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A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . A PRÁTICA DA PSICOLOGIA INSTITUCIONAL NO ÂMBITO ESCOLAR FRANCISCO FLÁVIO FIRMINO1 GARDÊNIA MORAIS DOS SANTOS PEREIRA2 LEONICE ABREU PEREIRA3 ANA KARINE SANTOS CAVALCANTE4 Resumo: Este artigo compreende uma análise reflexiva acerca da prática da Psicologia Institucional no âmbito escolar. A pesquisa, de natureza qualitativa, do tipo relato de experiência, teve como campo de investigação uma escola da rede pública onde buscou-se analisar a construção de um posicionamento político daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano da instituição nos seus mais diferentes aspectos. Os resultados e discussões apontaram importantes fatores instituídos e relações de poder que prejudicam a dinâmica escolar, demandando que o fazer do psicólogo institucional é muito importante no sentido de propiciar uma conscientização dos papéis que compõem a instituição. Palavras-chave: Psicologia Institucional. Escola. Instituição. Relações Sociais. Abstract: This article includes a reflexive analysis about the practice of Institutional Psychology in the school context. The research of a qualitative nature on the type of experience report, had as research field a school in the public network where it was required to analyze the construction of a political positioning of those who are directly involved with the quotidian of the institution in its most different aspects. The results and discussions pointed out important institutional factors and power relations that undermine the school dynamics, demanding that the institutional psychologist is very important in order to promote an awareness of the roles that make up the institution. Keywords: Institutional Psychology. School. Institution. Social relationships. INTRODUÇÃO A presente pesquisa compreende uma análise reflexiva sobre a prática da Psicologia Institucional no âmbito escolar. Acolher a dimensão transformadora da vida em sociedade é a proposta da Psicologia Institucional, que busca resgatar a dimensão política da participação dos sujeitos e dos grupos na construção de sua realidade social (BLEGER, 1984). Através deste estudo buscou-se analisar a construção de um posicionamento político daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano das instituições. Nessa perspectiva, o estudo inclui uma visão acerca da instituição nos seus mais diferentes aspectos (organizacionais, territoriais, dinâmicos), do indivíduo como parte de um grupo e 1 Aluno do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 2 Aluna do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 3 Aluna do 9° semestre de Psicologia pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). 4 Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC/CE). Docente do curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão I (FLF), E-mail: karine_cavalcante@hotmail.com A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . as possibilidades de intervenção do psicólogo institucional diante das demandas da instituição. Para Bleger (1984), a psicologia institucional se caracteriza como uma forma de intervenção psicológica com significado social e o trabalho do psicólogo, voltado para as instituições com o objetivo de promover a saúde de seus integrantes, em sua totalidade, a partir das relações pessoais e grupais. Para tanto, de acordo com a perspectiva do autor, o psicólogo deve ultrapassar a atividade psicoterápica, que visa o doente e a cura, e praticar a a chamada psico-higiene que foca uma população sadia e a promoção da saúde. Nesse contexto, o trabalho do psicólogo, no espaço social, demanda analisar todos os fenômenos humanos na sua relação com a instituição nos seus mais variados aspectos objetivos, dinâmicos e na sua estrutura enquanto ambiente de atuação, onde o fazer psicológico na prática tem um maior espaço de significação social (BLEGER, 1984). Conforme Pinheiro e Gula (2007), psicólogo, na perspectiva da psicologia institucional é considerado um agente de transformação e um catalisador de conflitos. Seu trabalho deve priorizar a atividade humana e o efeito dela dentro da instituição, valorizando a relação desta com seus mais variados aspectos. Em Lapassade (1977) a análise institucional é o modo peculiar de compreender as relações sociais nas instituições e um modo de inserção do psicólogo que é de natureza política. Assim, essa inserção se dá como um método de análise da realidade social e como um método de intervenção para com a sociedade. Diante do exposto, o objetivo principal deste estudo é analisar a dimensão do posicionamento político daqueles que estão diretamente envolvidos com o cotidiano da instituição investigada, diferenciando assim, o fazer do psicólogo institucional (profissional contratado para prestar um serviço) do trabalho do psicólogo em uma instituição (profissional como funcionário da empresa). No que tange à organização (estrutura), além do procedimento metodológico, o trabalho compreende, em seus resultados e discussões, uma análise sobre os aspectos territoriais, organizacionais e dinâmicos da escola, a identificação das demandas da instituição, bem como uma análise das possibilidades de intervenção do psicólogo no espaço socioinstitucional. Por fim, seguem as considerações finais e referências utilizadas neste estudo. A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O estudo, de natureza qualitativa do tipo relato de experiência, teve como campo de trabalho uma escola de educação profissional da rede pública estadual de ensino localizada em um município de pequeno porte da região Noroeste do estado do Ceará. Neste relato de experiência, requisito da disciplina de Psicologia Institucional do curso de Psicologia da Faculdade Luciano Feijão, destacam-se os aspectos organizacionais, territoriais e dinâmicos da instituição investigada. As informações foram coletadas, durante três visitas (outubro de 2016) por meio de entrevista semiestruturada junto a um representante de cada segmento da organização escolar (núcleo gestor, professores e funcionários) e da observação dos diferentes espaços e dinâmica da instituição. No que tange à interpretação dos dados da pesquisa adotou-se a modalidade análise de conteúdos uma técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos, que analisados adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social (OLABUENAGA e ISPIZÚA, 1989). Acrescenta-se que fins legais, foram respeitados os preceitos éticos de participação voluntária e consentidos conforme a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. Os critérios de respeito à dignidade do ser humano, proteção, direitos, sigilo e anonimato das informações foram assegurados a partir do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a construção deste trabalho, além do estudo em campo, foi realizada uma consulta aos escritos de autores como Bleger (1984), Lapassade (1977), Guirado (2004/2009), Pinheiro e Gula (2007), dentre outros. RESULTADOS E DISCUSSÕES Análise dos aspectos territoriais, organizacionais e dinâmicos da instituição A N A IS d o I II E n co n tr o s A cad êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . A escola, alvo deste estudo - é uma instituição da rede pública estadual de ensino que segue modelo padrão de escolas com funcionamento em tempo integral que organizam e integram o ensino médio à educação profissional, configurando cenários de cidadania que articulam o direito à educação e ao trabalho. De acordo com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC), a iniciativa do Ensino Médio integrado ao profissional visa não somente a formação de técnicos para atuar de forma mais imediata no mercado de trabalho, mas também habilitar os jovens a concorrer a uma vaga nas universidades (CEARÁ, 2015). Segundo Guirado (2009) a instituição se caracteriza a partir do momento em que encontra um objeto institucional, sendo esse objeto algo imaterial para que possa haver uma desapropriação quando necessária, desenvolvendo o luto no término do grupo. Para esse autor é o objeto institucional que estrutura a prática institucional. Quando consideramos que um dos objetivos da instituição escolar consiste em habilitar o estudante para a universidade, compreendemos o que o autor concebe como objeto institucional imaterial, pois ao fim do Ensino Médio, o aluno precisa se desapropriar da instituição, desenvolvendo o “luto” ao término do grupo. Assim, para Guirado (2009), a ação institucional não se caracteriza no espaço ou local material que faz a instituição, mas nas relações sociais, pois ela se dá na interação dos membros do grupo e não somente no ambiente físico onde ocorrem as relações sociais. Constatou-se que, mesmo situada em um município de pequena abrangência territorial e populacional, a escola não apresenta qualquer envolvimento com organizações de movimentos populares, associações de bairros, clube de jovens, dentre outros. De alguma forma, isso ilustra o quanto, muitas vezes, as instituições se encontram distantes da realidade em seu entorno e do seu compromisso social. Para Lapassade (1977) a análise institucional se dá como um método de análise da realidade social e como um método de intervenção para com a sociedade através das contradições sociais que revelam a dimensão oculta do que se passa nos grupos. Assim, a realidade social é considerada, como acontecendo em três níveis, o do grupo, o da organização e o da instituição, onde toda relação social se faz, sempre, nos grupos. Estes por sua vez podem vir a configurar organizações e são ambos, sobre determinados pelas instituições (GUIRADO, 2004) A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . A missão da escola, alvo deste estudo, é formar jovens, priorizando a qualidade do ensino para que se tornem profissionais qualificados, preparados para o ingresso no Ensino Superior e mundo do trabalho, sendo o objetivo principal da instituição ser reconhecida na região como referência de qualidade no âmbito educacional. Em relação aos aspectos físicos e dinâmicos, a escola conta com várias salas de aula, anfiteatro, quadra poliesportiva e ampla área externa. Os alunos chegam à instituição a pé, de bicicleta, moto, carro particular e ônibus escolar. Já os professores e demais funcionários usam moto, carro e alguns fazem o percurso a pé até a escola. No que tange aos sujeitos responsáveis pela organização da escola encontram-se a diretora, três coordenadores pedagógicos e quatro coordenadores de cursos técnicos (um coordenador de curso de redes, um do curso agropecuário, um de curso de administração e um de curso de edificações), além do corpo docente e demais funcionários. Para Lapassade (1977) os termos organização e instituição não sinônimos. Para ele, o termo organização, compreende um nível da realidade social em que as relações são regidas por estatutos e acontecem no interior de determinados espaços físicos. Já o conceito de instituição compreende o nível da lei ou da Constituição que rege todo o tecido de uma formação social, estando acima dos estatutos das organizações. Durante o trabalho de observação na escola identificou-se como principal relação de poder e contradições o fato de a escola ser muito presa a um modelo sistemático que, mesmo garantindo uma certa autonomia à instituição, a impõe metas (como zero reprovação e abandono e frequência 100%) que, para serem alcançadas, se eleva ao máximo o nível de cobrança e fiscalização do trabalho dos gestores e professores, dispensando as decisões próprias da instituição em detrimento do que é prioridade para as instâncias superiores. Lapassade compreende que nas relações de trabalho, a burocratização se manifesta no controle da gestão produtiva pela forma de trabalho mecanizado, padronizado. Aqui, o conceito de burocracia é compreendido como uma questão de poder. Uma questão de divisão no poder, entre grupos de decisão e grupos de execução do fazer institucional, sendo que os primeiros decidem não apenas o que, mas também, o como fazer. (GUIRADO, 2004). Dito de outro modo, a regra que predomina, muitas vezes, nas relações de trabalho, é a obediência. Nesse sentido, a organização acaba sendo um fim em si mesma. Indivíduos A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . e grupos acabam se munindo de um radar que possa sondar as necessidades e interesses que não os próprios. É a heteronomia de grupos e sujeitos, que corre em sentido oposto ao da autonomia (GUIRADO, 2009). Como reflexo dessas questões, os principais atores do sistema educacional e, portanto, os mais interessados em um modelo de ensino que zele pela construção do processo de autonomia dos sujeitos na escola e na sociedade, se deparam com a organização da separação pelo poder de decisão, e a produção de sujeitos sem autonomia, alienados e alienadores da palavra social (GUIRADO, 2009). Identificação das demandas e análise das possibilidades de intervenção do psicólogo no espaço socioinstitucional Segundo Bleger (1984), a psicologia em toda a sua completude científica fundamentará a atuação do psicólogo dentro da instituição, cabendo a ele, no espaço social, analisar todos os fenômenos humanos na sua relação com a instituição, onde o trabalho psicológico na prática tem um maior espaço de significação social. Durante o trabalho de observação, além de realizar uma análise geral acerca dos aspectos físicos, organizacionais e dinâmicos da escola, buscou-se entender quais eram as queixas e demandas mais comuns no âmbito da instituição e as possibilidades de atuação do psicólogo frente aos problemas confirmados. É muito importante que o psicólogo em seus primeiros contatos com a instituição priorize o levantamento de hipóteses sobre os possíveis problemas da mesma, que poderão ser confirmadas ou não no desenrolar do seu trabalho, visto que este processo é que abre novos caminhos na ação do psicólogo institucional (BLEGER, 1984). Uma das demandas bastante comum na instituição diz respeito à indisciplina escolar, que mesmo sendo considerado um dos principais problemas que prejudicam a dinâmica do processo de ensino aprendizagem como um todo não é tratada no âmbito das interações sociais, mas de forma individualiza pela instituição. Para Bleger (1984), grupo e indivíduo apresentam uma edificação que proporcionam uma identidade, onde indivíduo é instituição e vice-versa. Assim, cabe ao psicólogo explicitar o implícito, uma vez que, no âmbito institucional se altera tanto a instituiçãoe suas relações quanto a intervenção do psicólogo. Com isso, o fazer psicológico, na A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . anexação dos grupos se dará através das interpretações, informado pela compreensão das relações institucionais (GUIRADO, 2009). Outra demanda da escola, constatada durante este estudo, foi a questão da relação da família com escola que, de acordo com os entrevistados, basicamente se resume à participação em reuniões bimestrais para apresentar/discutir o rendimento acadêmico dos alunos ou quando os pais/responsáveis são acionados para falar sobre o comportamento inadequado de seus filhos. Essa ação ilustra bem uma típica situação daquilo que se encontra instituído no espaço e na dinâmica da instituição quando pouco ou nada se faz para mudar uma prática já cristalizada. Para Lapassade (1977) o instituído refere-se ao que se encontra cristalizado; é o que, na verdade, se confunde com a própria instituição, com aquilo que esta já concebe como seu, sendo, portanto, difícil de ser modificado. Já dimensão ou momento do processo de institucionalização em que os sentidos, as ações ainda estão em movimento e constituição, o caráter mais produtivo da instituição, o autor intitula de instituinte. Frente ao exposto, o psicólogo institucional deve atuar como um catalizador de reflexões no sentido de propiciar uma conscientização dos papéis que compõem a instituição. Cabe a ele encontrar a necessidade de investigar as demandas de orientação e também ampliar os conhecimentos sobre as instituições promovendo, dessa forma, interrogações sobre o seu papel e sua posição diante da problemática de oscilações, incerteza e necessidade de rápidos resultados (BLEGER, 1984). Outra demanda que chamou nossa atenção naquela unidade de ensino e que vai de encontro direto aos objetivos da instituição diz respeito à falta de perspectivas de grande parte dos educandos em relação ao ingresso no ensino superior e mercado de trabalho o que, na opinião dos professores e gestores, impacta diretamente nos resultados e metas da escola. Isso reforça a necessidade e a importância das escolas proporem, aos seus alunos, espaços para reflexões e escuta que os permitam socializar suas demandas a partir de uma ótica que leve em consideração seu contexto social, seus anseios, suas questões, seus sonhos (ou a ausência deles), suas incertezas, dentre outros aspectos. Como afirma Bleger (1984) o ser humano é um ser que precisa projetar-se para o futuro, cabendo ao psicólogo, na sua atuação, a intervenção nas situações de conflitos, trabalhando os aspectos indiferenciados (não-verbais). Cabe a esse profissional explicitar o que o sujeito, por sofrimento, deixa implícito na instituição. Sendo assim, quando o A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . paciente se encontra estagnado no tempo, o atendimento só será concluído mediante a concepção de uma projeção para o futuro. A escola, por exemplo, é uma criação da modernidade, mas é muito pouco provável que seus agentes e sua clientela consigam imaginar a relatividade dessa forma de ensinar. Professores e alunos, na repetição silenciosa dos rituais cotidianos e na sutil disciplinarização de corpos e pensamentos, reconhecem que se pode até pensar e melhorar uma ou outra coisa, mas, para ensinar tem que ter escola! E que sempre foi assim! (GUIRADO, 2009, P. 5). O trabalho burocrático e o grande número de projetos que os professores são “obrigados” a executar foi também uma das queixas apresentadas durante a pesquisa. Sobre esse assunto, Guirado defende que “é comum ouvir de professores queixas com relação aos desmandos de coordenadores e supervisores de seus trabalhos e, enquanto isso, com exigência não menos veemente, não abrem mão de receber uma programação pronta para suas aulas”. E acrescenta: O mais importante nessa compreensão de instituição é que ela nos coloca, na qualidade de agentes ou de clientela, como atores em cena. É a nossa ação que faz a instituição. Que a reproduz e legitima. Inclusive, no que diz respeito aos efeitos de reconhecimento e desconhecimento. Assim, não há porque se referir à instituição como um corpo estranho, acima de nossas cabeças, com vida própria e independente de nós. Nós a fazemos (2009, p 5). Por isso é tão importante o papel do psicólogo no campo institucional, pois diferente do trabalho psicológico em uma instituição (profissional como funcionário da empresa) que, muitas vezes, assume uma postura de instituído, o fazer do psicólogo institucional (profissional contratado para prestar um serviço) vai de encontro às demandas da instituição, em sua totalidade, sem assumir uma postura profissional de alguém que estar cristalizado pelos interesses desta. Assim, o trabalho do psicólogo deve ser realizado de forma dinâmica, focado na dinâmica institucional, pois seu fazer altera a instituição, e cada sujeito que faz parte dela, sendo parte da instituição, deve se sentir à vontade para falar, permitindo assim, que o psicólogo consiga desempenhar o seu papel com êxito (GUIRADO, 2009). Para tanto, é extremamente importante que a atuação do psicólogo institucional, diferente do psicólogo em uma instituição que atua conforme os princípios da mesma, muitos deles já cristalizados, analise a instituição como um todo, nos seus mais diferentes aspectos e com ênfase nas interações sociais que se dão no âmbito institucional. CONSIDERAÇÕES FINAIS A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 . Reconhecer a importância da psicologia no âmbito das instituições, demanda primeiro compreender que, diferente do trabalho psicológico em uma instituição (funcionário da empresa) onde o profissional perde sua neutralidade, o psicólogo institucional deve atuar como um mentor ou consultor que pensa a instituição nos seus mais diversos aspectos, valorizando a ação que se caracteriza nas relações sociais e não no local material que faz a instituição. Sabendo que toda instituição possui princípios próprios, é dever do psicólogo ter ciência dos objetivos que regem tal instituição para que seu trabalho acerca da realidade institucional não se detenha a determinados interesses, mas que a instituição sirva de meio de desenvolvimento da personalidade dos sujeitos responsáveis pela dinâmica institucional. Assim, o profissional contratado para prestar um serviço na perspectiva da psicologia institucional, mesmo considerando a instituição como organismo concreto, não pode deixar de lado o principal objetivo de seu fazer que é estudar os fenômenos humanos que se dão em relação com a estrutura, a dinâmica e os objetivos das instituições. REFERÊNCIAS BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. CEARÁ - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO (SEDUC). Educação Profissional – apresentação. 2017. GULA, P. PINHEIRO, N. Entre o Limite e a esperança; Relato de uma Experiência em Psicologia Institucional. Brasília, junho 2007. GUIRADO, M. A análise Institucional do Discurso como Analítica da Subjetividade. Tese (Livre- Docência – Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo). São Paulo: 2009. 316 p. __________. Psicologia Institucional:O Exercício da psicologia Como Instituição. Interação em Psicologia. Curitiba, jul./dez.(13) 2, p. 323-333, 2009 __________. Psicologia institucional. São Paulo: EPU, 2004. LAPASSADE, Georges. Grupos, organizações e instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1977. OLABUENAGA, J.I. R.; ISPIZUA, M.A. La descodificacion de la vida cotidiana: metodos de investigacion cualitativa. Bilbao, Universidad de deusto, 1989. A N A IS d o I II E n co n tr o s A ca d êm ic o s d a F ac u ld ad e L u ci an o F ei jã o . S o b ra l- C E , n o v em b ro d e 2 0 1 8 .
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