Buscar

Analise Junguiana - Beldan do filme Coraline

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Personalidade ll
BELDAM - UMA ANÁLISE JUNGUIANA
Gabriela Borges 
Izidoro Ferracini Neto 
FRANCA
2017
Gabriela Borges de Pádua Faleiros 
Izidoro Ferracini Neto
BELDAM - UMA ANÁLISE JUNGUIANA
 Trabalho apresentado como requisito 
parcial de A2 apresentado ao curso 
de psicologia da Universidade De Franca.
Orientadora: Rita Aparecida Oliveira Martins.
FRANCA
2017
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	6
1 HISTÓRIA DE BELDAM	7
2 RESUMO OBJETIVO DO FILME CORALINE	8
3 ANÁLISE JUNGIANA SOBRE BELDAM................................................................. 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS	24
REFERÊNCIAS	25
ANEXOS	26
RESUMO
Nesse trabalho será apresentada uma análise de acordo com a teoria analítica de Jung da personagem Beldam, uma vilã do filme e livro Coraline. Coraline é um filme em stop-motion baseado no livro de mesmo nome, do autor britânico Neil Gaiman. O filme chegou a faturar mais de 16 milhões de dólares, apenas no fim de semana de estréia, e sendo indicado ao Oscar de 2010, tendo sido respectivamente lançado em 2009.
Palavras-chave: Análise Junguiana; Coraline; Psicologia Analítica; Arquétipos; Complexos.
Capa do filme Coraline 2009.
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo analisar de acordo com as teorias de Jung, a obra Coraline, obtendo como informação seu livro e filme. No decorrer dessa análise será encontrada exemplos de persona, sombra, símbolos, ego, e algumas outras teorias de Carl Jung.
Em primeiro lugar contaremos a história de Beldam no filme, o resumo do mesmo, enfatizando seus desejos e sua importância na história. Vamos encaixar em cada parte do filme um simbolismo de Beldam.
1. HISTORIA DE BELDAM 
Beldam uma vilã incrível não tem uma história definida e contada para o público. Sabemos pouco sobre seu passado, o que temos certeza é que ela já foi humana, e teve uma mãe, isso foi enfatizado no livro, o resto que temos são teorias criadas por fãs, então não vamos entrar nessa parte.
Nem o livro e nem o filme contam detalhes sobre a personagem, tudo o que podemos fazer é inferir. Beldan é provavelmente bastante velha, pois ficou claro que ela tem enganado crianças por muito tempo. Seu verdadeiro nome é desconhecido e a forma como ela chegou ao Outro Mundo é uma incógnita. Algumas teorias dizem que ela caiu no poço retratado na história de Coraline e que o Outro Mundo não era nada além de um espaço vazio até que ela tomou o controle e o moldou para aquilo que lhe era mais conveniente. 
Ela tem necessidade de devorar almas, o que foi deixado bem claro no filme e no livro, mas se as almas que ela precisa tem de ser de crianças ou se as crianças apenas são um alvo mais fácil é impossível dizer. Seu corpo é, pelo menos no filme, parcialmente mecânico.
Outro aspecto da personagem deixado bem claro é que ela não pode deixar o Outro Mundo, pelo menos não completamente ou verdadeiramente. No filme uma de suas mãos vai atrás de Coraline e tenta recuperar a chave da porta, mas esse é uma mão mecânica, ou seja, não realmente parte do corpo de Beldan.
 Beldan, a outra mãe, é um dos mistérios mais intrigantes da história de Coraline. A incerteza existente em seu personagem é extremamente curiosa e fonte de inúmeras teorias e ideias, das quais nenhuma foi comprovada.
2. RESUMO OBJETIVO DO FILME CORALINE
O filme conta a história de Coraline, uma menina que se mudou para o Palácio Cor-de-rosa com os seus pais. Ao ficar curiosa e tentar encontrar um poço de água, conheceu um novo amigo, o Wybie, que lhe ofereceu uma boneca muito parecida com ela, que segundo ele encontrou no porão de sua avó. Coraline estava sempre a tentar chamar a atenção dos pais, mas como nunca conseguia, resolveu explorar a sua nova casa através do incentivo de seu pai. Encontrou muitas portas e janelas, e descobriu na sala uma pequena porta tapada com papel de parede. A menina resolveu pedir à mãe para lhe abrir a porta, mas descobre que por detrás dela só existem tijolos. 
De noite, Coraline vai até à pequena porta e atravessa-a. Do outro lado encontra um mundo semelhante ao seu, mas onde tudo era como ela sempre desejou. Neste lado toda as pessoas, no lugar dos olhos, tinham botões. A certa altura, a sua outra mãe diz-lhe que se ela deseja ficar naquele mundo para sempre, terá de usar botões em vez de olhos. Como Coraline se recusou a usá-los, a outra mãe castigou-a, prendendo-a dentro de um espelho. Neste espelho, Coraline conhece 3 fantasmas. Um deles era a irmã da avó do Wybie que tinha desaparecido quando visitou o Palácio Cor-de-rosa. Estes fantasmas contaram que a outra mãe lhes costurou botões nos seus olhos, e que lhes tinha tirado suas almas. Esses fantasmas chamam a outra mãe de Beldan. Finalmente, Coraline consegue voltar ao seu verdadeiro mundo, mas quando chega em casa não encontra os seus pais verdadeiros. Então resolve voltar ao outro mundo e apostar com a outra mãe que conseguia encontrar os seus pais e os olhos das crianças que ela tinha aprisionado. Se Coraline conseguisse, ela libertaria as crianças e os seus pais; se não conseguisse, ela poderia costurar botões nos olhos de Coraline. Coraline consegue encontrar os 3 olhos com a ajuda do Gato e, com a ajuda dele e dos 3 fantasmas, consegue libertar os pais verdadeiros daquele espelho maléfico. A outra mãe, mesmo sabendo que Coraline tinha ganho a aposta, não a quis deixar escapar. Mas, com a ajuda dos fantasmas e do Gato, Coraline consegue derrotar a outra mãe e volta para o mundo real. Já em casa, trancam a pequena porta. Coraline descobre que a outra mãe a espiava através dos olhos da boneca oferecida pelo Wybie e resolve destruir a chave e a boneca, para que aquela bruxa má nunca mais engane ninguém. No fim do filme Coraline joga a chave no poço. 
3. ANÁLISE JUNGUIANA SOBRE BELDAM
Beldam começa o filme fazendo uma persona (boneca) sendo uma cópia fiel e extremamente parecida com Coraline (anexo 1). Através dessa persona iria observar todos os passos de Coraline até descobrir uma maneira de manipular a menina até sua armadilha. Coraline gostou bastante da boneca, tanto que a chamou de “pequena eu” e a levou para todo canto (fazendo com que o plano da Beldam se cumprisse).
A primeira vez que Coraline atravessa a pequena porta (anexo 2) ela se encontra com aquela que iremos nos referir apenas como Beldam. Nesse momento Beldam está usando uma aparência idêntica à da mãe de Coraline, levando a menina a chamá-la de a “outra mãe”. A única diferença entre Beldam e a verdadeira mãe de Coraline, nesse momento são os olhos de botão, que possuem um pesado simbolismo, muitas vezes fazendo referência à percepção intelectual e a espiritualidade. Os olhos também nos levam a pensar no ditado popular de que “os olhos são a janela da alma”, sua falta sendo um sinal da inexistência ou falta de alma. Beldam tem poder de criar fantoches, e cria o pai da Coraline, claro que também com olhos de botão, deixando bem claro que ela somente controla a persona da outra mãe, já o pai fantoche tem apenas que obedecer Beldam. (Anexo 3).
Beldam inicialmente se apresenta como uma mãe perfeita, tudo o que Coraline desejava que sua verdadeira mãe fosse. Isso é, de acordo com Jung (apud Silveira, 1997) uma persona, uma falsa roupagem que não corresponde com sua forma autentica de ser, cujos moldes foram retirados da psique coletiva. Coraline fica encantada com aquele Outro Mundo, mas para ficar Beldam lhe diz que deve permitir que ela costure botões no lugar dos olhos, essencialmente, vendendo sua alma (Anexo 4). Nesse momento começamos a perceber que Beldam pode ser interpretada como um ser formado inteiramente pela sombra, encarnando os aspectos mais obscuros e indesejáveis da humanidade. (Anexo 5). 
“Quando uma pessoa tenta ver a sua sombra ela fica consciente (e muitas vezes envergonhada) das tendências e impulsos que nega existirem em si mesma, mas que consegue perfeitamente ver nos outros — coisas como o egoísmo, a preguiça
mental, a negligência , as fantasia s irreais, as intrigas e as tramas, a indiferença e a covardia, o amor excessivo ao dinheiro e aos bens — em resumo, todos aqueles pequenos pecados que já se terá confessado dizendo: ‘Não tem importância; ninguém vai perceber e, de qualquer modo, as outras pessoas também são assim.’”(JUNG,1964)
No livro vemos isso quando Beldam não aparece no espelho. Em seu livro O Homem e seus Simbolos, Jung menciona que nos tempos antigos o reflexo na água ou mesmo em um espelho era uma parte daquele que estava sendo refletido. Crenças de que espelhos refletem a alma, ou mesmo a roubam surgiram em vários lugares do mundo.
“No final do corredor, ficava o espelho. Ela podia ver-se indo na direção dele, e, no reflexo, parecia um pouco mais corajosa do que se sentia na realidade. Não havia mais nada refletido no espelho. Apenas ela, no corredor.
Uma mão tocou-lhe o ombro e ela olhou para cima. A outra mãe olhava-a atentamente com grandes olhos de botões negros.
— Coraline, minha querida — disse ela. — Pensei que poderíamos jogar alguns jogos esta manhã, agora que você voltou da caminhada. Amarelinha? Baralho? Monopólio?
— Você não apareceu no espelho — disse Coraline. A outra mãe sorriu. 
— Espelhos — disse ela —, não se devem confiar nos espelhos. E então, que jogo vamos jogar?” (GAIMAN, 2003).
Ao longo do filme a aparência de Beldam lentamente muda, deixando para trás a persona de mãe e assumindo seu verdadeiro eu, cuja forma lembra uma aranha (Anexo 6). As aranhas possuem muitos significados em várias culturas, de um predador perigoso para um ser narcisista, obcecado com o centro de sua teia. Para Jung a aranha é como um símbolo representativo do Self, trata-se da força interior que emana de quem realmente somos, sombra e luz, clara e escura, além de ser um dos arquétipos de Jung.
Beldam era totalmente tomada por seu ego, sua necessidade era sobreviver por mais tempo, para ser eterna, então de tempo em tempo tinha que capturar a alma de uma criança, porém não tinha só que fazer isso, mas convencer a criança de ficar nesse mundo, a criança precisava ter um desejo de ficar e ser amada por Beldam.
Para Jung, o Ego é parte constituinte da mente humana, como um processo funcional composto por tudo aquilo que vimos, convivemos e percebemos. Sendo assim, é muito mais do que o simples “eu”, é a junção de lembranças, sentimentos e ideias que posicionam nosso comportamento e nos tornam conscientes. O ego de Beldam era tomado por ideias e planejamentos para fazer crianças as se interessarem no outro mundo.
Chegando ao clímax do filme temos o “NÃO” de Coraline em viver somente naquele mundo de Beldam, e claro nossa personagem da analise se revela como vilã, prendendo Coraline em um espelho com os fantasmas das crianças que ela já capturou e tomou suas almas (Anexo 7), deixando bem claro que com a negativa de Coraline ficar naquele mundo Beldam não poderia tomar sua alma. Wybie, versão olhos de botão (anexo 8) (também criado por Beldam) ajudou Coraline a sair dali, porém ao voltar no mundo real percebeu que seus pais desapareceram, e claro que isso foi obra de Beldam. Coraline oferece um jogo a Beldam, aonde consegue cumprir uma parte do desafio, e usa de sua inteligência para enganar-la. Nessa hora em que Coraline vai tentar fugir, Beldam destrói todo o outro mundo transformando o mesmo em uma teia (simbolismo da aranha) e tenta capturar Coraline (Anexo 9), porem, Coraline jogou o Gato no rosto de Beldam, a fazendo perder os olhos de botão, e consequentemente sua visão, conseguiu escapar da poderosa dona do outro mundo.
Referencias
DIAS, Cecília Maria Tavares. Resenha Crítica do conto CORALINE. EDUCAÇÃO BÁSICA REVISTA, v. 2, n. 2, p. 157-162, 2017.
SILVEIRA, Nise. Jung: vida e obra. São Paulo: Paz e Terra, [1981] 1984.
GAIMAN, N. Coraline. Tradução de Regina de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
Coraline. Directed by Henry Selick. 2009; Hollywood, CA, USA. Laika, 2009. Film.
JUNG, Carl G. et al. O homem e seus símbolos. HarperCollins Brasil, 2016.
ARANHA, Maurício. Alguns aspectos da religião na psicologia analítica. Ciênc. cogn. Rio de Janeiro, v. 1, p. 76-82, mar.  2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212004000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 nov.  2017.>
Desconhecido. Site. 05 de novembro de 2017. 
http://pt-br.coraline.wikia.com/wiki/A_Outra_M%C3%A3e
Desconhecido. Site. 06 de novembro de 2017. http://www.oarquivo.com.br/extraordinario/temas-inexplicados/4650-a-simbologia-da-aranha.html
Desconhecido. Site. 09 de novembro de 2017. https://www.dicionariodesimbolos.com.br/olho/
Galiardi,Visette. Blog. 09 de novembro de 2017. http://psicoleque.blogspot.com.br/2012/08/coraline-e-o-mundo-secreto.html 
Anexo1 “fazendo a cópia fiel de Coraline”. As mãos mecânicas são de Beldam.
Anexo 2 “atravessando a porta.”
Anexo 3 “outra mãe e outro pai.”
Anexo 4 “Será que Coraline aceita Beldam costurar botões no lugar de seus olhos?”
Anexo 5 “a outra mãe e sua sombra.”
Anexo 6 “Sua verdadeira aparência.”
Anexo 7 “As almas já capturadas.”
Anexo 8 “Coraline e Wybie (versão fantoche)”
Anexo 9 “A última tentativa.” Obs.: repare na seta indicando que ela está sem os olhos de botão.
18

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais