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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Prévia do material em texto

POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
E ORGANIZAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO 
BÁSICA
PROFESSORAS
Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1010
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. LOPES, Mara Cecília Rafael; 
CORDEIRO, Suzi Maria Nunes.
Políticas Educacionais e Organização da Educação Básica. 
Mara Cecília Rafael Lopes; Suzi Maria Nunes Cordeiro.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
224 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Políticas 2. Educação 3. Organização. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Mara Rafael Lopes
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Juliana Duenha
Design Educacional
Bárbara Neves
Revisão Textual
Lorena Martins
Ilustração
Marta Kakitani
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 379 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-2004-5Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria 
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso 
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão 
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de 
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 
DIREÇÃO UNICESUMAR
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenasde cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
Doutora (2019) e mestre (2016) em Educação pela Universidade Estadual de Maringá 
– UEM. Especialista em EaD e as Novas Tecnologias Educacionais pela Unicesumar 
(2016) e em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UEM (2014). Possui gradua-
ção em Pedagogia pela UEM (2011). Atua como professora do curso de Pedagogia 
na Unicesumar, coordena o projeto de pesquisa docente sobre Teoria e Prática na 
formação de professores e o desenvolvimento global dos alunos, bem como orienta 
alunos de iniciação científica. Tem experiência com disciplinas de Didática, Políticas 
Educacionais, Estágio Supervisionado, dentre outras da graduação e pós-graduação, 
tanto com escrita de livros quanto com aulas ministradas. É participante do Grupo 
de Estudos e Pesquisas em Escola, Família e Sociedade da UEM. Possui pesquisas e 
livros sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Medicalização, 
Teoria das Representações Sociais, dentre outros temas relacionados à educação na 
linha de Psicologia da Educação. Ministra palestras sobre a educação no século XXI, a 
exemplo, a educação da família e da escola, as políticas educacionais e outras temáti-
cas que envolvam o ensino, a aprendizagem e a formação de professores. 
Currículo Lattes da professora disponível em: 
http://lattes.cnpq.br/1301448235769294.
Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Doutora (2016) e mestre (2009) em Educação pela Universidade Estadual de Maringá 
– UEM. Graduada em Educação Física pela mesma instituição (1996). Graduada em 
Pedagogia pela Unicesumar (2016). Coordena o curso de Educação Física Licencia-
tura e Bacharelado da EaD Unicesumar. Tem experiência na área de Educação e 
Educação Física, investigando, principalmente, os seguintes temas: políticas públicas 
educacionais, financiamento da educação e políticas públicas de esporte e lazer.
Currículo Lattes da professora disponível em: 
http://lattes.cnpq.br/5472896495130234.
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO 
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Prezado(a) aluno(a), é com satisfação que apresentamos o livro da disciplina de Políticas 
Educacionais e a Organização da Educação Básica. Para melhor organização, dividimos as 
discussões em cinco unidades. Na Unidade 1, você conhecerá os indicadores educacionais 
como fonte de informação e de análise das políticas, compreendendo os avanços e a atual 
conjuntura da educação brasileira, além de entender conceitos básicos de Estado, governo e 
políticas públicas, tornando-se capaz de analisar nossa educação escolar.
Na Unidade 2, apresentamos o processo de reforma da educação, iniciada na década de 90, 
a fim de que você compreenda as principais legislações educacionais. Estudaremos os precei-
tos constitucionais da educação nacional para conhecer os direitos e deveres do Estado, da 
família e da escola perante a educação. Analisaremos a Lei n.9.394, de 1996 (BRASIL, 1996a, 
on-line), seus avanços e retrocessos para a política educacional, a fim de compreender a atual 
política educacional.
A Unidade 3 consiste na explanação dos níveis da educação no Brasil, as etapas da Educação 
Básica e as modalidades de ensino. Esperamos que você (re)conheça cada conceito, a fim 
de compreender como a educação escolar brasileira está organizada e estruturada perante 
a legislação.
Por meio da Unidade 4, você conhecerá as principais formas de avaliação externa do sistema 
educacional brasileiro, com foco na Educação Básica, com o propósito de entender os instru-
mentos de regulação do Estado e a relevância na elaboração e implementação de políticas 
educacionais em nosso país.
Por fim, a Unidade 5 trata do início das relações externas do Brasil e suas relações com os 
Organismos Internacionais, com o objetivo de compreender as recomendações de políticas 
educacionais para nosso país. Além disso, as retomadas históricas ajudarão a entender as 
discussões sobre uma base comum curricular como instrumento de orientação dos currículos 
da Educação Básica, e saber sua relação com a Reforma do Ensino Médio.
Desejamos que você, caro(a) aluno(a), tenha ótimos estudos.
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o)melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando Ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
INFORMAÇÕES 
ESTATÍSTICAS,
CONCEITO DE
POLÍTICA 
EDUCACIONAL E A 
INTERPRETAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO
8
A EDUCAÇÃO NA 
LEGISLAÇÃO: 
CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
DE 1988 E LDB DE 1996
36
70
SISTEMA 
EDUCACIONAL 
BRASILEIRO: 
ORGANIZAÇÃO E 
ESTRUTURA
122
AVALIAÇÃO NO 
SISTEMA
EDUCACIONAL 
BRASILEIRO
164
POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS NO 
BRASIL
CONTEMPORÂNEO: 
BNCC
209
CONCLUSÃO GERAL
1
INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS,
CONCEITO DE
Política Educacional e a 
Interpretação da Educação
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Os Indicadores Educacionais: 
Censo Escolar, IDH e IDHM • Os Avanços no Acesso à Educação • O que é Política Educacional?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Conhecer os indicadores educacionais como fonte de informação e análise das políticas, a fim de 
entender as implicações na elaboração das políticas educacionais. • Analisar os indicadores de acesso 
e democratização da educação, para compreender os avanços e a atual conjuntura da educação bra-
sileira. • Compreender os conceitos básicos: Estado, governo e políticas educacionais, a fim de analisar 
a educação escolar no contexto atual.
PROFESSORA DRA.
Mara Cecília Rafael Lopes 
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Políticas Educacionais 
e Organização da Educação Básica. Iniciaremos a discussão das políticas 
educacionais, um tema necessário e significativo para a formação cidadã 
e a prática docente.
Nesta unidade, trataremos de alguns Indicadores Educacionais, como 
os do Censo Escolar, do IDH e IDHM. Todo cidadão deve ter acesso às 
estatísticas públicas com igualdade e imparcialidade, o que é um consenso 
internacional para produtores, pesquisadores, órgãos estatísticos e usuários 
do sistema estatístico que vivem em sociedades sob a tutela do Estado de-
mocrático de direito. O conhecimento e análise dos dados sobre a educação 
escolar e as mais diversas áreas sociais é um direito de todo cidadão, e tal 
apropriação deve fazer parte da formação inicial e continuada de profes-
sores. Assim, desenvolvemos argumentos na defesa de uma educação que 
elimine as desigualdades e tenha qualidade em sua oferta.
A política está relacionada ao campo de estudo das atividades da so-
ciedade articuladas ao Estado, por isso estudar o conceito de Estado é tão 
importante. Esse conjunto de atividades ligadas ao Estado se relaciona com 
diversas questões, como poder, sociedade política, participação social, or-
denamento, legislação, fiscalização, entre outros.
Traremos uma análise dos avanços na educação, em estudo analítico das 
políticas educacionais, para que ao final de nossos estudos tenhamos clareza 
sobre os impasses e perspectivas das políticas atuais em relação à educação.
Apresentaremos os conceitos básicos para o estudo de políticas edu-
cacionais, Estado, governo e políticas sociais com as da educação. Para a 
efetivação dos aspectos legais da educação, como uma educação pública, 
laica, obrigatória e gratuita, ainda é preciso muita luta nos diversos setores 
da sociedade. Você, aluno(a), é convidado(a) a fazer parte dela, para que 
todo cidadão tenha acesso ao conhecimento produzido pela humanidade, 
e que este conhecimento possa ser suporte para o exercício da cidadania.
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OS INDICADORES
EDUCACIONAIS:
CENSO ESCOLAR,
IDH e IDHM
Para compreender as políticas públicas para a educação escolar, assim como a 
estrutura e organização da Educação Básica, necessitamos entender a relação 
entre sociedade, Estado e educação. Cabe lembrar que a análise da educação 
parte da verificação do contexto: olhar a educação, no Brasil, envolve considerar 
os aspectos históricos e atuais em nosso país, na América Latina, e o que ocorre 
no mundo hoje, em termos de desenvolvimento humano, social e político. 
Para iniciarmos nosso estudo, preciso que você responda a algumas perguntas:
1. O que você conhece sobre as políticas educacionais?
2. Quais autores você leu como referência para o estudo de políticas educacionais?
3. Você já teve acesso às estatísticas sobre educação? Aos dados do Instituto 
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e Minis-
tério da Educação (MEC)?
4. Conhece alguns aspectos da legislação sobre educação? 
Observa-se um aumento significativo da demanda por informações econômi-
cas, sociais (como a educação) e ambientais por parte das mais diversas áreas: 
o setor privado, governo, terceiro setor, organismos internacionais e da popula-
ção em geral. Essa necessidade de informações decorre da maior participação 
do cidadão na sociedade e da atuação do governo, que as utiliza para elabora-
ção de políticas públicas. Para que o governo e a sociedade avaliem as políticas 
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educacionais, precisam de um diagnóstico sobre a educação nacional; assim, as 
propostas para as políticas educacionais são mais assertivas. Para que seus argu-
mentos sobre a educação brasileira tenham validade, mesmo em um debate com 
família ou amigos, devem basear-se em pesquisas e não no senso comum, certo? 
 “ Deve-se destacar que os indicadores sociais têm sido cada vez mais utilizados para avaliar a situação da educação no Brasil. Esse uso tem sido intensificado nos últimos anos, principalmente por dois 
motivos: primeiro pela ampliação do grau de cobertura em todos 
os níveis de educação no país, fenômeno que exige um acompa-
nhamento sistemático; e segundo pelo aumento de dados disponí-
veis sobre a educação brasileira, principalmente no que se refere à 
qualidade do ensino, formação dos professores e situação física das 
escolas (DIAS JÚNIOR; VERONA, 2010, p. 1).
Os indicadores sociais e os dados estatísticos são utilizados como suporte para 
análises e decisões em políticas educacionais, tanto na elaboração como na re-
formulação, na avaliação e no monitoramento das políticas públicas. Os estudos 
internacionais comparativos estão presentes de forma recorrente nas análises dos 
indicadores nacionais sobre as políticas educacionais.
Nesse sentido, durante nossos estudos, apresentaremos conceitos, análises e 
dados estatísticos como subsídio para o conhecimento da realidade educacional. 
O estudo das políticas educacionais é fundamental a você, enquanto futuro(a) 
professor(a) e como cidadão(ã), no acompanhamento e avaliação da sociedade 
sobre as propostas e a execução das políticas públicas educacionais. 
Caro(a) aluno(a), você sabe que um preceito fundamental da Constituição Fe-
deral de 1988 implica no acesso à informação pública para o seu pleno exercício? 
 “ Artigo 5º [...] XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível 
à segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988).
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O mesmo inciso determinou, ainda, a criação de uma lei para regulamentar o refe-
rido direito, o que só ocorreu em 2011, fruto de muitas reivindicações da sociedade 
civil. Somente em 2012, foi instituída aInfraestrutura Nacional de Dados Abertos 
(Inda), como “política para garantir e facilitar o acesso pelos cidadãos, pela socieda-
de e, em especial, pelas diversas instâncias do setor público aos dados e informações 
produzidas ou custodiadas pelo Poder Executivo Federal” (BRASIL, 2012a, on-line), 
estabelecendo como objetivos, conforme Art. 1º do referido documento: 
 “ VII - promover a colaboração entre governos dos diferentes níveis da federação e entre o Poder Executivo federal e a sociedade, por meio da publicação e do reuso de dados abertos; VIII - promover 
e apoiar o desenvolvimento da cultura da publicidade de dados e 
informações na gestão pública; IX - disponibilizar tecnologias e 
apoiar as ações dos órgãos e entidades do Poder Executivo federal 
ou que aderirem à INDA na implementação da transparência ativa 
por meios digitais; e X - promover a participação social na constru-
ção de um ecossistema de reuso e de agregação de valor dos dados 
públicos BRASIL, 2012a, on-line) 
No entanto, entre a promulgação da lei, sua implementação e a consequente usu-
fruição real pela população há uma distância enorme, às vezes um abismo, que 
só pode ser superado por meio de estudos, conscientização da população, movi-
mentos e lutas empreendidos pela sociedade civil.
As informações possuídas, produzidas e divulgadas pelo Estado democráti-
co constituem um bem público, de uso individual e coletivo, simultaneamente. 
Está vinculado diretamente aos princípios basilares da administração pública: a 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O princípio da 
publicidade constitui um elemento essencial para o controle dos atos estatais e 
fortalecimento da democracia (CARDOSO, 2017). 
 “ O direito de acesso às informações públicas, além de ser um di-reito importante por si mesmo, tem uma finalidade ainda maior por constituir um instrumento necessário para concretização da 
participação da sociedade civil na reivindicação dos demais direi-
tos políticos e sociais constitucionais. Os cidadãos precisam de in-
formações para ter livre discernimento, com livre intercâmbio de 
ideias, auxiliando a tomada de decisões e a reivindicação dos demais 
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direitos. O direito à informação não se trata, portanto, apenas de um 
direito constitucional fundamental, mas sim de um direito huma-
no, que tem como propósito conquistar outros direitos igualmente 
constitucionais fundamentais e humanos (CARDOSO, 2017, p. 32). 
As estatísticas sociais, econômicas e demográficas, utilizadas para a construção dos 
indicadores no Brasil, são produzidas por diferentes agências nos âmbitos federal 
e estadual. Nesse sentido, cabe destacar: a) o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), no fornecimento de dados como o censo demográfico (carac-
terísticas demográficas, habitação, escolaridade, mão de obra, rendimentos); b) o 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do 
qual a principal fonte de dados é o censo escolar, que contempla alunos, profes-
sores, escolas, turmas e equipamentos, de acordo com as etapas e modalidades da 
Educação Básica, bem como considera informações do rendimento (aprovação e 
reprovação) e movimento (abandono e transferência) de cada aluno; c) o Instituto 
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que presta assessoria ao Estado em suas 
decisões estratégicas, produz informações considerando indicadores e dados refe-
rentes às áreas econômica e financeira, além de conter informações relevantes para 
as pesquisas educacionais em financiamento da educação. 
Vamos conhecer um pouco das agências e dos dados sobre educação? 
 ■ Censo Escolar 
O Censo Escolar é um dos principais indicadores nacionais para o sistema edu-
cacional, envolve todas as escolas públicas e privadas da Educação Básica. Ao 
analisarmos as políticas educacionais, sempre recorremos às evidências apre-
sentadas no Censo Escolar.
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 “ O Censo Escolar é um levantamento estatístico anual, coordenado pelo Inep e realizado em colaboração com as secretarias estaduais e municipais de educação e as escolas públicas e privadas de todo o 
País. A pesquisa proporciona a obtenção de estatísticas das condi-
ções de oferta e atendimento do sistema educacional brasileiro, na 
Educação Básica, reunindo informações sobre todas as suas etapas 
e modalidades de ensino, compondo um quadro detalhado sobre os 
alunos, os profissionais escolares em sala de aula, as turmas e as es-
colas. Os dados e as informações apuradas pela pesquisa subsidiam 
a operacionalização de importantes políticas públicas, programas 
governamentais e ações setoriais nas três esferas de governo (federal, 
estadual e municipal) (BRASIL, 2019, p. 13). 
Figura 1: Total de matrículas na Educação Básica segundo a rede de ensino – Brasil – 2014 
a 2018
Fonte: Brasil (2019, p. 13).
No Brasil, o número total de matrículas na Educação Básica, em 2018, foi de 8,5 
milhões, distribuídas em 181,9 mil escolas. Em comparação com o ano de 2014, 
temos 1,3 milhões de matrículas a menos, o que corresponde a uma redução de 
2,6% no total de matrículas. 
60.000.000
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
2014 2015 2016 2017 2018
Total Pública Privada
49.771.371 48.796.512 48.817.479 48.608.093 48.455.867
9.090.781 9.057.732 8.983.101 8.887.061 8.995.249
40.680.590 39.738.780 39.834.378 39.721.032 39.460.618
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Figura 2 - Percentual de matrículas na Educação Básica, segundo a dependência administrativa
– Brasil – 2018 / Fonte: Brasil (2019).
Ao avaliar a distribuição das matrículas por dependência administrativa no ano 
de 2018, percebe-se que a rede municipal reúne 47,7% das matrículas na Edu-
cação Básica, enquanto a rede estadual conta com 32,9%. A rede privada tem 
uma participação de 18,6%, e a federal mostra número inferior a 1% do total 
de matrículas. Esses dados são fundamentais para analisarmos, por exemplo, a 
distribuição dos recursos para a Educação Básica por esfera administrativa. 
Figura 3 - Número de matrículas na Educação Básica segundo dependência administrativa e
localização da escola – Censo Escolar – Brasil – 2018 / Fonte: Brasil (2019).
Municipal Estadual Federal Privada
18,6%
32,9%
0,8%
47,7%
Urbano
Federal
355.937
55.141
Estadual Municipal Privada
Rural
8.906.605
88.644
15.116.036 
830.380
18.603.701
4.499.423
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Em relação à localização, as matrículas da Educação Básica são encontradas ma-
joritariamente na área urbana (88,7%). Em relação à rede pública, a rede munici-
pal é a que apresenta a maior proporção de matrículas em escolas rurais (19,5%), 
seguida da rede estadual, com 5,2% das matrículas. Conforme os dados do Censo 
de 2018 (BRASIL, 1997a, on-line), 10,7% das matrículas da Educação Infantil 
estão em escolas da zona rural. No Ensino Fundamental, o maior número de 
matrículas, na zona rural, está nos anos iniciais (15,1%); nos anos finais, temos 
11,8%. No Ensino Médio, as matrículas, na área rural, somam 10,2%. Na educa-
ção de jovens e adultos, temos 18,3% das matrículas em escolas rurais (BRASIL, 
1996a, on-line).
Em um total de 48,7 milhões de estudantes, só 5,8 milhões estão matriculados 
em escolas do campo. Ao nos aprofundarmos um pouco nos dados, notamos que 
as condições das escolas do campo são muito inferiores e, muitas vezes, inade-
quadas se comparadas às escolas na área urbana.
Figura 4 - Estrutura das escolas rurais e urbanas / Fonte: Brasil (2019).
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A infraestrutura é um dos fatores para pensarmos na melhora da qualidade da educação. 
Veja, caro(a) aluno(a), de todas as escola que temos no Brasil, apenas 45,7% possuem 
biblioteca com sala de leitura, de acordo com dados de Saeb/Inep/MEC e INSE/Inep/MEC.
pensando juntos
A educação é um direito de todos. Para que esse direito seja garantido, são ne-
cessários vários fatores, como condições, acesso, permanência e infraestrutura 
básica. Por isso, as estatísticaspúblicas constituem um subsídio importante para 
o conhecimento da realidade social e econômica, além de necessitar chegar a todo 
cidadão. Em uma sociedade democrática, elas são decisivas para o pleno exercício 
da cidadania, ao servir de instrumento para propor, reelaborar, acompanhar e 
avaliar as políticas públicas.
 ■ O IDH e o IDHM
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado, em 1990, pelos econo-
mistas Mahbub ul Haq e Amartya Sem. Seu objetivo, segundo o Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é apresentar uma medida geral 
do desenvolvimento humano em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB), 
pois abrange, apenas, os aspectos econômicos do desenvolvimento. Os indicadores 
do IDH é uma medida resumida do progresso em longo prazo de três dimensões 
básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. 
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A dimensão da educação envolve a escolaridade que, no caso brasileiro, tem 
como base o número de anos de estudos concluídos com aprovação pelo indiví-
duo. Há três variáveis que possuem efeitos diretos sobre a escolaridade: a idade 
do indivíduo, porque a legislação determina as etapas obrigatórias de estudo e a 
idade mínima para o ingresso na escola; o período ou contexto temporal, no qual 
o indivíduo ingressa na escola, a sua conclusão em cada série e a continuidade no 
sistema de ensino, pois se relacionam com a condição econômica de cada aluno; 
o corte a qual pertence o indivíduo (RIOS NETO et al., 2005). 
 “ Usado desde 1993 pelo PNUD em seu Relatório do Desenvolvi-mento Humano (RDH), o IDH é utilizado, ainda, para classificar os países enquanto “desenvolvidos” (quando atingidos valores acima 
de 0,900) ou “em desenvolvimento” (para aqueles cujos valores não 
atingiram 1994, on-line 2005, on-line). Segundo dados do RDH 
2009, a Noruega encabeça a lista dos países com maior IDH (0,971), 
seguida por Austrália (0,970), Islândia (0,969), Canadá (0,966) e 
Irlanda (0,965). Dentre os países latino-americanos, o Chile, na 44ª 
posição, é o primeiro a figurar na lista, com um IDH de 0,878 em 
2007. O Brasil aparece na 75ª posição, apresentando um IDH de 
0,813 (DUARTE, 2010, p. 2). 
A classificação para leitura dos dados de IDH é a seguinte: baixo, médio, elevado 
e muito elevado. Valores entre 0 e 0,499 são classificados como baixos; a classifi-
cação média localiza-se entre 0,500 e 0,799; a classificação elevada concentra-se 
em valores entre 0,800 e 0,899; os valores acima de 0,900 indicam um IDH muito 
elevado (DUARTE, 2010).
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Figura 5 - Ranking de Desenvolvimento Humano / Fonte: adaptada de Pnud (2018).
Ranking de desenvolvimento humano
Os primeiros têm maior desenvolvimento; os últimos, menor.
De 188 países, o Brasil está em 79º lugar.
1. Noruega
Desenvolvimento humano ‘muito alto’
0,949
2. Austrália 0,939
3. Suíça 0,939
4. Alemanha 0,926
5. Dinamarca 0,925
6. Cingapura 0,925
74. São Cristóvão e Nevis
Países próximos da faixa do Brasil
0,765
75. Albânia 0,764
76. Líbano 0,763
77. México 0,762
78. Azerbaijão 0,759
79. Brasil 0,754
79. Granada 0,754
81. Bósnia e Herzegovina 0,750
82. Macedônia 0,748
83. Argélia 0,754
84. Armênia 0,743
184. Burundi
Desenvolvimento humano ‘baixo’
0,404
185. Burkina Faso 0,402
186. Chad 0,396
187. Níger 0,353
188. República
Centro africana
0,352
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Reconhecer e combater essa desigualdade é um desafio complexo e permanen-
te para a sociedade brasileira. Observemos alguns países vizinhos; o Chile, por 
exemplo, ficou em 38º lugar, com IDH de 0,847; a Argentina, em 45º lugar (IDH 
0,827); o Uruguai, em 54º lugar (IDH 0,795); e a Venezuela, em 71º lugar (IDH 
0,767). Uma das principais recomendações das Nações Unidas, para o Brasil, é 
diminuir as desigualdades e garantir que ninguém seja deixado para trás nos 
processos de desenvolvimento. O objetivo de diminuir a desigualdade no Brasil 
está em consonância com os objetivos da nova Agenda 2030 para que sejam 
alcançados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Outro indicador utilizado para o acompanhamento das políticas educacio-
nais é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), composto 
de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, 
educação e renda, que demonstram ser mais adequadas para avaliar os municí-
pios brasileiros. O índice possui variabilidade de 0 a 1. Quanto mais próximo de 
1, maior o desenvolvimento humano. Assim, o IDHM inclui três componentes: 
IDHM Longevidade, IDHM Educação e IDHM Renda.
O IDHM no componente educação envolve: Subíndice Escolaridade da Po-
pulação Adulta; IDHM – Subíndice Fluxo Escolar da População Jovem (Fre-
quência Escolar); IDHM – Taxa de Alfabetização; Índice Ipardes de Desempenho 
Municipal (IPDM); Taxa de Aprovação no Ensino Fundamental e Ensino Médio; 
Taxa de Reprovação no Ensino Fundamental e Ensino Médio; Taxa de Abando-
no no Ensino Fundamental e Ensino Médio, Taxa de Distorção Idade Série no 
Ensino Fundamental e Ensino Médio.
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Figura 6 - Subíndices do IDHM, Cor, Brasil, 2010 - Fonte: Pnud (2017, p. 16).
Figura 7 - Subíndices do IDHM Ajustado, Sexo, Brasil, 2010 / Fonte: Pnud (2017, p. 17).
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Figura 8 - Subíndices do IDHM, Situação de Domicílio, Brasil, 2010 / Fonte: Pnud (2017, p. 18).
Em relação aos dados educacionais e à relação entre brancos e negros adultos, 
62% da população branca, com mais de 18 anos, possui o fundamental completo, 
diante de 47% da população negra. 56,7% das mulheres, com mais de 18 anos, 
possuem o Ensino Fundamental completo, enquanto a população masculina 
registrara 53%. “No fluxo escolar da população jovem, as mulheres apresentam 
maior adequação idade-série, 0,730 diante de 0,657 dos homens (PNUD, 2017, p. 
17)”. Quanto à escolaridade da população adulta, 60% da população urbana com 
mais de 18 anos possui o fundamental completo, ante 26,5% da população rural 
(PNUD, 2017, p. 18)”. Desse modo, o IDHM, para todas as localidades analisadas, 
mostra a disparidade existente entre grupos e evidencia melhores resultados para 
brancos, homens e população urbana.
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2 
OS AVANÇOS NO ACESSO
À EDUCAÇÃO
Ao olhar historicamente para os dados, surge uma pergunta intrigante: nós avan-
çamos nas políticas educacionais?
Sim, o Brasil melhorou a educação nacional em alguns aspectos. Essa é a 
conclusão de um grupo de pesquisadores que estudou e analisou dados sociais 
e econômicos do país nas últimas duas décadas. Eles utilizaram os dados com-
paráveis, como os da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do 
IBGE. O resultado do levantamento, com dados do período entre 1995 e 2015 
sobre educação, habitação, renda e posse de bens, inclusão financeira e digitali-
zação virou livro: O Brasil mudou mais do que você pensa, de Lauro Gonzales, 
Maurício de Almeida Prado e Maiel Deak.
Segundo o estudo, a melhora da educação é significativa para os demais fato-
res, pois impacta o acesso ao sistema educacional, a permanência e os níveis de 
conclusão. O acesso à Educação Superior, no Brasil, foi um processo tardio em 
relação à maioria dos países latino-americanos (CUNHA, 1980). A porcentagem 
de jovens, entre 18 a 24 anos, a terem acesso à Educação Superior, no período 
2000-2010, passou de 9,1% para 18,7% do total. Observe, no gráfico a seguir, os 
dados do período 1995-2015.
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 Figura 9 - Acesso à Educação Superior de 1995-2015 / Fonte: Inep (1995; 2015).
Figura 10 - Escolaridade média da população de 1995 a 2015 / Fonte: Inep (1995; 2015).
O acesso à Educação Básica, de forma universalizada, também, é recente em nosso 
país. Sua universalização só foi alcançada no final dos anos 1990 e início dos anos 
2000, para o Ensino Fundamental. Em 1960, a taxa de atendimento da população 
em idade escolar (7 a 14 anos) era de 50%, e alcançou 80% apenas em 1973, período 
DOIS BRASIS
Quatro indicadores
da evolução do país
e da população em
duas décadas
Brasileirosno Ensino superior
(em número de pessoas)
1995 2015
Classes
A e B
Classes
C, D e E
1,7
milhão
87000
4,4
milhões
(2,6 vezes)
2,1
milhões
(24 vezes)
3,9
5,4
8,2 8,4
9,7
11,6
ESCOLARIDADE MÉDIA
(em número de anos)
1995 2015
Classes
D e E
Classe
C
Classes
A e B
Classes
D e E
Classe
C
Classes
A e B
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em que estagnou até voltar a crescer em 1984. No ano de 1990, impulsionado pelos 
compromissos da Conferência Mundial de Educação para Todos (realizada em 
Jomtien, Tailândia, em 1990), o Brasil finalmente incluiu uma parcela da população 
de baixa renda que ainda estava fora da escola. Assim, a taxa de participação escolar 
de alunos entre 7 e 14 anos subiu de 87%, em 1992, para 97%, em 2002, sendo que o 
crescimento atendeu, especialmente, o grupo de renda mais baixa (SIMÕES, 2003). 
O acesso à educação, que era restrito às classes A e B, passou a incluir milhões de 
crianças e jovens das classes C, D e E. Sabemos, com isso, que, no Brasil, tivemos 
uma melhora na distribuição da renda e da riqueza, que, de forma direta, determina 
o acesso e a permanência dos estudantes na escola.
Figura 11 - Taxa de atendimento escolar de 6 a 14 anos por classe / Fonte: Gonzales et al. 
(2018).
 “ A primeira preliminar é não ignorar o que é a situação do Brasil em matéria socioeconômica. De há muito os educadores brasileiros correlacionam dialeticamente sociedade e educação. Sabemos todos 
que a distribuição de renda e da riqueza no país determina o acesso 
e a permanência dos estudantes na escola. Sabemos também que 
o aumento da permanência de estudantes na escola depende da 
realização do direito ao saber, sob um padrão de qualidade possível 
de ser incrementado. E sabemos também que não se deve exigir da 
escola o que não é dela, superando a concepção de uma educação 
salvífica e redentora. Problemas há na escola que não são dela, mas 
que estão nela e problemas há que são dela e obviamente podem 
também estar nela. Considerar este contexto socioeconômico des-
Taxa de atendimento escolar de 6 a 14 anos por classe, em %
Classe AB
100
96
92
88
84
80
Classe C Classe DE
1995
81
89
96
99
98
2003 2015
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Para acompanhar as informações sobre a educação, segue alguns sítios para que você 
possa se aprofundar:
INEP: http://www.inep.gov.br. 
MEC: http://www.mec.gov.br.
IBGE: http://www.ibge.gov.br.
Observatório do PNE: http://www.observatoriodopne.org.br .
explorando Ideias
critiva e analiticamente, vê-lo como suscetível de superação por 
meio de políticas sociais redistributivas e considerar a situação da 
educação escolar enquanto tal são princípios metodológicos indis-
pensáveis para uma análise adequada das políticas educacionais. 
Afirmar a determinação socioeconômica sobre a educação não é 
negar as determinações internas a ela (CURY, 2002, p.169).
A conscientização sobre a melhora do acesso e permanência à educação é im-
portante se consideramos, em nossa análise, a questão histórica e pensarmos o 
que queremos para o futuro. A melhora da educação, em alguns aspectos, pode 
não ser a ideal, mas deve ser, sempre, lembrada, pois representa conquistas sociais 
importantes, conquistas essas que levaram anos de mobilização da sociedade em 
busca da garantia de um direito, do avanço pela igualdade e consequente avanço 
em termos de cidadania, especialmente, da parcela da população que foi excluída 
da participação dos bens sociais. Quando se acha que nada melhorou ou que tem 
sempre piorado, abrimos espaços para soluções pragmáticas, radicais e em curto 
espaço de tempo. Lembre-se, caro(a) aluno(a), de que “a ciência e a educação 
ampla desmentem o passado fictício” (STANLEY, 2018, p. 85).
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3 
O QUE É
POLÍTICA
Educacional?
Caro(a) aluno(a), como observado até aqui, os indicadores norteiam as ações 
políticas, incluindo as da educação escolar. Por meio de seus resultados e análises, 
é possível verificar as práticas que deram certo e as que precisam ser melhoradas, 
renovadas e/ou excluídas. Dessa forma, chegamos às políticas para educação; 
mas, afinal, como se definem e como são as políticas educacionais? Para chegar 
a esse conceito, necessitamos, antes, compreender outros dois: Estado e governo.
O Estado pode ser definido como o “[...] conjunto de instituições perma-
nentes [...] que possibilitam a ação do governo” (HÖLFLING, 2001, p. 31). Nesse 
sentido, uma política pública pode ser classificada como de Estado ou de governo. 
A política é de Estado quando é permanente, ou seja, deve ser concretizada e 
garantida, independentemente, do governo e do presidente em exercício, porque 
é sustentada pela constituição. Uma política de governo, em contraponto, pode 
depender da alternância do governante. Cada governo estabelece seus programas 
e projetos que, por sua vez, podem ou não se transformar em políticas públicas.
Necessitamos, assim, de uma conceituação de governo: refere-se ao grupo res-
ponsável pelo planejamento e condução de determinadas políticas e do conjunto 
de programas e ações durante certo período. O governo é transitório, formado 
por grupos que se alternam no poder e “[...] assume e desempenha as funções de 
Estado por um determinado período” (HÖLFLING, 2001, p. 31).
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Nesse sentido, é relevante considerar as divergências no conceito de Estado. 
Em uma perspectiva liberal, o Estado é compreendido como neutro e está acima 
dos interesses das classes sociais; seu objetivo é a realização do bem comum e o 
aperfeiçoamento do organismo social em seu conjunto. O foco é no indivíduo, 
na proteção da liberdade pessoal e na liberdade econômica individual. Em con-
traponto, as teorias críticas, com base no materialismo histórico, negam a ideia de 
um Estado neutro, voltado ao bem comum. Os interesses do Estado apresentam-
-se como interesses universais, de todo o corpo social, apenas no nível aparente. 
 “ Nesse sentido, o termo “política” se refere às escolhas, às decisões tomadas por uma determinada autoridade política, decisões estas que conformam “o que fazer” diante de um determinado problema, 
necessidades ou demandas sociais, podendo ter sido, ou não, fruto 
de um processo político participativo (RUA, 2015, p. 3).
As políticas públicas, também, podem ser definidas como conjuntos de programas, 
ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais), com 
o envolvimento e a participação direta ou indireta de grupos sociais. Os programas 
ou ações podem partir do governo, dos grupos sociais ou ambos, de forma conjunta.
Assim, a política pode ser compreendida como resultante da correlação de 
forças de distintos projetos; ela expressa diversas relações de poder e de conflitos, 
além disso, destina à resolução, de forma pacífica, dos conflitos que envolvem os 
bens públicos. A política é um meio; o governo, os indivíduos, os grupos sociais 
e as organizações estabelecem os objetivos, que mudam conforme o momento 
social e o projeto para a nação em determinado período. Assim, a política é o que 
possibilita o alcance desses objetivos.
E a educação como política pública?
 As políticas públicas são autuadas: 
 “ [...] pelo governo quanto à sua implementação e manutenção, mas emergem da sociedade, dos problemas ou demandas que podem ser econômicos, políticos ou de bem-estar. As políticas públicas são o 
resultado de uma interação complexa entre o Estado e a sociedade. 
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Em outras palavras, o processo de formulação de política pública 
é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em 
programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças de-
sejadas no mundo real (SOUZA, 2003, p. 13).
A educação, no campo das políticas públicas, é caracterizada como uma política social. 
 “ Políticas sociais: conjunto de propostas de intervenção sobre proble-mas relacionados com o desenvolvimento social de um determinado país, estado ou município, incluindo as políticas de educação, saúde, 
habitação, transporte,cultura, esporte e lazer (BRASIL, 2007 p. 243). 
As políticas sociais, dentre elas a educacional, são uma resposta do governo e do 
Estado diante das condições de acesso, permanência e qualidade da educação 
nacional. A política educacional deve garantir os princípios republicanos esta-
belecidos no Século XX para uma sociedade democrática: laicidade, gratuidade, 
igualdade de oportunidades e de qualidade.
 “ E políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando a diminuição 
das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento so-
cioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos movimen-
tos populares do Século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre 
capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções 
industriais (HÖLFLING, 2001, p. 31).
Diante desse conceito, podemos dizer que uma política é boa ou ruim para a 
educação? Sim, a partir de estudo, pesquisa e análise das políticas. Mesmo depois 
de décadas de implementação, uma política não foi capaz de garantir o direito 
constitucional a qual se propôs, ela necessita ser reformulada ou substituída.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, o objetivo foi tratar conceitos básicos da dis-
ciplina, a partir das informações estatísticas, na educação e sua interpretação. 
Os indicadores nos proporcionam um referencial sobre a situação das políticas 
educacionais e nos despertam para o acompanhamento e avaliação das políticas, 
assim como a importância da nossa participação como cidadãos e educadores na 
proposição e avaliação de políticas educacionais no Brasil. O Inep, como autar-
quia federal vinculada ao MEC, possibilita-nos instrumentos para reivindicação 
dos direitos que devem ser garantidos pelo Estado.
Nas últimas décadas, a educação apresentou avanços na universalização do En-
sino Fundamental e no acesso às demais etapas da educação. Sabemos, também, que 
esse acesso não acompanhou a qualidade da educação nacional, mas reconhecer 
os avanços é uma condição para discutirmos e pensarmos onde queremos chegar.
A Constituição Federal de 1988 é a legislação fundante e fundamental da 
política educacional. Ela enuncia a educação como direito de todos, dever do 
Estado e da família. A educação no Art. 205 representa mecanismo de desenvol-
vimento, tanto do indivíduo como da própria sociedade, em relação à cidadania 
e ao trabalho. Garantir o seu cumprimento é, também, uma função de todos nós. 
Esteja atento(a), caro(a) aluno(a), às disputas políticas e à influência do mer-
cado sobre a educação. Elas são sedutoras, usam de estratégias de convencimento 
e tratam a desigualdade social como natural. Em geral, o “mercado educacional”, 
com uma visão restrita da educação, propõe uma formação precária, aligeirada e 
instrumental. Por outro lado, entendemos que a educação deve ter como objetivo 
a formação integral do ser humano, que permita o conhecimento e desenvolvi-
mento de suas potencialidades, ancoradas nos conhecimentos, historicamente, 
acumulados pela humanidade. Todos os indivíduos devem ter a oportunidade 
educacional de tornarem-se conscientes e críticos do mundo em que vivem.
31
na prática
1. O objetivo do Censo Escolar é levantar informações que permitam a definição e o 
cálculo de indicadores educacionais, diagnósticos e análises da realidade do sistema 
educacional brasileiro. Explique como o Censo Escolar é realizado, sua periodicidade 
e o sistema de coleta.
2. Resumo Técnico: Censo da Educação Básica 2018, obra indicada como leitura comple-
mentar, apresenta os princípios constantes adotados para a elaboração do Censo 
Escolar. Com base no material citado, apresente esses princípios.
3. Os dados oferecidos pelo Censo Escolar nos permitem um mapeamento da Educa-
ção Básica no país. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir: 
I - No Brasil, o Censo Escolar coleta informações de todas as escolas de ensino 
regular, do ensino infantil ao Ensino Médio.
II - O Censo contribui na elaboração de diversos programas educacionais, como o 
Programa Nacional do Livro Didático.
III - Os resultados obtidos no Censo Escolar, juntamente com os dados do SAEB, 
são utilizados para o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 
(IDEB).
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II está correta.
e) I, II e III estão corretas.
32
na prática
4. Observe o gráfico a seguir:
Fonte: Cruz e Monteiro (2018, p. 15).
No Brasil, os problemas com a educação possuem várias vertentes: evasão, 
reprovação, qualidade, recursos, entre outros. Ao analisar o gráfico do número 
de crianças e jovens fora da escola, descreva quais problemas da educação po-
dem ser identificados.
5. As políticas públicas podem ser propostas pelo governo ou pela população, por 
meio de grupos sociais. As políticas educacionais, conforme estudamos, possuem 
características próprias. Assim, analise as alternativas e assinale a correta:
a) As políticas educacionais podem se traduzir por programas de ação governa-
mental.
b) As políticas educacionais são classificadas dentro das políticas econômicas.
c) A política educacional é direcionada às instituições públicas, apenas.
d) As políticas públicas educacionais possuem ações, fortemente, voltadas à em-
pregabilidade.
e) A educação é uma política direcionada à população de baixa renda.
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2005 2014 2016
2.000.000
1.000.000
5.042.380 2.777.528 2.486.245
Redução pela metade
da população fora da
escola
2.199.985
1.002.111
1.840.284
1.713.569
459.490
604.469
1.543.713
429.592
512.940
Crianças e jovens fora da escola
2,5 milhões
Jovens de
15 a 17 anos
Crianças e Jovens
de 6 a 14 anos
Crianças de
4 e 5 anos
Número de crianças e jovens fora da escola
Por faixa etária - Brasil - 2005, 2014 e 2015
33
aprimore-se
Caro(a) aluno(a), que tal conhecer um pouco sobre o Censo Escolar, que, certamente, 
fará parte de sua vida profissional ao adentrar o campo da educação? Para tanto, veja 
a seguir um excerto do texto de Pestana (2010), que caracteriza o Censo Escolar como:
Pesquisa de âmbito nacional que coleta dados sobre escolas, turmas, docentes 
e alunos, de acordo com as etapas e modalidades da Educação Básica (Educação In-
fantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Especial e Educação de Jovens e 
Adultos), e se constitui na principal fonte de dados primários para o sistema nacional 
de estatísticas educacionais, bem como para sistemas internacionais de estatísticas 
comparadas. O principal objetivo do Censo Escolar é levantar informações que permi-
tam a definição e o cálculo de indicadores educacionais, a elaboração de panoramas, 
diagnósticos e análises da realidade do sistema educacional brasileiro, de modo a 
subsidiar o planejamento, a definição, a implementação e o monitoramento de políti-
cas públicas na área da Educação Básica. Trata-se de uma pesquisa declaratória e com 
base em registros administrativos escolares, que é realizada anualmente pelo Institu-
to Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, em parceria 
com as secretarias estaduais e municipais de educação e com a colaboração dos es-
tabelecimentos de ensino públicos e privados. A coleta de dados é realizada durante 
os meses de junho, julho e agosto, por meio de sistema eletrônico denominado Edu-
cacenso, disponível na rede mundial de computadores (web). A data de referência da 
pesquisa é a última quarta-feira do mês de maio, denominada Dia Nacional do Censo 
Escolar. A pesquisa é composta por quatro formulários – cadastro de escola, cadastro 
de turma, cadastro de docente e cadastro de aluno – associados e interrelacionados 
entre si. O formulário cadastro da escola contém informações de nome, endereço, 
dependência administrativa, localização,regulamentação, recursos humanos, infraes-
trutura e equipamentos disponíveis, etapas e modalidades de ensino ofertadas pela 
escola; o formulário cadastro de turma traz dados sobre etapa e modalidade de ensi-
no, disciplinas ofertadas, tipo de atendimento, horário de funcionamento da turma; o 
formulário cadastro de docente possui informações de nome do docente, data e local 
de nascimento, nome da mãe, sexo, raça ou cor, escolaridade, área de formação ini-
cial e continuada, bem como dados sobre o exercício da docência na escola, tais como 
turmas e disciplinas em que atua; o formulário cadastro de aluno apresenta dados de 
34
aprimore-se
identificação do aluno, tais como nome, data e local de nascimento, filiação, sexo, in-
formações sobre raça/cor, tipo de deficiência, quando aplicável, e indicação da etapa 
de ensino, modalidade de ensino e turma em que está matriculado. O Censo Escolar 
ainda contempla informações de rendimento (aprovação e reprovação) e movimen-
to escolar (abandono e transferência) de cada aluno. Tais dados são recolhidos no 
início do ano letivo subsequente ao ano de referência do censo escolar, também por 
meio do sistema Educacenso, em módulo específico denominado Situação do Aluno. 
Com base nos dados do Censo Escolar, é possível traçar perfis de escolas, de docen-
tes, de alunos, obter quantidade de matrículas e de funções docentes, de abandono 
escolar, de aprovação, de reprovação, calcular taxas de rendimento e realizar estu-
dos e pesquisas diversos sobre a educação brasileira. A disseminação dos dados do 
Censo Escolar é realizada pelo Inep, por meio da publicação de sinopses estatísticas, 
de arquivos com os microdados da pesquisa e da oferta de sistemas eletrônicos de 
consulta de dados. Os dados do Censo Escolar servem de referência para a operação 
de programas de distribuição de recursos financeiros e materiais geridos pela União, 
estados e municípios. As matrículas apuradas pelo Censo Escolar embasam o cálculo 
dos coeficientes de distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
mento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Fonte: Pestana (2010).
35
eu recomendo!
Resumo Técnico: Censo da Educação Básica 2018
Autor: Ministério da Educação. 
Editora: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira.
Sinopse: a Diretoria de Estatísticas Educacionais (DEED) disponi-
biliza à sociedade o Resumo Técnico do Censo Escolar da Edu-
cação Básica de 2018. Essa publicação compõe o conjunto de 
instrumentos de divulgação dos resultados da pesquisa e, assim como os demais 
instrumentos, foi elaborada para fazer cumprir a finalidade institucional de disse-
minar as estatísticas, os indicadores e os resultados das avaliações, dos estudos, 
da documentação e dos demais produtos de seus sistemas de informação.
livro
O Inep possui um Plano de Dados Abertos (PDA) com objetivo de disponibilizar 
informações estatísticas que ajudam a construir e a interpretar a educação. 
Web: http://inep.gov.br/web/guest/dados.
conecte-se
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A EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO: 
CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
de 1988 e LDB de 1996
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Reforma da Educação a par-
tir de 1990 • a Educação na Constituição Federal de 1988 • a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional de 1996.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Conhecer o processo de reforma da educação iniciada na década de 1990, a fim de compreender 
as principais legislações educacionais • estudar os preceitos constitucionais da educação nacional, 
para conhecer os direitos e deveres do Estado, da família e da escola quanto a educação • analisar 
a LDBEN, seus avanços e retrocessos para a política educacional, com o intuito de compreender a 
atual política educacional.
PROFESSORA DRA.
Mara Cecília Rafael Lopes
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, abordaremos o processo de Re-
forma da Educação iniciado na década de 90, marcado pela inserção do 
Brasil nas práticas do pensamento neoliberal: a atual legislação da Educa-
ção Básica e da Educação Superior, particularmente, no que tange o apor-
te legal da Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional de 1996 (BRASIL, 1996, on-line). Para tanto, traçamos 
paralelos que nos instigam a refletir acerca dos contextos legais e sua con-
solidação nas políticas educacionais.
A Constituição Federal de 1988 é um marco no processo de redemo-
cratização do nosso país. Conhecê-la, interpretá-la e utilizá-la em sua prá-
tica docente é um ato político. A Constituição Federal expressa um projeto 
de sociedade democrática em que a educação é tida como um dever do 
Estado e um direito de todo cidadão.
As políticas educacionais materializa-se, na Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, de 1996 (BRASIL, 1996a, on-line), desdobraram-se nos 
demais ordenamentos legais. Mais importante do que conhecer cada Artigo 
da legislação, é entendê-la no contexto das reformas educacionais, na sua 
relação com as demais legislações referentes à educação e analisá-la no 
quadro mais amplo das mudanças econômicas, políticas, culturais e globais.
Esperamos que, com essa unidade, você possa discutir conosco temas 
fundamentais para a educação e sua ação docente. O corpo teórico apre-
sentado precisa ser estudado e apropriado para que iniciemos um debate 
que foge dos “achismos” presentes na educação. Lembremos que esta é uma 
leitura inicial, entretanto, atente-se aos materiais indicados na unidade e 
sinta-se à vontade para buscar outras fontes que possam sanar as dúvidas 
durante os momentos de estudo.
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REFORMA DA 
EDUCAÇÃO
a Partir de 1990
As reformas na área educacional ganharam força, a partir da crise do estado de 
bem-estar, quando ocorreu um reordenamento da economia e das políticas so-
ciais, sustentado por uma paulatina transferência das responsabilidades estatais 
para a comunidade e organizações não governamentais.
No início de 1970, a crise econômica atingiu uma escala global. Uma das 
consequências foi a responsabilização do Estado pela crise, o que fez com que a 
política econômica incorporasse a teoria monetarista neoliberal como tentativa 
de manter a estabilidade e retornar à taxa de crescimento. Essa mesma teoria 
passa a ser adotada como fundamento para a atuação do Banco Mundial e Fundo 
Monetário Internacional (FMI), que centralizaram as ações de crédito interna-
cional, influenciando as políticas internas dos países devedores (SOARES, 1996). 
Nesse sentido, as ideias neoliberais compreendem que todas as políticas e 
processos que apresentam obstáculos para a economia e o livre mercado devem 
ser reduzidas ou eliminadas. Os argumentos do modelo neoliberal sustentam a 
ideia de que a intervenção do Estado não favorece a economia e a produtividade: 
além de provocar uma crise fiscal do Estado, gera, também, revolta nos contri-
buintes; como consequência, desestimula o capital a investir.
O ideário neoliberal tem como premissas as liberdades individuais aliadas à 
diminuição da função do Estado. Nesse sentido, o indivíduo deixa de ser um ele-
mento social sob a proteção do Estado “cidadão” e passa a ser responsável por suas 
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capacidades e responsabilidades individuais, visto como “consumidor”. Conforme 
Boneti (2013, p. 278), “o ser cidadão não mais significa ter direitos, mas possuir 
um conjunto de habilidades e/ou capital que o faz ser, nunca de responsabilidade 
do Estado, mas do indivíduo”. 
Nesse momento, o Estado, junto da sociedade civil e o mercado, são com-
preendidos como parceiros no processo de desenvolvimento. As políticas pú-
blicas, especialmente, as educacionais, são tidas como aquelas que são respon-
sáveis por preparar as habilidades individuais. Na educação, portanto, o foco é 
direcionado às habilidades, competências e condições do ambiente produtivo. A 
estrutura de funcionamento da reformado Estado e da educação caracteriza-se 
pela diminuição das responsabilidades sociais e transferência dessas responsa-
bilidades ao indivíduo. Nesse processo, as políticas visam racionalizar recursos; 
diminuir as políticas sociais, saúde e educação; desregulamentar a economia; 
privatizar e abrir mercados, conforme as diretrizes neoliberais.
Com a Reforma do Estado, em 1995, a administração pública gerencial passa 
a considerar o cidadão cliente dos seus serviços. Para isso, exige formas flexíveis 
de gestão e de descentralização. Na busca pela qualidade e efetividade, instaura 
um modelo de avaliação sistemática dos serviços prestados, como as avaliações 
nacionais, no caso da educação.
O desenvolvimento deixa de ser um projeto conduzido apenas pelo Esta-
do-nação e passa a ter como base o mercado mundial, conforme as orienta-
ções do Consenso de Washington, formulado em 1989, que estabelece seus dez 
mandamentos: “disciplina fiscal, prioridades na despesa pública, reforma fiscal, 
liberalização financeira, taxas de câmbio, liberalização do comércio, investimento 
estrangeiro direto, privatização, desregulamentação e direitos de propriedade” 
(TEODORO, 2008, p. 25). Em relação ao Consenso de Washington: 
 “ Trata-se dos resultados dos encaminhamentos tratados nas reuniões de economistas do FMI, do Bird e do Tesouro dos Estados Unidos realizadas em Washington D.C. no início dos anos 1990. Foram pro-
venientes dessas reuniões recomendações dos países desenvolvidos, 
aos países em desenvolvimento, para que estes adotassem políticas 
de abertura de seus mercados (SANDRONI, 1999, p. 123). 
O Brasil, nesse contexto, implementa políticas de ajuste para se inserir no mundo 
globalizado. O discurso de modernização coloca em evidência a própria educação e 
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a necessidade de reformas, o progresso tecnológico e científico, assim como a otimi-
zação dos processos produtivos, aliados à implementação de novas formas de gestão 
do trabalho. 
As ideias neoliberais foram incorporadas no Brasil no final da década de 90 
e início de 1980, mas tornaram-se evidentes no governo de Fernando Henrique 
Cardoso (FHC). Houve a instauração da política neoliberal e a participação das 
agências financiadoras do capital internacional, os organismos multilaterais na 
direção das políticas educacionais, os quais colocavam a educação como estra-
tégia para a inclusão do país na agenda global, tornando-o competitivo. Nesse 
sentido, o Neoliberalismo é uma política liberal readequada ao contexto histórico 
da globalização (OLIVEIRA, 2010; SHIROMA et al., 2011). 
As ideias que deram suporte às políticas, em cada período, são resumidas no qua-
dro a seguir Lembre-se, caro(a) aluno(a): as diferenças e semelhanças entre elas foram 
determinadas pelas circunstâncias históricas em que surgiram, em contextos diversos.
ESTADO LIBERAL
ESTADO DE BEM-ESTAR 
SOCIAL
ESTADO NEOLIBERAL
Não-intervencionista Intervencionista Não-intervencionista
O liberalismo é um 
conjunto de ideias que 
nasceu na Sociedade 
Moderna. Consolidou-
-se em 1668, na Ingla-
terra, com a Revolução 
Gloriosa. No restante 
da Europa, deu-se só 
após a Revolução Fran-
cesa, em 1789. Nos 
Estados Unidos, porém, 
ocorreu com a luta pela 
Independência, em 
1776 (CHAUÍ, 2000).
Surgiu após a crise de 
1929, como tentativa de 
recuperar as economias 
nacionais, reverter o 
quadro de desemprego e 
aumentar a capacidade de 
consumo da população.
Surgiu no pós-Segunda 
Guerra Mundial, como 
uma reação teórica 
e política ao Estado 
Intervencionista Key-
nesiano. Com a crise 
do petróleo de 1973 e 
inflação, o neolibera-
lismo gradativamente 
volta à cena.
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ESTADO LIBERAL
ESTADO DE BEM-ESTAR 
SOCIAL
ESTADO NEOLIBERAL
Não-intervencionista Intervencionista Não-intervencionista
O principal teórico 
e pai da teoria do 
liberalismo econômico 
foi Adam Smith, com A 
Riqueza das Nações. 
Proposto por John My-
nard Keynes, em A Teoria 
Geral do Emprego.
Principais teóricos: 
Friedrich von Hayek 
(austríaco) e Milton 
Friedman, da escola de 
Chicago.
Oposição ao Estado 
Absolutista.
Oposição ao Liberalismo.
Oposição ao Estado de 
Bem-Estar Social.
Acordo direto entre em-
pregador e empregado.
Regula as relações co-
merciais e de trabalho.
Flexibilização das rela-
ções trabalhistas.
O Estado defende o 
direito à propriedade 
e o livre comércio. A 
propriedade privada é 
vista como um direito 
natural.
o Estado como provedor 
de direitos sociais.
O Estado deve garan-
tir apenas os direitos 
“naturais” (direitos de 
propriedade, de livre 
comércio, de livre pro-
dução). A desigualdade 
é positiva, pois é o mo-
tor da concorrência.
Defende a via demo-
crática, concretizada 
pelo voto. O Estado 
deveria funcionar 
como representante 
dos interesses coleti-
vos. As leis represen-
tariam um contrato, 
no qual o coletivo so-
cial negociaria, como 
poderia firmar, um 
tipo de governo volta-
do à manutenção da 
liberdade e da igualda-
de entre os indivíduos. 
Defende a garantia 
pelo Estado das res-
ponsabilidades com os 
serviços básicos sociais: 
educação, saúde, sanea-
mento básico, habita-
ção, segurança pública, 
questão agrária, entre 
outros, uma vez que o 
custo desses serviços é 
pago mediante encargos 
sociais – impostos (publi-
cistas, estadistas).
O objetivo da política 
econômica é defender 
a moeda, asseguran-
do a estabilidade dos 
preços e garantindo 
o cumprimento dos 
contratos e da livre 
concorrência (desregu-
lamentação em geral e 
do mercado, em parti-
cular. Estado máximo 
para o mercado).
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ESTADO LIBERAL
ESTADO DE BEM-ESTAR 
SOCIAL
ESTADO NEOLIBERAL
Não-intervencionista Intervencionista Não-intervencionista
As ideias liberais exal-
tam a educação como 
forma de resolver o 
problema do traba-
lhador, como possibi-
lidade do exercício da 
cidadania. Defende-se 
a oferta privada da 
educação.
O Estado deve ser 
responsável e garantir a 
educação.
O indivíduo é visto 
como empreendedor 
dele mesmo. A defesa 
da livre concorrência 
e da autorregulação 
do mercado traz como 
foco a educação priva-
da. Estado mínimo para 
as políticas sociais.
A ascensão social é de 
responsabilidade de 
cada um: as condições 
estão postas para to-
dos, o insucesso é fru-
to da incompetência. 
O Estado não poderia 
interferir na economia, 
o próprio mercado 
dispunha de mecanis-
mos de regulação, a 
chamada “mão invisí-
vel”. A liberdade econô-
mica foi sintetizada 
na frase “laissez faire, 
laissez passer”, que em 
francês significa “deixe 
fazer, deixe passar”.
O governo desempenha 
um papel fundamental 
no enfrentamento da 
pobreza, do desemprego 
e da desigualdade de 
renda, por meio da ofer-
ta ou subsídio de bens 
de serviços à população. 
Defende a não existên-
cia de políticas sociais. 
Descaracteriza qual-
quer tipo de ação cole-
tiva, em particular as de 
natureza sindical, que 
são vistas como “corpo-
rativistas” e contrárias 
ao interesse geral.
Quadro 1 - Estado Liberal, Estado de Bem-Estar Social e Estado Neoliberal / Fonte: a autora.
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Conforme o conteúdo apresentado, você concorda com a proposta neoliberal de que a 
educação deverá ter o objetivo de atender ao mercado de trabalho e formar o trabalha-
dor de forma a instrumentalizá-lo para atuar em sua função, e não para adquirir todo o 
conhecimento construído historicamente?
pensando juntos
As políticas neoliberais, para a educação, implementadas no Brasil, mudaram o 
que anteriormente era compreendido como objetivo ou função social da edu-
cação, originada na escola republicana francesa, voltada à formação do cidadão, 
que destaca o saber não somente pelo seu valor profissional, mas por seu valor 
social, cultural e político. A perspectiva neoliberal, para a educação, tem o foco 
na formação de “capital humano”, ou seja, de conhecimentos apreendidos pelos 
indivíduos desde que sejam valorizados economicamente – uma escola que cada 
vez mais seinsere na ordem competitiva de uma economia globalizada. “Na nova 
ordem educativa que se delineia, o sistema educativo está a serviço da competiti-
vidade econômica, está estruturado como um mercado deve ser gerido ao modo 
das empresas” (LAVAL, 2004, p. 20). 
Nesse sentido, entendemos que a educação deve preocupar-se com a forma-
ção para o mercado de trabalho, mas não atuar apenas por esse objetivo. A edu-
cação possui, como função social, o desenvolvimento do indivíduo nas diversas 
áreas, que permita o desabrochar de suas potencialidades; uma educação que 
forme para o exercício da cidadania, tendo em vista sujeitos críticos, autônomos e 
emancipados, que possam ler a sociedade e propor soluções para seus problemas. 
 “ [...] a função social da educação seria de “ordenar e sistematizar as relações homem-meio para criar as condições ótimas de desenvol-vimento das novas gerações [...]”. Portanto, a finalidade da educa-
ção e o próprio homem, quer dizer, a sua promoção: “torná-lo cada 
vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação a fim de 
poder intervir nela, transformando-a no sentido da ampliação da 
liberdade, comunicação e colaboração entre os homens” (SAVIANI, 
1992, p. 52). 
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A reforma educacional que se deu, partir da década de 1990, tem uma de suas 
raízes na Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien 
– Tailândia, em 1990, organizada pela Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), pelo Fundo das Nações Unidas para 
a Infância (UNICEF), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD) e pelo Banco Mundial (BM). Participaram 155 países, que assumiram 
o compromisso de implementar as diretrizes estabelecidas na conferência. O 
Brasil, ao assumir esse compromisso, elaborou o Plano Decenal de Educação 
para Todos (1993-2003).
No processo do início da reforma, dentre os documentos que sinalizam a 
implementação de mudanças, podemos citar: 
 ■ Plano Decenal de Educação para Todos - PDE (1993-2003).
 ■ Sistema de Avaliação da Educação Básica em 1995 – Saeb.
 ■ Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 - LDBEN (lei n. 9.394).
 ■ Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental em 1996 – 
Fundef.
 ■ Relatório da Unesco, intitulado: “Educação: um tesouro a descobrir”, sob 
a organização de Jacques Delors e publicado, no Brasil, em parceria da 
Unesco com o MEC, em 1998.
 ■ Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998 – PCN.
 ■ Diretrizes Nacionais do Ensino Médio de 1998 – DCNEM.
 ■ Plano Nacional de Educação (2001-2010) – PNE.
 ■ Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica de 2006 – 
Fundeb.
 ■ Plano de Desenvolvimento da Educação de 2007 – PDE.
 ■ Plano de Ações Articuladas de 2008 – PAR.
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Os documentos citados são essenciais para compreender esse processo de refor-
ma, mas o material relevante não se limita a eles. Muitos documentos, legislações, 
relatórios e pareceres são produzidos até o atual momento. Isso nos permite dizer 
que vivemos, ainda, um processo de reforma da educação.
A reforma, ainda em curso, das políticas educacionais teve suas mudanças 
propostas pelos organismos internacionais para a educação na América Latina, 
com base nas políticas econômicas neoliberais e com uma forte crítica às políti-
cas sociais. O discurso participativo e de descentralização produziu significados 
polissêmicos dos termos e o esvaziamento de seus significados políticos. A des-
centralização ocorreu de forma “centralizadora do controle pedagógico (em nível 
curricular, de avaliação do sistema e de formação docente)” e descentralizadora 
“dos mecanismos de financiamento e gestão do sistema” (GENTILI, 1998, p. 25).
A burocratização da rotina da escola e a formalização da participação ocorre-
ram nas instâncias colegiadas, além da ênfase na atividade administrativa como 
estratégia de racionalização de recursos; tais aspectos provocaram mudanças na 
gestão da escola, que prioriza a figura do gestor, e na formação de professores. O 
Estado, nesse processo de reforma e desresponsabilização para com a Educação, 
em especial quanto aos recursos, passa mais reponsabilidades para as famílias, 
para a sociedade e às escolas (KRAWCZYK; VIEIRA, 2008). 
Como conceber alguns aspectos da reforma educacional se a Constituição Fede-
ral de 1988 versa sobre a educação como um direito do cidadão e dever do Estado? 
Vamos, assim, conhecer melhor os artigos que tratam da educação em nossa lei maior.
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A EDUCAÇÃO NA 
CONSTITUIÇÃO
Federal de 1988
O Estado de direito democrático inclui os princípios da participação e soberania 
popular. Por meio das eleições, exige o voto de todos como forma de garantir a 
soberania da população. Nesse sentido, participamos da vida política do país por 
meio de representantes eleitos, mas, também, podemos atuar de forma direta. Isso 
envolve participar do controle social da própria administração pública; inclui 
fiscalização, monitoramento e controle das ações dos administradores, como 
os Conselhos de Acompanhamento e Controle Social (CACS). Um exemplo é o 
Conselho do Fundo da Educação Básica.
Quanto mais coletivas e participativas são as decisões, mais democráticas elas 
são; portanto, possuem maior possibilidade de garantir os direitos fundamentais. 
Veja os outros direitos fundamentais prescritos na Constituição Federal de 1988: 
Constituição Federal de 1988
Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária; II. garantir o desenvolvimento 
nacional; III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988).
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É possível efetivar uma sociedade livre, justa e solidária? Dentre as inúmeras possibilida-
des de resposta, podemos pensar o quanto a educação de qualidade é condição para o 
alcance de tais objetivos.
pensando juntos
Os direitos fundamentais presentes, no artigo citado, já constavam na Declaração 
Universal de Direitos Humanos de 1948, da qual o Brasil é signatário. 
Constituição Federal de 1988
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
O Art. 205, além de tratar a educação como direito de todos, afirma ser, também, 
um dever do Estado e da família. Isso significa que eles têm o dever de propor-
cionar condições reais para que todos possam ter acesso à escola. Cada instância, 
porém, possui responsabilidades específicas.
Estado
Dever de ofertar a educação a todos e de propor políti-
cas públicas que efetivem os direitos previstos na CF/88.
Governo
Responsabilidade em todos os níveis na implementação 
das políticas públicas de educação.
Família
Responsabilidade no encaminhamento das crianças e 
adolescentes às escolas e no acompanhamento de seus 
estudos.
Ministério Público 
e da Defensoria 
Pública
Responsabilidade na função de provocar o Poder Judi-
ciário em face da omissão do Estado e das famílias.
Educandos
Responsabilidade na participação dos processos de 
aprendizagem desenvolvidos pela escola.
Quadro 2 - Constituição Federal de 1988 – Art. 205 / Fonte: a autora. 
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O que ocorre, porém, se não houver vagas para os alunos? A Constituição 
Federal atrelou a função do Ministério Público à defesa do regime democrático 
e ao exercício dos direitos políticos. Dessa forma, pode-se recorrer ao Ministério 
Público, que tem como uma das suas funções defender a ordem jurídica do regi-
me democrático e, assim, os interesses coletivos e individuais. O Ministério Públi-
co poderá entrar com uma ação civil pública ou com um mandado de segurança 
contrao ente federativo (União, Estado, Distrito Federal ou Município), quando 
direitos individuais, como a educação, estão indisponíveis, exigindo esse direito.
E quando a família se recusa a matricular o filho na escola? No Brasil, a 
educação é, constitucionalmente, uma responsabilidade compartilhada entre famí-
lia, escola, sociedade e Estado. Se o aluno estiver em idade para frequentar o ensino 
obrigatório (de 4 aos 17 anos de idade) e não estiver matriculado, a família deve 
responder por abandono intelectual, conforme Art. 246 do Código Penal (BRASIL, 
1940, on-line). O período de escolaridade obrigatória, conforme a Emenda Cons-
titucional n. 59/09, é da pré-escola, aos quatro anos, até os catorze anos.
O Art. 2050 é também reforçado pelo Art. 6º como primeiro dos direitos sociais. 
Constituição Federal de 1988
 Art. 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição (BRASIL, 1988).
O direito à educação é um direito público, juridicamente, protegido e é preciso 
que ele seja garantido de forma quantitativa e qualitativa. Se é um direito de todos, 
ninguém pode ficar fora da escola, ninguém pode ser excluído, e o Estado deve 
dar condições para isso. 
Veja, a seguir, alguns pontos fundamentais da Constituição Federal quanto 
à educação.
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Art. 205
Direito à educação.
Objetivos da edu-
cação.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colabora-
ção da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho.
Art. 206
Acesso e perma-
nência.
Liberdade de 
aprender e ensinar.
Pluralismo de 
Ideias.
Coexistência de 
instituições públi-
cas e privadas.
Valorização dos 
profissionais da 
educação.
Gestão democrá-
tica do ensino 
público.
O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
cípios:
I- Igualdade de condições para o acesso e permanência 
na escola.
II- Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar 
o pensamento, a arte e o saber. 
III- Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, 
e coexistência de instituições públicas e privadas de en-
sino. 
IV- Gratuidade do ensino público em estabelecimentos 
oficiais. 
V- Valorização dos profissionais da educação escolar, 
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com in-
gresso exclusivamente por concurso público de provas 
e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democráti-
ca do ensino público, na forma da lei.
VII - Garantia de padrão de qualidade.
VIII - Piso salarial profissional nacional para os profis-
sionais da educação escolar pública, nos termos da lei 
federal.
Art. 207
Educação Superior – 
Universidade.
Sobre as universidades que dispõem de autonomia di-
dático-científica, administrativa, de gestão financeira e 
patrimonial, e devem obedecer ao princípio de indisso-
ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
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Art. 208
Educação Básica.
Educação especial.
Ensino noturno.
Programas suple-
mentares.
Recenseamento.
Expressa o dever do Estado com a educação efetivado 
conforme a garantia de: 
I- Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) 
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive 
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram 
acesso na idade própria.
II- Progressiva universalização do Ensino Médio gratui-
to.
III- Atendimento educacional especializado aos porta-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular 
de ensino. 
IV- Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crian-
ças de até 5 (cinco) anos de idade.
V- Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de 
cada um. 
VI- Oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
dições do educando. 
VII- atendimento ao educando, em todas as etapas da 
Educação Básica, por meio de programas suplementa-
res de material didático-escolar, transporte, alimenta-
ção e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito 
público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Po-
der Público, ou sua oferta irregular, importa responsa-
bilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
dos no Ensino Fundamental, fazer-lhes a chamada e 
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência 
à escola.
Art. 209
Ensino privado.
 
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguin-
tes condições:
I - Cumprimento das normas gerais da educação na-
cional.
II - Autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú-
blico.
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Art. 210 
Conteúdos mínimos.
Ensino religioso
Facultativo.
Educação Indígena.
Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fun-
damental, de maneira a assegurar formação básica co-
mum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacio-
nais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
tuirá disciplina dos horários normais das escolas públi-
cas de Ensino Fundamental.
§ 2º O Ensino Fundamental regular será ministrado em 
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí-
genas também a utilização de suas línguas maternas e 
processos próprios de aprendizagem.
Art. 211
Regime de cola-
boração.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão em regime de colaboração seus sistemas 
de ensino.
Art. 212
Recursos para a 
educação.
A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, 
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e 
cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de im-
postos, compreendida a proveniente de transferências, 
na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Art. 213
Escolas comunitá-
rias, confessionais 
ou filantrópicas.
Os recursos públicos serão destinados às escolas públi-
cas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, con-
fessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I - Comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus 
excedentes financeiros em educação.
II - Assegurem a destinação de seu patrimônio a outra 
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao 
Poder Público, no caso de encerramento de suas ativi-
dades.
U
N
ID
A
D
E 
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Art. 214
Plano Nacional de 
Educação.
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de du-
ração decenal, com o objetivo de articular o sistema na-
cional de educação em regime de colaboração e definir 
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implemen-
tação para assegurar a manutenção e desenvolvimento 
do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalida-
des por meio de ações integradas dos poderes públi-
cos das diferentes esferas federativas que conduzam a
 I - Erradicação do analfabetismo.
II - Universalização do atendimento escolar.
III - Melhoria da qualidade do ensino.
IV - Formação para o trabalho.
V - Promoção humanística, científica e tecnológica do 
País.
VI - Estabelecimento de meta de aplicação de recursos 
públicos em educação como proporção do produto in-
terno bruto. 
Quadro 3 - Constituição Federal de 1988 - Arts.205 a 214 / Fonte: Brasil (1988). 
Dentre vários aspectos sobre a Constituição Federal (1988), convidamos você, 
caro(a) aluno(a), a discutir conosco três questões fundantes e essenciais para a 
educação: o direito à educação escolar pública, gratuita, laica e de qualidade. A 
garantia desses direitos é condição necessária para a formação da cidadania em 
uma sociedade democrática. Para tanto, retomaremos um marco na história da 
educação nacional, nos anos trinta do século XX, o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova (1932), que trouxe a proposta de criação de um sistema educativo 
pautado em uma educação laica, obrigatória e gratuita. 
 “ A laicidade, que coloca o ambiente escolar acima de crenças e dis-putas religiosas, alheio a todo o dogmatismo sectário,

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