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Cap. 19 e 20 – Rezende, 2017 DEFINIÇÃO São movimentos puramente passivos e adaptam o feto às estruturas do canal de parto. Com esses movimen- tos, impulsionados pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede abdominal, os diâmetros fetais re- duzem e se acomodam aos pélvicos. Sob o ponto de vista do mecanismo do parto: Ou seja, o feto é o móvel/objeto que percorre o trajeto (pelve), impulsionado pelo motor (contração uterina). A apresentação cefálica fletida é a menos sujeita à perturbações do mecanismo e de melhor processo para o parto fisiológico. O feto é composto de dois seg- mentos: ovoide cefálico (cabeça) e ovoide córmico (tronco e mem- bros) que possui maior diâmetros, porém, facilmente redutíveis. /O trajeto, ou também chamado canal de parturição, es- tende-se desde o útero à fenda vulvar. Sustentado pela pequena pelve, cha- mada também pequena bacia ou esca- vação. As partes moles são: Segmento inferior, Cérvice, Vagina, Região vulvoperineal Tempos do mecanismo do parto São divididos em tempos principais e acessórios: ⋆Insinuação (encaixamento) ↳Flexão ⋆Descida ↳Rotação interna da cabeça ↳Insinuação das espáduas ⋆Desprendimento ↳Desprendimento cefálico ↳Rotação externa da cabeça ↳Rotação interna das espáduas ↳Desprendimento das espáduas e restante do corpo INSINUAÇÃO É a passagem da maior circun- ferência da apresentação fe- tal pelo anel do estreito supe- rior da pelve materna. Alcança as espinhas ciáticas repre- sentado pelo plano 0 de Lee. Nesse processo, obtém-se a redução dos diâmetros: na apre- sentação cefálica = flexão ou de- flexão para obter a passagem bi- parietal ⇢ 9,5 cm; na apresentação pélvica = membros inferiores sobre o tronco ou desdobrados para cima ou para baixo. *na apresentação córmica, não ocorre em parto fisiológico. A flexão cefálica ântero– posterior é resultante da pressão axial da contração uterina sobre o feto e ocorre o acavalgamento dos ossos do crânio para adap- tação ao canal de parto estreito. A borda interna de um parietal se sobrepõe à outra A insinuação ocorre por dois processos diferentes: ⋆Insinuação estática, processada na gravidez, em 50% das primigestas. Flexão por aconchego no segmento in- ferior e na descida. ⋆Insinuação dinâmica, que surge no fim da dilatação cer- vical ou no início do período expulsivo nas multíparas. O feto ⇢ objeto A pelve ⇢ trajeto Contração uterina ⇣ Motor Flexão Flexão por contato com o estreito superior da pelve e à custa das contrações expulsivas. DESCIDA A descida, na realidade, ocorre desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. Sin- crônico com a insinuação, a cabeça migra até as proximi- dades do assoalho pélvico. Durante esse mecanismo do parto, o movimento da ca- beça: à medida que o polo cefálico roda, vai progredindo no seu trajeto descendente ⇢ penetração rotativa. ⇢Orientação do diâmetro ântero–posterior da cabeça fetal (sutura sagi- tal) com o diâme- tro ântero-poste- rior da bacia ma- terna. ⇢Rotação traz o ponto de referência fetal para junto do púbis materno (anterior). ▸Rotação interna da cabeça Movimento de rotação que levará a sutura sagital a se alinhar entre o púbis e o sacro. Ou seja, o feto precisa ficar na variedade occiptitopúbica (OP) para nascer e tem que fazer o movimento de parafuso. Essa rotação interna inicia ao nível das espinhas isquiáti- cas e se completa até atingir a pelve inferior materna. A cabeça descreve um arco de círculo e o grau de rota- ção varia conforme a variedade de posição. ⋆Nas variedades anteriores = 45º (OEA e ODA), apon- tando o lambda para o púbis. ⋆Nas variedades transver- sas = 90º (OET ou ODT), re- aliza uma maior rotação para OP. ⋆Nas variedades posteriores = 135º (OEP ou ODP. Torna o trabalho de parto mais difícil. ▸Insinuação das espáduas Em simultâneo a rotação, que vai prosseguindo na descida, consequentemente há a penetração das espáduas no es- treito superior da pelve materna. Os ombros se aconchegam, forçados pela constrição do canal, reduzindo os diâme- tros e progride em espiral juntamente com a cabeça. À medida que a cabeça progride, as espáduas descem até o assoalho pélvico. DESPRENDIMENTO Terminada a rotação interna, a cabeça se desprende do estreito inferior graças à retropulsão do cóccix (ocorre como uma alavanca). Devido a curvatura do canal do parto, o desprendimento ocorre por meio de extensão e deflexão da cabeça. A nuca do feto apoia-se na arcada púbica (hipomóclio) e a cabeça oscila em torno desse ponto, em um movimento de alavanca. No início do desprendimento, a cada contração, ocorre um movimento de avanço e recuo ⇢ Retropulsão coccígea. ▸Rotação externa da cabeça Após a saída, a cabeça roda brevemente, pelo seu pró- prio peso, voltando o occipital para o lado. Simultâneo ao movimento interno das espáduas, conhecido por restitui- ção. ▸Rotação interna das espáduas Semelhante ao da cabeça, ao chegarem ao assoalho pél- vico, as espáduas sofrem uma rotação até orientarem o diâmetro biacromial na direção anteroposte- rior da saída do canal. O ombro anterior co- loca-se sobre a arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho pélvico, impelindo para trás o cóccix ma- terno. ▸Desprendimento das espáduas Um movimento de abaixamento e elevação para despren- dimento. A espádua anterior transpõe a arcada púbica e aparece através do orifício vulvar. Para libertar o ombro Doloridas 5-10 min 30-40" (segundos) Contrações Amolecimento, afinamento e encurtamento do colo uterino 0-40% Apagamento Aumento do orifíico cervical 0-3 cm Dilatação Doloridas e regulares 1-2 min 60-90" (segundos) Contrações Amolecimento, afinamento e encurtamento do colo uterino 40-100% Apagamento Aumento do orifíico cervical 4-10 cm Dilatação posterior, e tendo de acompanhar a curvatura do ca- nal, o tronco sofre movimento de flexão lateral. Períodos clínicos do Trabalho de Parto Esses episódios constituem os fenômenos passivos do parto, que se completam com a análise dos movimentos executados pelo feto. 1º período ou Dilatação (TP) ⋆É caracterizado pelas alterações cervicais perceptí- veis, como resultado das contrações uterinas. ⋆ Tem início com as contrações uterinas rítmicas, que co- meçam por modificar ativamente a cérvice, e terminam quando a sua ampliação está completa (10 cm). O colo dilata-se graças ao efeito de tra- ção das fibras longitudinais do corpo, que se encurta durante as contrações uteri- nas. ⋆Fase latente: A fase latente pode durar em média 20 h nas primíparas e 14 h nas multíparas Alguns estudos mostram que as mulheres não dilatam 1 cm por hora até serem alcançados os 5 cm. ⋆Fase ativa/acelerada A fase ativa pode durar em média 8 h nas primíparas e 5 h nas multíparas Nas nulíparas ocorre o apagamento e depois a dilatação, enquanto nas multíparas ocorre simultaneamente. 2º período ou expulsivo ⋆Inicia-se quando a dilatação está completa e se en- cerra com a saída do feto. ⋆ ⋆Sucessão de contrações uterinas cada vez mais inten- sas, até atingir 5 contrações a cada 10 min. ⋆É nessa fase que aparece as contrações voluntárias da prensa abdominal, os puxos, semelhantes aos movimen- tos de evacuação ou micção. ⋆O feto liberta-se do corpo ma- terno, ao qual fica ligado unica- mente pelo cordão umbilical. 1º período ou Dilatação (TP) 2º período ou Expulsivo (saída do bebê) 3º período ou Secundamento, delivramento ou dequitação (saída da placenta) 4º período ou Greenberg (1ª hora pós-parto) Nulípara Multípara Fase passiva Dilatação total do colo sem sensação de puxo involuntário e a cabeça do feto ainda re- lativamente alta na pelve Fase ativa Dilatação total do colo, cabeça do bebê visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo. Falha de progresso:⋆Em nulíparas ⇢ na maioria o parto deve ocorrer no prazo de 3 horas após o início da fase ativa do segundo período. ⇣ A confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de 2 horas e a mulher deve ser encaminhada, ou ter assistência adicional solicitada. ⋆Em multíparas ⇢ na maioria o parto deve ocorrer no prazo de 2 horas após o início da fase ativado segundo período. ⇣ A confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de1 hora e a mu- lher deve ser encaminhada, ou ter assistência adicional solicitada, o médico treinado na realização de parto vaginal operatório se o nascimento não for iminente. 3º período ou segundamento, ou dequitação ou delivra- mento ⋆O estágio da parturição que se processa após o nasci- mento do concepto, e se caracteriza por descolamento (dequitação ou dequitadura), descida e expulsão ou des- prendimento da placenta e de suas páreas para fora das vias genitais. ⋆ Entre 10-20 min após período expulsivo (prolongado se + de 30min). ⋆Constitui-se de três tempos fundamentais: ▸Descolamento - retração do músculo uterino após o nascimento do concepto, por meio de contrações uteri- nas. No ponto em que se iniciou o descolamento, forma- se o hematoma retroplacentário. O descolamento da placenta ocorre de acordo com dois tipos de mecanismos: (1) Mecanismo de Baudelocque- Schultze – frequência de 75%. Ocorre quando a placenta inserida na parte su- perior do útero inverte-se e desprende-se pela face fetal, em forma de guarda-chuva. (2) Mecanismo de Baudelocque-Duncan – 25% dos casos. se a placenta estiver localizada na parede lateral do útero, a desinserção começa pela borda inferior. Aqui o sangue se exterioriza antes da placenta, que, por desli- zamento, se apresenta ao colo pela borda ou pela face materna. ▸Descida – As contrações uterinas, que não cessam, e a possível ação da gravidade condicionam à migração da placenta. ▸Expulsão ou desprendimento – a placenta provoca nova sensação de puxo, podendo determinar esforços abdominais semelhantes aos do segundo período do parto, responsáveis pela expulsão do órgão para o exterior. A manobra de Jacob-Dublin consiste em rotacionar a placenta e puxá-la em simultâneo. 4º período ou Greenberg ⋆Considera a primeira hora após a saída da placenta um momento tão importante das fases do parto, devido aos riscos de hemorragia e ao descuido quase universal da- queles que acompanham as puérperas. ⋆ ⋆Vigorosas contrações para controlar perda sanguínea, forma-se o globo. ⋆Tem fases típicas que o caracterizam: ▸Miotamponagem: imediatamente após a expulsão da placenta, o útero se contrai e é palpável um pouco abaixo do umbigo. A retração inicial determina a ligadura viva dos vasos uterinos, o que constitui a primeira linha de defesa contra a hemorragia. ▸Trombotamponagem: é a for- mação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, consti- tuindo hematoma intrauterino que recobre, de modo contínuo, a ferida aberta no local placentário.
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