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Fotobiomodulação para reparo da mucosa em pacientes submetidos à extração dentária após radioterapia de cabeça e pescoço

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RESUMO 25/09/2020 
Beatriz Cavalcante e Ludmila Vieira 
FOTOBIOMODULAÇÃO PARA REPARO DA MUCOSA EM PACIENTES SUBMETIDOS À EXTRAÇÃO DENTÁRIA 
APÓS RADIOTERAPIA DE CABEÇA E PESCOÇO: UM ESTUDO PILOTO DUPLO-CEGO RANDOMIZADO 
INTRODUÇÃO 
Osteorradionecrose (ORN) é definida pela presença de exposição óssea intraoral após terapia de 
radiação (RT) com duração por 3 a 6 meses sem a presença de tumor local. Fatores envolvidos na 
patogênese de ORN podem ser divididos como relacionado ao tumor (local do tumor; estadiamento da 
doença), relacionado ao tratamento (técnica cirúrgica; técnica de RT, dose e número das sessões) e 
relacionadas ao paciente (estado de higiene oral, cirurgia oral, tabagismo, alcoolismo e desnutrição). 
ORN é uma complicação tardia grave da RT de cabeça e pescoço que pode ser associado a sequelas 
graves e redução significativa na qualidade de vida. Visitas odontológicas de rotina devem fazer parte do 
acompanhamento de longo prazo de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, visando evitar a 
radiação cárie e suas complicações relacionadas. 
Nos últimos anos, a terapia de fotobiomodulação (PBMT) tem sido sugerido como uma ferramenta 
adjuvante para o tratamento de ORN, promovendo o alívio da dor, reduzindo o edema, acelerando a 
reparação do tecido e levando a uma formação superior de tecido de granulação com aumento da 
vascularização. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de PBMT como um tratamento 
auxiliar para acelerar cicatrização em pacientes submetidos à pós-extração dentária. 
METODOLOGIA 
Um ensaio clínico duplo-cego randomizado foi conduzido para avaliar a eficácia do PBMT no aumento da 
mucosa cura de pacientes previamente tratados com HNRT e submetidos a extrações dentárias não 
cirúrgicas. Os participantes foram divididos em dois grupos: G1 - extração dentária + PBMT e G2 — 
extração dentária + sham-PBMT. Uma amostra de conveniência de pacientes consecutivos foi coletada 
de setembro de 2017 a dezembro de 2017. Todas as intervenções cirúrgicas foram realizadas por um 
cirurgião bucomaxilofacial. 
Eligibilidade 
Critério de inclusão: ter acima de 18 anos de idade, demanda clínica por extração não cirúrgica, história 
de radioterapia de cabeça e pescoço (> 60 Gy) envolvendo as áreas maxilares ou mandibulares e 
apresentando 3 meses após a conclusão HNRT. 
Critério de exclusão: alergia à penicilina, status de desempenho limitado prejudicando o procedimento 
cirúrgico, intervenção e cuidados paliativos estritos. 
Randomização e alocação 
Uma enfermeira não envolvida com os pacientes do estudo cuidadosamente misturados, numerados e 
lacrados quarenta envelopes contendo o tratamento [PBMT (20) ou sham-PBMT (20)]. Consecutivos 
pacientes elegíveis que se apresentaram à Unidade de Oncologia Odontológica. O HCP recebeu 1 
envelope numerado, de acordo com o ingresso no estudo. A mesma enfermeira alocou pacientes no 
estudo, enviou a lista de tratamento para o chamado "dentista PBMT", e não teve mais contato com o 
paciente ou com a pesquisa equipe. Indivíduos submetidos a mais de uma cirurgia foram randomizado 
outra vez 1 semana após o término do protocolo do estudo (D28). 
 
Estudo de rotina 
Todas as extrações dentárias não cirúrgicas foram realizadas sob anestesia local pelo mesmo cirurgião 
bucomaxilofacial sob estrito cumprimento das boas práticas cirúrgicas. Os indivíduos foram submetidos 
a no máximo duas extrações não cirúrgicas e podem ser randomizados novamente se mais de dois 
dentes exigiram extração. As suturas eram realizada sem tensão, promovendo cobertura óssea total, 
usando 4-0 fios de seda para evitar trauma à mucosa do paciente e foram removidos após 14 dias. 
Todos os pacientes receberam amoxicilina 500 mg três vezes ao dia, começando no dia anterior a 
cirurgia. Em caso de dor, os pacientes foram instruídos a usar dipirona 500 mg por via oral a cada 6 h. 
Em pacientes alérgicos, o uso de paracetamol 750 mg (acetaminofeno) foi recomendado. Ele também 
realizou todas as avaliações pós-cirúrgicas. 
Terapia fotobiomoduladora 
Um Flash Laser III foi usado em 808 nm estacionário em contato com a mucosa, de acordo com os 
seguintes parâmetros: 40 mW, 100 J / cm2, 70 s / ponto, 2,8 J / ponto, 5 pontos, levando a energia total 
acumulada de 70 J / alvéolo. O condutor óptico era um tipo de fibra de sílica, 10 cm de comprimento e 
área de 0,028 cm2. O feixe de laser infravermelho foi aplicado em 5 pontos de cada alvéolo, quatro logo 
abaixo da margem óssea (dois vestibulares e dois linguais / palatinos), e um ponto na porção oclusal. O 
tempo de irradiação realizado por pontos foi de 70 s, e o tempo total variou entre 350 s (1 dente) e 700 
s (2 dentes) de irradiação por procedimento. O protocolo PBMT seguido foi o de quatro aplicações: D0, 
D7, D14 e D21. Apenas o dentista PBMT estava ciente do status do tratamento e não teve contato com o 
cirurgião. 
Resultados e Discussão: A tabela 1 do resultado mostra as características dos pacientes do estudo, 
como sexo (maioria masculina), idade, alergia a medicação, números de procedimento, comorbidades, 
tratamento, local de irradiação, dentre outras. Nas demais tabelas também vimos demais 
características, como as do pós operatório. 
Fotobiomodulação (PBMT): o estudo preliminar permitiu avaliar a eficácia da PBMT na melhora da 
cicatrização da mucosa de alvéolos de pacientes com CEC tratados com radioterapia de cabeça e 
pescoço, onde observou-se que a PBMT promoveu cura mais rápida da mucosa e redução da dor pós-
operatória quando usada uma vez por semana, durante 4 semanas. Avaliando esses resultados e 
reforçando o uso da PBMT como um padrão de cuidado no manejo de extrações dentárias em pacientes 
tratados com radioterapia de cabeça e pescoço. 
A PBMT tem sido usada em estudos ao longo dos anos trazendo bons resultados, como alívio da dor, 
redução de edema e aceleração do processo de reparo, tanto pacientes não irradiados, quanto em 
pacientes sob risco de osteoradionecrose. O que reforça as descobertas do estudo no que diz respeito a 
redução da dor pós-operatória, menor uso de analgésicos e tempo reduzido para revestimento da 
mucosa alveolar. 
Dose da PBMT: o CEC apresenta um comportamento invasivo, por isso se faz necessário avaliar o efeito 
da PBMT na capacidade de invasão de células tumorais quando aplicado nestas regiões. Diante disto, o 
estudo observou na literatura doses já utilizadas, onde observou-se que a PBMT foi usada da seguinte 
forma: doses 780nm e parâmetros usados para mucosite (70 e 40mW com 4J/cm²). Considerando o 
comportamento invasivo do CEC, envolvimento mandibular e linfonodal, bem como os efeitos 
indutórios da PBMT, locais de tumor devem ser evitados. 
Reparo e PBMT: um paciente do grupo sham-PBMT apresentou exposição óssea (lasca de 2mm) nos dias 
D21 e D28. Após a conclusão do estudo o paciente passou por cirurgia onde foi removida a exposição 
óssea. Aplicando-se as margens ósseas e suturando-se por primeira intenção. 
Medicações prescritas: Amoxicilina 500mg, por 7 dias (iniciando-se um dia antes da cirurgia), 
Pentoxifilina 400 mg, 3 vezes por dia e 1000 UI de Tocoferol, uma vez por dia; todos por 30 dias mais 
bochecho com Clorexidina 0,12%, 2 vezes por dia durante 7 dias. 
A sutura foi removida após 14 dias e o paciente foi acompanhado semanalmente por 30 dias, 
apresentando revestimento completo de mucosa alveolar. 
Antibióticos: o uso universal dos antibióticos cooperou com a falta de infecção pós operatória e 
ausência de exposição óssea de longa duração, no entanto, há um certo desacordo no que diz respeito 
às medicações, dosagens, frequência de administração e duração do tratamento. Por mais que o estudo 
tenha demonstrado falta de infecção pós operatória e cura alveolar, o risco de osteoradionecrose não é 
completamente eliminado após a conclusão da cura do alvéolo, sendo imprescindível o 
acompanhamento à longo prazo. 
Os resultados do estudo: considerando
o uso combinado da sutura primária + antibióticos + PBMT, 95% 
dos procedimentos realizados tiveram revestimento completo da mucosa alveolar em apenas 14 dias de 
pós-operatório. O que reforçou a PBMT como medida de rotina para pacientes sob radioterapia de 
cabeça e pescoço. No entanto, um protocolo clínico para seu uso ainda não foi definido, no que diz 
respeito a quando iniciar, intervalos e dosagens (eficaz quando usada nos primeiros 7 dias após 
exodontia, 3 a 4 sessões por semana durante 2 semanas). 
Conclusão: o estudo concluiu que a PBMT demonstrou um efeito benéfico, proporcionando cura mais 
rápida da mucosa alveolar, redução da dor pós-operatória e menor uso de analgésicos. Afirmando ser 
necessário a realização de mais estudos randomizados a fim de confirmar estes achados.

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