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RESPONSABILIDADE CIVIL QUESTÕES SOBRE ATO ILÍCITO 1) Fabíola, na tentativa de evitar um atropelamento, realiza uma manobra arriscada e atinge um muro de uma casa causando graves prejuízos. Quanto a situação acima é correto afirmar: A) Responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade; B) Responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa; C) Praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano; D) Nenhuma das alternativas. E) Não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade; Explicação: Ele responderá pelo dano. Mesmo que o ato tenha sido causado por estado de necessidade para evitar um atropelamento, o que descaracterizaria o ato como ilícito. Como podemos ver no artigo 186, do Código Civil. Art. 188: “Não constituem atos ilícitos: I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido. II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.” Apesar de se tratar de um caso que não se configura o caso ilícito para respondermos de forma assertiva a questão, devemos observar o artigo 929 do Código Civil. (Grifamos) Art. 929, CC: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.” Ou seja, mesmo Fabiola não praticando o ato ilícito por se tratar de estado de defesa, deverá responder pelo prejuízo causado ao dono do muro. Porém ela terá direito a reparação! conforme expõe o artigo 930 do Código Civil. Art. 930, CC: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único; A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano(art. 188, inciso I) RESPOSTA CERTA → LETRA A 2) Joana deu seu carro a Lúcia, em comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o veículo. Dois dias depois, uma forte tempestade danificou a lanterna e o parachoque dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse pelos danos causados ao veículo. A) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois foram decorrentes de força maior. B) Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo, salvo se provar que os mesmos ocorreram ainda que tivesse adimplido sua prestação no termo ajustado. C) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial ou extrajudicialmente. D) Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não cumpriu sua prestação no termo ajustado, o que inutilizou a prestação para Joana. E) Não há de se falar em responsabilidade civil no caso em tela. Explicação: Como o prazo estabelecido no contrato para devolver o veículo estava vencido, podemos afirmar que Lúcia estava em mora. Trata-se da mora do devedor ex re, pois decorre do estabelecido em contrato. Sendo a obrigação positiva e líquida, com data fixada para o cumprimento, ou inadimplemento implica em mora de forma automática, sem necessidade de qualquer providência do credor (mora de pleno direito, art. 397, caput, CC). É o que a doutrina chama de dies interpellat pro homine, ou seja, o termo (a data certa) interpela em lugar do homem (credor). Estando o devedor em mora, ele responde ainda que a impossibilidade para o cumprimento posterior resulte de caso fortuito ou força maior (tempestade). A única forma de isenção de culpa seria provar que o dano ocorreria, ainda que a obrigação fosse cumprida oportunamente. É o que determina o art. 399, CC: O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviveria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.” RESPOSTA CERTA → LETRA B 3) (TRT /1ª REGIÃO/ 2013) - O motorista de um automóvel de passeio trafegava na contramão de direção de uma avenida quando colidiu com uma ambulância estadual que transitava na mão regular da via, em alta velocidade porque acionada para atender uma ocorrência. A responsabilidade civil do acidente deve ser imputada: A) ao civil que conduzia o veículo e invadiu a contramão, dando causa ao acidente, não havendo nexo de causalidade para ensejar a responsabilidade do Estado. B) tanto ao civil quanto ao Estado, sob a responsabilidade subjetiva, em razão de culpa concorrente. C) ao civil que conduzia o veículo, que responde sob a modalidade objetiva no que concerne aos danos apurados na viatura estadual. D) ao Estado, sob a modalidade subjetiva, devendo ser comprovada a culpa do motorista da ambulância. E) ao Estado, uma vez que um veículo estadual (ambulância) estava envolvido no acidente, o que enseja a responsabilidade objetiva. Explicação: Uma questão relativamente fácil, neste caso a culpa será do civil que assumiu o risco de causar um acidente andando na contramão, pois o caso não traz qualquer elemento que possamos entender que não houve culpa ou dolo na atitude. Por isso, devemos entender que o civil assumiu o risco de causar um acidente andando na contramão então seria culpa exclusiva dele. Atenção: O caso traz a informação que a ambulância estava em alta velocidade, para confundir na hora da resposta, porém não há que se falar em culpa por parte do Estado. Porque apesar da ambulância está em alta velocidade, estaria em atendimento, e mesmo assim, o caso diz que está em alta velocidade porém não diz que esta foi a causa, ou que estava em velocidade acima do permitido, única informação de fato que temos é que o civil estava na contramão, com isso concluímos QUE NÃO HÁ NEXO CAUSAL por parte do Estado, e que seria culpa exclusiva do civil. RESPOSTA CERTA → LETRA A 4) (III EXAME UNIFICADO/2010- adaptada) - Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto afirmar que Ricardo: A) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa. B) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano. C) não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. D) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade. E) praticou um ato ilícito e não deverá reparar o dano, pois houve um fortuito externo. Explicação: A explicação é a mesma aplicada na questão nº 1. 5) O instituto da Responsabilidade Civil está associado à regra geral de que ninguém poderá lesar, prejudicar a outrem, e, caso que isso ocorra a violação da norma, ou seja, o acontecimento de um ato ilícito, deverá o violador do direito de outrem ser obrigado pelo Estado-juiz a reparar ou indenizar os danos sofridos pela vítima. Essa conduta, o ato ilícito, pode ser caracterizado por ato ilícito, gênero e ato ilícito espécie. O ato ilícito gênero também é conhecido como: A) Ato ilícito por omissão. B) Ato ilícito voluntário. C) Ato ilícito por imprudência. D) Ato ilícito puro. E) Ato ilícito equiparado. Explicação: Ato ilícito gênero (ou puro) - art. 186 da Lei 10.406 de 2002: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. - Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comissiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem.” RESPOSTA CERTA → LETRA D 6) XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parouseu veículo pouco antes da faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. A) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo B) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causados deve ser repartida entre todos os envolvidos. C) Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa. D) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo. Explicação: Tatiana terá que indenizar porque deu causa ao evento danoso. Ao se distrair na direção não observou que os carros estavam parados por conta do sinal vermelho. RESPOSTA CERTA → LETRA A 7) (PREF. TERESINA/PI 2010 - FCC) - Para o legislador civil, o abuso do direito é um ato: A) ilícito abstratamente, mas que não implica dever indenizatório moral. B) lícito, embora possa gerar a nulidade de cláusulas contratuais em relações consumeristas. C) ilícito, necessitado da prova má-fé do agente para sua caracterização. D) lícito, embora ilegal na aparência. E) ilícito objetivo, caracterizado pelo desvio de sua finalidade social ou econômica ou contrário à boa-fé e aos bons costumes. Explicação: Sílvio de Salvo Venosa ensina que juridicamente, abuso de direito pode ser entendido como fato de usar de um poder, de uma faculdade, de um direito ou mesmo de uma coisa, além do razoavelmente o Direito e a Sociedade permitem. O titular de prerrogativa jurídica, de direito subjetivo, que atua de modo tal que sua conduta contrária à boa-fé, a moral, os bons costumes, os fins econômicos e sociais da norma, incorre no ato abusivo. Nesta situação, o ato é contrário ao direito e ocasiona responsabilidade (VENOSA, 2003, p. 603 e 604). O Código Civil de 2002 inovou o instituto do abuso de direito na medida em que trouxe à baila a tutela do abuso de direito como tratamento da matéria em um dispositivo autônomo, no artigo 187 (Oliveira et al. 2010). Tal artigo afirma que: ¿Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes¿ (CAHALI, 2007) RESPOSTA CERTA → LETRA E 8) O ato ilícito é uma das fontes das obrigações, junto com os contratos e os atos unilaterais de vontade; obrigação esta que pode incumbir um agente a reparar o dano causado a outrem, por fato deste próprio agente, por fato de pessoa ou coisas que dependem do agente. O ato ilícito decorre de uma conduta humana, eivada de culpa. Pergunta-se, além da conduta da pessoa humana, comissiva ou omissiva, qual o ente jurídico pode ter de reparar um dano a terceiro: A) Entes despersonalizados. B) Sociedade com intuito lucrativo. C) Pessoa Jurídica. D) Sociedade de fato. E) Os hipossuficientes. Explicação: Ato ilícito gênero (ou puro) - Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comissiva ou omissiva), eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico (ilicitude), e que causou dano à outrem. Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa jurídica).
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