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Antropologia e cultura alimentar

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Mélane Lago 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA ALIMENTAR E ANTROPOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, RS 
2019 
 
 
 
CULTURA ALIMENTAR E ANTROPOLOGIA: 
 
O homem se alimenta naturalmente de vários alimentos, sejam eles de origem 
animal ou vegetal, mas também se alimenta de outras coisas, que alimentam não só o 
seu corpo, mas a sua alma. 
Consumimos para satisfazer nossas necessidades e daqueles que amamos, que 
nos rodeiam, e este consumo é essencial para que a economia funcione, gire e com isto 
o marketing se usufrui, volta-se para o indivíduo e assim o atrai; o comportamento do 
consumidor faz com que ele tome decisões inconscientes, principalmente no que se 
refere a sua alimentação. 
Há diversos determinantes para se fazer as escolhas alimentares, não só os 
valores nutricionais como quantidade de calorias, vitaminas e minerais, mas também, há 
que se enfatizar os aspectos simbólicos que envolvem a comida, como as preferências 
alimentares, a história da alimentação, que vai desde a sua infância, a cultura que a 
pessoa está inserida, o modo como é preparado e a forma de comer os alimentos nas 
diferentes sociedades humanas. 
A alimentação é carregada de significações, através dos aspectos sensoriais dos 
alimentos, do prazer sentido ao alimentar-se. Assim a comida está em todas as relações 
sociais, até mesmo nas diferentes classes sociais dentro de uma mesma sociedade, e 
assim, vai apresentar uma grande extensão cultural. Como por exemplo nas diferentes 
cerimônias de casamento, nos aniversários, batizados, os diferentes rituais religiosos de 
nossa sociedade. 
Além desses exemplos que influenciam nas escolhas alimentares, temos que 
levar em conta a idade, pois, encontramos uma alimentação a qual é entendida como 
apropriada para aquela determinada faixa etária. E outro fator importante nessa decisão 
é o fator econômico em que aquele consumidor está inserido. Por isso, para conhecer o 
consumidor temos que partir da ideia de que o ser humano é um ser biopsicossocial. 
 Comer é muito mais do que simplesmente ingerir um alimento. Também 
significa estar com pessoas queridas, celebrar uma data especial, sentir aromas intensos. 
Comer está intimamente ligado as relações pessoais, sociais e culturais das pessoas. 
Essas relações afetam as escolhas alimentares. É um processo complexo que 
envolve vários fatores, que acabam por ser decisivos na hora do consumidor decidir se 
compra ou não um determinado alimento. 
 
 
Para entender o comportamento alimentar das pessoas, é preciso entender os 
motivos de suas preferências, e compreender que as características do consumidor 
(como personalidade, hábitos e cultura) influenciam suas escolhas; o alimento é 
consumido sempre em um contexto específico, isto é, os comportamentos e escolhas 
alimentares estão sempre ligados as experiências pessoais, amigos, trabalho e 
acontecimentos da vida. 
 Na hora de escolher um alimento o consumidor considera sabor, custo, saúde, 
conveniência, relacionamentos, sentimentos e lembranças que aquele alimento traz. 
Como as pessoas são diferentes, tem-se variados conjuntos de valores na hora de 
escolher um alimento, porém esses valores podem mudar ao longo da vida e de 
situações. Hoje uma pessoa come sorvete e, em determinado momento da vida, decide 
não comer mais, por motivo de saúde, estética ou, simplesmente porque não gosta mais. 
 Ao decidir por um alimento em detrimento a outro, o consumidor considera 
tantos aspectos quanto possíveis. Ele precisa estar motivado. Ao passar por uma 
padaria, por exemplo, e sentir o cheiro de pão, ele pode, imediatamente, lembrar de 
belos momentos em família no café da manhã. Assim, ele entra na padaria e compra o 
pão simplesmente porque se sentiu motivado assim que as lembranças vieram à tona. 
 O marketing analisa esses fatores e tudo que se relaciona no ato de compra do 
consumidor. Gênero, idade, classe social, amigos, família, e ambiente aonde a pessoa 
está inserida, afetam os estilos de vida, e acabam por influenciar as decisões de compra 
do consumidor, como e por que eles o fazem. 
Considera-se o termo alimento como aquilo que fornece energia, nutrientes, e 
nós comemos o que consideramos comestível, mas segundo a legislação da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil considera-se como alimento gelo, 
cápsulas de vitaminas e minerais. 
O sabor do alimento é um dos principais pontos de referência na escolha feita e, 
juntamente com os quesitos valor nutricional e ausência de aditivos alimentares são os 
pontos forte relacionados e avaliados pelo consumidor. Pois o consumidor está 
começando se preocupar mais com sua saúde e escolhas. 
O sabor é o mais importante determinante de consumo independente da questão 
financeira, pois atrai lembranças, até mesmo algum alimento que fica guardado como 
sabor de infância, que lhe passa sossego e calmaria naqueles dias difíceis e de correria 
rotineira. 
 
 
Sabor também é conhecimento e cultura e, graças à plasticidade do sabor, o 
consumo de novos alimentos pode tornar-se um hábito. As pessoas associam, também, 
certas cores a comidas e sabores. 
A resposta do prazer sensorial dos alimentos deve ser levada em conta na 
estratégia de aconselhamento nutricional, que objetiva melhorar a dieta da população. 
Com isso, pretende evitar que a comida se torne um problema ou a solução de um 
problema. 
O atributo de saúde tem se tornado um importante diferencial em determinados 
produtos alimentares, principalmente a partir do aumento da obesidade e das doenças 
crônicas. E com isso o capitalismo se encontra presente, as indústrias aproveitam e 
lançam produtos que prometem saúde e bem-estar, fazendo propaganda de um alimento 
saudável. 
Os consumidores, em geral, levam uma vida corrida, trabalham em período 
integral e dispõem de pouco tempo para cuidar da casa, entre outros afazeres, e alguns 
não gostam ou não sabem cozinhar. Aproveitando-se disso, a indústria produz produtos 
de fácil preparo e/ou “prontos para consumo’’ a um custo mais acessível, facilitando a 
escolha do consumidor que, ao invés de comprar ingredientes para ele mesmo preparar 
seu prato, que é mais saudável, porém exige mais tempo para o preparo, acabar por 
comprar um produto nem tão saudável, mas que é mais prático e também acessível. 
Com isso esses conceitos acabam prejudicando o comportamento alimentar da 
população, pois classificam o alimento como “bom’’ ou “ruim’’ deixando os 
consumidores inseguros em suas escolhas. Sendo assim, deve-se respeitar o princípio da 
alimentação saudável, na qual todos os alimentos são permitidos e o que conta é o 
equilíbrio entre eles. Pois o ideal é manter a harmonia dos alimentos e seu bem-estar, 
mantendo um equilíbrio sem precisar deixar de comer determinado alimento apenas 
porque é considerado como “ruim’’ pela sociedade. 
A predisposição, a hereditariedade e o aumento de doenças crônicas não 
transmissíveis tem levado o consumidor a procurar alimentos com menos gordura e 
menos açúcar, e procurar por atividades saudáveis que aumentem a sua expectativa de 
vida, e consequentemente viver melhor no dia a dia que, muitas vezes é estressante, e 
acabem também com as pressões diárias. Um alimento sensorialmente bom e que sacie 
suas expectativas também influencia na compra dos alimentos. 
Mas o fator cultural ainda exerce a maior força no comportamento do 
consumidor. A comida é a identidade de um povo e quando ela deixa de exercer este 
 
 
papel perde-se a característica de um povo, de um grupo; mesmo se experimentando o 
novo, sentimos falta daquilo que faz parte da nossa cultura. 
 As classes sociais também exercem influência no comportamento do 
consumidor. Nível escolar, renda, ocupação acabam por refletir sobre o que elas irão 
comer, pois acabam interferindo no acesso à comida, custos, transporte; sendo que o 
preço acaba definindo o tipo de dieta que aqueleconsumidor seguirá. 
 Existe o gosto de necessidade, caracterizado pelo atendimento da saciedade e 
adequação ao menor custo. O consumidor precisa de um determinado alimento, vai ao 
mercado por exemplo, e compra o mais barato apenas para suprir aquela necessidade. 
Por outro lado, existe o gosto de luxo, que envolve uma seleção alimentar mais refinada 
e não apenas para suprir a necessidade biológica de se alimentar. 
Alguns alimentos de característica mais refinada como azeite, caviar e vinhos, 
são símbolo do pertencimento a uma classe social mais elevada. E, para elevar a esse 
status, alguns produtos convencionais como chás, pipocas e brigadeiros, passaram a ser 
chamados de gourmet, ao possuírem embalagens mais sofisticadas e novas variações de 
sabores com ingredientes diferentes. 
As pessoas também baseiam suas compras nas compras que seus semelhantes 
fazem. E, quando fazem isso, se sentem parte de um grupo, de um todo muito maior que 
elas. Desta forma, esse grupo passa a ser referência nas escolhas de compra de outras 
pessoas, sejam escolhas alimentares ou não. 
Atualmente com as redes sociais esse poder de influência atingiu proporções 
mundiais. Grupos de blogueiras, profissionais da moda e celebridades compartilham 
suas vidas online e as pessoas tendem a copiar: os alimentos que comem, as marcas que 
usam, o jeito de andar e de se vestir. No entanto, existe um grupo de referência 
composto por especialistas com conhecimento científico, que devem agir com ética, não 
disseminando modismo e valendo-se das evidências científicas. Esses especialistas 
devem explicar, sempre que tiverem a oportunidade, do perigo de seguir dietas da moda, 
dietas propostas por pessoas sem conhecimento científico. Afinal, as pessoas não são 
apenas diferentes por fora, são diferentes também por dentro; e o que serve para uma 
pessoa, não necessariamente servirá para outra, seja um alimento ou outro produto 
qualquer. 
O estilo de vida é construído mentalmente, assim as escolhas alimentares serão 
direcionadas pela sua expectativa, pelo conhecimento, pelas crenças, e tudo isso 
influenciará na aceitação ou rejeição de determinados alimentos. Se pensarmos na 
 
 
questão biológica do ser humano, é o cérebro que vai processar essas diferentes fontes 
de conhecimento. 
Dentre essas fontes podemos citar o próprio consumo prévio daquele alimento, 
ou as informações relacionadas ao contexto social e cultural, além daquelas de origem 
própria fisiológica como a saciedade e o sabor. Após esse processo o cérebro irá 
comparar com as informações já armazenadas na memória. 
Assim, para iniciar uma mudança de comportamento ocorre uma incoerência 
entre os pensamentos e os julgamentos, o que levará a um ajuste no pensamento, para 
garantir assim, a integridade do sistema de crenças e valores. 
Se pensarmos no que motiva o consumidor a querer determinado alimento, 
podemos iniciar com um pensamento instintivo ou ainda uma motivação de cunho 
social, ou seja, que foi aprendida. Além disso, essa motivação também dependerá dos 
desejos e necessidades reais do consumidor, pois as necessidades são básicas para 
sobreviver, já os desejos, são as necessidades aprendidas durante a vida. Quando 
falamos de alimentação nossa necessidade básica é se alimentar para não passar fome, 
após esse estágio, a comida pode ter outros significados, como o de estima. 
Quando nos referimos a nossa percepção, iniciará quando sofremos estímulos e 
encerrará quando os interpretamos, podendo sofrer influência de informações 
socialmente condicionadas, influenciando no gosto de determinado alimento. Para que 
isso tudo ocorra, um conjunto de processos psicológicos acontecerá, onde primeiro será 
reconhecido, depois organizado e assim sintetizará as sensações que foram recebidas 
dos estímulos ambientais. 
Pensando desta forma, é possível notar umas das principais formas do marketing 
agir: utilizando a repetição para que assim, suas mensagens não sejam ignoradas. 
Portanto, o produto em si é um determinante, porém há ainda muitos outros 
determinantes, como a maneira em que o produto foi elaborado e a forma com que ele 
foi integrado no processo de preparação da refeição, ou ainda, o período do dia e o 
humor do consumidor. 
As principais características de personalidade são classificadas como 
autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, postura defensiva e 
adaptabilidade. Muitas vezes as pessoas se caracterizam como elas gostariam de se ver e 
não exatamente como são. 
Quando se trata de nossa “real” identidade, agimos através de nossos desejos ou 
por nossas preferências; sendo perda de tempo tentar convencer alguém a gostar ou 
 
 
desgostar de determinadas comidas ou bebidas. Cada pessoa tem seus próprios gostos e 
paladar, culturas e hábitos, e há que se respeitar. 
Entretanto, está surgindo uma nova geração de consumidores preocupada com 
saúde, meio ambiente, direitos humanos, práticas sustentáveis, espiritualidade e, com 
isso, o mercado precisa se adequar para agradar os variados tipos de consumidores, os 
antigos e os novos. 
O alimento tem também um caráter utilitário e simbólico, porque toda essa 
relação vai muito além do só satisfazer a fome, há todo um processo na escolha do que, 
quando, com quem, onde e de como devemos comer. Assim os hábitos alimentares são 
construídos com as preferências individuais e sociais de forma complexas e se 
desenvolvendo ao longa da vida. 
Quando nos deparamos com esse histórico alimentar não podemos nos voltar 
apenas aos tipos de alimentos consumidos, mas sim no conjunto de decisões e fatores, 
como o estado de saúde, os locais frequentados, o ambiente e a companhia durante essas 
refeições, todos esses fatores se inter-relacionam para que o consumidor faça suas 
escolhas alimentares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
ANTONACCIO, C. et al. Comportamento do consumidor e fatores que influenciam a 
escolha de alimentos. In: ALVARENGA, M. et al. Nutrição Comportamental. 
Barueri, SP: Manole, 2015. 
BRAGA, V. Cultura alimentar: contribuições da antropologia da alimentação. Rev. 
Saúde, Piracicaba, vol. 6, n. 13, p. 33-44, 2004. 
CANESQUI, A. M. (org.) Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de 
Janeiro: FIOCRUZ, 2005 (Coleção Antropologia e Saúde). 
ESTIMA, C. C. P.; PHILIPPI, S. T., ALVARENGA, M. S. Fatores determinantes de 
consumo alimentar: por que os indivíduos comem o que comem? Rev. Bras. Nutr. 
Clin., vol. 4, n. 24, p. 263-268, 2009. 
LEONARDO, M. Antropologia da Alimentação. Rev. Antropos, vol. 3, ano 2, p. 1-6, 
Dez/2009.

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