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Ana Lino Obstetricia Gestação Ectópica É a implantação e o desenvolvimento do ovo fora da cavidade corporal do útero. Pode ocorrer em diversos locais como: -Tuba Uterina (gravidez tubária); -Canal cervical; -Ovário; - Cicatriz uterina prévia; Cavidade abdominal (raramente). Forma mais comum: Tubária (mais de 95% dos casos). Principais sítios de implantação e sua frequência são: porção ampolar da tuba (70%), porção ístmica (12%), fimbrial (11,1%), intersticial (2,4%); os casos restantes compõem as formas ovarianas, cervical, abdominal e de cicatriz uterina anterior. Maior complicação terapêutica: Implantação intersticial. SUBTITULO Gravidez ectópica responde por grande parcela da morbidade e mortalidade na gravidez. Seu rápido reconhecimento permite a escolha terapêutica mais adequada e previne a ruptura, de modo que promove a melhora do prognóstico. Aumento da incidência, que pode ser justificado pela melhora dos métodos diagnósticos e também do aumento de fatores de risco, sendo os principais:EPIDEMIOLOGIA - Reprodução assistida; -Doença inflamatória pélvica. Incidência atual 11,1 por cada 1000 gestações. 50% dos casos a etiologia é desconhecida.ETIOLOGIA Essa implantação anormal pode estar relacionada a fatores de risco ovulares ou extraovulares. Entre fatores ovulares destacam-se a possibilidade de alterações cromossômicas e genéticas, que, por tornarem o ovo mais volumoso, dificultam seu transporte tubário favorecendo a fixação ectópica. FATORES EXTRAOVULARES DA GESTAÇÃO ECTÓPICA. A suspeita diagnóstica pode ser clínica, especialmente em casos de ruptura que apresentam sintomas mais exuberantes. Entretanto, muitas vezes a gestação ectópica é achado de exame. QUADRO CLÍNICO Sangramento vaginal na gestação ectópica: Fenômeno de Arias-Stella, que consiste em alterações nas células gandulares endometriais decorrentes do efeito da progesterona sobre esse tecido, e não diretamente da ectópica, exceto em casos de ruptura de gestação cervical. TRÍADE CLÁSSICA: Na história clínica, alguns fatores podem chamar a atenção para o maior risco de gravidez ectópica: Exame físico, pode-se evidenciar discordância entre a idade gestacional e o volume uterino, por vezes aumentado. Ocorrerá também certo grau de assimetria cornual – ou seja, um dos lados do fundo uterino apresenta-se maior e mais abaulado pela presença da massa ectópica adjacente. Ao exame especular, pode haver sangramento vaginal em pequena quantidade e escurecido. Ao toque vaginal, o colo uterino apresenta-se impérvio, e à palpação bimanual muitas vezes pode ser observada tumoração anexial palpável e dolorosa à mobilização, embora nem sempre ela esteja presente. Gestação ectópica tubária pode evoluir para: O sangue na cavidade abdominal pode irritar estruturas nervosas e produzir dor referida na escápula SINAL DE LAFFONT O acúmulo de sangue ainda pode promover equimose periumbilical GREY-TURNER Equimose em fossas ilíacas SINAL DE CULLEN. Após a suspeita o 1º passo é estabelecer o DX definitivo. EXAMES COMPLEMENTARES -Dosagem de Beta hCG sérico em casos de gestação esse exame se torna positivo antes mesmo do atraso menstrual – época em que o embrião é implantado e se estabelece circulação útero-placentária (10 dias após a ovulação) Assim caso o exame seja negativo a hipótese de gestação ectópica pode ser descartada. Exame positivo, ainda é possível se considerar que a concentração sérica de Beta hCG tende a ser menor do que a observada em gravidez tópica evolutiva da mesma idade gestacional. Concentração sérica de Beta hCG em gestações tópicas e ectópicas: - Dosagem sérica de progesterona produzida pelo corpo lúteo, também é um exame valioso no caso de dúvida diagnóstica. Esse hormônio pouco se modifica no 1º trimestre de gravidez, e valores inferiores a 5 mg/ml apresentam 99,8% de especificidade de gestação anormal não viável. Valores acima de 25 mg/ml são consistentes gestações viáveis. - Exame de Ultrassonográfico é de importância fundamental no DX e conduta a ser tomada, à medida que, muitas vezes, possibilita a visualização da gravidez ectópica, sua localização, tamanho e vitalidade do embrião; em outras vezes, verificamos ausência de saco gestacional tópico com Beta hCG elevado, o que também leva à conclusão de gravidez ectópica. Gestação heterotópica: rara é a concomitância de gestação tópica com ectópica – é mais frequente em reprodução assistida. Saco gestacional pode ser visto por ultra transvaginal a partir de 4 a 5 semanas de atraso menstrual. Beta hCG valores: 1000 a 2000 mUI/mL – gestação única Presença de líquido livre na pelve em moderada ou grande quantidade à ultrassonografia, em mulheres com Beta hCG+ ou atraso menstrual maior chance de ser gravidez ectópica. Apesar desses métodos para DX há a possibilidade de métodos invasivos: - Culdocentese: Punção aspirativa do recesso vaginal posterior, quando positiva, ou seja, presença de sangue não coagulável aspirado por agulha, confirma o DX de hemoperitônio, presença na gestação ectópica rota teste restrito aos casos em que a clínica é muito sugestiva de ectópica rota e não haja ultrassonografia disponível. - Curetagem uterina ou aspiração manual a vácuo (AMIU): Pouco aplicada atualmente – pode ser usada nos casos de gestações inviáveis – Quando a ecografia não foi capaz de diferenciar a gravidez ectópica do abortamento tópico. Diante dessa dúvida de DX, advinda de dosagem de progesterona sérica menor que 5 mg/mL e comportamento de Beta hCG incompatível com gestação viável, pode-se indicar o esvaziamento uterino, com análise da amostra colhida. Se não for observada vilosidade coriônica nessa amostra e havendo estabilização ou elevação do Beta hCG sérico, significa que o tecido trofoblástico não foi removido DX de gravidez ectópica. - Laparoscopia: Mais empregada atualmente. Permite excelente exploração da pelve, possibilitando, além do DX de gravidez ectópica, a observação da tuba contralateral, aderências pélvicas e focos de endometriose. Informações uteis p/ aconselhamento da paciente quanto à possibilidade de nova gestação. Varia de acordo com a forma de apresentação clínica.CONDUTA CONDUTA EXPECTANTE: Resolução espontânea – decorre de abortamento tubário com posterior reabsorção do conteúdo abortado. CRITÉRIOS DE PROVÁVEL SUCESSO DE GESTAÇÃO ECTOPICA: Entre os critérios citados, o que mais se relaciona com o sucesso da expectação é o nível da Beta hCG Quanto menor seu valor, maior será a chance de resolução do quadro. Valores da beta hCG inferiores a 2000 mUI/m são direcionadores para realizar a conduta expectante pela dosagem seriada desse hormônio que se verifica o resultado da escolha terapêutica, podendo-se mantê-la caso haja queda de seus valores em 24 a 48 horas. Dosagem intermitente de Beta hCG, ao menos semanal, deve ser realizada até que esse se negative motivo de ser critério de inclusão p/ terapia expectante. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ADM Metotrexato – quimioterápico que inibe a enzima diidrofolato redutase – Responsável por transformar ácido diidrofólico em ácido tetraidrofólico- Inibe a síntese de purina e DNA, impedindo a replicação celular, inclusive da gestação em formação. CRITÉRIOS PARA TRATAMENTO MEDICAMENTOSO COM METOTREXATO: EFEITOS COLATERIAS São eventos raros e incluem: -Neutropenia febril, alopecia reversível, pneumonite intersticial, fotossensibilidade e reação anafilática ADMINISTRAÇÃO Via intramuscular na dose 50 mg/m2 de superfície corpórea – em dose única. Sendo o dia de adm considerado o primeiro dia de tratamento. Deve realizar a dosagem de beta hCG no 4º e no 7º dia após a adm da medicação. Em seguida realizar acompanhamento semanal da paciente até a negativação de Beta hCG – Caso haja elevação de Beta hCG ou queda em seu valor inferior a 15% entre quarto e sétimo dia do tratamento, deve-se repetir a administração do metotrexato na mesma dosagem – MAIS QUE DUAS DOSES NÃO SERÃO RECOMENDADAS. ORIENTAÇÕES P/ PACIENTES SUBMETIDAS A TRATAMENTOCOM METOTREXATO: Além disso, deve-se realizar uma ultrassonografia transvaginal após a negativação do Beta hCG, e uma histerossalpingografia, após o desaparecimento da imagem à ultrassonografia transvaginal, o que pode demorar até 6 meses. Deve-se orientar a paciente a iniciar tentativa de engravidar somente a partir de 3 meses do término do tratamento. Incluem: laparotomia e a laparoscopia TRATAMENTO CIRÚRGICO Laparoscopia consiste no tratamento de escolha. VANTAGENS: DESVANTAGENS: O tratamento cirúrgico pode ser radical ou conservador depende do desejo reprodutivo da paciente e da caracterização da gestação ectópica. Pacientes com prole constituída ou quadro de gestação ectópica tubária rota Indicação de salpingectomia. Gravidez abdominal: Conduta bastante discutível Indicação: Gestação cervical com sangramento intenso Pode ser tamponada com sonda de Foley para tratamento medicamentoso – na sua falha, a histerectomia será indicada. MEDICAMENTOS LISTADOS Metotrexato 50mg/m2 intramuscular Fórmula para cálculo de superfície corporal (S) em m2: Principais fatores de risco para gestação ectópica: DX definitivo de gravidez ectópica: 2
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