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A METAFÍSICA E OS UNIVERSAIS

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A METAFÍSICA E OS UNIVERSAIS
Maximiliano José Paim¹
Vanessa Tomé²
RESUMO
O presente documento tem por objetivo realizar um apanhado histórico do que é definido como
metafísica ao longo da tradição filosófica. Desde Parmênides até Kant, passando por Platão e
Aristóteles e chegando aos medievais, busca-se delinear o entendimento do que era considerado
filosofia neste recorte histórico.
Palavras-chave: Filosofia. Metafísica. Universais. 
1. INTRODUÇÃO
A metafísica surge dentro do contexto da Grécia antiga com aqueles chamados phisiologoi,
que buscaram pela primeira vez entender o mundo que viviam a partir de teorias racionais e
desprovidas da herança mitológica, ainda que Parmênides tenha usado delas como inspiração para
desenvolver a sua. E para tentar definir os fenômenos que percebiam, passaram a buscar a origem
dos mesmos, ou o que chamaram de arché. Fosse a água, o ar ou o indefinido para Tales,
Anaximandro ou Anaxímenes, o fato é que com Parmênides o nascimento dos fenômenos, ou das
coisas, tem uma origem pela primeira vez entendida como abstrata, além da física, ou metafísica.
Após o platonismo de Santo Agostinho, a metafísica ganhou novos contornos na Idade
Média com a querela, ou disputa, entre os realistas e os nominalistas, e ainda conceitualistas, que
introduziram no assunto a procura pelo entendimento do mundo terreno e do mundo divino, o que
foi chamado de a querela dos universais. Nesta época, sobretudo na Alta Idade Média, a linguagem
veio a ser analisada juntamente com as ideias pré-concebidas como iluminação de Deus e seus
responsáveis participaram assim de uma representação dramática, brilhante e farta!
 Na era iluminista, Immanuel Kant pretendeu dar uma solução definitiva e realizou o que foi
chamado de Revolução Copernicana por colocar a produção do conhecimento em torno do sujeito,
algo como o reposicionamento do sol no centro do sistema solar que leva o carimbo de Copérnico, e
listar as famosas categorias necessárias, segundo ele, para que exista o conhecimento.
Conforme é perceptível, como o recorte que trata dos fundamentos metafísicos é amplo na
história da filosofia, o presente texto é composto por parágrafos breves e enxutos em relação a cada
etapa do caminho da metafísica, pontuando o que há de essencial para entender o que cada filósofo
escreveu e para produzir novas narrativas a partir de autores posteriores. Desta maneira, procurou-
se deixar de lado os detalhes pertencentes às especificidades de cada teoria para que não torna-se
1 Acadêmico
2 Tutor(a) externo (a)
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Filosofia (Flx 1405) – Prática Interdisciplinar VI – 
10/05/2020.
 
cansativa a leitura, embora esses detalhes sejam imprescindíveis em um estudo técnico da
academia.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Assim que a sociedade palaciana deixou de existir na Grécia antiga e deu lugar à pólis, as
relações humanas aumentaram e assumiram um desenho mais horizontal abrindo a possibilidade de
uma troca de cultura mais abrangente. Ao mesmo tempo, aumentou a necessidade de elaborar um
saber mais adequado às situações cada vez mais diversas da vida cotidiana.
O conhecimento proveniente das histórias míticas contadas entre a sucessão das gerações já
não era suficiente diante da exigência de algo mais preciso. Os homens daquele período puseram-se
a especular e a pensar novos formatos de teorias tipicamente humanas (ou nem tanto) como o que é,
de onde vem e de que maneira. E assim o fizeram.
Já que o assunto aqui é a metafísica, começamos com Parmênides. Ele, como grego
autêntico que era, não colocou o pensamento racional que já engatinhava em oposição às tradições
religiosas de seu tempo, mas deu um caráter divino e imutável ao real, ao que pode ser pensado
(GHIRALDELLI, 2010, 19-20). A natureza do que é, sendo real e divina, é imutável, perfeita e não
pode não existir e é de onde surgem os seres concretos e imperfeitos. A metafísica parmenidiana,
percebida por Aristóteles, buscava então uma origem abstrata para as coisas.
Platão, sendo iniciado nos estudos filosóficos pelo heraclitiano Crátilo, contrário a
Parmênides portanto, ficou incomodado por Parmênides posicionar a origem das coisas de maneira
tão confiante (GHIRALDELLI, 2010, 21). Em sua narrativa metafísica, Platão concebeu então o
mundo das Formas eternas e imutáveis situadas no supremo Bem, os quais, contrariamente a
Parmênides, eram acessíveis ao menos aos filósofos, e do qual participavam o seu contrário: os
seres imperfeitos do mundo visível e finito, diferente de Parmênides que posiciou o não ser como o
contrário do Ser.
Aristóteles, aluno de Platão na Academia, sendo conhecedor das teorias daqueles filósofos
anteriores a Sócrates, chamados por ele pioneiramente de pré socráticos, os recebeu de seu mestre
nos anos que estudou na Academia. Porém, como se sabe, ele discordou frontalmente de seu mestre
de que o mundo (chamado por ele também pela primeira vez de) metafísico fosse independente do
mundo perceptível. Para ele, a essência das coisas presente na filosofia primeira, a metafísica, são
retirados do estudo das coisas. A essência do que é, do Ser enquanto Ser, e que está além da física,
por isso metafísica, só pode ser entendido se as propriedades iniciais dos seres forem identificadas
(GHIRALDELLI, 2010, 49, 50). O aluno de Platão concorda com o mestre sobre o caráter universal
presente nas coisas, mas discorda de que seja independente delas.
 
Assim, essa busca pela origem do Ser que existiu na Grécia antiga ecoou por séculos até
chegar aos mestres medievais que, já vivendo em um mundo cristianizado, levaram adiante esta
disputa de narrativas que ora dava mais crédito ao ponto de vista abstrato e divino, ora esvaziava a
primeira e apontava para a necessidade de desenvolver a teoria pela ótica cognitiva, racional e/ou
linguística de investigação, ora tentava equilibrar as duas afirmando que uma narrativa pode ser
complementar a outra. E isso teve grande impulso a partir do período chamado de escolástico, o
século 9, quando surgiram as escolas no Império Carolíngeo.
A chamada Alta Idade Média, do ano 1000 ao ano 1200, foi um período em que os estados
se estabilizaram e uma sólida tradição escolar nascia como fruto do período carolíngeo, no século 9.
Alcuíno, monge inglês da cidade de York, foi chamado pelo Imperador Carlos Magno (século 9)
para elaborar o sistema de ensino do império. Assim, de acordo com MARCONDES
Em 1070 a “reforma gregoriana”, decretada pelo papa Gregório VII, estabeleceu que cada
abadia e catedral tivesse uma escola onde se ensinavam os elementos básicos da cultura da
época, o trivium, ou três vias, consistindo de uma introdução à gramática, lógica e retórica,
e o quadrivium, ou quatro vias, composto de música, geometria, aritmética e física.
(MARCONDES, 2007, p. 118).
Esta organização escolar será responsável pela inúmera quantidade de textos copiados de
autores da antiguidade fomentando assim o pensamento medieval em novos arranjos. Neste
contexto surge a partir do século 11 as primeiras universidades nas cidades de Paris, Bolonha,
Roma, Siena, Salamanca e Placência. STÖRIG afirma que
Na Alta Idade Média, a filosofia encontrou nas universidades que então surgiam o lugar em
que seriam verdadeiramente cultivada. Paris, Colônia, Oxford, Bolonha e Pádua eram as
principais. A universidade medieval era um organismo intelectual supranacional. Como o
nome indica (universitas literarum = a totalidade das ciências), ela abrangia todas as áreas
do saber, a fim de reuni-las na teologia cristã, que pairava entre as outras áreas. A
universidade ocupou a posição dos colégios conventuais e das faculdades teológicas, que
até então existiam isoladamente. O cultivo da filosofia pertencia às tarefas da Faculdade de
Artes – ao lado das Faculdades de Teologiaexistentes. (STÖRIG, 1999, p. 213).
Nestes ambientes de estudos predominava uma enorme preocupação com a linguagem ou, se
pode ser dito, com o que chamados na modernidade de conceitos. Além dos textos de Platão e de
Aristóteles, a Bíblia era o foco das atenções devido à necessidade de delimitar uma maneira correta
de ler o livro sagrado. No centro dos estudos estava a definição de Deus e dos seres. O trivium
consistia propriamente na linguagem e, obviamente, antecedia o estudo das coisas do mundo,
conteúdo do quadrivium.
Assim surge dessa divisão a tensão entre o termo e o objeto, ou, como ficou conhecido, a
questão dos universais, ou também chamada de querela dos universais, e que dividiu os pensadores
em duas (ou três) posições básicas: realista, nominalista (e ainda conceitual e realismo moderado).
 
Para GHIRALDELLI (2010, p. 85), “a discussão sobre os universais é o modo como os medievais
entenderam o que distinguia Platão de Aristóteles”. REALE diz que os estudos se concentraram na
relação entre voces e res, entre a linguagem e a realidade, ou, por minha conta, entre termo e coisa.
Duas correntes filosóficas antagônicas, além de duas correntes híbridas, apareceram então: o
realismo e o nominalismo. Um realista foi Escoto Eriúgena. Do nominalismo podemos citar
Roscelino. As alternativas que tentaram mesclar as duas primeiras podem ser o pensamento do
conceitualista Abelardo e o pensamento do realista moderado Tomás de Aquino.
Sobre o realismo, podemos dizer que, segundo MARCONDES
Escoto de Erígena pode ser considerado como o primeiro autor importante a elaborar um
pensamento próprio na tradição medieval desde Santo Agostinho, representando assim uma
retomada da filosofia agostiniana e do neoplatonismo, sobretudo em sua obra mais
conhecida, De divisione naturae, (As divisões da natureza). Sua importância consiste
sobretudo na revitalização da filosofia cristã, garantindo sua permanência e abrindo
caminho para o seu desenvolvimento. (MARCONDES, 2007, 118).
Já o nominalismo foi um esvaziamento do realismo pois concebia o universal abstrato como
inexistente. Era uma posição cética em relação à correspondência entre o real metafísico da tradição
platônica e o real concreto. O universal é apenas uma indicação de inúmeros seres. REALE afirma
que
a maior fonte de dados sobre o nominalismo de Roscelino é constituída pelo De
incarnatione verbi, de Anselmo de Aosta, ao qual remonta a definição segundo a qual os
universais seriam para Roscelino meros flatus vocis ou simples emissões de vocábulos, sem
que os termos universais remetam a algo de objetivo. (REALE, 2003, p. 169).
Para Roscelino, portanto, o primeiro pensador a sustentar o nominalismo, o conceito geral e/
ou universal nada mais é do que um nome criado pelo pensamento humano para identificar coisas
individuais e aparentemente semelhantes (STÖRIG, 1999, 204).
O conceitualismo foi uma solução provisória e intermediária entre os extremos do
universalia ante res do realismo e do universalia post res do nominalismo (STÖRIG, 1999, 205),
pois não deu caráter metafísico ao universal e muito menos meros nomes dados às coisas, mas
definiu que os conceitos dados pela inteligência humana a partir do que é predicado, ou universal de
muitos (REALE, 2003, 169). É possível perceber as categorias dos diversos elementos das coisas e
perceber o que é comum entre elas. 
No século 13, Tomás de Aquino delimita e define a razão e a fé, a filosofia e a teologia e dá
outro desenho para a questão dos universais. Filosofia e teologia não são adversárias, mas
complementares. No entanto, ABRÃO diz que
 
Para Tomás de Aquino, há um domínio comum à razão e à fé. É preciso demarcar com
precisão esse território, para impedir que a razão o ultrapasse e para que ela possa se
desenvolver plenamente dentro desses limites. Tal domínio é o do ser, que é em primeiro
lugar a realidade do mundo sensível. (ABRÃO, 2004, p. 117).
Assim, é possível perceber uma hierarquia: a razão/filosofia estuda o mundo e a fé/teologia
dá o significado. Em outras palavras, o mundo sensível, a obra divina, pode ser conhecido através
dos sentidos e estes enviam as evidências ao intelecto, a razão, que processa as informações. A
razão da filosofia, enquanto modo de estudo do mundo é universal por sua própria natureza. A
verdade, que esclarece o que a razão investiga, por ser sobrenatural, e está acima da primeira. A
graça não suplanta, mas aperfeiçoa a natureza (REALE, 2003, 213).
Duns Scoto pensava bem diferente. Para ele, não poderia haver tanta proximidade entre a
filosofia e a teologia, já que os métodos de ambas eram totalmente distintos um do outro, bem como
obviamente as suas características: A “lógica do natural” é o campo da filosofia, enquanto que a
“lógica do sobrenatural” é o campo da teologia. A primeira especula enquanto que a segunda
persuade (REALE, 2003, 278). Se a verdade da teologia é a revelação de Deus e assim deve ser
aplicada, a verdade da filosofia é o mundo das coisas particulares que devem ser estudadas por ela
(nos nossos dias, a ciência). Conforme STÖRIG (1999, 230), para Duns Scoto “o individual é o
mais pleno e o mais verdadeiro objetivo da natureza”. Assim, ao invés de uma narrativa vertical do
conhecimento à maneira tomista, Duns Scoto fornece uma narrativa horizontal preservando as
contribuições tanto dos primeiros realistas como dos primeiros nominalistas medievais.
Se o nominalismo citado é um esvaziamento enquanto uma visão cética da realidade
imutável dos conceitos, Guilherme de Ockham absolutamente corta qualquer conexão ou
paralelismo entre filosofia/razão/ciência e a teologia/fé/religião. A realidade eterna do mundo
perfeito de Deus é irracional diante do mundo palpável e de seus fenômenos captados e estudados
pela razão humana. Mesmo Deus é inacessível ao estudo do homem. STÖRIG diz que para
Guilherme de Ockham
Não existe também uma comprovação racional para determinadas qualidades de Deus.
Como a base do conhecimento é a experiência que parte de cada um, mas, como nesse
sentido não podemos ter uma experiência de Deus, um saber natural de Deus é impossível
para os homens. (STÖRIG, 1999, 232).
Em outras palavras, o universal tomado pelo caráter abstrato não existe para Guilherme de
Ockham (REALE, 2003, 300). Não pode haver, portanto, a essência ou substância (como quis
Aristóteles e Aquino) das coisas particulares como algo comum, já que o pensador considera a
multiplicidade de seres como o que caracteriza o real bem como a individualidade de cada um sem
relação entre eles. Isso faz com que consequentemente seja estudado cada particular em si mesmo e
 
que seja excluída qualquer interferência que venha a multiplicar desnecessariamente a quantidade
de seres no estudo (REALE, 2003, 301). Este pensamento é conhecido como navalha de Ockham.
Immanuel Kant, escrevendo quatrocentos anos depois, empreendeu efetivamente uma
revolução na maneira de conceber o conhecimento: a chamada revolução copernicana. Sobre esta
revolução, ABRÃO esclarece que
Assim como Copérnico, que para superar os impasses – a crise – da astronomia concebeu o
modelo heliocêntrico, invertendo o geocentrismo, Kant inverte a questão tradicional da
metafísica: em vez de procurar conhecer as coisas, é preciso examinar antes o próprio
conhecimento e suas possibilidades. (ABRÃO, 2004, p. 305).
Assim, percebe-se que Kant elaborou um caminho para o conhecimento que ocorre no
sujeito a partir, segundo MARCONDES (2007, 213, 214), dos juízos analíticos, estes existentes a
priori no sujeito do conhecimento, depois nos juízos sintéticos, sendo estes a posteriori, dependem
da experiência.Mas também existem os juízos sintéticos a priori (MARCONDES, 2007, 214) que
são aqueles saberes já conhecidos e dos quais se produz ciência. Neste novo formato criado por
Kant, a relação inexorável do conhecimento acontece no duplo sujeito-objeto e consiste nas
seguintes categorias: intuição sensível, ou a sensibilidade, que é aquela que tem contato com os
fenômenos, o entendimento onde doze categorias classificam o objeto – a qualidade (realidade,
limitação e negação), a quantidade (unidade, pluralidade e totalidade), a modalidade (necessidade,
existência e possibilidade) e a relação (substância, causalidade e comunidade) – e a razão, onde
residem as ideias (GHIRALDELLI, 2010, 158, 159). A razão é responsável pela adequação das
categorias ao objeto entregue pela sensibilidade (GHIRALDELLI, 2010, 159). Kant tinha um
resumo deste processo que revela ser de mão dupla, segundo GHIRALDELLI: “as intuições sem
conceitos são cegas, enquanto os conceitos sem intuições são vazios”.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Diante da bibliografia citada, entendi ser necessário não apenas entrar nas concepções
metafísicas de cada época, mas também usar de algum embasamento histórico, por mínimo que
fosse, já que é imprescindível entender o contexto histórico nos quais viveram os autores das
narrativas e suas obras, o que cada autor das obras usadas se preocupou em fazer e que foi decisivo
para também a escolha dos autores. Também procurei o autor que tivesse os elementos mais
sucintos sobre cada pensador a fim de que, como disse na introdução, desse uma certa agilidade
para não ficar enfadonho, mas que mantivesse a clareza. Autores como REALE/ANTISERI e
 
STÖRIG foram usados pontualmente por serem específicos, mas ABRÃO, GHIRALDELLI JR. E
MARCONDES são o contrário e foram usados na maior parte.
A figura usada foi uma bastante esclarecedora acerca dos detalhes que envolvem o assunto
tratado: um esquema das concepções embasadas nos primeiros autores e as inovações de acordo
com o momento histórico no qual foi concebida.
FIGURA 1: UM RESUMO VISUAL DA QUERELA DOS UNIVERSAIS
 FONTE: http://www.albertosantos.org/Universais.html
Acessado em 26/05/2020. 
http://www.albertosantos.org/Universais.html
 
4. CONCLUSÃO
 
Pensar em filosofia dificilmente implica em usar da racionalidade abrindo mão de
elaborações metafísicas. As ferramentas filosóficas são efetivamente abstratas em sua caraterística,
cabendo apenas o ser pensante definir se prefere pensar com Parmênides, Platão e Escoto, ou com
Aristóteles, Roscelino e Tomás de Aquino, ou ainda com Duns Scoto e Guilherme de Champeux,
mesmo que talvez que seja mais “preciso” e mais seguro neste assunto escolher Kant.
Mesmo que Nietzsche tenha anunciado a morte de Deus a partir do absurdo que seria a
existência da metafísica, fato que aconteceu quando ele percebeu o domínio do positivismo – do
qual tem igreja até hoje em Porto Alegre – e suas etapas de desenvolvimento da humanidade, o
pensamento filosófico pode ser sim como queria o filósofo prussiano uma contingência, uma
sublevação inesperada, dentro do fluxo do devir, mas será fiel à tradição filosófica podendo ser
classificado dentro daquelas categorias desenhadas inúmeras vezes desde Parmênides a Kant.
Isto é tão verdadeiro sobretudo porque, se existem muitas pessoas atraídas pela filosofia por
todo o fascínio que ela desperta, isto se deve, penso, pelo fato de o pensamento mirar o futuro e
projetar o mundo, característica que encontra nela o campo fértil dos sonhos e das suas referências
para um mundo melhor para todos pois nela é que encontramos o solo fértil das utopias, as nossas
referências para agir no mundo e transformá-lo.
A metafísica, por sua história e obviamente por sua importância dentro da filosofia, tomada
esta enquanto conjunto de ferramentas necessárias para o entendimento dos fenômenos da vida, se
mostra sem dúvida como membro obrigatoriamente observável se o que se quer é partir de
princípios, ou conceitos, em qualquer descrição fenomênica, ou mesmo desenvolver o pensamento
que em termos gerais também é uma metafísica enquanto substância central de um sujeito do
conhecimento.
REFERÊNCIAS
ABRÃO, Bernadete Siqueira. A História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 2004.
ANTISERI, Dario, REALE, Giovanni; História da Filosofia 2 – Patrística e escolástica. São
Paulo: Paulus, 2003.
GHIRALDELLI JR., Paulo; A Aventura da Filosofia – de Parmênides a Nietzsche. Barueri – São
Paulo: Manole, 2010.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia – Dos pré-socráticos a Wittgenstein.
Rio de Janeiro – RJ: Zahar, 2007.
 
SANTOS, Alberto. Um Resumo Visual da Querela dos Universais – figura 1. Fonte:
http://www.albertosantos.org/Universais.html, acessado em 26/05/2020.
STÖRIG, Hans Joachim; História Geral da Filosofia. Petrópolis – Rio de Janeiro: Editora Vozes,
1999.
http://www.albertosantos.org/Universais.html
	Maximiliano José Paim¹
	RESUMO
	1. INTRODUÇÃO
	3. MATERIAIS E MÉTODOS

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