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Aula 2 Bioética História e princípios básicos

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John Finnis e outros estudiosos da ética e da bioética que se contrapunham a esta abordagem, argumentam que a questão da maximização do prazer (ou da qualidade de vida) não pode se impor (como uma equação matemática) eticamente a aspectos morais e a valores mais amplos do que o prazer.
Segundo estes autores, temas como o aborto ou a eutanásia, não podem ser moralmente debatidos em termos de satisfatoriedade ou qualidade de vida. Ou, em outras palavras, não podemos sustentar a defesa do aborto simplesmente pelo fato de que a gestante se priva de situações ou gratificações em função da gravidez.
O que Finnis irá propor é uma Bioética fundamentada em aspectos filosóficos mais clássicos e moralmente sustentáveis.
Assim, para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação:
1
Descritiva( descrever lado bom, as vantagens, o lado ruim, os impactos)
Voltada para a  descrição e análise destes conflitos.
2
Normativa( limites)
Com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos.
3
Protetora( proteger)
No sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos” (Schramm, F.R. 2002. Bioética para quê? Revista Camiliana da Saúde, ano 1, vol. 1, n. 2 – jul/dez de 2002 – ISSN 1677-9029, pp. 14-21).
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O resumo da explicação ta no caderno
Para objetivar estas atuações, a Bioética se sustenta em alguns conceitos básicos:
O princípio do duplo efeito
Uma situação frequente é a ocorrência de uma determinada ação que acarreta em dois efeitos concomitantes, um bom e outro mau. Apesar de buscarmos o primeiro resultado, ele sempre traz consigo um efeito colateral indesejável, porém inseparável.
O principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos.
A primeira dessas condições refere-se ao fato de que a ação em si não deve ser má. Isso significa que o mal não pode ser meio para a produção do bem, assim como um ato mau não pode ser moralmente aceito, mesmo que produza benefícios.
Dessa forma, as consequências de um ato são diferentes do ato em si. O efeito negativo é aceito eticamente como consequência de um ato bom, mas nunca como ato (negativo) em si. É apenas a reprodução do conceito moral tradicional pelo qual “o fim não justifica os meios”.
Um exemplo é o efeito que uma cirurgia para correção de um problema de saúde é capaz de ocasionar: a pessoa pode ser curada de sua enfermidade (efeito positivo) ou, devido a complicações, falecer (efeito negativo).
1. 
A segunda condição diz respeito à existência de uma proporcionalidade entre os efeitos colaterais negativos e os benefícios decorrentes da ação. Os benefícios precisam ser maiores do que os malefícios da ação. Um ato no qual os efeitos negativos sejam muito maiores do que o bem que ele possa acarretar não pode ser moralmente aceitável. Naturalmente que sempre haverá subjetividades e discordâncias relativas a esta avaliação de proporcionalidade, mas uma ação ética implica necessariamente nesta análise e (sempre que possível) em um consenso de valor entre as partes envolvidas.
Tomando o exemplo anterior, se a cirurgia for realizada em uma pessoa muito idosa, será necessário considerar seus elevados riscos devido à idade já avançada. Mesmo que solucione um problema de saúde, o ato pode desencadear outras complicações, levando a pessoa, inclusive, à morte. Esses riscos devem, portanto, ser pesados.
1. 
O princípio da totalidade
Este princípio se origina do sistema psicológico da Gestalt que sustenta que:
“O todo é mais do que a soma de suas partes”.
Assim, as partes do corpo não podem ser compreendidas de modo dissociado da unidade física.
Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da preservação de nossa saúde geral.
A amputação de um órgão ou parte do corpo, por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, em situações de doação a terceiros, o quanto esta remoção irá ou não afetar as condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem produzido ao outro)
Meios ordinários e extraordinários de tratamento
Um procedimento padrão no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e que possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns).
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não logram êxito, nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados meios extraordinários
Justiça
Critérios de justiça estão diretamente associados aos aspectos éticos e não poderiam deixar de estar, também, vinculados à Bioética
A justiça é o conceito pelo qual cada um deve receber o que lhe é merecido por direito ou pela ação de seus atos. Assim, casos semelhantes devem ser tratados de modo semelhante e casos diferentes tratados de modo diferenciado.
JUSTICA COMUTATIVA
Define padrões relativos à equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários( Presente nas relações sociais de troca, sendo que as partes devem dar e receber numa proporção matemática. Uma troca é justa quando, os produtos que foram trocados eqüivalem-se exatamente, quantitativamente.
JUSTICA RETRIBUTIVA
Estipula sanções legais para a violação das leis e que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído.
JUSTICA DISTRIBUTIVA
Regula a partilha de bens e benefícios sociais, garantindo a cada um o que lhe é devido na distribuição de um todo. Todos estes aspectos estão intrínsecos na aplicação da Bioética, mas a justiça distributiva, em particular, tem se demonstrado uma área bastante sensível, na medida em que a obtenção de recursos de saúde interfere diretamente em muitas questões e problemas inerentes à Bioética.
(seria sua idéia central o tratamento comparativo, dar a cada um o que é seu na medida da proporcionalidade e necessidade, sendo essa uma função do Estado perante à sociedade.

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