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A_PRATICA_DA_PSICOLOGIA_INSTITUCIONAL_NO_AMBITO_ESCOLAR

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A PRÁTICA DA PSICOLOGIA INSTITUCIONAL NO ÂMBITO 
ESCOLAR 
 
 
FRANCISCO FLÁVIO FIRMINO1 
 GARDÊNIA MORAIS DOS SANTOS PEREIRA2 
LEONICE ABREU PEREIRA3 
 ANA KARINE SANTOS CAVALCANTE4 
 
 
Resumo: Este artigo compreende uma análise reflexiva acerca da prática da Psicologia Institucional no 
âmbito escolar. A pesquisa, de natureza qualitativa, do tipo relato de experiência, teve como campo de 
investigação uma escola da rede pública onde buscou-se analisar a construção de um posicionamento político 
daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano da instituição nos seus mais diferentes aspectos. 
Os resultados e discussões apontaram importantes fatores instituídos e relações de poder que prejudicam a 
dinâmica escolar, demandando que o fazer do psicólogo institucional é muito importante no sentido de 
propiciar uma conscientização dos papéis que compõem a instituição. 
 
Palavras-chave: Psicologia Institucional. Escola. Instituição. Relações Sociais. 
 
Abstract: This article includes a reflexive analysis about the practice of Institutional Psychology in the school 
context. The research of a qualitative nature on the type of experience report, had as research field a school in 
the public network where it was required to analyze the construction of a political positioning of those who 
are directly involved with the quotidian of the institution in its most different aspects. The results and 
discussions pointed out important institutional factors and power relations that undermine the school 
dynamics, demanding that the institutional psychologist is very important in order to promote an awareness 
of the roles that make up the institution. 
 
Keywords: Institutional Psychology. School. Institution. Social relationships. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa compreende uma análise reflexiva sobre a prática da Psicologia 
Institucional no âmbito escolar. Acolher a dimensão transformadora da vida em sociedade 
é a proposta da Psicologia Institucional, que busca resgatar a dimensão política da 
participação dos sujeitos e dos grupos na construção de sua realidade social (BLEGER, 
1984). 
Através deste estudo buscou-se analisar a construção de um posicionamento 
político daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano das instituições. Nessa 
perspectiva, o estudo inclui uma visão acerca da instituição nos seus mais diferentes 
aspectos (organizacionais, territoriais, dinâmicos), do indivíduo como parte de um grupo e 
 
1 Aluno do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 
2 Aluna do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 
3 Aluna do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 
4 Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC/CE). Docente do curso de Psicologia da 
Faculdade Luciano Feijão I (FLF), E-mail: karine_cavalcante@hotmail.com 
 
 
 
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as possibilidades de intervenção do psicólogo institucional diante das demandas da 
instituição. 
Para Bleger (1984), a psicologia institucional se caracteriza como uma forma de 
intervenção psicológica com significado social e o trabalho do psicólogo, voltado para as 
instituições com o objetivo de promover a saúde de seus integrantes, em sua totalidade, a 
partir das relações pessoais e grupais. Para tanto, de acordo com a perspectiva do autor, o 
psicólogo deve ultrapassar a atividade psicoterápica, que visa o doente e a cura, e praticar a 
a chamada psico-higiene que foca uma população sadia e a promoção da saúde. 
Nesse contexto, o trabalho do psicólogo, no espaço social, demanda analisar todos 
os fenômenos humanos na sua relação com a instituição nos seus mais variados aspectos 
objetivos, dinâmicos e na sua estrutura enquanto ambiente de atuação, onde o fazer 
psicológico na prática tem um maior espaço de significação social (BLEGER, 1984). 
Conforme Pinheiro e Gula (2007), psicólogo, na perspectiva da psicologia 
institucional é considerado um agente de transformação e um catalisador de conflitos. Seu 
trabalho deve priorizar a atividade humana e o efeito dela dentro da instituição, valorizando 
a relação desta com seus mais variados aspectos. Em Lapassade (1977) a análise 
institucional é o modo peculiar de compreender as relações sociais nas instituições e um 
modo de inserção do psicólogo que é de natureza política. Assim, essa inserção se dá como 
um método de análise da realidade social e como um método de intervenção para com a 
sociedade. 
Diante do exposto, o objetivo principal deste estudo é analisar a dimensão do 
posicionamento político daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano da 
instituição investigada, diferenciando assim, o fazer do psicólogo institucional (profissional 
contratado para prestar um serviço) do trabalho do psicólogo em uma instituição 
(profissional como funcionário da empresa). 
No que tange à organização (estrutura), além do procedimento metodológico, o 
trabalho compreende, em seus resultados e discussões, uma análise sobre os aspectos 
territoriais, organizacionais e dinâmicos da escola, a identificação das demandas da 
instituição, bem como uma análise das possibilidades de intervenção do psicólogo no 
espaço socioinstitucional. Por fim, seguem as considerações finais e referências utilizadas 
neste estudo. 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
O estudo, de natureza qualitativa do tipo relato de experiência, teve como campo 
de trabalho uma escola de educação profissional da rede pública estadual de ensino 
localizada em um município de pequeno porte da região Noroeste do estado do Ceará. 
Neste relato de experiência, requisito da disciplina de Psicologia Institucional do 
curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão, destacam-se os aspectos organizacionais, 
territoriais e dinâmicos da instituição investigada. 
As informações foram coletadas, durante três visitas (outubro de 2016) por meio de 
entrevista semiestruturada junto a um representante de cada segmento da organização 
escolar (núcleo gestor, professores e funcionários) e da observação dos diferentes espaços e 
dinâmica da instituição. No que tange à interpretação dos dados da pesquisa adotou-se a 
modalidade análise de conteúdos uma técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda 
classe de documentos, que analisados adequadamente nos abrem as portas ao 
conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social (OLABUENAGA e ISPIZÚA, 
1989). 
Acrescenta-se que fins legais, foram respeitados os preceitos éticos de participação 
voluntária e consentidos conforme a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. Os 
critérios de respeito à dignidade do ser humano, proteção, direitos, sigilo e anonimato das 
informações foram assegurados a partir do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(TCLE). 
Para a construção deste trabalho, além do estudo em campo, foi realizada uma 
consulta aos escritos de autores como Bleger (1984), Lapassade (1977), Guirado 
(2004/2009), Pinheiro e Gula (2007), dentre outros. 
 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Análise dos aspectos territoriais, organizacionais e dinâmicos da instituição 
 
 
 
 
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 A escola, alvo deste estudo - é uma instituição da rede pública estadual de ensino 
que segue modelo padrão de escolas com funcionamento em tempo integral que organizam 
e integram o ensino médio à educação profissional, configurando cenários de cidadania que 
articulam o direito à educação e ao trabalho. 
 De acordo com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC), a 
iniciativa do Ensino Médio integrado ao profissional visa não somente a formação de 
técnicos para atuar de forma mais imediata no mercado de trabalho, mas também habilitar 
os jovens a concorrer a uma vaga nas universidades (CEARÁ, 2015). 
 Segundo Guirado (2009) a instituição se caracteriza a partir do momento em que 
encontra um objeto institucional, sendo esse objeto algo imaterial para que possa haver 
uma desapropriação quando necessária, desenvolvendo o luto no término do grupo. Para 
esse autor é o objeto institucional que estrutura a prática institucional. 
 Quando consideramos que um dos objetivos da instituição escolar consiste em 
habilitar o estudante para a universidade, compreendemos o que o autor concebe como 
objeto institucional imaterial, pois ao fim do Ensino Médio, o aluno precisa se desapropriar 
da instituição, desenvolvendo o “luto” ao término do grupo. Assim, para Guirado (2009), a 
ação institucional não se caracteriza no espaço ou local material que faz a instituição, mas 
nas relações sociais, pois ela se dá na interação dos membros do grupo e não somente no 
ambiente físico onde ocorrem as relações sociais. 
 Constatou-se que, mesmo situada em um município de pequena abrangência 
territorial e populacional, a escola não apresenta qualquer envolvimento com organizações 
de movimentos populares, associações de bairros, clube de jovens, dentre outros. De 
alguma forma, isso ilustra o quanto, muitas vezes, as instituições se encontram distantes da 
realidade em seu entorno e do seu compromisso social. 
 Para Lapassade (1977) a análise institucional se dá como um método de análise da 
realidade social e como um método de intervenção para com a sociedade através das 
contradições sociais que revelam a dimensão oculta do que se passa nos grupos. Assim, a 
realidade social é considerada, como acontecendo em três níveis, o do grupo, o da 
organização e o da instituição, onde toda relação social se faz, sempre, nos grupos. Estes 
por sua vez podem vir a configurar organizações e são ambos, sobre determinados pelas 
instituições (GUIRADO, 2004) 
 
 
 
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 A missão da escola, alvo deste estudo, é formar jovens, priorizando a qualidade do 
ensino para que se tornem profissionais qualificados, preparados para o ingresso no Ensino 
Superior e mundo do trabalho, sendo o objetivo principal da instituição ser reconhecida na 
região como referência de qualidade no âmbito educacional. 
 Em relação aos aspectos físicos e dinâmicos, a escola conta com várias salas de 
aula, anfiteatro, quadra poliesportiva e ampla área externa. Os alunos chegam à instituição a 
pé, de bicicleta, moto, carro particular e ônibus escolar. Já os professores e demais 
funcionários usam moto, carro e alguns fazem o percurso a pé até a escola. 
 No que tange aos sujeitos responsáveis pela organização da escola encontram-se a 
diretora, três coordenadores pedagógicos e quatro coordenadores de cursos técnicos (um 
coordenador de curso de redes, um do curso agropecuário, um de curso de administração e 
um de curso de edificações), além do corpo docente e demais funcionários. Para Lapassade 
(1977) os termos organização e instituição não sinônimos. Para ele, o termo organização, 
compreende um nível da realidade social em que as relações são regidas por estatutos e 
acontecem no interior de determinados espaços físicos. Já o conceito de instituição 
compreende o nível da lei ou da Constituição que rege todo o tecido de uma formação 
social, estando acima dos estatutos das organizações. 
 Durante o trabalho de observação na escola identificou-se como principal relação 
de poder e contradições o fato de a escola ser muito presa a um modelo sistemático que, 
mesmo garantindo uma certa autonomia à instituição, a impõe metas (como zero 
reprovação e abandono e frequência 100%) que, para serem alcançadas, se eleva ao 
máximo o nível de cobrança e fiscalização do trabalho dos gestores e professores, 
dispensando as decisões próprias da instituição em detrimento do que é prioridade para as 
instâncias superiores. 
 Lapassade compreende que nas relações de trabalho, a burocratização se manifesta 
no controle da gestão produtiva pela forma de trabalho mecanizado, padronizado. Aqui, o 
conceito de burocracia é compreendido como uma questão de poder. Uma questão de 
divisão no poder, entre grupos de decisão e grupos de execução do fazer institucional, 
sendo que os primeiros decidem não apenas o que, mas também, o como fazer. 
(GUIRADO, 2004). 
 Dito de outro modo, a regra que predomina, muitas vezes, nas relações de trabalho, 
é a obediência. Nesse sentido, a organização acaba sendo um fim em si mesma. Indivíduos 
 
 
 
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e grupos acabam se munindo de um radar que possa sondar as necessidades e interesses 
que não os próprios. É a heteronomia de grupos e sujeitos, que corre em sentido oposto ao 
da autonomia (GUIRADO, 2009). 
 Como reflexo dessas questões, os principais atores do sistema educacional e, 
portanto, os mais interessados em um modelo de ensino que zele pela construção do 
processo de autonomia dos sujeitos na escola e na sociedade, se deparam com a 
organização da separação pelo poder de decisão, e a produção de sujeitos sem autonomia, 
alienados e alienadores da palavra social (GUIRADO, 2009). 
 
Identificação das demandas e análise das possibilidades de intervenção do 
psicólogo no espaço socioinstitucional 
 
 Segundo Bleger (1984), a psicologia em toda a sua completude científica 
fundamentará a atuação do psicólogo dentro da instituição, cabendo a ele, no espaço social, 
analisar todos os fenômenos humanos na sua relação com a instituição, onde o trabalho 
psicológico na prática tem um maior espaço de significação social. 
 Durante o trabalho de observação, além de realizar uma análise geral acerca dos 
aspectos físicos, organizacionais e dinâmicos da escola, buscou-se entender quais eram as 
queixas e demandas mais comuns no âmbito da instituição e as possibilidades de atuação 
do psicólogo frente aos problemas confirmados. É muito importante que o psicólogo em 
seus primeiros contatos com a instituição priorize o levantamento de hipóteses sobre os 
possíveis problemas da mesma, que poderão ser confirmadas ou não no desenrolar do seu 
trabalho, visto que este processo é que abre novos caminhos na ação do psicólogo 
institucional (BLEGER, 1984). 
 Uma das demandas bastante comum na instituição diz respeito à indisciplina 
escolar, que mesmo sendo considerado um dos principais problemas que prejudicam a 
dinâmica do processo de ensino aprendizagem como um todo não é tratada no âmbito das 
interações sociais, mas de forma individualiza pela instituição. 
 Para Bleger (1984), grupo e indivíduo apresentam uma edificação que proporcionam 
uma identidade, onde indivíduo é instituição e vice-versa. Assim, cabe ao psicólogo 
explicitar o implícito, uma vez que, no âmbito institucional se altera tanto a instituiçãoe 
suas relações quanto a intervenção do psicólogo. Com isso, o fazer psicológico, na 
 
 
 
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anexação dos grupos se dará através das interpretações, informado pela compreensão das 
relações institucionais (GUIRADO, 2009). 
 Outra demanda da escola, constatada durante este estudo, foi a questão da relação 
da família com escola que, de acordo com os entrevistados, basicamente se resume à 
participação em reuniões bimestrais para apresentar/discutir o rendimento acadêmico dos 
alunos ou quando os pais/responsáveis são acionados para falar sobre o comportamento 
inadequado de seus filhos. Essa ação ilustra bem uma típica situação daquilo que se 
encontra instituído no espaço e na dinâmica da instituição quando pouco ou nada se faz 
para mudar uma prática já cristalizada. 
 Para Lapassade (1977) o instituído refere-se ao que se encontra cristalizado; é o que, 
na verdade, se confunde com a própria instituição, com aquilo que esta já concebe como 
seu, sendo, portanto, difícil de ser modificado. Já dimensão ou momento do processo de 
institucionalização em que os sentidos, as ações ainda estão em movimento e constituição, 
o caráter mais produtivo da instituição, o autor intitula de instituinte. 
 Frente ao exposto, o psicólogo institucional deve atuar como um catalizador de 
reflexões no sentido de propiciar uma conscientização dos papéis que compõem a 
instituição. Cabe a ele encontrar a necessidade de investigar as demandas de orientação e 
também ampliar os conhecimentos sobre as instituições promovendo, dessa forma, 
interrogações sobre o seu papel e sua posição diante da problemática de oscilações, 
incerteza e necessidade de rápidos resultados (BLEGER, 1984). 
 Outra demanda que chamou nossa atenção naquela unidade de ensino e que vai de 
encontro direto aos objetivos da instituição diz respeito à falta de perspectivas de grande 
parte dos educandos em relação ao ingresso no ensino superior e mercado de trabalho o 
que, na opinião dos professores e gestores, impacta diretamente nos resultados e metas da 
escola. Isso reforça a necessidade e a importância das escolas proporem, aos seus alunos, 
espaços para reflexões e escuta que os permitam socializar suas demandas a partir de uma 
ótica que leve em consideração seu contexto social, seus anseios, suas questões, seus 
sonhos (ou a ausência deles), suas incertezas, dentre outros aspectos. 
 Como afirma Bleger (1984) o ser humano é um ser que precisa projetar-se para o 
futuro, cabendo ao psicólogo, na sua atuação, a intervenção nas situações de conflitos, 
trabalhando os aspectos indiferenciados (não-verbais). Cabe a esse profissional explicitar o 
que o sujeito, por sofrimento, deixa implícito na instituição. Sendo assim, quando o 
 
 
 
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paciente se encontra estagnado no tempo, o atendimento só será concluído mediante a 
concepção de uma projeção para o futuro. 
A escola, por exemplo, é uma criação da modernidade, mas é muito pouco 
provável que seus agentes e sua clientela consigam imaginar a relatividade dessa 
forma de ensinar. Professores e alunos, na repetição silenciosa dos rituais 
cotidianos e na sutil disciplinarização de corpos e pensamentos, reconhecem que 
se pode até pensar e melhorar uma ou outra coisa, mas, para ensinar tem que ter 
escola! E que sempre foi assim! (GUIRADO, 2009, P. 5). 
 O trabalho burocrático e o grande número de projetos que os professores são 
“obrigados” a executar foi também uma das queixas apresentadas durante a pesquisa. Sobre 
esse assunto, Guirado defende que “é comum ouvir de professores queixas com relação 
aos desmandos de coordenadores e supervisores de seus trabalhos e, enquanto isso, com 
exigência não menos veemente, não abrem mão de receber uma programação pronta para 
suas aulas”. E acrescenta: 
O mais importante nessa compreensão de instituição é que ela nos coloca, na 
qualidade de agentes ou de clientela, como atores em cena. É a nossa ação que 
faz a instituição. Que a reproduz e legitima. Inclusive, no que diz respeito aos 
efeitos de reconhecimento e desconhecimento. Assim, não há porque se referir 
à instituição como um corpo estranho, acima de nossas cabeças, com vida 
própria e independente de nós. Nós a fazemos (2009, p 5). 
 Por isso é tão importante o papel do psicólogo no campo institucional, pois diferente 
do trabalho psicológico em uma instituição (profissional como funcionário da empresa) 
que, muitas vezes, assume uma postura de instituído, o fazer do psicólogo institucional 
(profissional contratado para prestar um serviço) vai de encontro às demandas da 
instituição, em sua totalidade, sem assumir uma postura profissional de alguém que estar 
cristalizado pelos interesses desta. 
 Assim, o trabalho do psicólogo deve ser realizado de forma dinâmica, focado na 
dinâmica institucional, pois seu fazer altera a instituição, e cada sujeito que faz parte dela, 
sendo parte da instituição, deve se sentir à vontade para falar, permitindo assim, que o 
psicólogo consiga desempenhar o seu papel com êxito (GUIRADO, 2009). 
 Para tanto, é extremamente importante que a atuação do psicólogo institucional, 
diferente do psicólogo em uma instituição que atua conforme os princípios da mesma, 
muitos deles já cristalizados, analise a instituição como um todo, nos seus mais diferentes 
aspectos e com ênfase nas interações sociais que se dão no âmbito institucional. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
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 Reconhecer a importância da psicologia no âmbito das instituições, demanda 
primeiro compreender que, diferente do trabalho psicológico em uma instituição 
(funcionário da empresa) onde o profissional perde sua neutralidade, o psicólogo 
institucional deve atuar como um mentor ou consultor que pensa a instituição nos seus 
mais diversos aspectos, valorizando a ação que se caracteriza nas relações sociais e não no 
local material que faz a instituição. 
 Sabendo que toda instituição possui princípios próprios, é dever do psicólogo ter 
ciência dos objetivos que regem tal instituição para que seu trabalho acerca da realidade 
institucional não se detenha a determinados interesses, mas que a instituição sirva de meio 
de desenvolvimento da personalidade dos sujeitos responsáveis pela dinâmica institucional. 
 Assim, o profissional contratado para prestar um serviço na perspectiva da 
psicologia institucional, mesmo considerando a instituição como organismo concreto, não 
pode deixar de lado o principal objetivo de seu fazer que é estudar os fenômenos humanos 
que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica e os objetivos das instituições. 
 
REFERÊNCIAS 
BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. 
CEARÁ - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO (SEDUC). Educação Profissional – apresentação. 2017. 
 
GULA, P. PINHEIRO, N. Entre o Limite e a esperança; Relato de uma Experiência em Psicologia 
Institucional. Brasília, junho 2007. 
GUIRADO, M. A análise Institucional do Discurso como Analítica da Subjetividade. Tese (Livre-
Docência – Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade – 
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo). São Paulo: 2009. 316 p. 
__________. Psicologia Institucional:O Exercício da psicologia Como Instituição. Interação em 
Psicologia. Curitiba, jul./dez.(13) 2, p. 323-333, 2009 
__________. Psicologia institucional. São Paulo: EPU, 2004. 
LAPASSADE, Georges. Grupos, organizações e instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 
1977. 
OLABUENAGA, J.I. R.; ISPIZUA, M.A. La descodificacion de la vida cotidiana: metodos de 
investigacion cualitativa. Bilbao, Universidad de deusto, 1989. 
 
 
 
 
 
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