divididos em opiáceos (extração natural – alcaloides do ópio) e opioides (naturais, semissintéticas e sintéticas). Ação diferente causada pelos anti-inflamatórios normais, causa analgesia potente, suficiente para tratamento de dores viscerais. Seu uso excessivo leva à depressão respiratória. Mais seguros para uso clínico são: o Morfina (1806 – Frederick Setürner) o Codeína (1832 – Robiquet): atividade anti- tussígena em pequenas doses. o Papaverina (1848 – Merck): atividade sobre os músculos lisos, sobretudo sobre o TGI e bexiga, tratamento de cólicas. Existem 24 alcaloides do ópio, sendo divididos em: a. Derivados fenantrênicos: morfina (10%), co- deína (0,5%) e tebaína (0,2%). b. Derivados benzilisoquinolínicos: papaverina (1,0%) e noscapina (6,0%). Substâncias semissintéticas (modificações da estrutura química da morfina): hidromorfona, hero- ína, dionina, dilaudid, etorfina (mil vezes mais po- tente que a morfina), metopon. Substância sintéticas: meperidina, fentanil (cem vezes mais potente que a morfina), levorfanol, metadona, pentazocina, propoxifeno. Receptores mais estudados: o Receptor mu: analgesia supra-espinhal, depressão respiratória, euforia e dependên- cia física. o Receptor kappa: analgesia medular, miose (intoxicação por morfina), sedação, disforia. o Receptor delta: analgesia espinhal, depres- são respiratória, redução da motilidade gástrica. Receptores descobertos mais recentemente: o Receptor sigma: efeito euforizante, tam- bém estimulado por quetamina, justifi- cando seu efeito disfórico. o Receptor épsilon: benefícios causados por opioides, principalmente pela ação das en- cefalinas e endorfinas (beta-endorfina e di- norfina) – bem-estar e tranquilização. MECANISMO DE AÇÃO Causam a hiperpolarização pela abertura de ca- nais de potássio, inibição pré-sináptica da liberação de neurotransmissores pela inibição da abertura de canais de cálcio e redução de AMPc pela inibição de atividade da Adenil-ciclase. FARMACOCINÉTICA A morfina pode ser administrada via subcutânea, intramuscular, espinhal, intravenosa e oral, na qual sofre efeito de primeira passagem. Possui distribui- ção ampla. Sofre biotransformação por conjugação com glicuronídeos. Excreção é feita 90% através da urina. EFEITOS FARMACOLÓGICOS Analgesia, sedação (homem, macaco e cão), ex- citação (gatos, etc.) e efeito antitussígeno (codeína). EFEITOS COLATERAIS Depressão respiratória, náuseas e vômito em cães (apomorfina – agonista dopaminérgico), cons- tipação intestinal, efeitos hormonais ligados ao uso crônico (aumento da secreção de HDA, redução da secreção de GnRH, FSH e LT, aumento da secreção de prolactina), bem como desenvolvimento de tole- rância e dependente. Outros efeitos colaterais incluem: miose, hipo- termia e liberação de histamina (consequentes urti- cárias, broncoconstrição e hipotensão). USOS TERAPÊUTICOS Utilizada no alívio da dor severa e como medica- ção pré-anestésica, no trans e pós-operatório. Também é administrada como anestésico e na neu- roleptoanalgesia (sedação e analgesia sem perda de consciência). ANTAGONISTAS DOS OPIOIDES o Naloxona: uso intravenoso causa efeito imediato com duração de 1 hora. o Nalorfina e levalorfano: agonista parcial, cujo uso intravenoso causa efeito imediato, usado para combater a depressão respira- tória causada pelos opioides. o Naltrexona: bloqueia o efeito euforizante causado pelos opioides. 9. ANESTESIA GERAL Associação de fármacos para obter analgesia central balanceada, com efeitos farmacológicos marcantes e efeitos colaterais evitados. Visa causa hipnose (fazer paciente dormir), boa analgesia (do- res viscerais), ausência de respostas autonômicas e relaxamento muscular. Existem diferentes estágios da analgesia: 1. Analgesia 2. Delírio: evitado por associação de fármacos 3. Anestesia cirúrgica: 1º, 2º, 3º e 4º plano 4. Paralisia respiratória ANESTÉSICOS GERAIS INALATÓRIOS Importantes por terem sido muito utilizados no passado, as primeiras substâncias utilizadas pos- suíam muito mais efeitos tóxicos do que farmaco- lógicos – sobrevida do paciente não era garantida. a. Óxido nitroso: ainda utilizado, mas em asso- ciação a drogas mais modernas. b. Éter, clorofórmio, ciclopropano, metoxifluo- rano: potencialmente tóxicos – NO em me- nor escala –, causam fácil depressão respi- ratória e a dose farmacológica é próxima da tóxica. c. Halotano, isofluorano, enfluorano, desfluo- rano e sevofluorano: obtidos a partir de 1950 – anestésicos inalatórios halogenados. Des- vantagem é a necessidade de aporte mate- rial para serem ministrado. Via de adminis- tração: via inalatória. Bastante utilizados para a manutenção da anestesia geral (intra- venoso). Classificação Inorgânicos: óxido nitroso (associado com halogenado) Orgânicos o Líquidos voláteis Halogenados Não halogenados o Gasosos Anestésico Inalatório Ideal Não existe anestésico geral ideal. Porém não deve ser inflamável nem explosivo, deve ter estabili- dade química e ser preferencialmente líquido e ter odor agradável. Devem promover rápida indução e recuperação anestésica e não ser irritantes para os tecidos. É preferível que provoquem analgesia associada a relaxamento muscular e que não causem depres- são respiratória ou convulsão. É melhor se forem sem toxicidade cardíaca, renal e hepática. Concentração Alveolar Mínima CAM ou DA50 é a concentração alveolar mínima, a uma atmosfera de pressão, que imobiliza 50% dos pacientes submetidos a estímulos dolorosos como os de uma incisão cirúrgica. A concentração alveolar mínima expandida (CAMBAR ou DA95) equivale de 1,3 a 1,5 da DA50. Cor- responde à concentração alveolar mínima que blo- queia as respostas autonômicas de 95% dos paci- entes à intubação traqueal ou à incisão cirúrgica. A concentração alveolar mínima de despertar (CAMdespertar ou CAMacordado) é metade da DA50. Cor- responde à concentração alveolar mínima em que 50% dos pacientes despertam. Etapas 1. Inalação 2. Captação: depende da concentração inspi- rada, do coeficiente de partição borra- cha/gás e da ventilação. 3. Distribuição: depende da solubilidade no sangue (deve ser hidrossolúvel), da solubili- dade nos tecidos (deve ser lipossolúvel) e do débito cardíaco (ritmo de distribuição). 4. Anestesia: farmacodinâmica. 5. Eliminação: pelo ar expirado e por vezes em secreções. Mecanismo de Ação Se sabe muito pouco sobre. Teorias clássicas: li- possolubilidade, adsorção, coloidal e permeabili- dade capilar. Teorias modernas: físicas (hidratos), bioquímicas(consumo de oxigênio) e expansão das membranas. Coeficientes de Partição ou Solubilidade Influenciam na captação, distribuição e elimina- ção do agente no organismo. Refletem a proporção do anestésico que é encontrado em dois meios dis- tintos após ter ocorrido o equilíbrio. Quanto maior o coeficiente partição/sangue, maior tempo de indução e recuperação, devido a sua dificuldade de deixar o sangue em direção aos tecidos na distribuição e do sangue para o ar expi- rado na eliminação. Quanto maior o coeficiente partição/gordura, menor o tempo de indução, porém maior é o de re- cuperação (difícil eliminação). Anestésico fica muito dissolvido na gordura, o que faz com que haja libe- ração lenta para a corrente sanguínea e conse- quente eliminação tardia do fármaco. Quanto maior o coeficiente partição/borracha, maior o tempo de indução, pois o anestésico é ab- sorvido pela borracha (não interfere no tempo de re- cuperação). ANESTÉSICOS INTRAVENOSOS São fármacos que produzem anestesia geral quando administrados pela via intravenosa. São barbitúricos, compostos imidazólicos, alquil-fenóis e derivados da fenciclidina. Barbitúricos Tiopental é utilizado em anestesia geral. Obti- dos a partir de alterações na estrutura do ácido bar- bitúrico, composto por ácido malônico e ureia. Tio- barbitúricos possuem enxofre – indução de aneste- sia geral, duração de ação ultracurta, administrado somente via intravenosa, latência de 15 a 30 segun- dos (muito lipossolúveis, chegam rapidamente ao sistema nervoso central) e tempo de anestesia/du- ração do efeito de 10 a 20 minutos. Não podem ser usadas altas doses, por lentificar a recuperação de- vido à sua concentração nos tecidos gordurosos. Farmacocinética. São administrados via IV e possuem pH alto, pois são sais sódicos de ácido barbitúrico. Uma dose maciça leva a rápida admi- nistração e consequente rápida recuperação, já do- ses repetidas levam a um efeito acumulativo. A re- distribuição em tecido não nervoso (magros) justi- fica sua ação ultracurta e a redistribuição em teci- dos gordurosos justifica seu efeito sedativo resi- dual, não sendo recomendada sua repetição de uso. Mecanismo de ação. Potencializam a capaci- dade do GABA em aumentar a condutância ao íon cloreto e reduz a condutância ao sódio, potássio e cloro. Compostos Imidazólicos Representados pelo etomidato. Considerados sedativos e hipnóticos, porém sem atividade anal- gésica, por isso associados a analgésicos locais. Possui rápido início de ação e curto período de re- cuperação. Seu efeito dura de 10 a 15 minutos e não possui efeito acumulativo. Ligam-se à albumina e possuem excreção urinária. Mecanismo de ação. Modulam a função do GABA, prolongam o tempo de abertura dos canais de cloro e aumentam a disponibilidade de recepto- res GABA por deslocamento de inibidores endóge- nos. Usados como anestésico intravenoso de elei- ção para pacientes cardiopatas. Propofol Apresenta-se na forma de emulsão fluida de óleo em água, na concentração de 10mg/ml. Apresenta taxa de 98% de ligação às proteínas plasmáticas. Após sua abertura, deve ser utilizado em no máximo 6 horas. Possui indução e recuperação satisfatórias. Au- sência de excitação com medicação pré-anesté- sica. Causa dor à injeção, mas não gera lesão teci- dual se aplicada fora do vaso. Sofre glicuronização e sulfonização em sua biotransformação. É um anestésico intravenoso de curta duração sem efeito analgésico. Utilizado na indução e manu- tenção da anestesia em infusão contínua. Mecanismo de ação. Sabe-se que potencializa o efeito do GABA, porém o mecanismo exato ainda é desconhecido. Derivados da Fenciclidina Representados pela cetamina. São fármacos que produzem anestesia dissociativa, caracterizada por alucinações, ilusões, perda de noção da reali- dade e de si mesmo, desaceleração do tempo, es- tado de sonho e percepções extracorporais. Mecanismo de ação. Bloqueiam receptores muscarínicos nos neurônios centrais. Potenciali- zam os efeitos inibitórios do GABA. Aumentam a concentração cerebral de dopamina, serotonina e noradrenalina, possivelmente por bloqueio de suas captações. Causam aumento da atividade motora e hipertonicidade muscular. São excelentes analgési- cos, mas necessitam de associação a relaxantes musculares. São agonistas de receptores opioides sigma, o que gera reações de disforia. Realizam bloqueio de receptores do tipo N-metil-D-aspartato, fato que lhes propicia propriedade analgésica mesmo com doses subanestésicas e efeito anestésico com do- ses maiores. POR EDUARDA LINS CONTRIBUIÇÃO DE FERNANDO LEMOS PS: aceito agradecimentos em forma de choco- late e resumos de fisiologia.
Compartilhar