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AUTISMO e COGNIÇÃO

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1 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Neurociência cognitiva 
do 
Autismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Roberto Aguilar Machado Santos Silva1 
Suzana Portuguez Viñas2 
 
O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico abrangente, 
englobando, principalmente dificuldades nos domínios social, linguístico e 
comunicativo. O diagnóstico geralmente é feito nos primeiros 2-3 anos de vida, 
de comportamentos como falta de contato com os olhos, atenção conjunta, 
comportamento imitativo e falta de resposta ao discurso. Outras características 
identificáveis são semelhantes às de condições relacionadas, como 
comportamentos repetitivos e desatenção observados em transtorno 
obsessivo-compulsivo e transtorno de déficit de atenção, respectivamente. 
 
1 Roberto Aguilar Machado Santos Silva é escritor, médico-veterinário, Doutor, Membro da 
Academia de Ciências de Nova York e pós-graduando em neuropsicopedagogia. Possui vários 
livros publicados sobre filosofia e neuropsicopedagogia. 
2 Suzana Portuguez Viñas é escritora, agente literária, pedagoga, psicopedagoga e pós-
graduanda em neuropsicopedagogia. Possui vários livros publicados sobre filosofia e 
neuropsicopedagogia. 
 
3 
 
Também são observados distúrbios de humor secundários comuns, 
incluindo ansiedade e depressão. 
 
Classificação do Autismo segundo o Centers for 
Diseases Control and Prevention 
 
De acordo com Centers for Diseases Control and Prevention (CDC, em 
Português Centros de Controle e Prevenção de Doenças, EUA), a revista 
científica Journal of Autism and Developmental Disorders, publicou uma nova 
análise da forma como as crianças são classificadas com Transtorno do 
Espectro do Autismo (TEA) para explorar o diagnóstico precoce 
(https://www.cdc.gov/seed). O TEA é diagnosticado por clínicos experientes 
(por exemplo, pediatras e psicólogos infantis) que realizam uma revisão 
completa do comportamento e do desenvolvimento de uma criança. Esta 
revisão completa geralmente leva em consideração os resultados de 
ferramentas padronizadas - como observações e entrevistas - que oferecem 
uma maneira uniforme de definir comportamentos. Esta abordagem para 
diagnosticar TEA, também conhecida como julgamento clínico, é considerada o 
padrão-ouro ou gold standard (em inglês) na classificação do TEA. Na nova 
análise publicada, os pesquisadores do CDC desenvolveram um método para 
classificar crianças com TEA, que se baseiam em ferramentas de diagnóstico 
padronizadas - uma entrevista com os pais e observação clínica da criança - 
que pode ser usada para criar grupos bem definidos de crianças, para ajudar a 
orientar as decisões de tratamento ou projetos de pesquisa. Os pesquisadores 
do CDC examinaram o quanto este método classifica bem as crianças com 
TEA em comparação com o julgamento clínico padrão-ouro. 
O método utilizado pelos pesquisadores do CDC para classificar 
crianças com TEA, combina bem com o julgamento clínico e identifica uma 
diversidade de crianças com transtorno autista. O método do CDC também 
fornece orientação, sobre como resolver as diferenças entre o relatório dos pais 
e a observação clínica e como interpretar alguns sintomas de TEA, relatados 
pelos pais em crianças pequenas. Por fim, o método do CDC permite aos 
pesquisadores colocar crianças em diferentes subgrupos, o que, por sua vez, 
pode melhorar nossa capacidade de aprender mais sobre as semelhanças e 
diferenças entre crianças com TEA. Essas descobertas são importantes para 
os pesquisadores, pois buscam maneiras eficazes de classificar as crianças 
com TEA, particularmente em estudos que analisam as causas da desordem. 
 
 
Diagnóstico padronizados para classificar crianças com autismo 
O estudo para explorar o desenvolvimento precoce (SEED, Study to 
Explore Early Development) é um estudo de caso-controle, projetado 
para explorar a relação entre os fenótipos e as etiologias do transtorno 
do espectro do autismo (ASD). Os objetivos deste artigo foram: (1) 
descrever o algoritmo SEED que usa o Autism Diagnostic Interview-
Revised (ADI-R) e Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS) para 
classificar crianças com TEA, (2) examinar propriedades psicométricas 
de diferentes métodos de classificação, incluindo o método SEED que 
incorpora regras para a resolução da discordância ADI-R e ADOS e (3) 
determinar se os interesses restritos e os comportamentos repetitivos 
foram observados para crianças que tiveram discordância de instrumento 
4 
 
resolvidas usando os resultados sociais e de comunicação ADI-R. Os 
resultados suportam a utilidade dos critérios SEED, quando grupos bem 
definidos de crianças são um resultado clínico ou de pesquisa 
importante. A integra do artigo para classificar crianças com autismo 
pode ser encontrada em: WIGGINS, L. D.; REYNOLDS, A.; RICE, C. E.; 
MOODY, E. J.; BERNAL, P.; BLASKEY, L.; ROSENBERG, S. A.; LEE, L-
C.; LEVY, S. E. Using Standardized Diagnostic Instruments to Classify 
Children with Autism in the Study to Explore Early Development. Journal 
of Autism and Developmental Disorders, v. 45, n. 5, p 1271–1280, 
2015. 
 
Os principais achados dos pesquisadores do CDC, foram: 
Mais de 2.600 crianças inscritas no SEED completaram uma visita 
clínica e foram classificadas como tendo TEA ou não tendo TEA. O método 
SEED classificou mais de 700 crianças com TEA com base em uma 
combinação de sintomas relatados pelos pais na entrevista diagnóstica de 
autismo revisada (ADI-R) e observada por um clínico na Agenda de 
Observação de Diagnóstico do Autismo (ADOS), que são as melhores 
ferramentas de diagnóstico disponíveis para o TEA. A forma como as crianças 
foram classificadas com TEA na SEED tem várias vantagens em comparação 
com outros métodos de classificação. Por exemplo, o método SEED: 
. Teve um bom equilíbrio de sensibilidade (o que significa que crianças 
com TEA foram identificadas corretamente como tendo a condição) e 
especificidade (significando que crianças sem TEA foram corretamente 
identificadas como não tendo a condição). 
Também, os pesquisadores criam grupos bem definidos de crianças, 
que podem experimentar diferentes sintomas ou que podem desenvolver de 
maneiras diferentes; 
. Identificou mais crianças com TEA, incluindo crianças com idade 
mental muito baixa; e oferecido maneiras de resolver as diferenças entre o 
relatório dos sintomas e a observação clínica dos sintomas. 
. Em geral, os resultados sugerem o uso do método SEED para 
classificar crianças com TEA ao criar grupos bem definidos de crianças, o que 
pode ser importante para orientar o processo de tratamento ou o projeto de 
pesquisa. Os pesquisadores podem usar o método de classificação SEED para 
aprender mais sobre ASD e suas causas complexas e sintomas associados 
para ajudar crianças e famílias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Desde o reconhecimento por Leo Kanner em 1943, a pesquisa etiológica 
do autismo resultou em uma ampla gama de teorias. As primeiras teorias, 
como a noção de "mães geladeira" de Bettelheim, já foram derrubadas, com 
teorias modernas que categorizam o autismo como uma desordem do 
desenvolvimento neurológico. 
 
Bruno Bettelheim 
Bruno Bettelheim (Viena, 28 de agosto de 1903 — Silver Spring, 13 de 
março de 1990) foi um psicólogo norteamericano, nascido na Áustria. 
Após a anexação da Áustria pelo Terceiro Reich, na véspera da 
Segunda Guerra Mundial, foi deportado com outros judeus austríacos 
para o campo de concentração de Dachau e, mais tarde, para 
Buchenwald. Aí pôde observar os comportamentos humanos quando o 
indivíduo é sujeito a condições extremas, percepcionadas como 
radicalmente destrutivas (desumanização), que estiveram mais tarde na 
base das suas teorias sobre a origem do autismo. Após a anexação da 
Áustria pelo Terceiro Reich, na véspera da Segunda Guerra Mundial, foi 
deportado com outros judeus austríacos para o campo de concentração 
de Dachau e, mais tarde, para Buchenwald. Aí pôdeobservar os 
comportamentos humanos quando o indivíduo é sujeito a condições 
extremas, percepcionadas como radicalmente destrutivas 
(desumanização), que estiveram mais tarde na base das suas teorias 
sobre a origem do autismo. Graças a uma anistia em 1939, Bettelheim e 
centenas de outros prisioneiros foram libertados, o que lhe salvou a vida. 
Emigrou então rumo aos Estados Unidos, onde foi professor de 
psicologia em universidades americanas e dirigiu o Instituto Sonia-
Shankman em Chicago para crianças psicóticas, destacando-se o seu 
trabalho com crianças autistas. Acerca de seus trabalhos com pacientes 
autistas, Bettelheim reivindicou que a causa do autismo seriam "As mães 
geladeiras": mães frias, sem sentimentos, que levavam os filhos a um 
isolamento mental. Suas teorias foram aceitas internacionalmente por 
mais de duas décadas. Bruno Bettelheim suicídou-se aos 86 anos de 
idade, em 1990, acredita-se pelo fato de ter começado a perder sua 
credibilidade. 
 
Embora haja uma alta concordância de gêmeos idênticos com o 
autismo, encontrar os marcadores genéticos específicos do autismo ainda 
continua sendo uma tarefa difícil, com múltiplos genes candidatos. As teorias 
cognitivas atuais concentram-se em funções principalmente mediadas pelos 
lobos frontais, incluindo a teoria da mente, fraca coerência central e disfunção 
executiva como áreas primárias de déficit. As teorias biologicamente 
fundamentadas implicam anormalidades em estruturas como o cerebelo, a 
amígdala, o hipocampo e os gânglios basais. Os pesquisadores também 
encontraram anormalidades de desenvolvimento grosseiras, como o aumento 
do volume total de cérebro (TBV) e a conectividade anormal dos tratos da 
substância branca. Muitas doenças do desenvolvimento têm dismorfologias 
padronizadas, como nos aspectos faciais das Síndromes de Willliam e Down. 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome de Williams 
A Síndrome de Williams também conhecida como síndrome Williams-
Beuren é uma desordem genética que, talvez, por ser rara, 
frequentemente não é diagnosticada. Sua transmissão não é genética. O 
nome desta síndrome vem do médico, Dr. J.C.P. Williams que a 
descreveu em 1961 na Nova Zelândia e pelo Dr. A. J. Beuren da 
Alemanha em 1962. Acometendo ambos os sexos, na maioria dos casos 
infantis (primeiro ano de vida), as crianças têm dificuldade de se 
alimentar, ficam irritadas facilmente e choram muito. A síndrome de 
Williams é uma doença caracterizada por "face de gnomo ou fadinha”, 
 
 
7 
 
nariz pequeno e empinado, cabelos encaracolados, lábios cheios, dentes 
pequenos e sorriso frequente. Estas crianças normalmente têm 
problemas de coordenação e equilíbrio, apresentando um atraso 
psicomotor. Seu comportamento é sociável e comunicativo embora 
utilizem expressões faciais, contatos visuais e gestos em sua 
comunicação. Embora comecem a falar tarde, por volta dos 18 meses, 
demonstram facilidade para aprender rimas e canções, demonstrando 
muita sensibilidade musical e concomitantemente boa memória auditiva. 
Seu desenvolvimento motor é mais lento. Demoram a andar, e tem 
grande dificuldade em executar tarefas que necessitem de coordenação 
motora tais como: cortar papel, desenhar, andar de bicicleta, amarrar o 
sapato etc... 
 
Síndrome de Down 
Síndrome de Down, também denominado trissomia 21, é uma anomalia 
genética causada pela presença integral ou parcial de uma terceira cópia 
do cromossoma 21. A condição está geralmente associada com atraso 
no desenvolvimento infantil, feições faciais características e deficiência 
mental leve a moderada. O quociente de inteligência de um jovem adulto 
com síndrome de Down é, em média, de 50, sendo equivalente à 
capacidade mental de uma criança de oito ou nove anos, embora isto 
possa variar significativamente. 
 
No entanto, no autismo, as dismorfologias fora do substrato neural foram 
encontradas sutis ou inexistentes, com achados limitados em características 
como quarto dígito reverso e rotação posterior da orelha. 
 
Dismorfologia 
A Dismorfologia é a área da Genética Médica que estuda e busca 
interpretar os padrões de crescimento humano e as anomalias 
morfológicas. O termo "Dismorfologia" foi primeiramente empregado por 
David Smith na década de 1960. As anomalias morfológicas incluem as 
malformações, disrupções, deformações e displasias. Padrões de 
anomalias morfológicas, por sua vez, são agrupados em síndromes, 
sequencias e associações. Síndromes, em Dismorfologia, são padrões 
de anomalias morfológicas relacionadas de modo causal, mas não 
necessariamente relacionadas em sua patogenia. Exemplos de 
síndromes incluem: síndrome de Down e síndrome de Gorlin. 
Sequencias compreendem uma ou mais anomalias morfológicas 
secundárias que sabidamente ou presumidamente resultantes de uma 
única malformação, disrupção, displasia ou deformação. Exemplos 
incluem: sequência de Pierre-Robin e sequencia de Potter. Associações 
são padrões de anomalias, pelo menos duas das quais morfológicas, 
que ocorrem mais frequentemente do que seria esperado pelo acaso e 
nas quais uma relação causal não foi identificada. 
 
Teorias cognitivas 
 
Teoria da Mente 
 
Uma das mais comuns teorias social-cognitiva do autismo é baseada na 
Teoria da Mente (ToM, do inglês Theory of Mind), a habilidade de "mentalização" 
precisa inferir que os outros têm suas próprias crenças e desejos para entender 
seu comportamento. Usado como uma medida básica da inteligência social, o 
ToM geralmente é adquirido por 3-4 anos de idade, e geralmente está 
8 
 
correlacionado com a habilidade linguística tanto em crianças em 
desenvolvimento como em populações autistas. 
Também designada por mentalização ou perspectiva cognitiva, é a 
habilidade de atribuir e representar, em si próprio e nos outros, os estados 
mentais independentes - crenças, intenções, desejos, conhecimento, etc - e de 
compreender que os outros possuem crenças, desejos e intenções que são 
distintas da sua própria. É um processo que se baseia apenas na compreensão 
cognitiva do estado mental de outrem e no qual o sujeito que consegue 
representar o estado mental do outro indivíduo não se torna emocionalmente 
envolvido. Déficits nessa função acontecem em pessoas com autismo, 
esquizofrenia, déficit de atenção, bem como consequência de intoxicação 
cerebral decorrente de abuso de álcool. Embora existam abordagens filosóficas 
aos questionamentos levantados por essas discussões, a Teoria da Mente 
como tal é distinta da Filosofia da Mente. 
A Teoria da Mente é uma teoria na medida em que a mente não é 
diretamente observável. O pressuposto que outros têm uma mente é chamado 
de teoria da mente porque cada humano só pode intuir a existência de sua 
própria mente através de introspecção, e ninguém tem acesso direto à mente 
de outra pessoa. Normalmente é aceite que outros possuem mentes por 
analogia com a própria mente, e baseado na natureza recíproca da interação 
social, como observado na atenção compartilhada, uso funcional da linguagem 
e a compreensão das emoções e ações dos outros. Possuir uma teoria da 
mente permite que se possa atribuir pensamentos, desejos e intenções aos 
outros, predizer ou explicar suas ações e pressupor suas intenções. Como 
definido originalmente, a teoria da mente permite compreender que estados 
mentais podem ser a causa - e consequentemente serem utilizados para 
explicar e predizer - do comportamento dos outros. Ser capaz de atribuir 
estados mentais aos outros e compreendê-los como causa do comportamento 
implica, em parte, que uma pessoa seja capaz de compreender a mente como 
um "gerador de representações". Se uma pessoa não possui a teoria da mente 
completamente desenvolvida, isto pode ser um sinal de comprometimento 
cognitivo ou prejuízo no desenvolvimento. Teoria da mente parece ser uma 
habilidade potencial inata em humanos, mas são necessárias experiências 
sociais durante muitos anos para ativá-la. Diferentes pessoaspodem 
desenvolver teorias da mente mais ou menos efetivas. Empatia é um conceito 
relacionado, significando a experiência de reconhecimento e compreensão dos 
estados mentais, incluindo crenças, desejos e particularmente emoções dos 
outros, frequentemente caracterizada como a habilidade de "compreender o 
ponto de vista do outro". Apesar das capacidades usadas na teoria da mente 
serem, na sua maior parte, também utilizadas na empatia, estes dois sistemas 
baseiam-se em circuitos neuronais distintos. Estudos neuro-etológicos de 
comportamentos animais recentemente desenvolvidos sugerem que mesmo 
roedores podem exibir habilidades éticas ou empáticas. Teorias neo-
Piagetianas sobre o desenvolvimento cognitivo mantém que a teoria da mente 
é um produto da habilidade hipercognitiva dos humanos para registar, 
monitorizar e representar seu próprio funcionamento. Assim, foi colocada a 
hipótese de as pessoas usarem o seu próprio estado mental como ponto de 
partida na inferência de estados mentais de outros, seguida de um ajustamento 
com base nas diferenças existentes entre a própria pessoa e o outro sujeito. O 
número de pesquisadores da teoria da mente que em diferentes populações 
9 
 
(humanas e animais, adultos e crianças, com desenvolvimento normal e 
atípico) cresceu rapidamente nos últimos 40 anos desde o trabalho de Premack 
e Woodruff3 "Does the chimpanzee have a theory of mind?", assim como 
cresceram as diferentes teorias da mente. O emergente campo de discussão 
da neurociência social também começou a se interessar por este tipo de 
debate, imaginando os seres humanos em atividades que necessitam da 
compreensão de uma intenção, crença ou outro estado mental. Uma 
explicação alternativa para a Teoria da Mente (ToM) é fornecida dentro do 
Behaviorismo e possui evidências empíricas significativas para uma explicação 
funcional tanto da perspectiva da fala quanto da empatia. A abordagem mais 
desenvolvida dentro do behaviorismo é a chamada "Relation Frame Theory". 
De acordo com essa visão da empatia e da fala, estas estão em relação direta 
com um complexo sistema de habilidades relacionais baseadas na 
discriminação e respostas verbais à relações ainda mais complexas sobre o si 
próprio, os outros, espaço e tempo, e a transformação destas funções através 
de relações estabelecidas. 
Usado como uma medida básica da inteligência social, o ToM 
geralmente é adquirido por 3-4 anos de idade, e geralmente está 
correlacionado com a habilidade linguística tanto em crianças em 
desenvolvimento como em populações autistas. Estudos comportamentais 
demonstraram que indivíduos com autismo, dependendo do nível de 
funcionamento e da idade, muitas vezes têm atraso no desenvolvimento de um 
ToM qualitativamente diferente. Em um estudo de PET de adultos, as 
diferenças nas regiões de ativação foram mostradas em um paradigma ToM 
baseado em história, com ativação relacionada à tarefa no córtex pré-frontal 
medial em controles normais e em uma região frontal mais ventral em 
indivíduos com Síndrome de Asperger. 
 
Classificação atual da Síndrome de Asperger 
Atualmente a síndrome de Asperger, é considerada um transtorno 
neurobiológico enquadrado dentro dos TEA. Esta doença neurológica foi 
considerada, por muitos anos, como uma forma leve do autismo, em 
relação ao autismo clássico de Kanner. 
 
Esses resultados sugerem uma diferença qualitativa e não quantitativa 
na resposta neural às tarefas do estado mental. As diferenças neurais podem 
ser devidas ao desenvolvimento atípico de ToM nos adultos autistas, onde as 
habilidades sociais relacionadas são muitas vezes aprendidas em um nível 
intelectual tardia em desenvolvimento, em vez de em um nível intuitivo nos 
primeiros estágios da infância, causando diferenças regionais nas respostas 
corticais às tarefas ToM. 
Uma habilidade importante necessária para desenvolver o ToM é inferir 
as emoções de outras da expressão facial. Além dos paradigmas ToM 
baseados na história acima mencionados, estudos também foram realizados, 
ilustrando a dificuldade em inferir emoções nos olhos entre os indivíduos 
adultos autistas. Em tarefas semelhantes de inferência emocional, a evidência 
 
3 PREMACK, D.; WOODRUFF, G. Does the chimpanzee have a theory of mind? V. 1, n. 4 A 
Special Issue on Cognition and Consiousness in Nonhuman Species, p. 515-526, 1978. 
 
10 
 
de fMRI4 aumenta essa distinção, mostrando diminuição da ativação da 
amígdala e ativação aumentada no giro temporal superior, áreas classicamente 
implicadas na percepção emocional e na compreensão da linguagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma vez que os sujeitos nestes estudos foram instruídos a olhar para as 
imagens dos olhos, uma disfunção no nível sensorial da falta de contato com 
os olhos não pode explicar o desempenho dos indivíduos autistas. No entanto, 
a falta de contato com os olhos é uma característica comum do autismo, tanto 
em adultos como em crianças, e ainda confirmada em estudos de rastreamento 
ocular, mostrando diminuição da atenção nos olhos e aumento da atenção na 
boca ou ambiente circundante. É bem provável que a falta de atenção nos 
estímulos socialmente relevantes durante a primeira infância dificulte o 
desenvolvimento social adequado e, consequentemente, afeta habilidades 
sociais de nível superior, como a ToM. 
 
Disfunção executiva 
 
Funções executivas "geralmente é usado como um termo guarda-chuva 
referente a funções de alto nível, incluindo memória de trabalho, planejamento, 
iniciação, flexibilidade cognitiva e inibição. Os lobos frontais estão implicados 
para processar essas funções, com evidências de pacientes com dano de lobo 
frontal adquirido. A função executiva dificulta-se no autismo, bem como em 
outras condições, como transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, 
síndrome de Tourette e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade 
(TDAH) 
 
4 A imagem por ressonância magnética funcional (fMRI, do inglês Functional Magnetic 
Ressonance Imaging), é uma técnica específica do uso da imagem por ressonância magnética 
(MRI, do inglês Magnetic Resonance Imaging) capaz de detectar variações no fluxo sanguíneo 
em resposta à atividade neural. 
 
11 
 
 
Transtorno obsessivo-compulsivo 
Perturbação obsessiva-compulsiva (POC) (português europeu) ou 
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (português brasileiro) é uma 
perturbação mental caracterizada por obsessões e compulsões. As 
obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes que 
provocam na pessoa ansiedade ou mal-estar. A pessoa sente a 
necessidade de ignorar ou suprimir a ansiedade causada por essas 
obsessões através de pensamentos, rotinas ou atividades repetitivas 
denominadas compulsões ou rituais. As obsessões mais comuns são o 
medo de contaminação por germes, sujidade ou produtos químicos, 
medo de contrair uma doença, medo de prejudicar outras pessoas de 
forma acidental ou intencional ou medo de cometer um erro grave. As 
compulsões mais comuns são lavar as mãos ou limpar compulsivamente 
para diminuir o medo de contaminação ou de contrair uma doença; 
confirmar repetidamente as coisas para diminuir o medo de prejudicar 
outrem ou de cometer um erro; e ordenar, organizar por determinada 
ordem, contar ou repetir compulsivamente nomes, frases ou rotinas para 
diminuir a ansiedade. Algumas pessoas têm dificuldade em deitar fora 
objetos. A maior parte dos adultos com POC está consciente que os 
comportamentos não fazem sentido. A condição está associada a tiques, 
perturbações de ansiedade e risco acrescido de 
suicídio. 
 
Esquizofrenia 
Esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por 
comportamento social fora do normal e incapacidade de distinguir o que 
é ou não real. Entre os sintomas mais comuns estão delírios, 
pensamento confuso ou pouco claro, alucinações auditivas, diminuição 
da interação social e da expressão deemoções e falta de motivação. As 
pessoas com esquizofrenia apresentam muitas vezes outros problemas 
de saúde mental, como distúrbios de ansiedade, depressão ou distúrbios 
relacionados com o consumo de substâncias nocivas. Os sintomas 
geralmente manifestam-se de forma gradual, desde o início da idade 
adulta, e permanecem durante um longo período de tempo. 
 
Síndrome de Tourette 
A síndrome de Tourette é um transtorno neuropsiquiátrico hereditário 
que se manifesta durante a infância, caracterizado por diversos tiques 
físicos e pelo menos um tique vocal. Estes tiques têm remissões e 
recidivas características, podem ser suprimidos temporariamente e são 
precedidos por impulsos premonitórios. A síndrome é definida enquanto 
parte do espectro dos transtornos devido a tiques, no qual se incluem 
tiques transitórios e crônicos. A Tourette era considerada uma síndrome 
rara que na maior parte das vezes é associada à vocalização de termos 
obscenos ou afirmações depreciativas e socialmente impróprias 
(coprolalia), embora este sintoma se manifeste apenas numa pequena 
minoria de pessoas com a doença. A Tourette já não é considerada uma 
condição rara, embora nem sempre seja corretamente identificada, uma 
vez que a maior parte dos casos são moderados e a gravidade dos 
tiques diminui à medida que a pessoa atravessa a adolescência. Estima-
se que entre 0,4 e 3,8% das crianças entre os 5 e 18 anos possam ter 
Tourette. A prevalência de outros transtornos devido a tiques nas 
crianças em idade escolar é maior, sendo os mais comuns piscar os 
olhos, tossir, limpar a garganta, fungar e determinados movimentos 
faciais. Os casos graves em adultos são raros. A Tourette não afeta a 
inteligência ou a esperança de vida. 
 
 
12 
 
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade 
Perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA) (português 
europeu) ou transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) 
(português brasileiro) é uma perturbação do neurodesenvolvimento 
caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade 
inconsistentes com a idade da pessoa. Os critérios de diagnóstico 
requerem que os sintomas se comecem a manifestar antes dos doze 
anos de idade, que estejam presentes durante mais de seis meses e que 
causem problemas em pelo menos dois cenários diferentes, como na 
escola e em casa, por exemplo. Em crianças, a desatenção é muitas 
vezes a causa de maus resultados escolares. Embora cause 
dificuldades, sobretudo na sociedade contemporânea, muitas crianças 
com PHDA ou TDAH conseguem-se concentrar em tarefas que 
consideram interessantes. 
 
A disfunção executiva no autismo é evidente em comportamentos 
perseverantes comuns, como uma forte preferência pela mesmice, rituais 
elaborados e maneirismos motorizados repetitivos. O Teste Wisconsin de 
Classificação de Cartas (WCST)5 é uma tarefa de flexibilidade cognitiva 
comumente empregada, onde o sujeito deve classificar os cartões de acordo 
com um conjunto de regras que mudam periodicamente. Os sujeitos autistas 
mostraram um aumento do número de erros persistentes nesta tarefa. Uma 
medida típica de planejamento é a tarefa da Teste Torre de Londres6, onde os 
sujeitos devem mover os discos de uma sequência definida para diferentes 
pinos nos poucos movimentos possíveis. Novamente, o desempenho 
prejudicado foi visto em crianças com autismo. Nas tarefas de memória de 
trabalho, houve resultados mistos, possivelmente atribuíveis à dificuldade em 
dissociar a memória de trabalho de outras funções executivas. Um estudo, no 
entanto, descobriu que o desempenho estava inversamente relacionado à 
dificuldade da tarefa, sugerindo que os déficits de memória de trabalho são 
resultado das demandas na organização e integração de informações. A 
evidência de neuroimagem também fornece evidências de disfunção executiva 
de achados que mostram anomalias corticais frontais. 
Embora a evidência anedótica e clínica sugira disfunção executiva para 
explicar com precisão o fenótipo cognitivo do autismo, surgem problemas, pois 
é um fenômeno não unitário. Há um grande número de processos abrangidos 
pelo termo e nenhum consenso geral sobre qual das funções executivas são 
afetadas no autismo. No entanto, dada a evidência até agora, mais estudos 
que podem dissociar os efeitos de diferentes funções executivas podem 
esclarecer o debate. 
 
5 O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) é um instrumento bastante relevante 
na avaliação neuropsicológica, considerado internacionalmente como padrão de referência 
para exame das Funções Executivas do cérebro, amplamente reconhecido a partir de 1993. 
6 O Teste Torre de Londres (TOL) avalia a capacidade de decisão estratégica e de resolução 
de problemas em crianças de 4 a 13 anos. Baseia-se na utilização de um instrumento (incluso 
na caixa) que é constituído por três cavilhas de comprimentos diferentes, em que são 
amarrados três bolas (uma vermelha, uma verde e azul): a pessoa deve mover estas bolinhas 
em um determinado número de movimentos de modo a obter a configuração indicada pelo 
examinador. 
13 
 
 
Coerência Central 
 
Outra teoria cognitiva é a noção de fraca coerência central (WCC, do 
inglês Weak Central Coherence) ou simplesmente Coerência Central, na língua 
portuguesa, um termo referente a uma diminuição da capacidade no 
processamento global e uma habilidade aprimorada no processamento de 
detalhes locais. Este padrão de habilidade se reflete na apresentação clínica do 
autismo, bem como em estudos que mostram indivíduos autistas para ter 
desempenho superior em tarefas perceptivas que requerem atenção aos 
detalhes, como no design de blocos e pesquisa visual. 
A falta da tendência natural em juntar partes de informações para formar 
um 'todo' provido de significado (Coerência Central) é uma das características 
mais marcantes no autismo. 
Embora a principal fonte de evidências experimentais dessa teoria seja 
derivada de tarefas visuo-espaciais, como no caso de ToM, as dificuldades 
sociais podem resultar da inatenção precoce de estímulos socialmente 
relevantes. No entanto, uma combinação de desatenção, bem como a 
incapacidade de integrar adequadamente estímulos sociais em um contexto 
significativo, pode explicar melhor o comportamento social. Uma vez que os 
indivíduos autistas demonstraram que não são completamente desatentos para 
os estímulos sociais, ainda apresentam diferenças qualitativas nos estudos de 
neuroimagem funcional do processamento facial, é provável que a Coerência 
Central seja uma disfunção de nível superior que afete características sociais e 
não-sociais do autismo . Ao aplicar a Coerência Central ao perfil autista, áreas 
específicas de talento e interesses especiais podem ser atribuídas a um foco 
intenso e estreito, às vezes levando a dificuldades de atenção ou, por outro 
lado, a um alto nível de competência em uma tarefa ou hobby. Artigos de 
Happé7 exploram ideias semelhantes ainda mais na caracterização do autismo 
como um estilo cognitivo, ao invés de um déficit, com uma atenção crescente 
total aos detalhes. 
Em estudo de Ring e colaboradores (19998), os indivíduos autistas 
mostraram maior ativação em áreas occipito-temporais9 ventrais e diminuição 
da ativação em áreas corticais pré-frontais, sugerindo aumento do 
processamento no nível sensorial e diminuição do processamento das funções 
executivas mediadas pelo córtex pré-frontal necessário para holística 
integração de estímulos sensoriais. Embora a evidência sugira que a Coerência 
 
7 HAPPE, F. Autism: cognitive deficit or cognitive style? Trends Cogn Sci, v. 3, n. 6, p. 216-
222, 1999. HAPPE, F., et al. 'Theory of mind' in the brain. Evidence from a PET scan study of 
Asperger syndrome. Neuroreport, v. 8, n. 1, p. 197-201, 1996. 
8 RING, H.A., et al. Cerebral correlates of preserved cognitive skills in autism: a functional MRI 
studyof embedded figures task performance. Brain, v. 122, n. Pt 7, p. 1305-1315, 1999. 
9 Os lobos temporais estão localizados na zona por cima das orelhas, tendo como principal 
função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando a área bocasiva é 
estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de associação - área auditiva 
secundária - que recebe os dados e que, em interação com outras zonas do cérebro, lhes 
atribui um significado permitindo-nos reconhecer o que ouvimos. Curiosidade: É na zona onde 
convergem os lobos occipital, temporal e parietal que se localiza a área de Wernicke, que 
desempenha um papel muito importante na produção do discurso. É esta área que nos permite 
compreender o que os outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as 
palavras em frases sintaticamente corretas. 
14 
 
Central possa explicar uma variedade de características no autismo, ainda são 
necessários estudos adicionais para investigar seus correlatos neurais. 
 
Teoria do cérebro masculino extremo 
 
Primeiro, informalmente observado por Hans Asperger em seu artigo 
original, uma teoria proposta por Baron-Cohen10 é a noção de que o autismo 
pode ser uma manifestação extrema de um perfil cognitivo sexualmente 
diferente, mais frequentemente visto em homens. Embora exista uma 
controvérsia notável sobre essa teoria a partir de seus estereótipos de gênero 
destacados, existem evidências comportamentais de suporte consideráveis. Os 
exemplos incluem o aumento do desempenho que favorece as mulheres nas 
tarefas ToM, níveis de contato visual, desenvolvimento de linguagem, 
comunicação pragmática e várias outras tarefas, principalmente com base em 
medidas sociais e comunicativas. O suporte biológico inclui níveis aumentados 
de testosterona em crianças autistas de 6 a 10 anos e o dimorfismo sexual de 
diminuição da relação de 2º para 4º dígito em homens, e foi correlacionado 
com os níveis de testosterona fetal. 
 
Neuroanatomia 
 
Volume total de cérebro 
 
Um dos achados estruturais mais consistentes no autismo é a alta 
incidência de macrocefalia. Embora a macrocefalia possa ocorrer por várias 
razões, incluindo ampliação do espaço subaracnóideo benigno, hidrocefalia ou 
hematoma subdural, tais patologias não contribuem desproporcionalmente para 
a macrocefalia no autismo, mas sim um aumento no volume cerebral total 
(VTC). 
Aumento do tamanho do cérebro no autismo 
Conforme as pesquisadoras Flora M. Vaccarino e Karen Müller Smith 
(200911) da Universidade de Yale (EUA), a última década testemunhou 
uma explosão de pesquisas sobre as origens neurológicas dos 
transtornos do espectro autista (ASD). Os estudos de ressonância 
magnética (MRI) apoiam a hipótese de que o aumento do tamanho do 
cérebro (BS, do inglês Brain Size) é a causa subjacente da macrocefalia, 
que se desenvolve em aproximadamente 20% dos pacientes nos dois 
primeiros anos de vida. Em comparação com pessoas controles com 
desenvolvimento típico ou indivíduos não autistas com atraso mental, 
indivíduos com TEA têm um aumento de 5-10% no volume cerebral total 
aos 18 meses-4 anos de idade. O BS aumentado foi atribuído a um 
aumento nos volumes de matéria cinza e branca. As diferenças na BS e 
na circunferência da cabeça aparecem mais robustas na primeira 
infância. Se o aumento do cérebro persiste no TEA após os 5 anos não é 
claro, embora vários estudos tenham relatado um aumento de 6-12% no 
volume de matéria cinza em adolescentes e adultos com TEA. Embora 
existam muitas perguntas sem resposta sobre como as perturbações 
 
10 BARON-COHEN, S. The extreme male brain theory of autismo. TRENDS in Cognitive 
Sciences, v. 6, n.6, p. 248-254, 2002. 
11 VACCARINO, F. M.; SMITH, K. M. Increased brain size in autism—what it will take to solve a 
mystery. Biol Psychiatry, v. 66, n. 4, p. 313–315, 2009. 
15 
 
neuroanatômicas observadas no TEA conduzem às manifestações 
cognitivas e comportamentais dessas doenças, está se tornando cada 
vez mais claro que a trajetória alterada do desenvolvimento do cérebro 
no TEA é provavelmente o biomarcador mais confiável neste transtorno( 
 
Circunferência da cabeça e tamanho do cérebro na desordem do 
espectro do autismo 
Sacco e colaboradores (2015), em artigo intitulado “Head circumference 
and brain size in autism spectrum disorder: A systematic review and 
meta-analysis” (Circunferência da cabeça e tamanho do cérebro no 
transtorno do espectro do autismo: uma revisão sistemática e meta-
análise) afirmaram que a macrocefalia e o crescimento excessivo do 
cérebro foram associados à desordem do espectro autista. Realizamos 
uma revisão sistemática e meta-análise para fornecer uma estimativa 
geral do tamanho do efeito e significância estatística tanto para a 
circunferência da cabeça quanto para o volume total de cérebro no 
autismo. Nossa estratégia de pesquisa de literatura identificou 261 e 391 
registros, respectivamente; 27 estudos que definem porcentagens de 
pacientes macrocefálicos e 44 estudos estruturais de imagem cerebral 
fornecendo volumes cerebrais totais para pacientes e controles foram 
incluídos em nossas meta-análises. A circunferência da cabeça foi 
significativamente maior em indivíduos autistas em comparação com 
controles, com 822/5225 (15,7%) indivíduos autistas que apresentam 
macrocefalia. Estudos estruturais de imagens cerebrais que medem o 
volume de volume estimado do volume cerebral. O tamanho do efeito é 
maior em autistas de baixo funcionamento em comparação com 
indivíduos de alto funcionamento e ASD. O crescimento excessivo do 
cérebro foi registrado em 142/1558 (9,1%) pacientes autistas. 
Finalmente, encontramos uma interação significativa entre a idade e o 
volume cerebral total, resultando em maior circunferência da cabeça e 
tamanho do cérebro durante a primeira infância. Nossos resultados 
fornecem tamanhos de efeitos conclusivos e taxas de prevalência de 
macrocefalia e sobrecrescimento cerebral no autismo, confirmam a 
variação do crescimento anormal do cérebro com a idade e apoiam a 
inclusão desse endofenotipo em painéis de diagnóstico multi-
biomarcadores para clínicos. 
 
Autismo e cognição social 
 
Fruto de tradições filosóficas elementaristas e, sobretudo, das teorias 
cognitivas do processamento da informação, o estudo da cognição humana em 
geral, e da cognição social em particular, tem adoptado uma abordagem mais 
microscópica, elementar, individual e simbólica da cognição tentando isolar os 
seus componentes mais básicos de forma a compreender processos cognitivos 
mais complexos. Mais recentemente, a natureza algo simplificadora e 
localizacionista da abordagem das neurociências cognitivas parece contribuir 
novamente para este elementarismo descontextualizado. Por outro lado, 
abordagens recentes defendem que o fluxo de informação entre a mente e o 
mundo é tão denso e contínuo que no estudo da natureza da atividade 
cognitiva a mente não constitui, por si só, uma unidade de análise com 
significado (Garrido e colaboradores, 2011). 
Cognição Social emergiu em meados dos anos 70 como uma 
abordagem conceptual genérica com o objetivo de compreender e explicar 
como é que as pessoas se percebem a si próprias e aos outros, e como é que 
essas percepções permitem explicar, prever e orientar o comportamento social. 
16 
 
Assentada na vasta tradição teórica e de investigação da psicologia 
social, e revigorada pela integração de ideias e metodologias da psicologia 
cognitiva, a abordagem da cognição social introduziu valiosos contributos para 
a compreensão de muitas das questões e problemas clássicos da psicologia 
social, empenhando-se igualmente em áreas ainda não exploradas de 
investigação. 
 
 
Em 2013, pesquisadores da Universidade René Descartes de Paris12, 
França, publicaram um estudo intitulado Autism, social cognition and superior 
temporal sulcus (Autismo, cognição social e sulco temporal superior), onde 
afirmaram que Estudos deimagem cerebral desenvolvidos durante a última 
década levaram a uma melhor compreensão dos circuitos neurais envolvidos 
na cognição social. Ao identificar regiões cerebrais envolvidas na percepção 
social, esses estudos também permitiram uma melhor compreensão dos 
circuitos neurais envolvidos em distúrbios do espectro autista (TEA). 
Os resultados em estudos de imagem cerebral, dos pesquisadores 
franceses, levaram a uma melhor compreensão dos circuitos neurais 
envolvidos na cognição social e sua implicação em distúrbios do espectro 
autista (ASD). Demonstrou-se que o sulco temporal superior (STS) é altamente 
implicado nos processos sociais, da percepção de informações socialmente 
relevantes, como movimentos corporais ou olhos, a processos de cognição 
social mais complexos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além disso, vários resultados de imagens cerebrais multimodais 
apontam anormalidades anatomo-funcionais no TEA em crianças e adultos. 
Estes resultados são altamente consistentes com deficiências sociais no TEA, 
entre as quais a percepção do olhar do olho é particularmente relevante. As 
anormalidades do olhar agora podem ser medidas objetivamente usando a 
metodologia de rastreamento ocular, levando a uma melhor caracterização das 
deficiências de percepção social no autismo. Além disso, essas alterações 
anormais foram associadas a anormalidades no TEA. Com base nesses 
resultados, nossa hipótese é que as anomalias anatomo-funcionais no TEA que 
 
12 ZILBOVICIUS, M. ; SAITOVITCH, A.; POPA, T.; RECHTMAN, E.; DIAMANDIS, L.; 
CHABANE, N.; BRUNELLE, F.; SAMSON, Y.; BODDAERT, N. Autism, social cognition and 
superior temporal sulcus. Open Journal of Psychiatry, v.3, p. 46-55, 2013. 
 
17 
 
ocorrem cedo através do desenvolvimento do cérebro podem constituir o 
primeiro passo na cascata de disfunção neural subjacente ao autismo. 
18 
 
 
 
Conclusões 
 
As pesquisas desenvolvidas ao longo da última década ajudaram a 
caracterizar melhor os principais prejuízos na cognição social que consistem na 
principal característica do autismo. No nível comportamental, graças a novas 
metodologias, temos uma melhor compreensão de como os sujeitos autistas 
percebem o mundo que os rodeia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais 
 
FIOCRUZ. Síndrome de Williams 
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome-willians.htm 
Acesso em 07 fev. 2018. 
 
GARRIDO, M. V.; AZEVEDO, C.; PALMA, T. Cognição Social: fundamentos, 
formulações actuais e perspectivas futuras. Psicologia, v. XXV, n. 1, pp. 113-
157, 2011. 
 
KOYAMA, A. A Review on the Cognitive Neuroscience of Autism. 
https://link.springer.com/article/10.1007/BF03379555 
Acesso em 08 fev. 2018. 
 
SACCO, R; GABRIELE, S.; PERSICO, A. M. Head circumference and brain 
size in autism spectrum disorder: A systematic review and meta-analysis. 
Psychiatry Res., v. 234, n. 2, p. 239-251, 2015. 
 
FACEBOOK. NEUROPSICOPEDAGOGIA HOJE. 
https://www.facebook.com/neuropsicopedagogiahoje/ 
 
 
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