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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ª. VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __.
AÇÃO PENAL Nº ___
PEDRO, já qualificado nos autos da Ação Penal em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, §3º do Código de Processo Penal, apresentar suas
Alegações Final sob a forma de Memoriais
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. 
1 - FATOS
Pedro, réu acusado de roubo qualificado pelo emprego de arma nas formas do art. 157, §2º, I do CP na data de 01 de julho de 2006. Consta que o reu ele se apropriou de importância em dinheiro de Antônio, utilizando-se supostamente de um revólver de brinquedo (simulacro).
Na defesa prévia pela patrocinada pela Defensoria foram arroladas 3 (três) testemunhas para a audiência de instrução, debates e julgamento, onde foi ouvido o réu sem a presença de defesa técnica, ocasião em que o mesmo confessou a prática delituosa e afirmou que havia sido internado várias vezes para tratamento.
Ouvida a vítima que, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo. Os dois policiais afirmaram que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram.
No dia seguinte, aconteceu, no mesmo local, um outro crime de roubo, sendo o acusado preso em fuga e, por isso, associaram o fato com o do dia anterior; o acusado, apresentava seu estado de apresentação alterado, por estar visivelmente “drogado”, não teve condições de esclarecer o fato. As testemunhas de defesa nada disseram sobre o fato; confirmaram que o acusado tinha problemas com drogas e, por isso, era sempre internado.
Terminada a instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação do réu, nos termos da inicial acusatória, alegando que a materialidade estava provada e que a confissão do acusado, pelos informes que continha, mostrava ser ele o autor do crime. Quanto às penas, entendeu que poderiam ser aplicadas nos patamares mínimos. Razão pela qual impõe-se a presente medida.
2 – PRELIMINIARMENTE
	Cumpre apontar a nulidade da confissão realizada pelo réu, pois o mesmo foi interrogado sem defesa técnica durante a audiência de instrução, debates e julgamento. Conforme dispõe os artigos 185 e 261 do Código de Processo Penal:
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (grifo nosso)
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Portanto temos para o caso em tela que o réu foi ouvido sem defensor constituído, sabemos que no processo penal a falta de defesa constitui nulidade absoluta, conforme bem definido na Súmula n. 523 do Supremo Tribunal Federal e acarretando a nulidade processual do art. 564, III, “c” do Código de Processo Penal.
Em se reconhecendo a nulidade apontada da confissão, deve ser desentranhado do processo por tratar-se de prova ilícita sendo inadmissível no processo, em cumprimento ao art. 157 do CPP e ao art. 5º LVI da CF.
Nesses termos, deve ser reconhecida a nulidade da confissão do acusado obtida em audiência sem defensor constituído e, em consequência, desentranhada dos autos conforme disposto acima.
Ainda em preliminares roga se por nulidade processual da audiência de instrução, debates e julgamento pela inversão da ordem do interrogatório do acusado, em que deveria ter sido ouvido por último e não primeiro.
Conforme dispõe o artigo 400 do Código de Processo Penal:
“Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.”
No caso em tela, o réu foi ouvido primeiro, causando graves prejuízos à sua defesa, tendo em vista que não teve acesso aos depoimentos das testemunhas e da defesa antes do seu interrogatório, ferindo claramente a ampla defesa e o contraditório, em afronta ao artigo 5º, LV, da Constituição da República, acarretando a nulidade processual do art. 564, IV do Código de Processo Penal.
Portanto, deve ser a presente audiência de instrução, debates e julgamento anulada, nos termos já elencados acima
3 – DO MERITO
	Em não se resolvendo o processo preliminarmente pelas nulidades já apontadas acima, na decisão do mérito roga-se pela decisão favorável ao réu pela insuficiência probatória apresentada. Temos no decorrer do processo a vitima e os policias testemunhando pelo não reconhecimento do réu, alegando não ter visto o rosto do criminoso e os policiais por apenas ter ouvido a vítima, não sendo possível a confirmação da autoria do crime por parte da vitima nem dos policiais que atenderam a ocorrência. não precisa nenhum esforço para se perceber que não há suficiência probatória para condenar o réu, sendo que a confissão já combatida em preliminar, não passou pelo contraditório judicial nos termos do art. 155 do CPP. Conforme disposto no art. 386, VII do CPP, o juiz absolverá o réu desde que reconheça não existir prova suficiente para a condenação e é o que houve neste processo.
Por essa insuficienca comprobatória, chamamos aqui a atenção para o instituto principial do in dubio pro reu, também conhecido como princípio do favor rei, o princípio do “in dubio pro reo” implica em que na dúvida interpreta-se em favor do acusado. Isso porque a garantia da liberdade deve prevalecer sobre a pretensão punitiva do Estado, não precisa nenhum esforço para se perceber que não há suficiência probatória para condenar o réu, sendo que a confissão já combatida em preliminar, não passou pelo contraditório judicial nos termos do art. 155 do CPP.
Conforme disposto no art. 386, VII do CPP, o juiz absolverá o réu desde que reconheça não existir prova suficiente para a condenação e é o que houve neste processo, o mestre italiano Luigi Ferrajoli, por sua vez, menciona que a presunção de inocência é um princípio fundamental de civilidade, fruto de uma opção garantista a favor da tutela da imunidade dos inocentes, mesmo que isto acarrete na impunidade de algum culpado, pois, ao corpo social, basta que os culpados sejam geralmente punidos, sob o prisma de que todos os inocentes, sem exceção, estejam a salvo de uma condenação equivocada.
É perceptível a adoção implícita deste princípio no Código de Processo Penal, na regra prescrita no artigo 386, II, ex vi:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Não conseguindo o Estado angariar provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz deverá absolver o acusado. Ou seja, in dubio pro reo.
Em ato continuo, somente para o caso da remota hipótese de condenação, deve ser o crime de roubo qualificado pelo emprego de arma (art. 157, §2º, I do CP), desclassificado para roubo simples (art. 157 do CP). De acordo com a Súmula n. 174 do STJ no crime de roubo praticado com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena, todavia, tal Súmula fora cancelada no ano de 2001 no julgamento do REsp n. 213.054-SP. Não bastasse o cancelamento da Súmula, a Lei 13.654/2018 veio a revogar o inciso I do art. 157, §2º, em que previa o aumento de 1/3 até a metade do crime de roubo com emprego de arma, sem distinção se arma de fogo, brinquedo ou mesmo arma branca, ficando acrescido expressamente, através desta alteração legislativa:
“art. 157, §2º-A, I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo”.
Portanto, além do cancelamento da Súm. 174 do STJ, a alteração legislativa beneficia o réu por estar com ação penal em curso, devendo, portanto, em caso de condenação,ser desclassificado para o crime de roubo simples (art. 157, CP) pelo motivo do emprego de arma de brinquedo não ser qualificadora prevista no ordenamento jurídico.
Em se reconhecendo a desclassificação para roubo simples, a aplicação da pena deve ser fixada no mínimo legal por ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis do art. 59 do CP.
Ainda, de rigor é a fixação do regime inicial aberto para o cumprimento da pena, nos termos do art. 33, §2º, “c”, do CP, em razão da primariedade do agente e diante da pena a ser aplicada no patamar mínimo.
Por fim, deve ser concedido o direito de recorrer em liberdade, nos termos do art. 387, §1º, do Código de Processo Penal.
4 – DO PEDIDO
· Reconhecimento da nulidade processual da audiência de instrução.
· Nulidade da confissão realizada pelo réu, pois o mesmo foi interrogado sem defesa técnica durante a audiência de instrução.
· Seja desentranhado do processo a confissão, por tratar-se de prova ilícita, sendo inadmissível no processo.
· Absolvido o réu por falta de prova suficiente para condenação, fulcro no 386 VII.
· Pelo emprego do simulacro, somente no caso da remota hipótese de condenação, deve ser o crime de roubo qualificado pelo emprego de arma (art. 157, §2º, I do CP), desclassificado para roubo simples (art. 157 do CP).
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB nº

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