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1 Esclerose Múltipla Material cedido por Eduardo Sarmento → Definição: As doenças desmielinizantes são distúrbios imunologicamente mediados que se caracterizam pela destruição preferencial da mielina do (SNC). O (SNP) é poupado. A EM, doença mais comum dessa categoria, ocupa o 2º lugar, depois do traumatismo, como causa de incapacidade neurológica, começando no início ou na metade da vida adulta. → Epidemiologia: ● 350.000/ano dos EUA ● 2,5 mi no mundo ● A EM é aproximadamente três vezes mais comum em mulheres. ● A faixa etária típica para o início da doença é de 20 a 40 anos ● Variações na distribuição geográfica da EM foram observadas repetidamente, com a maior prevalência conhecida (250 por 100.000) nas Ilhas Orkney, situadas ao norte da Escócia. ● Em outras áreas da zona temperada (p. ex., norte da América do Norte e da Europa, sul da Austrália e da Nova Zelândia), a prevalência da EM é de 0,1 a 0,2%. Comparativamente, nos trópicos (p. ex., Ásia, África Equatorial e Oriente Médio), a prevalência costuma ser 10 a 20 vezes menor. ● Os fatores de risco bem estabelecidos para EM incluem deficiência de vitamina D, exposição ao vírus Epstein-Barr (EBV) após a primeira infância e tabagismo. VITAMINA D: A deficiência de vitamina D foi associada a um aumento do risco de EM, e há dados a sugerir que a deficiência mantida pode aumentar a atividade da doença após sua instalação. Os efeitos imunorreguladores da vitamina D talvez expliquem essa aparente relação. A exposição da pele à radiação ultravioleta B do sol é essencial para a biossíntese da vitamina D, e esta produção endógena é a fonte mais importante de vitamina D na maioria dos indivíduos; uma dieta rica em peixes gordurosos é outra fonte de vitamina D. Nas maiores latitudes, a quantidade de radiação UVB que atinge a superfície da Terra costuma ser insuficiente, em particular durante os meses de inverno e, consequentemente, é comum encontrar níveis séricos baixos de vitamina D nas zonas de clima temperado. Com a prática comum de evitar a exposição direta aos raios solares e com o uso disseminado de filtros solares (fator de proteção solar [FPS] 15) que bloqueiam 94% da radiação UVB, seria esperado o agravamento da deficiência de vitamina D na população. Sódio: Dados recentes de estudos com modelos de EM também demonstraram que níveis altos de sódio na dieta ativam linfócitos T auto reativos patogênicos, o que sugere que a dieta com alto teor de sal, atualmente disseminada no mundo ocidental, pode fazer parte da explicação para o aumento observado da prevalência de EM nos últimos anos. → Evolução Clínica: É extremamente variável, desde um quadro benigno até doença rapidamente progressiva e incapacidade que exige ajustes profundos no estilo de vida. → Patogênese: ● Patologia: → Nos locais de inflamação, a barreira hematoencefálica (BHE) é afetada; entretanto, diferentemente do que ocorre na vasculite, a parede vascular é preservada → A desmielinização é a marca patológica, e evidências de degeneração da mielina são encontradas bem no início do processo de lesão tissular 2 → Uma característica notável das placas de EM é a sobrevivência de células precursoras de oligodendrócitos — e, em muitas lesões, essas células estão presentes em número maior do que no tecido normal —, mas elas não se diferenciam em células maduras produtoras de mielina. Em algumas lesões, os oligodendrócitos sobreviventes, ou aqueles que se diferenciam a partir de células precursoras, remielinizam parcialmente os axônios desnudos sobreviventes, produzindo as assim chamadas placas fantasmas → À medida que as lesões evoluem, ocorre proliferação acentuada de astrócitos (gliose). → Embora a preservação relativa dos axônios seja típica da EM, pode ocorrer também destruição axônica parcial ou total, sobretudo nas lesões altamente inflamatórias. Por conseguinte, a EM não é apenas uma doença da mielina, e a patologia neuronal está sendo cada vez mais reconhecida como um fator contribuinte importante para a incapacidade neurológica irreversível. ● Fisiologia: → Nos axônios mielinizados, a condução nervosa ocorre de forma saltatória, com o impulso nervoso saltando de um nodo de Ranvier para o seguinte sem despolarização da membrana axonal abaixo da bainha de mielina entre os nós → Com isso, a velocidade de condução é consideravelmente maior (~70 m/s) em comparação com a velocidade (~1 m/s) produzida com a propagação contínua dos nervos não mielinizados → Ocorre bloqueio da condução quando o impulso nervoso não é capaz de atravessar o segmento desmielinizado. → Isso pode acontecer quando a membrana axonal em repouso torna-se hiperpolarizada em razão da exposição dos canais de potássio dependentes da voltagem normalmente ocultos sob a bainha de mielina. → Um bloqueio de condução temporário muitas vezes sucede um evento desmielinizante, antes que os canais de sódio (originalmente concentrados nos nodos) tenham chance de se redistribuir ao longo do axônio desnudo → Essa redistribuição mais tarde possibilita a propagação contínua dos potenciais de ação nervosos por meio do segmento desmielinizado. → O bloqueio da condução pode ser incompleto, afetando as séries de impulsos de alta frequência, mas não as de baixa frequência. CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS: → A suscetibilidade à EM é poligênica, sendo que cada gene contribui com uma parcela relativamente pequena do risco global → A maioria dessas variantes genéticas associadas à EM desempenha papéis conhecidos no sistema imune adaptativo → O sinal mais forte de suscetibilidade nos estudos genômicos amplos foi identificado no gene HLA- DRB1 na região classe II do complexo de histocompatibilidade principal (MHC), e tal associação responde por cerca de 10% do risco da doença. → As variantes identificadas até agora carecem de especificidade e de sensibilidade para a EM; por conseguinte, neste momento elas não são úteis para estabelecer o diagnóstico nem para prever a futura evolução da doença. LINFÓCITOS T AUTORREATIVOS A proteína básica da mielina (MBP), uma proteína intracelular envolvida na compactação da mielina, é um 3 antígeno importante para células T na encefalomielite alérgica experimental (EAE), um modelo laboratorial, e provavelmente também na EM em humanos. Foram identificadas células T reativas à MBP ativadas no sangue, no líquido cerebrospinal (LCS) e em lesões de EM. Além disso, o DRB1*15:01 pode influenciar a resposta autoimune, visto que se liga com alta afinidade a um fragmento da MBP (que se estende pelos aminoácidos 89 a 96), estimulando respostas das células T a essa auto proteína. Duas populações diferentes de células T pró-inflamatórias provavelmente medeiam a autoimunidade naEM. As células T auxiliares tipo 1 (TH1) que produzem interferon γ (IFN-γ) formam uma população efetora essencial, e, mais recentemente, foi estabelecido um papel para as células TH17 altamente pró- inflamatórias. As células TH17 são induzidas pelo fator de crescimento transformador β (TGF-β) e pela IL-6 e são amplificadas por IL-21 e IL-23. As células TH17 e os níveis de sua citocina correspondente IL-17 estão aumentados nas lesões de EM, bem como na circulação de indivíduos com EM ativa. Níveis circulantes elevados de IL-17 talvez sejam um marcador de evolução mais grave da EM. As citocinas TH1, incluindo IL-2, fator de necrose tumoral α (TNF) e IFN-γ, também desempenham papéis-chave na ativação e na manutenção das respostas autoimunes, e tanto o TNF-α quanto o IFN-γ podem causar lesão direta de oligodendrócitos ou da membrana de mielina. Neurodegeneração: → Ocorre dano axônico em cada lesão recém- formada da EM, e acredita-se que a perda axônica cumulativa seja uma causa importante de incapacidade neurológica irreversível na EM. Até 70% dos axônios são perdidos nos tratoscorticospinais laterais (p. ex., motores) em pacientes com paraparesia avançada por EM → A desmielinização pode resultar em redução do suporte trófico dos axônios, redistribuição dos canais iônicos e desestabilização dos potenciais de ação da membrana. → Inicialmente os axônios podem adaptar-se a essas lesões, mas, com o passar do tempo, muitas vezes ocorre degeneração distal e retrógrada. Portanto, a promoção da remielinização continua sendo um objetivo terapêutico importante. → Na EM progressiva, uma questão-chave não solucionada é se o processo neurodegenerativo principal ocorre primariamente no córtex cerebral, na substância branca, ou em alguma combinação dessas duas estruturas. → Como mencionado antes, infiltrados de células B e T nas meninges são particularmente evidentes nos casos de EM progressiva, e esses “folículos linfoides” estão associados a ativação microglial 4 subjacente, placas na substância cinzenta e perda de neurônios do córtex → A morte axonal e neuronal pode resultar de excitotoxicidade mediada por glutamato, lesão oxidativa, acúmulo de ferro e/ou insuficiência mitocondrial ocorrendo como consequência de lesão devida a radicais livres ou acúmulo de deleções no DNA mitocondrial. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: → O início da EM pode ser abrupto ou insidioso. Os sintomas podem ser graves, ou parecer tão triviais que o paciente talvez não procure assistência médica por meses ou anos, um exame de RM realizado por motivo não relacionado pode revelar evidências de EM assintomática. → Os sintomas da EM são extremamente variados e dependem da localização e da gravidade das lesões no SNC. → Fraqueza dos membros: pode manifestar-se como perda da força, velocidade, ou destreza, como fadiga ou como distúrbio da marcha. A fraqueza induzida por exercício é um sintoma típico da EM. A fraqueza é do tipo relacionado com o neurônio motor superior. sendo geralmente acompanhada por outros sinais piramidais, como espasticidade, hiperreflexia e sinal de Babinski → Espasticidade: Comumente está associada com espasmos musculares espontâneos ou induzidos por movimento. Mais de 30% dos pacientes com EM têm espasticidade moderada a intensa, sobretudo nos membros inferiores. Em muitos casos, esse quadro é acompanhado de espasmos dolorosos que interferem com a capacidade de deambular, trabalhar ou cuidar de si mesmo. → A neurite óptica (NO) em geral se apresenta como diminuição da acuidade visual, falta de nitidez ou redução da percepção das cores (dessaturação) no campo central da visão. Tais sintomas podem ser leves ou evoluir para perda visual grave. Raramente, há perda total da percepção da luz. Os sintomas visuais costumam ser monoculares, mas podem ser bilaterais. A dor periorbital (agravada por movimentos oculares) muitas vezes precede ou acompanha a perda visual. → A fundoscopia pode ser normal ou revelar edema do disco óptico (papilite). A palidez do disco óptico (atrofia óptica) comumente sucede a NO. A uveíte é incomum, devendo levantar a possibilidade de diagnósticos alternativos, como sarcoidose ou linfoma. → O borramento visual na EM pode resultar de NO ou diplopia (visão dupla); se o sintoma desaparecer quando um dos olhos for coberto, a causa será diplopia. → A diplopia pode resultar de oftalmoplegia internuclear (OIN) ou paralisia do VI nervo craniano (raramente do III ou IV). A OIN consiste em prejuízo na adução de um dos olhos em razão de lesão no fascículo longitudinal medial ipsilateral → Os sintomas sensitivos são variáveis, consistindo em parestesias (p. ex., formigamento, sensação de “alfinetadas e agulhadas” ou queimação dolorosa) e hipoestesia (p. ex., sensibilidade reduzida, dormência ou sensação de “perda” de parte do corpo). Sensações desagradáveis (p. ex., partes do corpo “inchadas”, “molhadas”, “em carne viva” ou "apertadas" também são comuns. A deficiência sensitiva do tronco e dos membros inferiores abaixo de uma linha horizontal no dorso (nível sensitivo) sugere que a medula espinal é a origem do distúrbio sensorial. Com frequência, acompanha-se a sensação de constrição semelhante a uma faixa ao redor do tronco. A dor é um sintoma comum na EM, sentida por mais de 50% dos pacientes. Pode ocorrer em qualquer área do corpo e mudar de localização ao longo do tempo. → A ataxia geralmente se manifesta na forma de tremores cerebelares. Ela também pode envolver a 5 cabeça e o tronco, ou a voz, produzindo disartria cerebelar típica (fala escandida). → A disfunção vesical está presente em mais de 90% dos pacientes com EM, e em 33% deles a disfunção resulta em episódios semanais ou mais frequentes de incontinência. Durante a micção reflexa normal, o relaxamento do esfincter da bexiga (inervação α-adrenérgica) é coordenado com a contração do músculo detrusor na parede vesical (inervação colinérgica muscarínica). A hiper-reflexia do detrusor, decorrente da deficiência da inibição suprassegmentar, causa polaciúria, urgência, nictúria e esvaziamento incontrolável da bexiga. A dissinergia do detrusor-esfincter, secundária à perda da sincronização entre os músculos detrusor e o esfincter, causa dificuldade de iniciar e/ou interromper o jato urinário, acarretando hesitação, retenção urinária, incontinência por transbordamento e infecção recorrente. → Ocorre constipação em >30% dos pacientes. Urgência ou incontinência fecal são menos comuns (15%), mas podem ser socialmente debilitantes. → A disfunção cognitiva pode incluir perda de memória, desatenção, dificuldade nas funções de execução, memória, solução de problemas, processamento lento das informações e dificuldades de mudança entre tarefas cognitivas. No passado, acreditava-se que a euforia (humor elevado) fosse característica da EM, mas na verdade é incomum e ocorre em <20% dos pacientes. Disfunção cognitiva suficiente para comprometer as atividades cotidianas também ocorre, mas é rara. → A depressão, presente em 50% dos pacientes, pode ser reativa, endógena ou parte da própria doença, e pode contribuir para a fadiga. → A fadiga acomete 90% dos pacientes, sendo a razão mais comum de incapacidade para o trabalho na EM. Pode ser agravada por temperaturas elevadas, depressão, esforços excepcionais para executar atividades cotidianas básicas ou distúrbios do sono (p. ex., despertares noturnos frequentes para urinar) → A disfunção sexual pode manifestar-se como redução da libido, menor sensibilidade genital, impotência nos homens e menor lubrificação vaginal ou espasmos dos músculos adutores nas mulheres. → A fraqueza facial decorrente de lesão na ponte pode assemelhar-se à paralisia de Bell idiopática. Contudo, diferente desta, a fraqueza facial na EM não costuma estar associada à perda ipsilateral do paladar ou dor retroauricular. → vertigem pode surgir subitamente por lesão no tronco encefálico e simular superficialmente a labirintite aguda. Disacusia também pode ocorrer na EM, mas não é comum. → Sinais auxiliares: Sintomas auxiliares Sensibilidade ao calor refere-se aos sintomas neurológicos produzidos pela elevação da temperatura central do corpo. Por exemplo, é possível haver borramento unilateral transitório da visão durante banho quente ou exercício físico (sintoma de Uhthoff). Também é comum que os sintomas da EM se agravem transitoriamente, às vezes de forma dramática, durante doenças febris (ver “Crises agudas ou episódios iniciais de desmielinização”, adiante). Tais sintomas relacionados com o calor provavelmente resultam de bloqueio transitório da condução (ver anteriormente). O sintoma de Lhermitte é uma sensação de choque elétrico (suscitada por flexão ou outro movimento do pescoço) que se irradia ao longo do dorso até as pernas. Raramente, irradia-se para os braços. Costuma ser autolimitado, mas pode persistir por anos. Também pode ocorrer em outros distúrbios da coluna cervical (p. ex., espondilosecervical). EVOLUÇÃO DA DOENÇA 1. A EM remitente-recorrente (EMRR) responde por 85% dos casos de EM no início e caracteriza-se por crises isoladas que costumam evoluir durante dias a semanas (raramente, apenas horas). Com as crises iniciais, em geral há recuperação substancial ou total ao longo das semanas ou meses seguintes, mas à medida que as crises se sucedem a recuperação passa a ser menos 6 evidente (Fig. 458.2A). Entre os episódios, os pacientes são neurologicamente estáveis. 2. A EM progressiva secundária (EMPS) sempre começa como EMRR (Fig. 458.2B). Em algum momento, porém, a evolução clínica da EMRR muda, de modo que o paciente passa a apresentar deterioração constante da função sem episódios agudos (que podem continuar ou cessar durante a fase progressiva). A EMPS produz maior grau de deficiência neurológica fixa do que a EMRR. Para um paciente com EMRR, o risco de evoluir com EMPS fica em torno de 2% ao ano, ou seja, a grande maioria dos casos de EMRR finalmente evolui para EMPS. A EMPS parece representar o estágio tardio da mesma doença subjacente à EMRR. 3. A EM progressiva primária (EMPP) responde por cerca de 15% dos casos. Tais pacientes não apresentam crises, mas sim um declínio funcional constante desde o início da doença. Em comparação com a EMRR, a distribuição entre os sexos é mais equânime, a doença começa mais tarde (média de idade próxima de 40 anos), e a incapacidade aparece mais rápido (pelo menos em relação ao início do primeiro sintoma clínico). Apesar dessas diferenças, a EMPP parece representar a mesma doença subjacente que a EMRR. 4. A EM progressiva/recidivante (EMPR) se superpõe à EMPP e à EMPS, respondendo por cerca de 5% dos pacientes com EM. Assim como aqueles com EMPP, esses pacientes apresentam deterioração constante do seu estado desde o início da doença. Contudo, assim como os pacientes com EMPS, eles apresentam episódios eventuais superpostos à sua evolução progressiva DIAGNÓSTICO Não há um exame diagnóstico definitivo para a EM. → Os critérios de diagnóstico para a EM clinicamente definida exigem comprovação de dois ou mais episódios sintomáticos e dois ou mais sinais que reflitam patologia em tratos da substância branca do SNC anatomicamente não contíguos → Os sintomas devem durar mais de 24 horas e ocorrer como episódios distintos e separados por 1 mês ou mais → Nos pacientes que apresentam apenas um dos dois sinais requeridos ao exame neurológico, o segundo pode ser documentado por alterações em exames complementares, como RM ou potenciais evocados (PE) → De modo semelhante, nos protocolos diagnósticos mais recentes, o segundo episódio clínico (no tempo) pode ser definido apenas por achados no exame de RM, com o surgimento de novas lesões focais na substância branca à RM ou com a presença de uma lesão contrastada e uma lesão não contrastada em localização assintomática → Nos pacientes com evolução progressiva desde a instalação por 6 meses ou mais sem recidivas superpostas, pode-se usar a comprovação de síntese de IgG intratecal para corroborar o diagnóstico de EMPP. EXAMES DIAGNÓSTICOS RM: A RM revolucionou o diagnóstico e o tratamento da EM → anormalidades características são detectadas em mais de 95% dos pacientes, embora mais de 90% das lesões visualizadas pela RM sejam assintomáticas. → O aumento da permeabilidade vascular por ruptura da BHE é detectado por extravasamento do gadolínio (Gd) intravenoso para o interior do parênquima. Esse extravasamento ocorre no início do desenvolvimento de lesão da EM e serve como marcador útil de inflamação. → As lesões costumam ser orientadas perpendicularmente à superfície ventricular, correspondendo ao padrão patológico de desmielinização perivenosa (dedos de Dawson) → As lesões são multifocais no interior do cérebro, do tronco encefálico e da medula espinal. As lesões com mais de 6 mm, localizadas em corpo caloso, substância branca periventricular, cerebelo e 7 medula espinal, são particularmente úteis ao diagnóstico Efeitos na gravidez: Efeito da gravidez As pacientes grávidas com EM sofrem menos episódios do que o esperado durante a gestação (sobretudo no último trimestre), porém mais episódios do que o esperado nos primeiros 3 meses após o parto. Considerando o ano da gravidez como um todo (i.e., 9 meses da gestação mais 3 meses após o parto), a evolução geral da doença não é afetada. Assim, as decisões acerca de concepção devem basear-se (1) no estado físico da mãe, (2) na sua capacidade de cuidar da criança e (3) na disponibilidade de apoio social. A terapia modificadora da doença geralmente é durante a gravidez, embora o risco dos interferons e do acetato de glatirâmer pareça baixo. TRATAMENTO O tratamento da EM é dividido em várias categorias: (1) tratamento dos episódios agudos, (2) uso de agentes modificadores da doença que reduzem a atividade biológica da EM e (3) terapia sintomática. Não há no momento tratamentos que promovam remielinização ou reparo neural, mas diversas abordagens promissoras estão sendo investigadas. A escala Expanded Disability Status Score (EDSS) é uma medida da incapacidade neurológica na EM amplamente utilizada (Quadro 458.5). A maioria dos pacientes com escores EDSS <3,5 tem EMRR, deambula normalmente e não se mostra incapacitada; por outro lado, os pacientes com escores EDSS >5,5 têm EM progressiva (EMPS ou EMPP), incapacidade de deambular e incapacidade ocupacional. → Crises Agudas ou episódios iniciais de desmielinização ● Deterioração aguda: ○ Nova atividade de doença ■ Corticóide: Tem benefício a curto prazo. Reduz a intensidade. Encurta a duração do episódio ● Metilprednisolona IV 500mg a 100mg/dia de 3 a 5 dias. Seguido de um ciclo de prednisona oral de 60 a 80mg/dia. ● Suplementação de Potássio, Carbonato de lítio, Rinitidina e prontoprazol. ○ ○ “Pseudoexacerbação” ( aumento da temp, febre, infecção) ■ Nesse caso do tratamento com Glicocorticóide é inapropriado. ● Terapias modificadoras da doença para formas REINCIDIVANTES: ○ 10 compostos aprovados pela FDA. ■ IFN-B-1a ■ IFN-B-1a ■ IFN-B-1b ■ Acetato de Glaritâmer ■ Natalizumabe ■ Fingolimode ■ Dimetil Fumarato ■ Terifluromida ■ Mitoxatrona ■ Alentuzumabe
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