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Dra. Juliana Alencar Firmo de Araújo LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Geração de Energia Elétrica – Parte 02 juliana.araujo@unilab.edu.br VISÃO GERAL GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA • Produtores independentes; • Autoprodutores; • Cogeração; • Termelétricas. ➢ Regulamentação AUTOPRODUTORES “É a pessoa física ou jurídica ou empresas reunidas em consórcio que receberam concessão ou autorização para produção de energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo”. Outorga de concessão ou de autorização a autoprodutor Está condicionada à demonstração, perante o órgão regulador e fiscalizador do poder concedente, de que a energia elétrica a ser produzida será destinada ao consumo próprio, atual ou projetado. É possível o poder concedente declarar a utilidade pública de terrenos e benfeitorias? Mediante requerimento justificado da parte interessada, o poder concedente poderá declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, de terrenos e benfeitorias, de modo a possibilitar a realização de obras e serviços de implantação de aproveitamento hidráulico ou de usina termelétrica Para isso o que deve fazer o autoprodutor interessado? Promover, amigável ou judicialmente, na forma da legislação específica, a efetivação da medida e pagar as indenizações devidas, conforme estabelecido no art. 30 do Decreto nº 2003/1996. É facultado ao autoprodutor: Pelo art. 28 do Decreto nº 2003/1996 é facultado ao autoprodutor, mediante prévia autorização do órgão regulador, a: a) Cessão e permuta de energia e potência entre autoprodutores consorciados em um mesmo empreendimento, na barra da usina; b) Compra, por concessionário ou permissionário de serviço público de distribuição, do excedente da energia produzida; c) Permuta de energia, em montantes economicamente equivalentes, explicitando os custos das transações de transmissão, envolvidos com concessionário ou permissionário de serviço público de distribuição, para possibilitar o consumo em instalações industriais do autoprodutor em local diverso daquele onde ocorre a geração. Utilização da energia produzida e comercialização do excedente de geração pelo autoprodutor A legislação assegurou ao autoprodutor o livre acesso aos sistemas de transmissão e de distribuição das concessionárias e permissionárias de serviço público de energia elétrica, mediante o ressarcimento dos custos do “encargo de uso do sistema” envolvido de forma a garantir a comercialização da energia por eles produzida. Resolução ANEEL nº 281,16 de 01.10.1999 Contratação do acesso→ Uso e conexão aos sistemas de T-D de EE. Resoluções ANEEL nº 286, de 01.10.1999 e nº 244, de 28.06.2001 Tarifas de uso dos sistemas de T-D de EE. Quem pode utilizar o mecanismo de ressarcimento do custo de combustíveis instituído na CCC? De acordo com o art. 29 do Decreto nº 2003/1996: A parcela de energia elétrica produzida e não consumida por autoprodutor, que opere usinas térmicas em sistemas isolados, e que seja adquirida por concessionária ou permissionária do serviço público de distribuição, mediante autorização do órgão regulador e fiscalizador do poder concedente. ➢ Encargos setoriais De acordo com o art. 16 do Decreto nº 2.003/1996: O autoprodutor estará sujeito aos seguintes encargos financeiros da exploração de energia elétrica, a partir da entrada em operação da central geradora de energia elétrica, conforme definido na legislação específica e no respectivo contrato: a) Compensação Financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União. → Pelo aproveitamento de recursos hídricos, para fins de geração de EE. b) Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica. → A ser recolhida nos prazos e valores estabelecidos no edital de licitação e nos respectivos contratos. c) Quotas mensais da “Conta de Consumo de Combustíveis - CCC”, subconta Sul/Sudeste/Centro-Oeste ou subconta Norte/Nordeste. → Incidente sobre as parcelas de energia consumida autoprodutor que opere na modalidade integrada no sistema em que estiver conectado. → Vigorou até dez 2015, extinto em jan 2016 (art. 11 Lei nº 9648/1998). Existe algum incentivo para o autoprodutor quanto à CCC? Existe um incentivo para o autoprodutor que gerar energia elétrica através da operação de usinas térmicas em “Sistema Isolado”, cujo excedente de energia elétrica seja vendida a concessionário ou permissionário do serviço público de distribuição. Outorga de concessão/autorização, compartilhada, de geração de EE, em regime de autoprodução. O Poder Concedente tem outorgado concessão e/ou autorização, compartilhada, de geração de energia elétrica em regime de autoprodução, a grandes consumidores, que constituem consórcios com o objetivo de construir e operar a Usina, objeto da concessão ou autorização. Para conseguir os recursos financeiros que possibilitarão a construção do empreendimento de geração, o que a instituição financeira tem exigido dos autoprodutores? • Constituição de uma Sociedade de Propósito Específico – SPE; • Apresentação como garantia os PPAs da energia gerada, assinados com seus acionistas, que são os consumidores da energia elétrica gerada pela SPE. Ao constituir a SPE: A concessão ou autorização de geração em regime de autoprodução é transferida dos AUTOPRODUTORES para a SPE. → Alteração do regime, que passa a ser de produção independente. Sendo esta sociedade : • um mero veículo para captação dos recursos financeiros • que não tem objetivo consumir a energia gerada • com personalidade jurídica própria, com CNPJ e inscrição estadual independentes daqueles que são seus acionistas A única forma de fazer com que a energia elétrica produzida no empreendimento de geração chegue àqueles que seriam os autoprodutores dessa energia, seus acionistas, que não detêm mais essa concessão ou autorização em regime de autoprodução, é por meio da comercialização, com a devida emissão de nota fiscal, nos termos da legislação comercial, civil e tributária. Lei nº 11 488/2007 No seu art. 26 equiparou a sociedade de propósito específico (SPE) à categoria de autoprodutor, deixando de estar sujeita ao pagamento dos encargos setoriais da CCC, CDE e Proinfa. “Art. 26. Para fins de pagamento dos encargos relativos à Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, ao Programa de Incentivos de Fontes Alternativas – PROINFA e à Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis dos Sistemas Isolado – CCC-ISOL, equipara- se a autoprodutor o consumidor que atenda cumulativamente aos seguintes requisitos: I. Que venha a participar de sociedade de propósito específico constituída para explorar, mediante autorização ou concessão, a produção de energia elétrica. II. Que a sociedade referida no inciso I deste artigo inicie a operação comercial a partir da data de publicação desta Lei. III. Que a energia elétrica produzida no empreendimento deva ser destinada, no todo ou em parte, para seu uso exclusivo. § 1º A equiparação de que trata este artigo limitar-se-á à parcela da energia destinada ao consumo próprio do consumidor ou a sua participação no empreendimento, o que for menor. § 2º A regulamentação deverá estabelecer, para fins de equiparação, montantes mínimos de demanda por unidade de consumo. § 3º Excepcionalmente, em até 120 (cento e vinte) dias contados da data de publicação desta Lei, os investidores cujas sociedades de propósito específico já tenham sido constituídas ou os empreendimentos já tenham entrado em operação comercial poderão solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL a equiparação de que trata este artigo.” ➢ Vinculação dos bens Os bens e instalações utilizados na produção de energia elétrica a partir do aproveitamento de potencial hidráulico e as linhas de transmissão associadas são vinculados à concessão desde o início da operação da usina, não podendo ser removidos ou alienados sem prévia e expressa autorização do órgão regulador, devendo ser observados os procedimentos estabelecidos na ResoluçãoANEEL nº 20, 03/02/1999. De acordo com o art. 20 do Decreto nº 2003/1996, ao final do prazo da concessão ou autorização, os bens e instalações realizados para a geração independente de energia elétrica em aproveitamento hidráulico passarão a integrar o patrimônio da União, mediante indenização dos investimentos ainda não amortizados. O que serão considerados na determinação do montante da indenização a ser paga? Os valores dos investimentos posteriores, aprovados e realizados, não previstos no projeto original, e a depreciação apurada por auditoria do poder concedente. No caso de usinas termelétricas, não será devida indenização dos investimentos realizados, assegurando-se, porém, ao autoprodutor, remover as instalações. Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica → Aprovado pela Resolução ANEEL nº 444, de 26/10/2001; → Na Instrução Geral nº 2 estabelece que: “Os autoprodutores, cujos bens e instalações, são passíveis de reversão à União Federal, deverão manter permanentemente atualizados o cadastro e o controle da propriedade dos bens vinculados, nos termos das disposições estabelecidas pelo Órgão Regulador”. Essas disposições estão estabelecidas na Portaria DNAEE nº 815, de 30/11/1994, atualizada pela Resolução ANEEL nº 15 de 24/12/1997. ➢ Depreciação dos bens As taxas de depreciação dos bens vinculados ao setor elétrico serão fixadas pelo Órgão Regulador, e deverão ser adotadas por todas as concessionárias e permissionárias do serviço público de energia elétrica e produtores independentes. Portanto, não incluindo os autoprodutores. Para fins fiscais o Parecer Normativo CST nº 153, de 03/12/1975, disciplinou que as empresas industriais que produzissem energia elétrica para consumo próprio e que fornecessem, a título precário, mediante autorização do órgão regulador, parcela dessa energia a terceiros, poderiam calcular as quotas de depreciação relativas aos bens componentes de sua fonte produtora, utilizando as mesmas normas estabelecidas no RIR – Regulamento do Imposto de Renda, aplicáveis aos demais bens integrantes de suas instalações industriais. Assim sendo, e considerando que o órgão regulador não obriga o autoprodutor a adotar as taxas de depreciação por ele determinadas, o autoprodutor poderá aplicar as mesmas taxas aplicadas aos seus bens imobilizados da atividade principal. DÚVIDAS? QUESTIONAMENTOS?
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